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Características produtivas do mirtileiro cultivar ‘Powderblue’ no município de Morro Redondo, RS

No documento Anais 2018. (páginas 163-166)

Italo Kael Gilson(1), Eliza Frigotto(1), Samuel Tadeu Tonin(1), Flavio Gilberto Herter(2) e André Luiz Radünz(3)

(1) Estudante; Universidade Federal da Fronteira Sul; Chapecó; Santa Catarina; samueltonin@gmail.com; elizafrigotto@hotmail. com; kael.gilson1988@gmail.com

(2) Professor; Universidade Federal de Pelotas; Pelotas; Rio Grande do Sul; flavioherter@gmail.com (3) Professor; Universidade Federal da Fronteira Sul; Chapecó; Santa Catarina; andre.radunz@uffs.edu.br

INTRODUçãO

O mirtileiro (Vaccinium spp.) (Penã et al., 2012) devido as características nutracêuticas e nutricional dos frutos, associado a possibilidade de cultivo em pequenas áreas e o valor agregado dos frutos (Cantuarias-aviles et al., 2014; Radunz et al., 2016), tem despertado a atenção de consumidores, processadores, agentes comercializadores e agricultores (Marangon; Biasi, 2013). Por estes motivos, torna-se uma possibilidade para diversificação da matriz produtiva das unidades familiares (Radunz et al., 2014).

No Brasil o grupo Rabbiteye destaca-se por ter as principais cultivares (Raseira; Antunes, 2006), especialmente por apresentarem plantas com baixa necessidade em frio, elevado vigor, tolerância ao calor e à seca (Ehlenfeldt et al., 2007), apresentando-se como uma alternativa produtiva para a mesorregião de Pelotas. Contudo, assumindo que para uma mesma cultivar, o número de gemas floríferas, de flores e de frutos pode apresentar diferenças, em função das condições climáticas do local de cultivo das plantas (Radunz et al., 2018), tornam-se necessários estudos para adaptar o manejo das espécies às condições edafoclimáticas locais (Fachinello et al., 2011). Destacando-se que a obtenção de uma produção comercial satisfatória está condicionada a frutificação de pelo menos 80% das flores (Desjardins; Oliveira, 2006),

Pelo exposto, conhecer as características do hábito de frutificação e de produção tornam-se relevantes, assumindo que estas são fundamentais para melhorar as estratégias de manejo da espécie nas condições dos locais de cultivo. Pelo exposto, objetivou-se com o presente trabalho avaliar as características produtivas do mirtileiro (Vaccinium spp.), cultivar Powderblue, grupo rabbiteye (Vaccinium

ashei Reade), para as condições edafoclimáticas do município de Morro Redondo, RS. MATERIAL E MéTODOS

A presente pesquisa foi executada por duas safras consecutivas, 2012/2013 e 2013/2014, em uma propriedade comercial do município de Morro Redondo, RS (31º 32’ S 52º 34’ O, 150 metros de altitude), na qual foram no pomar casualizadas plantas da cultivar Powderblue, pertencentes ao grupo Rabbiteye (Vaccinium ashei Reade), em plena produção, oito (08) anos de idade.

O delineamento experimental adotado foi inteiramente ao acaso, conduzido sob esquema fatorial 3 x 2. Como primeiro fator foi considerado a posição da gema no ramo (Apical, mediana e basal) e o segundo fator foi a safra (2012/13 e 2013/14) utilizados para caracterização do número de primórdios, número de flores e número de frutos.

Para todas as variáveis foram casualizados quatro grupos de plantas, cada grupo composto por quatro plantas, sendo nestes selecionadas as duas plantas centrais (úteis), por safra, para realizar as avaliações. Nas plantas selecionadas foram identificados ramos que, através de observações semanais, em gemas predefinidas e marcadas nas plantas, foram monitorados o número de flores abertas durante o período de floração e o número de frutos desenvolvidos até o final da safra. Já para a avaliação do número de primórdios, optou-se por realizar coletas de ramos em cinco (05) diferentes datas, desde a senescência das folhas até previamente à antese (abertura das flores), correspondendo a avaliações entre os meses de abril e agosto de cada safra. Em cada uma das datas de avaliação foram coletados

para verificação do número de primórdios florais presentes, sendo ao final do período realizado a média dos valores por porção do ramo (apical, mediana e basal).

Os dados do número de primórdios florais, flores e frutos, em função da posição da gema e safra avaliada, foram submetidos à análise de variância e, quando significativo, as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey (p≤0,05).

RESULTADOS E DISCUSSãO

Os resultados demonstram que houve efeito simples da posição da gema sobre o número de primórdios florais, número de flores e de frutos (Tabela 1). Para o número de primórdios florais verificou- se que as gemas basais apresentaram menor número (7,94), sendo estas ao redor de 5% inferiores às medias das gemas medianas e apicais, as quais não diferiram entre si.

Para o número de flores, o maior número (7,88) foi obtido na porção apical, seguido da mediana e basal, as quais não diferiram entre si e as médias destas foram cerca de 7% inferiores à apical (Tabela 1). Possivelmente este fato esteja associado às flores das posições mais apicais estarem mais expostas à radiação solar. Neste sentido, Tomlinson (1987) destaca que a arquitetura da planta influencia suas funções e características produtivas.

Em relação ao número de frutos, verificou-se diferença entre todas as posições avaliadas, sendo que a posição apical apresentou maior número (7,43), seguido da mediana (5,60) e da basal (4,40). Analisando a relação entre o número de primórdios e o número de frutos colhidos, nota-se que do total de primórdios, ao redor de, 89, 67 e 55% reverteram em frutos colhidos, respectivamente na gema apical, mediana e basal (Tabela 1). Possivelmente este comportamento esteja relacionado à menor intensidade da luz na porção basal do ramo (Wikie et al., 2008), bem como aos fatores relacionados a morfologia das plantas, tendo em vista que as flores localizadas nas gemas basais estão inseridas no dossel da planta, influenciando a atratividade e a chegada dos polinizadores (Primack, 1987).

Ao analisar o efeito da safra sobre o número de primórdios florais, número de flores e de frutos, pode-se observar resultados semelhantes (Tabela 1). Sendo constatado que há diferença entre as safras, apenas para a variável número de frutos, sendo maior na safra 2013/14.

Tabela 01 - Número de primórdios, flores e frutos em função da posição da gema no ramo e do ano avaliado, cultivar ‘Powder- blue’, Pelotas/RS, safras 2012/13 e 2013/14.

POSIçãO DA GEMA Número de primórdios Número de flores Número de Frutos

APICAL 8,37 a 7,88 a 7,43 a

MEDIANA 8,29 a 7,50 b 5,60 b

BASAL 7,94 b 7,25 b 4,40 c

SAFRA Número de primórdios Número de flores Número de Frutos

2012/13 8,18 a 7,48 a 5,70 b

2013/14 8,21 a 7,60 a 5,92 a

Letras minúsculas iguais na coluna significa que os valores não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≤0,05).

CONCLUSõES

O número de primórdios florais foi maior nas gemas medianas e apicais, as quais não diferiram entre si.

A porção apical apresentou maior número de flores e de frutos.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul REFERêNCIAS

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Análises produtivas de cultivares de framboesa na região oeste de Santa

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