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Diversidade genética de acessos de guavira (Campomanesia adamantium) Artur Guerra Rosa (1) , Guilherme Jornada de Freitas (1) , Mariele Trindade Silva (2) , Adriana de Castro

No documento Anais 2018. (páginas 51-54)

Correia da Silva(3) e Maiele Leandro da Silva(3)

(1) Estudantes de Agronomia; Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul; Unidade Universitária de Aquidauana, Aquidauana, MS, arturguerra921@hotmail.com;

(2) Eng. Agrônoma, mestranda em Agronomia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul; (3) Professor, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

INTRODUçãO

A guavira (Campomanesia adamantium) é uma espécie nativa brasileira com ampla ocorrência no Cerrado brasileiro. No Mato Grosso do Sul é muito conhecida, ganhando até o título de fruta símbolo do estado, devido sua importância local. Possui porte arbustivo, caducifólia das folhas no inverno, ganhando um aspecto de senescente, já que seus galhos são finos e não apresentam qualquer outra estrutura visual que demonstre sua saúde. Isto apenas muda com a chegada da primavera, onde rebrota e rapidamente floresce (Oliveira, 2009). Devido essa característica, é considerada pelos locais como a fruta da resistência.

Seus frutos são altamente apreciados pela população local, gerando renda para os catadores extrativistas que vendem a até R$ 10,00 o litro. Está em um período de grande ascensão comercial, onde programas que visam o resgate dos antigos costumes estão evidenciando seus subprodutos e promovendo até grandes eventos gastronômicos, como o Cata Guavira, que ocorre anualmente na cidade de Bonito-MS (Araújo, 2016).

Entre as regiões estaduais é comumente comparada com outras espécies do mesmo gênero, principalmente com a guabiroba ou gabiroba (C. xanthocarpa), que possui frutos visualmente semelhantes, mas tendo com principal variante o porte adulto arbóreo (Wesp, 2014), o qual é totalmente diferente do comportamento observado na guavira.

Existem poucas informações encontradas na literatura acerca da variabilidade genética da guavira, assim, estudos sobre a variabilidade fenotípica em populações são de grande uso para a futura seleção de genótipos com interesse agronômico (Pelloso, 2011). Portanto, a coleta e caracterização do material desses acessos poderão ser utilizadas em programas de melhoramento genético ou em até mesmo a preservação de materiais distintos que poderão ser encontrados.

Neste sentido, este trabalho foi executado para avaliar a diversidade genética entre acessos de C.

adamantium, por meio da biometria de seus frutos. MATERIAL E MéTODOS

Com base em um levantamento feito com os moradores e produtores locais, foram selecionados 12 diferentes acessos de guavira em uma propriedade rural situada no município de Nioaque-MS, localizado nas coordenadas: 21° 10’ 08.6” S e 55° 48’ 23.7” W.

Para as avaliações biométricas, os frutos maduros foram coletados, armazenados em caixas de isopor® e levados para o laboratório da Unidade Universitária de Aquidauana. As amostras foram tomadas em triplicata, sendo 18 frutos por acesso.

Foram avaliadas 12 características físico-químicas dos frutos maduros: dimensões (diâmetro longitudinal e transversal), relação diâmetro longitudinal/transversal, massa fresca total, massa de casca, polpa e sementes, número de sementes/fruto, tamanho de semente (diâmetro longitudinal e transversal), rendimento de polpa e teor de sólidos solúveis totais.

A diversidade genética dos acessos foi calculada a partir dos caracteres biométricos, calculando- se uma matriz de distância genética utilizando-se a distância Euclidiana, conforme preconizado por Cruz (2006). A partir dessa matriz, foi realizada uma análise de agrupamento pelo método da ligação média entre grupos – UPGMA (Unweighted Pair Group Method Using Arithmetic Averages). O ajuste entre a matriz de distâncias genéticas e o dendrograma gerado foi calculado pelo coeficiente de correlação cofenético (r), segundo metodologia de Sokal e Rohfl (1962). As análises foram realizadas usando-se o programa estatístico Genes (Cruz, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSãO

Para realização do corte do dendograma, foi escolhido o ponto médio, sendo decidido que os grupos com uma distância maior que 50% não deveriam ser agrupados. Não existe uma regra clara para o corte do dendrograma, sendo que este fica por decisão do pesquisador após uma análise dos grupos formados. Também é decidido pelo pesquisador sobre quais variavéis deverão entrar na análise de agrupamento, devendo ser escolhidas aquelas que representam algum interesse específico e que provavelmente afetarão o objetivo (Vicini; Souza, 2005). Para uma futura descrição de qual variável influenciou qual, pode ser realizada uma análise de componentes principais.

A partir do dendograma de similaridade obtido, e do corte realizado no ponto médio, foi possível verificar a formação de nove (09) grupos, sendo o Grupo 1 formado pelos acessos 7 e 8, o Grupo 2 pelos acessos 2 e 5, o Grupo 3 pelos acessos 10 e 12 e dos demais pelos acessos restantes, que ficaram individualizados (Figura 1).

Figura 01 - Dendrograma da similaridade de 12 acessos de guavira selecionados em uma propriedade privada em Nioaque/MS, pelo método de UPGMA, estimado a partir de 12 características dos frutos. Aquidauana/MS, 2018.

Dos grupos formados, o que apresentou maior similaridade foi o Grupo 1, onde os acessos 7 e 8 apresentaram distância de apenas 0,32 (19,3%), formando o grupo mais próximo de todos os acessos.

Os acessos 10 e 12 (Grupo 3) formaram um grupo não tão próximo quanto o primeiro, mas ainda sim possuindo uma similaridade de 0,57 (34,21%). Quanto aos acessos 2 e 5 (Grupo 2), tiveram certa semelhança de 0,74 (44,32%), mas bem menor comparado ao grupo dos acessos 7 e 8.

Os demais grupos não apresentaram similaridade entre si no corte realizado, assim não representando uma semelhança significativa para serem formados quaisquer grupos entre eles. Esta dissimilaridade mostra que existe variabilidade entre os acessos, podendo ser um ponto de partida para estudos de melhoramento.

Grande variabilidade genética entre os acessos, mesmo sendo originadas de um mesmo local, já era esperada, uma vez que em estudos anteriores realizados com esta espécie mostra variabilidade fenotípica na guavira (Pelloso et al., 2009; Pinto et al., 2016). Da mesma forma, grande variabilidade em acessos desta espécie foi observada em estudo de diversidade genética por meio de microssatélites

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

(Vasconcelos, 2016; Guaberto; Veronezi; 2016). Por se tratar de uma espécie que apresenta autoincompatibilidade, ocorre o constante cruzamento devido aos agentes polinizadores necessários para a reprodução, acarretando em um alto fluxo gênico entre os indivíduos (Nucci; Alves-Junior, 2017).

Tornam-se necessários mais estudos para futura seleção dos genótipos visando atender os interesses agronômicos, seja para produção de frutos ou para processamento.

CONCLUSõES

Há variabilidade genética nos acessos de C. adamantium avaliados por meio da biometria dos frutos na cidade de Nioaque.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (PIBIC/UEMS), pela concessão de bolsa de iniciação científica ao primeiro autor (Edital UEMS/CNPq N° 001/2017).

REFERêNCIAS

GUABERTO, L. M.; VERONEZI, A. B. S. Estudo da variabilidade genética de uma população de gabiroba (Campomanesia

adamantium), utilizando marcadores RAPD. Colloquium Vitae, v. 8, n. Especial, 2016.

NUCCI, M.; ALVES-JUNIOR, V. V. Biologia floral e sistema reprodutivo de Campomanesia adamantium (cambess.) O. Berg- myrtaceae em área de cerrado no sul do Mato Grosso do Sul, Brasil. Interciencia, v. 42, n. 2, p 127-131, 2017.

OLIVEIRA, M. C. de. Biometria de frutos e sementes, crescimento e produção de mudas de Campomanesia adamantium Blume e Campomanesia pubescens O. Berg. 2009. 52 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia.

PELLOSO, I. A. de O. Caracterização fenotípica de frutos e desenvolvimento inicial de plantas de Campomanesia

adamantium (Cambess.) O. Berg, em Mato Grosso do Sul. 2011. 54 f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade

Federal da Grande Dourados, Dourados, 2011.

PELLOSO, I. A. de O.; VIEIRA, M. de C.; ZÁRATE, N. A. H. Avaliação da diversidade genética de uma população de guavira (Campomanesia adamantium Cambess, O. Berg, Myrtaceae). Revista Brasileira de Agroecologia, v. 3, n. 2, p. 49-51, 2009. PINTO, J. F. N.; SANTOS, E. A. dos; REIS, E. F. dos; FABÍOLA, D.; SILVA, L. D. P. P. da. Caracterização de gabirobeira de diferentes procedências do estado de Goiás. In: SIMPA Simpósio da Pós-Graduação em Agroecologia da Universidade Federal de Viçosa, 5., 2016, Viçosa. Viçosa, MG: UFV, 2016

VASCONCELOS, A. A. D. Análise de diversidade genética em populações de Campomanesia adamantium (Cambess.) O. Berg (MYRTACEAE) por meio de marcadores microssatélites transferíveis. 2016. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Biotecnologia) – Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS.

VICINI, L.; SOUZA, A. M. Análise multivariada da teoria à prática. Santa Maria: UFSM, CCNE, 2005. 215 p.

WESP, C. de L. Caracterização morfológica e físico-química de guabirobeiras (Campomanesia spp.) acessadas no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. 2014. 212 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Literatura recomendada

BORDIN, D. Cata Guavira apresenta o sabor e valor dos frutos de Mato Grosso do Sul. 2016. Disponível em:<http:// www.turismo.ms.gov.br/cata-guavira-apresenta-o-sabor-e-valor-dos-frutos-de-mato-grosso-do-sul/>. Acesso em: 10 ago. 2018.??????

Propriedades fitoquímicas de diferentes cultivares da amora-preta na região

No documento Anais 2018. (páginas 51-54)

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