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Propriedades fitoquímicas de diferentes cultivares da amora-preta na região oeste catarinense (1)

No documento Anais 2018. (páginas 54-57)

Bachelor Louis(2), Clevison Luiz Giacobbo(3), Adriana Lugaresi(4), Alison Uberti(4) e Lucas Roberto Culau(2)

(1) Trabalho realizado com apoio financeiro FAPESC.

(2) Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó-SC, bachelorlouis@gmail.com (3) Professor, Agronomia/ PPGCTA, Campus Chapecó, Universidade Federal da Fronteira Sul,.

(4) Eng. Agronônomo Universidade Federal da Fronteira Sul.

INTRODUçãO

A cultura da amoreira-preta (Rubus spp.) se encontra como uma das opções de espécies frutíferas para o aumento de renda na agricultura familiar; devido ao baixo custo para implantação e manutenção do pomar, retorno rápido e principalmente, reduzido utilização de agrotóxicos. No Brasil, existem aproximadamente 300 ha cultivados (Botelho et al., 2009)

Nos últimos anos, a população brasileira tem mudado o seu hábito alimentar, isso proporciona um novo nicho no mercado de frutas frescas. O reconhecimento da amora-preta pelos seus benefícios à saúde também aumenta e chama a atenção para um maior consumo deste fruto. A amora-preta “in natura” é altamente nutritiva, contendo 85% de água, 10% de carboidratos, grande quantidade de conteúdo de minerais, de vitaminas do complexo B, vitamina A e cálcio. Na literatura internacional é relatada uma série de funções e constituintes químicos contendo na amora-preta, entre elas antocianinas, carotenoides, flavonoides, compostos fenólicos e o ácido elágico (Jacques; Zambiazi, 2011).

No Brasil são cultivadas várias cultivares de amora-preta, porém a cultivar BRS-Tupy é a que ganha maior destaque, com cerca de 90% das áreas cultivadas. A cultivar Tupy, a mais cultivada no Brasil, é resultado do cruzamento entre as cultivares Uruguai x Comanche (Antunes, 2006).

Segundo Jacques e Zambiazi (2011), em diversos trabalhos realizados em locais diferentes houve uma grande variação nas propriedades químicas em uma mesma cultivar de amora-preta analisada. Sendo que a amplitude térmica, associada às baixas temperaturas, é importante para conferir coloração e para o equilíbrio de acidez e açúcar, que é um fator determinante para o sabor do fruto consumido “in

natura”.

O acúmulo de açúcares, especialmente o alto conteúdo de açúcares redutores (glicose e frutose), é muito importante para a fisiologia pós-colheita das amoras, os quais são responsáveis pelo sabor doce nas frutas (Kafkas et al., 2006).

O objetivo do trabalho foi avaliar diferentes características físico-químicas em frutos de diferentes cultivares de amora-preta (Rubus spp) na região oeste catarinense.

MATERIAL E MéTODOS

O presente trabalho foi conduzido na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul- UFFS, campus Chapecó-SC. O pomar foi implantado no ano de 2014. O clima da região é classificado como Cfa (Clima Subtropical úmido), onde o inverno é frio e úmido e o verão, moderado e seco, segundo a classificação climática de Köppen. O solo da região é classificado como Latossolo vermelho distroférrico (Embrapa, 2004).

ANAIS DO VIII SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO

VIII ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL

A avaliação foi realizada na safra 2017/2018, período em que as plantas estavam no seu terceiro ano produtivo. As plantas foram conduzidas com três hastes, em espaldeira simples, na forma de “T”, com dois fi os paralelos a 150 cm acima do solo, para a sustentação das hastes das plantas. O espaçamento utilizado foi 3 m entre linhas e 1,5 m entre plantas, totalizando 2.222 plantas ha-1.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado. Foram avaliados quatro cultivares (cvs.), sendo elas: cv. Cherokee, cv. Guarani, cv. Tupy e cv. Xavante, com cinco repetições cada uma, sendo cada planta uma repetição.

No momento da poda de inverno foram selecionadas as três hastes primárias mais vigorosas, as outras foram eliminadas e podadas 10 cm acima do solo. Enquanto que aquelas selecionadas foram cortadas 15 cm acima dos arrames e os ramos laterais foram encurtados, cerca de 30 cm de comprimento. Para o controle das plantas daninhas foram realizadas roçadas e coroamento, sempre que necessário.

A colheita dos frutos da amoreira foi realizada três vezes por semana. Os frutos colhidos foram armazenados em sacolas plásticas e logo após a colheita levados para o laboratório de Fruticultura e Pós- colheita para realização das análises. As análises realizadas, foram Açúcar redutor Glicose (ARG), açúcar redutor frutose (ARF), Acidez titulável (AT) e pH em diferentes cultivares de amora-preta.

As análises de açucares redutores foram realizadas através da metodologia descrita por Santos et al. (2017) e os resultados expressos em g de frutose e glicose por litro de suco. Já para os valores de pH, obteve-se uma amostra do suco e mensurou-se com auxílio de um pHmetro. Para realização de acidez titulável, utilizou-se 5 mL de suco de fruta e agregou-se 20 mL de água destilada. Após homogeneização foi realizada a titulação de NaOH até o pH atingir o valor de 8,2, a quantidade de NaOH utilizado na titulação foi usada para realização do cálculo. Os dados obtidos foram expressos em g de ácido cítrico por 100 mL de suco de frutas.

Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e quando signifi cativos foram comparados com o teste Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSãO

Para o açúcar redutor expresso em Glicose (ARG), calculada em grama por litro de suco, a cultivar Tupy e Xavante apresentaram a maior concentração, sem diferença estatística entre si, enquanto que a cultivar Cherokee apresentou o menor conteúdo de açúcar redutor em Glicose em relação às demais cultivares analisadas no experimento, não diferindo estatisticamente para a cultivar Guarani (Tabela 1).

Para açúcar redutor expresso em frutose (ARF), a cultivar Tupy se apresentou superior às demais cultivares, enquanto que a cultivar Cherokee apresentou a menor concentração de ARF, este não se diferiu estatisticamente da cultivar Guarani que se apresentou intermediário sem diferença estatística para a cultivar Xavante (Tabela 1).

Para acidez titulável (AT), encontrou-se diferença estatística entre as cultivares Tupy e Xavante, onde a cultivar Xavante apresentou uma maior concentração de AT quando comparada com frutos da cultivar Tupy (Tabela 1).

Os valores de acidez titulável encontrado neste experimento para quatro diferentes cultivares de amora-preta se encontram inferiores aos valores encontrados por Hirsch et al. (2012) na cidade de Pelotas, que encontraram valores entre 1,5 mg e 1,3 mg de ácido cítrico em 100 mL de suco, em um experimento conduzido com as cultivares Tupy, Cherokee e das seleções 02/96, 03/001 e 07/001 produzidas na Embrapa Clima Temperado.

Para o pH também encontrou-se diferença estatística entre as cultivares Tupy e Xavante, onde a cultivar Xavante apresentou pH menor, enquanto que as cultivares Cherokee e Guarani se apresentaram intermediárias (Tabela 1).

O pH de amoras-pretas ficaram na faixa entre 3,03 e 3,18. Independente do genótipo, a amora- preta apresentou valores de pH baixos. Segundo Hirsch et al. (2012) esta é uma característica desejável para a industrialização da fruta. O pH ótimo para a formação do gel, na fabricação de geleias, é de 3,0 a 3,2. Assim, as amoras-pretas avaliadas neste experimento são propícias para a industrialização, pois dispensam o uso de acidulantes na fabricação de geleias, o que propicia uma redução dos custos.

Tabela 01 - Açúcar redutor expresso em Glicose (ARG), açúcar redutor expresso em frutose (ARF), Acidez titulável (AT) e pH em diferentes cultivares de amora-preta no ciclo 2017/18, Chapecó, 2018.

Cultivares (g LARG -1) (g LARF-1) AT (mg ác. Cítrico 100 mL) pH

BRS-Tupy 123,7 a* 80,0 a 0,85 b 3,18 a

Cherokee 92,7 c 33,2 c 0,93 ab 3,13 ab

Xavante 115,3 ab 46,7 b 1,10 a 3,03 b

Guarani 98,2 bc 38,5 bc 0,97 ab 3,11 ab

CV 10,11 10,81 9,72 1,82

*Letras distintas na coluna diferente estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. CONCLUSãO

A partir deste experimento pode-se concluir que as características físico-químicas dos frutos da amoreira-preta variam dependentemente da cultivar utilizada e da região em que está implantada.

Existe uma maior diferença entre as cultivares para as propriedades açúcar redutor glicose (ARG) e açúcar redutor frutose (ARF).

REFERêNCIAS

BOTELHO, R. V.; PAVANELLO, A. P.; BROETTO, D.; SCISLOSKI, S. de F.; BALDISSERA, T. C. Fenologia e produção da amoreira-preta sem espinhos cv. Xavante na região de Guarapava-PR. Scientia Agraria, v. 10, n. 3, p. 209-214, May/Jun. 2009.

HIRSCH, G. E.; FACCO, E. M. P.; RODRIGUES, D. B.; VIZZOTTO, M.; EMANUELLI, T. Caracterização físico-química de variedades de amora-preta da região sul do Brasil. Ciência Rural, v. 42, n. 5, maio 2012.

JACQUES, A. C.; ZAMBIAZI, R. C. Fitoquímicos em amora-preta (Rubus spp). Semina: Ciências Agrárias, v. 32, n. 1, p. 245- 260, jan./mar. 2011.

KAFKAS, E.; KOSAR, M.; TUREMIS, N.; BASER, K. H. C. Analysis of sugars, organic acids and vitamin C contents of blackberry genotypes from Turkey. Food Chemistry, v. 97, n. 4, p. 732-736, 2006.

SANTOS, A. A.; DEOTI, J. R.; MÜLLER, G.; DÁRIO, M. G.; STAMBUK, B. U.; JUNIOR, S. L. A. Dosagem de açúcares redutores com o reativo DNS em microplaca. Brazilian Journal of Food Technology, v. 20, p. 1-9, 2017.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

No documento Anais 2018. (páginas 54-57)

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