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Desenvolvimento e produção em diferentes genótipos de amoreira-preta em Curitibanos, SC

No documento Anais 2018. (páginas 68-71)

Camila de Castilhos(1), Vagner Schineider Pinto Abê(1), Luciano Picolotto(2) e Luis Eduardo Corrêa Antunes(3)

(1) Acadêmica de Agronomia; Universidade Federal de Santa Catarina/ Centro de Ciências Rurais; Curitibanos/SC; camiladecastilhos@gmail.com; abe.vagner@gmail.com

(2) Professor; Universidade Federal de Santa Catarina/ Centro de Ciências Rurais; Curitibanos/SC; picolotto.l@ufsc.br; (3) Pesquisador; Embrapa Clima Temperado; Pelotas/RS; luis.antunes@embrapa.br.

INTRODUçãO

As pequenas frutas, como a amoreira-preta (Rubus sp.), vêm ganhando um importante espaço no cenário da fruticultura nacional, pois trata-se de uma cultura que demanda baixos investimentos iniciais e tem rápido retorno. É uma cultura rústica que necessita de poucos tratos culturais, apresenta boa produtividade, é bem aceita pelo mercado consumidor tanto na forma in natura como processada.

Segundo Fachinello et al. (2011), o crescimento de produção e da área cultivada com frutas de clima temperado se dá pelo melhor gerenciamento das propriedades e pela modernização do sistema produtivo, suprindo as exigências do mercado consumidor. Já Schaker e Antoniolli (2009), além de Silveira (2007), referem-se que a ampliação da área de cultivo com amora-preta ocorre em razão da maior demanda pelo mercado em associação à adaptação da cultura em algumas regiões do país, principalmente no estado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e em partes pontuais dos estados de São Paulo e Minas Gerais, que apresentam condições de clima e solo favoráveis para o cultivo. Segundo Antunes et al. (2014) este aumento da demanda é atribuído a vários fatores, de econômicos a sociais, que também ocorre devido às suas qualidades fitoquímicas, que podem trazer benefícios à saúde, a partir da busca por uma alimentação mais saudável. No entanto, apesar da amoreira-preta ter sido introduzida no Brasil na década de 70, há poucos trabalhos relacionados de manejo fitotécnico (Pereira, 2008; Ferreira et al., 2016), principalmente em regiões com pouca tradição de cultivo.

Devido a estas importâncias, além de se tratar de um local tradicional na atividade de pecuária e produção de grãos, ademais de haver poucas informações sobre o cultivo da espécie na região do planalto catarinense, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho vegeto-produtivo de diferentes cultivares de amoreira-preta (Rubus sp.) nas condições edafoclimáticas de Curitibanos/SC.

MATERIAL E MéTODOS

O experimento foi implantado a campo no mês de outubro de 2015, na fazenda experimental da Universidade Federal de Santa Catarina campus de Ciências Agrárias, localizada no município de Curitibanos/SC. O clima da região, segundo Köppen, é classificado como Cfb temperado, com temperaturas variando de 15 ºC a 25 ºC, apresentando em média 420 horas de frio (≤7,2 °C) e precipitação média anual de 1500 mm. De acordo com Embrapa (2013), o solo é classificado como Cambissolo Háplico de textura

argilosa (550 Kg-1 de argila), relevo suavemente ondulado e boa drenagem. Implantou-se para testes

cinco genótipos de amoreira-preta (Rubus sp.), sendo essas as cultivares Xavante, Tupy, BRS Xingu e as seleções avançadas Black 145 e 178.

O plantio foi realizado no espaçamento de 0,6 m x 3,5 m. Utilizou-se sistema de condução tipo espaldeira, sendo as plantas podadas a uma altura de 1,0 cm no período de inverno. A poda de inverno foi realizada em agosto, onde foram deixadas três hastes principais, sendo as secundárias reduzidas a 30 cm de comprimento. Realizou-se também a poda de verão após a colheita, onde se eliminou ao nível do solo as hastes que já produziram, a mesma foi realizada em abril de 2018.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Para comparar-se o desempenho dos diferentes genótipos, em 2017/2018, avaliou-se a altura (m) e o diâmetro de haste (mm), em abril de 2018; a produção por planta (g), a partir de novembro de 2017; e a massa seca da poda (kg·planta-1), em abril de 2018. A massa seca da poda foi avaliada na poda

pós-colheita, onde foram retiradas ao nível do solo as hastes que haviam produzido, foram trituradas, embaladas, pesadas e secas em estufa até peso constante. A produção por planta foi mensurada com a utilização de balança digital de precisão, o diâmetro de haste utilizando um paquímetro digital e a variável altura de haste com fita métrica.

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, compostos por três repetições e cinco plantas por repetição. Os resultados foram submetidos à análise de variância, e as variáveis com efeito significativo foram submetidas ao teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro, utilizando-se o software estatístico WinStat.

RESULTADOS E DISCUSSãO

A produção por planta diferiu entre os genótipos, tendo a seleção Black 145 obtido o melhor desempenho (1201,53 g), diferindo das demais (Tabela 1). A produção da seleção Black 145 foi similar ao relatado em outros trabalhos para a já consagrada Tupy (Antunes; Trevisan, 2010; Ferreira et al., 2016). Raseira et al. (2007) destaca que a diferença apresentada pelas cultivares pode ser devido a fatores intrínsecos relacionados à própria adaptação, como a exigência em frio.

Tabela 01 - Produção por planta, massa seca da poda, altura da haste e diâmetro de haste de genótipos de amoreira-preta. UFSC, Curitibanos-SC, 2018.

Genótipo Produçãog·planta-1 poda (Kg·plantaMassa seca da -1) Altura de haste (m) Diâmetro de haste (mm)

Black 145 1201,53 a 0,23 ns 1,56 ns 9,24 ns Black 178 711,21 b 0,27 1,37 8,48 BRS Xingu 571,38 b 0,23 1,22 8,19 Xavante 439,49 b 0,29 1,26 9,35 Tupy 359,09 b 0,26 1,53 8,62 Média 656,54 0,26 1,39 8,78 C. V. (%) 25,5 22,56 20,12 18,75

*Médias seguidas de letras iguais, nas colunas, não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade, ns: não significativo.

Na variável altura de haste, massa seca da poda e diâmetro de haste não ocorreu diferenças significativas entre os genótipos, tendo a mesma atingida em média 1,39 m, 0,26 Kg e 8,78 mm respectivamente (Tabela 1). Aspecto normalmente não verificado já que algumas espécies têm diferentes hábitos de crescimento que podem influenciar o crescimento das hastes. Segundo Souza (2018), a diferença na posição das hastes pode influenciar na dominância apical, e assim modificar o comprimento das mesmas. Segundo Raseira e Franzon (2012) o hábito de crescimento das hastes varia de ereto a prostrado.

No presente trabalho, no mês de novembro, a precipitação foi inferior àquela normalmente registrada na região, o que pode ter afetado o potencial de crescimento de alguns genótipos avaliados. Ainda, conjuntamente supõe-se que a temperatura mínima, inferior as dos últimos anos no local do experimento, em outubro e novembro, possa estar entre os fatores que interferiram nos parâmetros vegetativos.

CONCLUSõES

Na condição experimental não há diferenças no desenvolvimento vegetativo entre os genótipos avaliados.

REFERêNCIAS

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VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Qualidade de fruto de amoreira-preta em diferentes períodos de

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