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Diferentes substratos na produção de mudas de mirtileiro (1)

No documento Anais 2018. (páginas 34-37)

Aline Ramm(2), Patrícia Maciejewsky(2), Bruna Andressa dos Santos Oliveira(3), Marilaine Garcia de Mattos(3) e Marcia Wulff Schuch(4)

(1) Trabalho executado com recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); (2) Doutoranda em Agronomia; Universidade Federal de Pelotas; Pelotas, RS; alineramm@yahoo.com.br; pmaciejewski0111@

gmail.com;

(3) Mestranda em Agronomia; Universidade Federal de Pelotas, brunah.andressa@gmail.com; marimattos1@outlook.com; (4) Professora; Universidade Federal de Pelotas; Pelotas, RS.

INTRODUçãO

O cultivo de mirtilo está concentrado nos estados do Rio Grande de Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais (Cantuarias-Avilés, 2014). Com potencial de aumento de cultivo, essa espécie de clima temperado, possui frutos ricos em antioxidantes e propriedades medicinais (Peña et al., 2012; Antunes et al., 2012).

A cultura se desenvolve em solos com pH mais baixo, em torno de 5,0, que nem sempre estão disponíveis. Dessa forma o substrato é um fator de grande importância na propagação do mirtileiro (Willianson; Miller, 2009). Este deve ser firme o suficiente para dar sustentação às raízes, entretanto, deve suprir, as necessidades de água e ar nesse ambiente, proporcionando suporte para o desenvolvimento das mudas. Portanto a escolha adequada pode definir o sucesso na implantação dessa cultura (Ristow et al., 2011; Vavrina et al., 2002).

A casca de arroz, resíduo encontrado nas regiões produtoras de arroz, pode ser utilizada como componente de substratos, após passar pelo processo de carbonização (Kratz et al., 2012; Silva et al., 2012). A baixa densidade da casca de arroz carbonizada é uma característica importante quando se deseja aumentar a porosidade total do substrato, proporcionando maior drenagem e uma melhor aeração ao sistema radicular (Couto et al., 2003), e devido a sua alta macroporosidade é uma alternativa é a combinação com elementos de maior microporosidade, como a fibra de coco (Kratz et al., 2013).

Assim, considerando a importância do substrato e suas propriedades na produção de mudas, o presente trabalho objetivou avaliar a viabilidade técnica do uso de diferentes substratos renováveis à base de casca de arroz carbonizada e fibra de coco para a produção de mudas de mirtileiro ‘Duke’.

MATERIAL E MéTODOS

O experimento foi realizado no Laboratório de Propagação de Plantas Frutíferas, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), localizado em Pelotas – RS. O ensaio foi conduzido em estufa agrícola, com estrutura metálica, cobertura com filme de polietileno de baixa densidade e disposta no sentido Norte-Sul, de julho a março de 2018, em Pelotas - RS.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, arranjado em esquema unifatorial, com três níveis para fator substrato (Fibra de coco; Casca de arroz carbonizada; e Fibra de coco + casca de arroz carbonizada (volume 1:1)), resultando em três tratamentos e cinco repetições. Cada repetição foi composta por quatro mudas.

As mudas, oriundas de miniestaquia, inicialmente foram transferidas para embalagens plásticas para aclimatação e, posteriormente, repassadas para os vasos de polietileno preto, tamanho de 5 L, com os substratos. A solução nutritiva foi fornecida a cada 15 dias, formulada com macronutrientes e micronutrientes de acordo com as necessidades da cultura do mirtileiro (Schuch; Peil, 2011). As avaliações foram realizadas no período aos 90, 120 dias após a montagem do experimento. Foram avaliados: número de folhas, número de brotações, altura da haste principal e comprimento das brotações (cm).

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul RESULTADOS E DISCUSSãO

Observou-se efeito significativo (p ≤ 0,05) dos substratos para as variáveis número de folhas (NF), valores médios de número de brotação (NB), altura da haste principal, e comprimento médio das brotações (CMB) (Tabelas 1 e 2).

Conforme Kratz et al. (2015) substratos com proporções balanceadas de fibra de coco e casca de arroz carbonizada propiciaram os melhores resultados para as características radiciais, na produção de mudas de Ilex paraguariensis.

A variável altura é considerada como um dos parâmetros mais antigos na classificação e seleção de mudas (Parviainen, 1981), e ainda continua apresentando uma contribuição importante. O substrato casca de arroz carbonizada foi o mais eficiente para promover maior crescimento de plantas e maior comprimento médio das brotações aos 90 dias de avaliação (Tabela 1), o que é justificado especialmente devido às características físicas do substrato, que permitiram maior exploração pelas raízes, oportunizando melhor desenvolvimento da parte aérea.

Tabela 01 - Avaliações realizadas aos 90 dias das variáveis de crescimento de mudas Mirtileiro: número de folhas (NF), valores médios de número de brotações (NB), altura da haste principal, e comprimento médio das brotações, Capão do Leão – RS, 2018.

Substratos Variáveis analisadas

NF NB (cm) Altura (cm) CMB (cm) Fibra de Coco 11,75 b1/ 1,95 ab 6,52 b 3,98 b

Casca de arroz carbonizada 15,05 ab 2,1 ab 9,30 a 6,17 a

Fibra + CAC 9,70 b 1,35 b 5,77 b 4,67 ab

1/ Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (p≤0,05) dentro de tipos de substratos.

Aos 120 dias de avaliação, o substrato casca de arroz carbonizada promoveu um maior número de folhas e maior comprimento médio de brotações, em relação a fibra de coco misturada com casca de arroz carbonizada (Tabela 2). Os autores Klein et al. (2012), que defendem que o uso de casca de arroz carbonizada, aliada a outro substrato, primazia as características físicas destes, o que foi vantajoso para o desenvolvimento de mudas de alface. Kämpf (2000) destaca que a casca de arroz carbonizada é um material de baixa salinidade, portanto mais recomendado para enraizamento de estacas.

Tabela 02 - Avaliações realizadas aos 120 dias das variáveis de crescimento de mudas Mirtileiro: número de total de folhas, número de brotações, altura da haste principal, e comprimento médio das brotações, Capão do Leão – RS, 2018.

Substratos Variáveis analisadas

NF NB (cm) Altura (cm) CMB (cm) Fibra de Coco 22,40 ab 2,55 a 11,62 a 8,44 ab

Casca de arroz carbonizada (CAC) 23,0 a 2,80 a 13,20 a 9,69 a

Fibra + CAC 16,35 b 2,10 ab 11,45 ab 7,85 bc

1/ Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (p≤0,05) dentro de tipos de substratos.

CONCLUSãO

Todos os substratos avaliados são tecnicamente viáveis para a produção de mudas de mirtileiro ’Duke’, embora a casca de arroz carbonizada tenha proporcionado características favoráveis aos 90 dias, na altura e no comprimento médio das brotações, e aos 120 dias no número de folhas e comprimento

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudos.

A UFPel pela oportunidade de trabalho.

REFERêNCIAS

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ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Elaboração de geleia “gourmet” de morango adicionada de flor de

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