• Nenhum resultado encontrado

Avaliação de uma nova cultivar de Fragaria x ananassa Duch de sensibilidade neutra ao fotoperíodo – ‘Cabrillo’

No documento Anais 2018. (páginas 155-159)

Hemilia Karine Slompo de Oliveira(1), Roseli Frota de Moraes Salles(2), Hugo Reis Vidal(3) e Ralph Penafiel do Lago(4)

(1) Estudante do curso de Agronomia da PUCPR. Curitiba (PR). hemilia.oliveira@hotmail.com (2) Professora e coordenadora adjunta do curso de Agronomia da PUCPR. roseli.salles@pucpr.br

(3) Engenheiro Agrônomo. hugovidal.agro@gmail.com

(4) Estudante do curso de Agronomia da PUCPR. ralphlago@yahoo.com.br

INTRODUçãO

O morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) pertence à família Rosaceae, originou-se do cruzamento espontâneo entre Fragaria chiloensis e Fragaria virginiana, por volta de 1700 (Hayashi et al., 2008). É uma planta herbácea, rasteira e, apesar de ter características de cultura perene, é cultivada como anual (Filgueira, 2008).

Segundo Antunes (2018), o Brasil alcançou no ano de 2017 uma produção de 155 mil toneladas de morango em 4.300 ha (hectares), e nota-se que a demanda pelo produto é maior que a oferta, mesmo com um crescimento da área de produção de 3,0 a 4,0% ao ano.

São vários fatores que interferem na produção de morango, a temperatura e o fotoperíodo, são exemplos de extrema importância para tal. A produção brasileira, de acordo com Antunes et al. (2017), consistia no uso de cultivares de dias curtos, levando a um déficit de produtos no mercado de dezembro ao inverno e, consequentemente, a elevação dos preços. Segundo o mesmo autor, isso vem mudado nos últimos anos pelo fato dos produtores estarem optando por cultivares neutras ao fotoperíodo.

Existe hoje uma diversidade de cultivares de morangueiro e isto requer estudos quanto à adaptação no local de cultivo. Por ser um pseudofruto que chama atenção por sua coloração vermelha e pelo sabor adocicado, o mercado consumidor é muito exigente, portanto informações a respeito das características das cultivares são de grande relevância ao produtor, para se agradar o mercado e garantir uma boa produtividade.

A nova cultivar Cabrillo é originada de um cruzamento realizado em 2008, desenvolvido na Universidade da Califórnia – USA e teve como objetivos buscar rendimento, tamanho da fruta e aparência comercial.

Portanto, o objetivo deste trabalho é avaliar as características fenológicas, morfológicas e o uso da nova cultivar de Fragaria x ananassa Duch, denominada Cabrillo, de origem californiana e de sensibilidade neutra ao fotoperíodo, comparando com duas cultivares já comercializadas no Brasil, Albion e San Andreas.

MATERIAL E MéTODOS

Este trabalho foi realizado na Pontifícia Universidade Católica do Paraná sito Fazenda Experimental Gralha Azul, localizada no Município de Fazenda Rio Grande – PR.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, contendo três tratamentos, que consistem nas variedades de Fragaria x ananassa Duch: Albion, Cabrillo e San Andreas, com cinco repetições, totalizando 15 parcelas. Cada parcela foi composta por 60 plantas, arranjadas em duas fileiras, estando espaçadas a 0,35 m x 0,15 m, com uma linha de irrigação por gotejamento por canteiro entre as fileiras de plantas, sendo, portanto, 300 plantas por tratamento e totalizando 900 plantas em todo o experimento.

as mudas de morangueiro (de procedência Chilena) permaneceram juntamente com as cultivares de comparação em câmara fria da importadora.

O transplantio das mudas ocorreu no dia 16 de outubro de 2017. Posteriormente, as fitas gotejadoras foram instaladas e a partir deste momento, a fertirrigação foi realizada semanalmente e os adubos utilizados foram de acordo com o desenvolvimento da planta. No primeiro momento, até o estabelecimento das plantas e começo de produção, foi utilizada a formulação NPK nas proporções 01- 02-01. A partir da frutificação, usamos a formulação NPK nas proporções 02-01-06.

Os canteiros foram cobertos com mulching, sendo utilizado o polietileno de baixa densidade (PEBD) de cor preta e como forma de proteção para os canteiros, foi realizada a confecção de um túnel alto.

No decorrer do cultivo, foi realizado semanalmente o monitoramento de doenças e pragas. Alguns problemas ocorreram com pragas como pulgões, formigas, ácaros e lesmas. Também ocorreram doenças como: mancha de micosferela (Mycosphaerella fragariae) e mofo cinzento (Botrytis cinera). Para controle, foram usados tanto produtos biológicos como químicos, recomendados para a cultura.

Foram demarcadas 15 flores (cinco por repetição) da cultivar Cabrillo, no dia 27 de junho de 2018, para se avaliar qual o tempo que a planta levaria, desde a emissão do botão floral até a maturação da fruta, nas condições climáticas referentes ao período de outono/inverno, realizando o acompanhamento semanalmente e registrando com fotos cada fase até a colheita da fruta.

As colheitas foram realizadas uma vez por semana, considerando frutas acima de 60% de sua maturação, descartando as frutas com danos, atacados por pragas e doenças, impróprios para comercialização. As frutas colhidas eram submetidas a pesagem de acordo com o tratamento.

Os parâmetros de avaliações foram características morfológicas de cada cultivar, e aspectos qualitativos das frutas; formato, coloração, disposição, densidade e tamanho de folhas e flores nas plantas e ainda formato coloração interna e externa de frutas, a partir das instruções para execução dos ensaios de distinguibilidade, homogeneidade e estabilidade de cultivares de morango (Fragaria L.), estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

RESULTADOS E DISCUSSãO

Acompanhando o cultivo de Fragaria x ananassa Duch, foram observadas semelhanças e diferenças entre as cultivares em vários aspectos da planta. Dentre as diferenças, algumas se destacam e estão descritas na Tabela 1.

Quanto ao hábito de crescimento e arquitetura da planta, para Cabrillo, caracteriza-se como um crescimento ereto e uma planta mais aberta, já a San Andreas tem um crescimento ereto, porém é uma planta muito mais densa. Segundo Schwengber et al. (2016), cultivares que apresentam menor desenvolvimento da parte aérea, podem possibilitar um maior adensamento de plantio além de maior facilidade para realização dos tratos culturais e a colheita, já plantas com a parte aérea muito densa, exigem espaçamentos maiores.

Tabela 01 - Comparativo de características fenológicas das cultivares de Fragaria x ananassa Duch: Cabrillo, San Andreas e Albion.

Cultivares compa-

radas Características que diferenciam Expressão da caracte-rística CABRILLO San Andreas (16) Folíolo terminal: forma em seção transversal (2) Plana (1) Côncava

San Andreas (30) Fruto: Formato (2) Cônico porém alon-gado (2) Cônico

San Andreas (40) Fruto: diâmetro do cálice em relação ao diâmetro do fruto (4) Maior (5) Muito maior

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Cultivares compa-

radas Características que diferenciam Expressão da caracte-rística CABRILLO Albion (16) Folíolo terminal: forma em seção transversal (2) Plana (1) Côncava

Albion (30) Fruto: Formato (2) Cônico, porém alon-gado (2) Cônico

Albion (40) Fruto: diâmetro do cálice em relação ao diâmetro do fruto (3) Igual (5) Muito maior

Albion (45) Fruto: cavidade central (1) Ausente ou pequena (2) Média

A cultivar Cabrillo, iniciou o florescimento um mês após ter sido implantada. Com seu estabelecimento, produziu frutas um pouco mais cedo do que San Andreas. As frutas são bem formadas com boa firmeza, apresentam boa aparência, bom sabor e são suculentas, porém, não são tão doces em relação às frutas da cultivar Albion.

Como o trabalho foi instalado em outubro de 2017, foi possível acompanhar o desenvolvimento da cultura em todas as estações do ano, pode-se notar a produção de flores e o desenvolvimento das frutas durante todo o período avaliado, a partir do estabelecimento da planta e, isso ocorreu nos três tratamentos. O florescimento nas cultivares neutras ao fotoperíodo é relativamente insensível ao comprimento do dia em temperaturas entre 21 ºC/16 °C dia/noite (Manakasem; Goodwin, 2001; Calvete et al., 2008).

A partir das flores que foram demarcadas, foi possível verificar que a cultivar Cabrillo, nas condições climáticas referentes ao período de outono/inverno, levou em média 38 dias, desde a emissão do botão floral (27 de junho de 2018) até a maturação e colheita da fruta (04 de agosto de 2018). De acordo com Ronque (1998), a média de tempo que leva desde a polinização até a maturação da fruta varia entre 20 e 50 dias.

Considerando que a colheita era realizada uma vez na semana, muitas frutas acabavam sendo descartadas acometidas por doenças, principalmente por Botrytis cinera. Portanto, a média de produção obtida por cada tratamento, no período entre o mês de abril ao mês de agosto, corresponde a 44.623,8 Kg ha-1 da cv. Albion, 33.674,8 Kg ha-1 da cv. Cabrillo e 48.856,3 Kg ha-1 da cv. San Andreas, com produtividade

média por colheita de 2.624,9 Kg ha-1, 2.104,7 Kg ha-1 e 2.873,9 Kg ha-1, respectivamente. Já, o peso

médio das frutas obtidas neste período foi 20 g fruta-1 da cv. Albion, 22 g fruta-1 da cv. Cabrillo e 18 g fruta-1

da cv. San Andreas.

CONCLUSõES

A nova cultivar de Fragaria x ananassa Duch, denominada Cabrillo, se adaptou bem a região, porém, durante o período avaliado, produziu menos que as outras cultivares em comparação.

Durante todo ciclo, a nova cultivar Cabrillo produziu frutas de tamanho comercial satisfatórias, superior a 10 g, viabilizando uma nova opção de cultivo aos produtores e indicada para plantio em Curitiba (PR) e na região metropolitana.

REFERêNCIAS

ANTUNES, L. E. C. Brasil é o maior produtor de morango da América do Sul. Campo e Negócio – Hortifruti, Uberlândia, n. 7, p. 92-94, jan. 2018.

ANTUNES, L. E. C.; FAGHERAZZI, A. F.; VIGNOLO, G. K. Morangos tem produção crescente. Campo & Lavoura, Anuário HF 2017, n. 1, p. 96-102, 2017.

CALVETE, E. O.; MARIANI, F.; WESP, C. L.; NIENOW, A. A.; CASTILHOS, T.; CECCHETTI, D. Fenologia, produção e teor de antocianinas de cultivares de morangueiro em ambiente protegido. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 30, n. 2, p. 396-401, 2008.

HAYASHI, A. H.; VOLPE, A.; KLUGE, R. A. Morangueiro. In: CASTRO, P. R.; KLUNGE, R. A.; SESTARI, I. Manual de fisiolo- gia vegetal: fisiologia de cultivos. Piracicaba: Agronômica Ceres, 2008. p. 718-731.

MANAKASEM, Y; GOODWIN, P. B. Responses of dayneutral and Junebearing strawberries to temperature and daylength. Journal of Horticultural Science and Biotechnology, v. 76, p. 629-635, 2001.

RONQUE, E. R. V. Cultura do morangueiro: revisão prática. Curitiba: EMATER IPR, 1998. 206 p.

SCHWENGBER, J. E.; MARTINS, D. S.; STRASSBURGER, A. S.; WATTHIER, M. Produção de base ecológica. In: ANTUNES, L. E. C.; REISSER JUNIOR, C.; SCHWENGBER, J. E. Morangueiro. Brasília, DF: Embrapa, 2016. p. 343–360.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Estádio de coleta e meio de cultura na germinação in vitro de pólen de

No documento Anais 2018. (páginas 155-159)

Outline

Documentos relacionados