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Características morfológicas de plantas de mirtilo (Vaccinium corymbosum) cultivado em condições de sombreamento e pleno sol

No documento Anais 2018. (páginas 144-148)

Firmino Nunes de Lima(3), Gabriel Soares Miranda(3), Osvaldo Kiyoshi Yamanishi(1), Márcio de Carvalho Pires(2) e Mateus de Freitas Ramos(4)

(1) Professor, Universidade de Brasília; Brasília, Distrito Federal; okyamanishi@gmail.com; (2) Professor, Universidade de Brasília;

(3) Estudante pós-graduação doutorado em agronomia, Universidade de Brasília; (4) Estudante graduação em agronomia, Universidade de Brasília.

INTRODUçãO

O mirtilo (Vaccinium corymbosum) é uma espécie de pequenas frutas, pertencente à família Ericaceae, subfamília Vaccinioideae (Fachinello, 2008), produz frutos de sabor agridoce com propriedades nutricionais e alto potencial antioxidante, principalmente em razão da elevada presença de compostos fenólicos (Kalt et al., 2007). O mirtilo apresenta alta importância econômica, especialmente nos Estados Unidos e Europa, centros de origem das espécies deste gênero. O interesse por esta cultura em outras regiões tem sido crescente (Santos et al., 2014).

O mirtilo é um arbusto que tem potencial para ser cultivado em ambiente sombreado. No entanto, apenas alguns estudos examinaram seu padrão de crescimento sob sombra (Kim et al., 2011). De acordo Mancuso et al. (2013) o sombreamento, conduzido com a adoção de espécies para consorciamento e espaçamentos apropriados, pode proporcionar resultados satisfatórios quando comparado ao cultivo a pleno sol.

Entre as vantagens do sombreamento estão: produção de internódios mais longos; redução do número de folhas, porém folhas com maior tamanho. Kim et al. (2011) observaram um aumento no comprimento das ramificações do mirtilo ‘Bluecrop’ cultivado em ambiente sombreado. Moola e Mallik (1998) observaram maior área foliar e maior proporção de biomassa total de folhas de mirtilo com a diminuição do gradiente de luz. Para Queiroga et al. (2001) cultivos com sombreamento é importante de ser utilizado em condições de temperaturas altas, reduzindo a incidência direta dos raios solares nas espécies que necessitam de menor fluxo de energia radiante durante o crescimento.

As respostas das plantas aos níveis de intensidade luminosa são diversas, decorrente dos diferentes habitats em que se desenvolvem, evidenciando a necessidade de estudos ecofisiológicos que permitam definir o ambiente mais adequado para o crescimento e desenvolvimento das espécies, o que é ainda mais necessário quando o cultivo é realizado fora da zona de conforto cultural a exemplo do mirtilo nas condições edafoclimáticas de Brasília-DF.

Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as respostas morfológicas de plantas de mirtilo cultivar ‘Biloxi‘ cultivadas em ambientes sombreado e a pleno sol.

MATERIAL E MéTODOS

O experimento foi instalado em 22 de Maio de 2017, no Setor de Fruticultura da Estação Experimental de Biologia (latitude 16° 35’ 30” S, longitude 48º 42’ 30” W) da Universidade de Brasília (UnB) a uma altitude de 1010 m acima do nível do mar. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Cwa (Alvares et al., 2013), com inverno seco e verão chuvoso. A média anual de precipitação e temperatura é de 1400 mm e 21,3 °C, respectivamente.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com dois tratamentos: T1: plantas de mirtilo sombreadas por macadâmia (Macadamia integrifolia Maid. et Bet.).T2: plantas de mirtilo a pleno sol. Cada tratamento foi constituído por oito repetições e cada repetição foi composta por três plantas da cultura, totalizando 48 plantas amostradas.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

As mudas de mirtilo utilizadas no experimento foram obtidas por micropropagação (in vitro). Foram transplantadas ao campo em sacolas plásticas com volume de 60 litros, contendo como substratos casca de arroz. As adubações e as irrigações das plantas foram feitas via fertirrigação, com produtos à base de macronutrientes e micronutrientes, conforme as recomendações para a cultura. As irrigações são automatizadas, com quatro turnos de rega em horários pré-programados (08; 12; 14 e 18 horas). Diariamente, às 12 horas, foi mensurada a luminosidade dos ambientes, obtendo os seguintes resultados médios: pleno sol 1000 µmol s-1 e sombreamento 86 µmol s-1.

Seis meses após o transplantio das mudas em campo foram feitas as seguintes avaliações morfológicas para verificação do efeito da luminosidade sobre o desenvolvimento de plantas de mirtilo: i) altura de planta: (cm): medida da base da planta até a inserção da folha mais jovem; ii) diâmetro do caule (cm): foi determinado com o uso de paquímetro digital, à altura de 10 cm do solo; iii) Número de folhas: determinado pela contagem do total de folhas por planta, em três plantas para cada repetição; iv) Comprimento e largura foliar (cm): foram determinadas utilizando-se uma régua; v) área foliar (cm2);

determinada por meio de um medidor de área foliar modelo CI-202 (CID, Inc, EUA); vi) número de ramificações: por meio da contagem de todas as ramificações secundarias e vii) comprimento entre nós: com uma régua milimétrica mediu-se a distância entre dois nós.

Os resultados foram submetidos à análise de variância para diagnóstico de efeitos significativos entre as médias dos diferentes tratamentos pelo Teste F. Para comparação das médias dos tratamentos significativos foi utilizado o teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Todas as análises foram realizadas no software SISVAR Versão: 5.6.

RESULTADOS E DISCUSSãO

A análise de variância das características de crescimento de V. corymbosum mostrou que houve efeito significativo dos dois ambientes no diâmetro do caule, comprimento, largura e área da folha e no número de ramificações. Não houve diferença significativa para altura de plantas, comprimento entre nós e número de folhas.

Plantas de V. corymbosum cultivadas sob sombreamento apresentaram altura média semelhante às plantas cultivadas a pleno sol (Tabela 1). Entretanto, o diâmetro do caule foi menor no ambiente sombreado. Ricci et al. (2006) observaram que o sombreamento não afetou a altura de plantas de cultivares de Coffea canephora, porém, reduziu o diâmetro médio do caule. Esse crescimento das plantas em ambiente sombreado, semelhante ao ambiente com pleno sol, aliado ao menor diâmetro do caule, é um mecanismo denominado estiolamento, que otimiza a captação de luz nas plantas sombreadas. Segundo Larcher (2000) o diâmetro apresenta uma relação direta com a fotossíntese líquida, a qual depende dos carboidratos acumulados e de um balanço favorável entre fotossíntese líquida.

Tabela 01 - Valores médios de altura de plantas (cm); diâmetro de caule (cm); comprimento da folha (cm); largura da folha (cm); área foliar (cm2); número de folhas; comprimento dos entrenós (cm) e número de ramificações em plantas de Mirtilo submetidas a dois ambientes de luz.

Parâmetros Sombreado Pleno sol

Altura de plantas (cm) 57,87 a 68,25 a Diâmetro do caule (cm) 4,10 b 5,08 a Comprimento da folha (cm) 3,42 b 4,44 a Largura da folha (cm) 2,20 b 3,26 a Área foliar (cm2) 6,50 b 11,04 a Número de folhas 35,75 a 40,12 a Comprimento entre nós (cm) 1,73 a 1,91 a Número de ramificações 1,25 b 2,75 a

A redução do diâmetro médio de V. corymbosum em ambiente sombreado foi acompanhada também pela redução do número médio de ramificações (Tabela 1). Kim et al. (2011), encontraram menor número de ramificações em V. corymbosum sob condições de sombreamento. Segundo Larcher (2000), as plantas que crescem sob forte radiação desenvolvem um vigoroso sistema de ramos.

Quanto às características das folhas, o sombreamento provocou redução no comprimento, largura e área foliar. Já para número de folhas e comprimento entre nós, não houve efeito significativo. Resultados opostos foram obtidos por Kim et al. (2011), ao avaliarem o crescimento e as características fotossintéticas de V. corymbosum sob diferentes níveis de sombreamento.

CONCLUSõES

O sombreamento reduz significativamente a área foliar e as ramificações de plantas de mirtilo ‘Biloxi’ nas condições de estudo de Brasília-DF.

O nível de sombreamento utilizado no experimento influenciou negativamente no comportamento morfológico das plantas de mirtilo, não sendo recomendado para o cultivo de mirtilo ‘Biloxi’ nas condições de estudo.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Ensino Superior (CAPES) pela concessão de bolsa e a Universidade de Brasília pelo suporte necessário.

REFERêNCIAS

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FACHINELLO, J. C. Mirtilo. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 30, p. 285-576, 2008.

KALT, W.; JOSEPH, J. A.; SHUKITT-HALE, B. Blueberries and human health: a review of current research. Journal of the American Pomological Society, v. 61, p. 151-160, 2007.

KIM, S. J.; YU, D. K.; KIM, T. C. ; LEE, H. J. Growth and photosynthetic characteristics of blueberry (Vacciniumcorymbosum cv. Bluecrop) under various shade levels. Scientia Horticulturae, v. 129, n. 3, p. 486-492, 2011.

LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: Rima, 2000. 531 p.

MANCUSO, M. A. C.; SORATTO, R. P.; PERDONÁ, M. J. Produção de café sombreado. Colloquium Agrarie, v. 9, n. 1, 2013. MOOLA, F. M.; MALLIK, A. Morphological plasticity and regeneration strategies of velvet leaf blueberry (Vaccinium myrtilloides Michx.) following canopy disturbance in boreal mixedwood forests. Forest Ecology and Management, v. 111, n. 1, p. 35-50, 1998.

QUEIROGA, R. C. F.; BEZERRA NETO, F.; NEGREIROS, M. Z.; OLIVEIRA, A. P.; AZEVEDO, C. M. S. B. Produção de alface em função de cultivares e tipos de tela de sombreamento nas condições de Mossoró. Horticultura Brasileira, v. 19, n. 3, p. 192-196, 2001.

RICCI, M. S. R.; COSTA, J. R.; PINTO, A. N.; SANTOS, V. L. S. Cultivo orgânico de cultivares de café a pleno sol e sombreado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 41, n. 4, p. 569-575, 2006.

SANTOS, U. F.; XIMENES, F. S.; LUZ, P. B.; SEABRA JÚNIOR, S.; PAIVA SOBRINHO, S. Níveis de sombreamento na produ- ção de mudas de pau-de-balsa (Ochromapyramidale). Bioscience Journal, v. 30, n. 1, p. 129-136, 2014.

Literatura Recomendada

CAMPOS, P. A. Cultivo ecológico de maracujá-amarelo consorciado com milho, abacaxi, mandioca e plan- tas de cobertura do solo. 2011. 48 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal do Acre, Pro-

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

LUDEWIGS, T.; BRONDOZIO, E. S. Panths of diversification: land use, livelihood strategies and social learning along the aging of a land reform settlement in Acre, Brazil. Amazônica-Revista de Antropologia, v. 1, n. 2, 2009.

Vermicomposto em substituição ao solo no desenvolvimento de plantas de

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