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Morfologia e morfometria floral de Eugenia myrcianthes Nied (1)

No documento Anais 2018. (páginas 187-190)

Karina Guollo(2), Américo Wagner Junior(3), Rayanah Stival Svidzinski(4) e Giorgia Lucini(4) (1) Trabalho executado com recursos de bolsa de Doutorado

(2) Estudante de Doutorado, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, PR, engkarinaguollo@hotmail.com; (3) Professor, Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

(4) Estudante de Agronomia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, PR, rayanah_stival@hotmail.com; giorgialucini@hotmail.com

INTRODUçãO

A família Myrtaceae é uma das famílias mais representativas da flora brasileira, com 23 gêneros e aproximadamente 1000 espécies nativas (Lorenzi, 2005). Na região sul do Brasil ocorre, principalmente, na floresta ombrófila mista, correspondendo ao maior número de espécies arbóreas dessa formação (Barbieri; Heiden, 2009).

A espécie Eugenia myrcianthes Nied, também descrita como Hexachlamys edulis (O. Berg),

Myrcianthes edulis O. Berg, Eugenia edulis Vell., é conhecida popularmente como pessegueiro do mato,

ivaí ou ubajaí. É arbórea e pertence à família Myrtaceae. Possui ampla distribuição nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul, porém, pode-se dizer que é praticamente desconhecida pela grande maioria da população destes locais.

Para reverter esse quadro, é necessário fazer uso de seu cultivo, possibilitando a utilização do fruto, o qual possui atividades antioxidantes e anti-inflamatórias (Infante et al., 2016) importantes e necessários à saúde humana, aliado ao fato de poder atender nichos de mercado ávidos por novidades.

Um dos fatos que muitas vezes a torna desconhecida é por comumente ser confundida com outras espécies da família Myrtaceae, devido às suas semelhanças florais e vegetativas. Os estudos básicos relacionados à biologia floral ainda são escassos, mas de extrema importância, principalmente quando relacionados à espécie ainda pouco conhecidas, como o ubajaizeiro. Esse conhecimento poderá servir como parâmetro para possível manejo a ser adotado em cultivo.

Diante do exposto e do quadro de escassez de investigações sobre espécies nativas da família Myrtaceae, este trabalho teve como objetivo elucidar aspectos até da biologia floral do ubajaizeiro.

MATERIAL E MéTODOS

O estudo foi desenvolvido no Laboratório de Fisiologia Vegetal, a partir da coleta feita em plantas do pomar de Fruteiras Nativas da Estação Experimental da UTFPR - Campus Dois Vizinhos.

A caracterização morfológica das flores e folhas foi realizada com auxílio de quadros sinóticos ilustrados (Vidal; Vidal, 2010).

Para a morfometria 100 flores em pós-antese foram coletadas para análise em microscópio estereoscópio. O material foi fixado em FAA (formaldeído, ácido acético, etanol 70% [10:5:85, v/v)] e analisado posteriormente (Matias; Consolaro, 2014). Com auxílio de paquímetro digital foram obtidos os comprimentos polar do balão floral (CPB), equatorial do balão floral (CEQ), da pétala (CP), da sépala (CS), da antera (CA), do filete (CF), do estame (CE), do pistilo (CP), do estigma (CES) e do ovário (CO), e o número de estames em flores pós-antese. Os resultados qualitativos foram apresentados em figuras e os quantitativos em gráfico do tipo BoxPlot.

RESULTADOS E DISCUSSãO Morfologia e morfometria Floral

na epiderme, simetria actinomorfa, pentâmera, dialipétalas, gamosépalas, estames heterodínamos e dialistêmones, anteras do tipo ditecas, livres entre si, com coloração amarelada e deiscência rimosa (longitudinal), estilete ereto, fi lete simples e exertos (sobressaem na garganta do cálice/corola), ovário ínfero, bilocular, e dois óvulos por lóculo (Figura 1).

Figura 01 - Flores de ubajaizeiro (Eugenia myrcianthes, Myrtaceae). A) Botão fl oral em pré-antese. B) Flor completa (parte poste- rior). C) Flor completa (parte frontal). D) Anteras e estigma. E) Corte transversal do ovário (Lóculos vazios e lóculos com óvulos). F) Corte longitudinal do ovário.

As características observadas em ubajaizeiro foram semelhantes à Eugenia unifl ora, E. punicifolia,

E. rotundifolia, E. neonitida (Silva; Pinheiro, 2007), Myrcia guianensis, Myrcia laruotteana (Pires; Souza,

2011), e outras espécies (Pimentel et al., 2014), também pertencentes à família Myrtaceae.

O comprimento médio polar do balão fl oral (CPB) foi de 2,04 cm, variando de 1,9 cm a 2,2 cm, e o comprimento equatorial médio (CEQ), máximo e mínimo do balão fl oral correspondeu a 2,02 cm, 2,2 cm, 1,8 cm, respectivamente. O comprimento médio, máximo e mínimo das variáveis: comprimento da pétala (CP), comprimento da sépala (CS), comprimento do fi lete (CF), comprimento do estame (CE), comprimento do pistilo (CP), comprimento do estigma (CES) e comprimento do ovário (CO), correspondeu a: 0,8 cm, 1,0 cm, 0,7 cm; 0,5 cm, 0,6 cm, 0,3 cm; 0,6 cm, 1 cm, 0,3 cm; 0,7 cm, 1,1 cm, 0,4 cm; 0,5 cm, 0,8 cm, 0,4 cm; 0,3 cm, 0,9 cm, 0,2 cm; 0,8 cm, 1,5 cm, 0,6 cm, respectivamente. Já o comprimento da antera (CA) correspondeu a 0,1 cm, não havendo variação (Figura 2).

Figura 02 - Box plot sobre as variáveis: comprimento polar do balão fl oral (CPB), comprimento equatorial do balão fl oral (CEQ), comprimento da pétala (CP), comprimento da sépala (CS), comprimento da antera (CA), comprimento do fi lete (CF), compri- mento do estame (CE), comprimento do pistilo (CP), comprimento do estigma (CES), comprimento do ovário (CO) de fl ores de ubajaizeiro (Eugenia Myrcianthes).

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

O número de estames, não representado graficamente, variou entre 80 e 190, o que gera grande quantidade de grãos de pólen que funcionam como atrativo floral primário para os visitantes florais (Faegri;

Pijl, 1979), sendo comum em espécies do gênero Eugenia (Proença; Gibbs, 1994), podendo variar de

cinco até 300 estames em espécies da família Myrtaceae (Lughadha; Proença, 1996).

CONCLUSõES

As informações apresentadas neste estudo sobre o indumento de Eugenia myrcianthes permite diferenciá-la taxonomicamente das demais espécies da família Myrtaceae.

AGRADECIMENTOS

À UTFPR e à Capes pela concessão de bolsa para a primeira autora.

REFERêNCIAS

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Aspectos da biologia floral de Myrcianthes pungens (Berg) Legrand

No documento Anais 2018. (páginas 187-190)

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