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Água na superação da dormência de sementes de Passiflora cincinnata Mast (1)

No documento Anais 2018. (páginas 44-47)

André Felipe Câmara Felini(2), Camila Kreczkiuski(2), Cristian Medrado Canonico(2), Adriana Dallago(3) e Américo Wagner Junior(4)

(1) Trabalho executado com recursos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Dois Vizinhos; (2) Acadêmico do Curso de Engenharia Florestal; Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Dois Vizinhos;

(3) Acadêmica do Curso de Agronomia; Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Dois Vizinhos; (4) Professor Orientador; Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Dois Vizinhos;

INTRODUçãO

A espécie Passiflora cincinnata Mast., popularmente chamada de maracujá-do-mato, pertence à família Passifloraceae e seus frutos podem ser utilizados na fabricação de sucos, licores, sorvetes, picolés e mousses (Araújo et al., 2004).

A espécie é propagada, na maioria das vezes, por sementes, sendo muito pouco utilizada a enxertia e estaquia (Araújo et al., 2004). As sementes desta espécie são ovais e achatadas, com 3,5 mm de largura e 5,5 mm de comprimento, aspecto reticulado, recobertas por pontuações mais claras quando secas (Manica, 1981), estando envolvidas por polpa suculenta, de cor amarelada e odorífera. Porém, segundo Morley-Bunker (1974), algumas espécies deste gênero possuem dormência em suas sementes, devido ao seu tegumento controlar a entrada de água, dificultando o início do processo germinativo. Logo, se faz necessário uso de procedimentos para superação da dormência. De acordo com Meletti et al. (2002), as sementes de maracujá-do-mato necessitam de tempo de armazenamento superior a dois anos para superar a dormência, o que pode inviabilizar as atividades de produção e comercialização de mudas da espécie. Um dos tratamentos recomendados para superação da dormência de sementes que apresentam o tegumento impermeável à entrada de água é a escarificação (Ramos; Zanon, 1986). Entretanto, Wagner Júnior et al. (2003) utilizaram, em sementes de maracujazeiro amarelo, também descrita por apresentar dormência, a técnica da embebição em água e em água de coco, para superação da dormência (Wagner Júnior et al., 2006). Por se tratar de técnica simples e de fácil aplicabilidade poder- se-ia fazer uso também para as sementes de maracujá-do-mato.

O objetivo deste trabalho foi testar o uso da embebição das sementes de maracujá-do-mato em água visando acelerar seu processo germinativo.

MATERIAL E MéTODOS

O estudo foi realizado no Laboratório de Fisiologia Vegetal, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Dois Vizinhos (UTFPR – DV). Para a realização do experimento foram utilizadas sementes de P. cincinnata, coletadas de frutos maduros e separadas da polpa por meio do uso de solução hídrica contendo 1% de pectinase, por 24 horas. As sementes foram submetidas a nove tratamentos que consistiram na embebição em água por 12 horas e semeadas imediatamente (T1); embebição em água por 12 horas, depois mantidas por 3 dias a 25 °C, embebidas por 12 horas e semeadas (T2); embebição em água por 12 horas, depois mantidas por 7 dias a 25 °C, embebidas por 12 horas e semeadas (T3); embebição em água por 24 horas e semeadas imediatamente (T4); embebição em água por 24 horas, depois mantidas por 3 dias a 25 °C, embebidas por 12 horas e semeadas (T5); embebição em água por 24 horas, depois mantidas por 7 dias a 25 °C, embebidas por 12 horas e semeadas (T6); embebição em água por 48 horas e semeadas imediatamente (T7); embebição em água por 48 horas, depois mantidas por 3 dias a 25 °C, embebidas por 12 horas e semeadas (T8); embebição em água por 48 horas, depois mantidas por 7 dias a 25 °C, embebidas por 12 horas e semeadas (T9). Além disso, se fez uso do tratamento testemunha, com semeadura imediatamente após extração das sementes (T10).

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Após cada tratamento, procedeu-se à semeadura em canteiro de areia, mantido em telado com uso de tela de sombreamento preta de 35%. Foi utilizado delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições de 50 sementes por unidade experimental. Após 58 dias da semeadura, analisaram- se a germinação (%), o índice de velocidade de germinação (IVG) (Maguire, 1962), o tempo médio de germinação (TMG) e a germinação acumulada. O IVG foi contabilizado a cada dois dias. As médias foram submetidas ao teste de normalidade de Lilliefors, não necessitando de transformação. Os dados foram então submetidos à análise de variância e ao teste de Dunnett, com auxílio do programa GENES.

RESULTADOS E DISCUSSãO

Houve efeito signifi cativo dos tratamentos de embebição sobre a germinação e IVG. Para germinação, a testemunha (T10) apresentou 55%, não diferindo dos tratamentos T7 (56,5%), T4 (51%), T1 (48%) e T2 (41%), com os demais apresentando as menores médias. Para o IVG, a testemunha apresentou média de 1,62 que não diferiu dos tratamentos T7 (1,37) e T4 (1,26), sendo estes superiores aos demais.

Ambos tratamentos apresentaram mesma superioridade para germinação, demonstrando que a embebição em água por 24 horas e semeadas imediatamente (T4) ou a embebição em água por 48 horas e semeadas imediatamente (T7), juntamente com a testemunha apresentaram melhores respostas para a espécie.

Todavia, verifi cou-se que não houve tratamentos em que as médias foram superiores à testemunha, mostrando até que, em alguns casos, o uso da embebição tornou a germinação menor e mais lenta, conforme pode ser visualizado na Figura 1, por meio da germinação acumulada.

Figura 01 - Germinação acumulada de sementes de Passifl ora cincinnata após embebição das sementes em água.

Através dos resultados, verifi cou-se que a embebição pode ser utilizada nas sementes de P.

cincinnata, mas não é aconselhável, após seu uso, submeter seguidamente as sementes a determinado

período de secagem, com posterior embebição em água, antes da semeadura, pois seu uso afetou negativamente o processo germinativo. Resultado semelhante foi observado por Wagner Júnior et al. (2007), onde apenas a embebição em água não foi sufi ciente para melhorar a porcentagem de germinação de maracujazeiro-doce.

CONCLUSõES

Para sementes de P. cincinnata deve-se proceder à sua imediata semeadura após extração ou à embebição em água por 24 ou 48 horas e semeá-las imediatamente.

REFERêNCIAS

ARAÚJO, F. P. de; SANTOS, C. A. F.; LELO, N. F. de. Propagação vegetativa do maracujá do mato: espécie resistente à seca, de potencial econômico para agricultura de sequeiro. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2004. 4 p. (Embrapa Semi- Árido. Instruções Técnicas, 61).

MAGUIRE, J. D. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Science, v. 2, p. 176-177, 1962.

MANICA, I. Botânica e variedades. In: MANICA, I. (Ed.). Fruticultura tropical: maracujá. São Paulo: Agronômica Ceres, 1981. 160 p.

MELETTI, L. M. M.; FURLANI, P. R.; ALVAREZ, V.; SOARES-SCOTT, M. D.; BERNACCI, L. C.; AZEVEDO-FILHO, J. A. Novas tecnologias melhoram a produção de mudas de maracujá. O Agronômico, v. 54, n. 1, p. 30-33, 2002.

MORLEY-BUNKER, M. J. S. Some aspects of seed dormancy with reference to Passiflora spp. and other tropical and subtropical crops. London: University of London, 1974. 43 p.

RAMOS, A.; ZANON, A. Dormência em sementes de espécies florestais nativas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE TECNOLOGIA DE SEMENTES FLORESTAIS, 1., 1984, Belo Horizonte. Anais... Brasília, DF: ABRATES, 1986. p. 241-265. WAGNER JÚNIOR, A.; ALEXANDRE, R. S.; NEGREIROS, J. R. S.; PARIZZOTTO, A.; BRUCKNER, C. H. Influência da escarificação e do tempo de embebição das sementes sobre a germinação de maracujazeiro (Passiflora edulis f. flavicarpa Degener). Revista Ceres, v. 52, n. 301, p. 369-378, 2006.

WAGNER JÚNIOR, A.; NEGREIROS, J. R. S.; ALEXANDRE, R. S.; PARIZZOTTO, A.; BRUCKNER, C. H. Influência da escarificação, da água e da água de coco na germinação de sementes de maracujazeiro (Passiflora edulis f. flavicarpa Degener). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DO MARACUJAZEIRO, 6., 2003, Campos dos Goytacazes. Anais... Campos dos Goytacazes: [s.n.], 2003. 1 CD-ROM.

WAGNER JÚNIOR, A.; SANTOS, C. E. M.; ALEXANDRE, R. S.; NEGREIROS, J. R. S.; BRUCKNET, C. H; SILVA, J. O. C.; PIMENTEL, L. D.; ÁLVARES, V. S. Efeito da pré-embebição das sementes e do substrato na germinação e no desenvolvimento inicial do maracujazeiro-doce. Revista Ceres, v. 54, n. 311, p. 1-6, 2007.

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