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Euterpe edulis

No documento Anais 2018. (páginas 89-93)

Clenilso Sehnen Mota(1), Elton Dickmann(2), Sara Carmelise Zanelato(2) e Rovanessa Roell(2) (1) Professor, D.Sc.; Instituto Federal Catarinense; Rio do Sul, SC; csm.sehnen@gmail.com;

(2) Estudante Bolsista CNPq; Instituto Federal Catarinense;

INTRODUçãO

A mata atlântica é o Bioma Brasileiro que mais sofreu e sofre pressão de antropização, uma vez que os grandes centros urbanos do Brasil se concentram na área de ocorrência da mesma. Esse bioma apresenta uma enormidade de plantas frutíferas com potencial alimentício, farmacológicos, e com propriedade nutracêuticas. Uma das espécies pertencentes a mata atlântica é o palmito juçara (Euterpe

edulis) espécie esta que foi intensamente extraída para produção de palmito em conserva, levando a um

risco de extinção.

As possibilidades de usos da palmeira juçara não estão limitadas a obtenção do palmito, se estendem a colheita dos frutos para a produção de polpa, mais conhecida como açaí (Coradin et al., 2011). Enquanto o corte para obtenção do palmito leva a eliminação da planta, a produção de polpa se estende por toda a vida adulta da planta. Além disso, se deve buscar cultivos consorciados com outras espécies cultivadas, como a bananeira (Mac Fadden, 2005) ou outras espécies, ou mesmo consorciamento em áreas (re) florestadas.

A propagação da juçara se dá exclusivamente por sementes (Coradin et al., 2011). As sementes são recalcitrante, não tolerando desidratação excessiva (Queiroz, 2000). As sementes devem ser colhidas quando os frutos estiverem maduros, ou seja, com coloração escura (Aguiar et al., 2002).

Segundo Aguiar et al. (2002) e Santos et al. (2008), a palmeira Juçara não é muito exigente em fertilidade do solo, ou em correção da acidez, mas tem preferência e se desenvolve bem em solo com alto teor de matéria orgânica, com boa umidade e bem drenados. Santos et al. (2008) recomendam usar com substrato para preenchimentos dos recipientes (Sacos plásticos) uma mistura de solo de textura media e esterco animal, na proporção de 3:1.

O uso de componentes orgânicos em substratos promove melhora nas características físicas e químicas no substrato. Dentre as físicas podemos melhorar na capacidade de retenção e disponibilização de agua, aumento da porosidade e consequente aeração, melhora na coesão das partículas, entre outras. A fertilidade dos substratos também é elevada pela adição de compostos orgânicos aos mesmos (Lekasi, 2003; Mota et al., 2015). Além da melhoria da atividade biológica do substrato. Todavia a composição química estercos animais variam grandemente em função do local e da fonte (Lekasi, 2003).

Assim o sucesso na produção de mudas depende, em muito, da qualidade do substrato, pois esse servirá de suporte para o desenvolvimento do sistema radicular além de fornecer nutrientes e proporcionar condições ao desenvolvimento das mudas (Liz; Carrijo, 2008). Com isso, o estudo objetivou verificar o potencial de uso de cama de coelho como componente de substratos na emergência e vigor de mudas de palmito juçara.

MATERIAL E MéTODOS

Os frutos de juçara (Euterpe edulis) foram coletados em pleno estádio de maturação, na cidade de Rio do Sul-SC (27° 11’ 27” S e 49° 39’ 22.4” W). Após a colheita os frutos foram despolpados, em uma despolpadora para a obtenção do açaí, em seguida as sementes foram lavadas em água corrente, e posteriormente colocada para secar a sombra por 48 horas. A cama de coelho foi coletada no setor de Zootecnia do Campus Rio do Sul do Instituto Federal Catarinense. O experimento foi conduzido em casa

As formulações dos substratos foram nas doses de 0, 5, 10 e 15% de cama de coelho diluído em solo, com adição de 10% de casca de arroz carbonizada em todas as doses testadas. As formulações dos substratos foram feitas em base de volume. Como substrato controle foi utilizado o substrato comercial Carolina Soil® (segundo o fabricante, composto de turfa, vermiculita, calcário, material agrícola fabricado

por terceiro). Para cada tratamento foram utilizadas quatro repetições, cada repetição foi composta por 54 tubetes (180 mL) desses, dez em cada repetição foram aleatorizados para as análises.

A avaliação de plântulas emergidas foi realizada em intervalos de aproximadamente dois dias (três vezes por semana), do início das emergências até a tendência de estabilização. E posteriormente em intervalos de sete dias por mais cinco semanas, e uma última avalição após oito semanas. O índice de velocidade de emergência (IVE), que representa o vigor, foi obtido e calculado segundo Maguire (1962). Foi aplicado o teste de medias de Dunnett (p<0,05) para comparar o controle com as doses de cama de coelho, foram aplicados modelos estatísticos de primeiro e segundo grau, sendo selecionado o modelo de melhor ajuste.

RESULTADOS E DISCUSSãO

O uso de cama de coelho (CC) não se mostrou adequado como componente de substrato para emergência de plântulas de juçara (Tabela 1). Em relação ao substrato comercial, somente a dose de 0% de CC não diferiu para o percentual de plântulas emergidas (PPE). Já para o índice de velocidade de emergência (IVE) todos os substratos propostos com dose, inclusive a zero, de CC diferiram do substrato comercial. Lima et al. (2008) em uso de esterco de coelho mais serragem em proporção de 1:1, não encontrou diferença em relação aos outros substratos, para a germinação, tendo germinação de 85%.

Tabela 01 - Percentual de plântulas emergidas (PPE) e índice de velocidade de emergência (IVE) em plântulas de palmito juçara produzidas em um substrato comercial e em diferentes doses de cama de coelho (CC), Rio do Sul, 2018.

Substrato PPE IVE

(%) (-) Comercial 84,26 0,62 CC - 0% 81,48 0,49* CC - 5% 70,37* 0,44* CC - 10% 63,89* 0,40* CC - 15% 63,89* 0,38*

*Difere do substrato comercial pelo teste de Dunnett (p<0,05).

Segundo Fermino (2014), as características mais importantes de um substrato são as físicas, como: a capacidade de armazenamento de água e a posterior disponibilização desta para a semente em processo de germinação e emergência; e a porosidade para promover a disponibilização o oxigênio a semente e a sistema radicular em desenvolvimento. Com isso, parece que o CC foi ineficiente em promover características adequadas para a germinação e emergências das plântulas de juçara.

O aumento das doses de CC promoveu efeitos negativos lineares sobre o PPE e IVE, com coeficiente angular de alto grau de significância (Figura 1). Pereira et al. (2017) observaram efeitos positivos no incremento de doses até cerca de 40% de esterco de coelho no desenvolvimento de mudas de cafeeiro. Queiroz et al. (2014) também relata resultados positivos até dose de cerca de 33% de esterco de coelho com complemento de adubação para milheto.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Figura 01 - Ajustes de modelos estatísticos para percentual de plântulas emergidas (PPE) e índice de velocidade de emergência (IVE) em plântulas de palmito juçara produzidas em um substrato comercial e em diferentes doses de cama de coelho. Significância para teste t: *p<0,5; **p<0,1; ***p<0,01.

Cada espécie vegetal apresenta suas particularidades em resposta aos fatores edafoclimáticos. No caso desse estudo o uso de cama de coelho não foi favorável para a emergência e vigor das sementes de juçara, e até mesmo tendo efeito mais negativo conforme o aumento das doses. Há diversos fatores presentes em resíduos da criação de animais que podem ser desfavoráveis às espécies vegetais, como presença de moléculas alelopáticas, excesso de amônia, mau curtimento dos estrumes, dentre outras.

CONCLUSãO

O uso de cama de coelho como componente de substrato para emergência de sementes de palmito juçara não se mostrou adequado.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pela concessão de bolsas aos estudantes de graduação.

REFERêNCIAS

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QUEIROZ, M. H. Biologia do fruto, da semente e da germinação do palmiteiro (Euterpe edulis Martius). In: REIS, M. S.; REIS, A. (Ed.). Euterpe edulis Martius (palmiteiro): biologia, conservação e manejo. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 2000. p.

39-59.

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Comparação germinativa de sementes provenientes de cinco espécies de

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