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Qualidade de fruto de amoreira-preta em diferentes períodos de armazenamento

No documento Anais 2018. (páginas 71-75)

Camila de Castilhos(1), Vagner Schineider Pinto Abê(1), Guilherme Nicolao(1) e Luciano Picolotto(2) (1) Acadêmica (o) de Agronomia; Universidade Federal de Santa Catarina/ Centro de Ciências Rurais; Curitibanos/SC;

camiladecastilhos@gmail.com; abe.vagner@gmail.com; guilhermenicolao12@gmail.com

(2) Professor; Universidade Federal de Santa Catarina/ Centro de Ciências Rurais; Curitibanos/SC; picolotto.l@ufsc.br;

INTRODUçãO

A amoreira-preta (Rubus spp.), da família Rosaceae, é uma espécie arbustiva de clima temperado, de porte ereto ou rasteiro, que produz frutas agregadas com cerca de 4 a 7 gramas, de coloração negra com sabor ácido a doce-ácido (Antunes, 1999; Antunes et al., 2002). Tem tido um crescente interesse por parte dos produtores de muitas regiões do Brasil (Pagot et al., 2007). Dispõe de grande importância econômica no Hemisfério Norte. Seu maior produtor na América do Sul é o Chile, cuja produção é designada especialmente à exportação. No Brasil, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, o cultivo tem maior importância. Em 1972, no Estado do Rio Grande do Sul, as primeiras cultivares implantadas eram provenientes dos Estados Unidos (Raseira; Santos, 1992).

O interesse dos produtores na cultura vem aumentando devido ao seu rápido retorno. A partir do segundo ano entra em produção, dando ao produtor opções de renda. Também por ser uma espécie de baixo custo de implantação e manutenção do pomar, e especialmente a baixa utilização de defensivos agrícolas, sendo assim é uma cultura que se encontra como alternativa dentro da agricultura familiar (Antunes, 2002).

O conhecimento da fisiologia pós-colheita do fruto é de suma importância para que possuam subsídios técnicos que tem em vista à ampliação do tempo de armazenamento, sem modificar suas características físicas, organolépticas e nutricionais (Abreu et al., 1998).

Morris et al. (1981) afirmam que, em virtude da estrutura frágil e alta taxa respiratória das frutas de amoreira-preta, sua vida pós-colheita é relativamente curta. A firmeza do fruto colhido afeta diretamente na vida de prateleira, pois estes podem ser facilmente danificados no manuseio possibilitando a infecção por patógenos (Perkins-Veazie et al., 1997).

Desta forma o objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade dos frutos de diferentes genótipos de amoreira-preta em função de diferentes períodos de armazenamento.

MATERIAL E MéTODOS

Este experimento foi realizado no Laboratório de Química Orgânica da Universidade Federal de Santa Catarina, campus Curitibanos, no mês de dezembro de 2017. Para as análises foram coletados frutos das cultivares BRS Xingu, Xavante e Tupy e das seleções avançadas Black 145 e Black 178.

Os frutos coletados foram colocados em bandejas de plástico de 300 g e, posteriormente, foram acondicionados em geladeira em temperatura média de 1,17 ºC. Aos 0, 7, 14 e 21 dias de armazenamento avaliou-se as seguintes variáveis: Sólidos Solúveis Totais (SST), caracterizado por refratometria, utilizando-se um refratômetro de mesa, expressando em °Brix; Acidez total titulável (ATT), mensurada por titulometria, através da neutralização com solução de hidróxido de sódio (NaOH) 0,1 N, sendo expressa em porcentagem de ácido cítrico; relação SST/ATT.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em um fatorial 5x4, ou seja, cinco genótipos e quatro datas de armazenamento (0, 7, 14 e 21 dias). Cada tratamento teve três repetições com cinco frutos em cada repetição. Os resultados foram submetidos à análise da variância, e

variáveis com efeito significativo foram submetidas ao teste de Scott e Knott (Scott; Knott, 1974) a 5% de probabilidade de erro. Utilizou-se o software estatístico WinStat para as análises realizadas.

RESULTADOS E DISCUSSãO

Para ATT e relação SST/ATT não foi verificada interação entre os fatores avaliados, somente de forma isolada. Para as mesmas variáveis não houve efeito do período de armazenamento, tendo em atingido em média 1,24 e 8,53, respectivamente. Resultados que contrariam o verificado por Antunes et al. (2003) e Palharini et al. (2015). Estes últimos autores destacam que a literatura normalmente cita redução da acidez com o armazenamento, ocasionada pela degradação de ácidos. Já a relação SST/ ATT do presente trabalho apresentou similaridade nos valores, exceto para a seleção Black 145, que foi significativamente menor, devido a maior ATT apresentada neste genótipo (Tabela 1).

Tabela 01 - Relação do ATT e SST/ATT em diferentes cultivares de amoreira-preta e diferentes períodos de armazenamento. UFSC/Campus Curitibanos, Curitibanos, 2018.

Genótipos ATT

(% de ácido cítrico) SST/ATT

Black 145 1,95 a 4,60 b Xingu 1,11 b 8,26 a Tupy 1,06 b 9,41 a Black 178 1,10 b 10,07 a Xavante 1,01 b 10,33 a Período de Armazenamento 0 1,25ns 8,89ns 7 1,22 8,32 14 1,19 7,43 21 1,29 9,50 Média 1,24 8,53 C.V. (%) 33,67 34,97

*Letras minúsculas distintas na mesma coluna diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. ns- não significativo

Dentre os genótipos, o maior valor de ATT (1,95) foi na Black 145, diferindo dos demais. Souza (2018) constatou em seu trabalho maior valor para o mesmo genótipo descrito (1,74), diferindo dos demais genótipos avaliados. Diferenças na ATT também foram observados pelos autores Caproni et al. (2017) entre os genótipos, Arapaho, Comanche, Caingangue, Cherokee, Chicasaw, Choctaw, Clone, Guarani, Tupy, Xavante e Brazos. Valores distintos na acidez podem ter relação com fatores como variações nas condições climáticas, sendo que níveis de ATT podem ser reduzidos com aumento de precipitação (Souza et al., 2010).

Para os SST, verificou-se interação entre os genótipos e período de armazenamento. No momento da colheita, observou-se diferença entre as cultivares, tendo a cultivar Xavante se destacado aos 0 e 7 dias, chegando aos 10,75 e 11,20 ºBrix, respectivamente. Entre os períodos de armazenamento, houve também diferenças significativas, na cultivar BRS Xingu observou-se o aumento no SST, conforme aumentou o período de armazenamento, na Black 178 e Tupy essa tendência foi percebida até os dias 7 dias (Tabela 2). Influencia das cultivares também foram observados por Antunes et al. (2003). Segundo Hirsch et al. (2012), isso é explicado pelas diferentes características de cada cultivar.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Tabela 02 - Sólidos solúveis totais em diferentes cultivares de amoreira-preta e diferentes períodos de armazenamento. UFSC/ Campus Curitibanos, Curitibanos, 2018.

Genótipo Período de Armazenamento

0 7 14 21 Xavante 10,75 aA 11,20 aA 8,00 bC 10,00 aB Black 178 9,33 bA 10,00 bA 8,33 bB 9,33 aA BRS Xingu 8,33 cB 8,47 cB 9,00 aB 10,36 aA Tupy 7,97 cB 9,83 bA 9,13 aA 7,83 bB Black 145 7,50 cB 8,83 cA 7,5 bB 8,33 bA C.V.(%) 6,19

*Letras minúsculas distintas na mesma coluna e maiúscula na linha diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

CONCLUSõES

A ATT e relação SST/ATT dependem dos genótipos de amoreira-preta utilizados.

Os SST podem variar em função do período de armazenamento e genótipo de amoreira-preta. Portanto, torna-se necessário avaliar qual o tempo máximo que determinada cultivar pode ser armazenada.

REFERêNCIAS

ABREU, C. M. P.; CARVALHO, V. D. de; GONÇALVES, N. B. Cuidados pós-colheita e qualidade do abacaxi para exportação. Informe Agropecuário, v. 19, n. 195, p. 70-72, 1998.

ANTUNES, L. E. C. Amora-preta: nova opção de cultivo no brasil. Ciência Rural, v. 32, n. 1, p. 151-158, 2002.

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spp.) no sul de Minas Gerais. 1999. 129 f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras.

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CAPRONI, M. Desempenho produtivo de cultivares de amoreira-preta. Tecnologia & Ciência Agropecuária, v. 11, n. 1, p. 53- 59, 2017.

MORRIS, J. R.; SPAYD, S. E.; BROOKS, J. G.; CAWTHON, D. L. Influence of postharvest holding on raw and processad quality of machine harvested blackberries. Journal American Society for Horticultural Science, v. 106, n. 6, p. 769-775, 1981. PAGOT, E.; SCHNEIDER, E. P.; NACHTIGAL, J. C.; CAMARGO, D. A. Cultivo da amora-preta. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2007. 11 p. (Embrapa Uva e Vinho. Circular Técnica, 75).

PALHARINI, M. C. A.; FISCHER, I. H.; VEGIAN, M. R. C.; FILETI, M. S.; MONTES, S. M. N. M. Efeito da temperatura de armazenamento na conservação pós-colheita de amora-preta. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 45, n. 4, p. 413- 419, 2015.

PERKINS-VEAZIE, P.; COLLINS, J. K.; CLARK, J. R.; RISSE, L. Air shipment of ‘Navaho’ blackberry fruit to Europe is feasible. HortScience, Alexandria, v. 32, n. 1, p. 132, 1997.

RASEIRA, M. do C. B.; SANTOS, A. M. Caingangue, nova cultivar de amoreira-preta para consumo ‘in natura’. Horti Sul, Pelotas, v. 2, n. 3, p. 11-12, 1992.

SCOTT, A.; KNOTT, M. Cluster-analysis method for grouping means in analysis of variance. Biometrics, Raleigh, v. 30, n. 3, p. 507-512, 1974.

atributos físico químicos de frutos de goiabeira paluma em diferentes estágios de maturação. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 32, n. 2, p. 637-646, 2010.

SOUZA, R. S. Características de produção e qualidade de frutas de genótipos de amoreira-preta em sistema de produção orgânico. 2018. 79 f. Dissertação (Mestrado em Fruticultura de Clima Temperado) – Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas-RS.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

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