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Adaptação inicial do mirtileiro (Vaccinium sp.) cv Bluecrisp na Região Sudoeste do Paraná (1)

No documento Anais 2018. (páginas 96-99)

Cristian Medrado Canonico (2), Camila Kreczkiuski (2), Bruno Leite dos Santos (2), Luis Eduardo Corrêa Antunes (3) e Américo Wagner Junior (4)

(1) Trabalho executado com recursos da EMBRAPA.

(2) Acadêmico do Curso de Engenharia Florestal; Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Dois Vizinhos, Paraná; cristianc@ alunos.utfpr.edu.br;

(3) Pesquisador Embrapa Clima Temperado;

(4) Professor Orientador; Universidade Tecnológica Federal do Paraná;

INTRODUçãO

No Brasil, a produção de pequenas frutas, como mirtilo ainda é restrita. Porém, percebe-se crescente demanda pela fruta, uma vez que passa a ser cada vez mais conhecida pela população brasileira, o que é aliado ao fato da mesma apresentar compostos funcionais, buscados pelo consumidor ávido por alimentos saudáveis.

Porém, para que tal demanda seja atendida é necessário oferta do produto no mercado, e isto está condicionado à ampliação das áreas de cultivo. Tal fato, pode ser interessante para regiões, em que a cultura ainda não esteja estabelecida, pois torna-se produto novo, que poderá atender específicos nichos de mercado. Neste sentido, deve-se fazer levantamento das condições edafoclimáticas locais, associado à exigência da cultura.

O mirtileiro é uma planta arbustiva que necessita de boa disponibilidade de água. Por isso é necessário instalar sistema de irrigação na área de cultivo, principalmente nas áreas de menor umidade ou na condição de solo raso ou arenoso. Isso demonstra que a disponibilidade de água é passível de ajustes. Por outro lado, no que se refere à cultivar a ser escolhida, não há ajuste possível, uma vez que, o uso de material não adaptado requer substituição do mesmo, aumentando os custos de implantação.

Galletta e Ballington (1996) classificam os tipos de mirtilo, comercialmente plantados, em cinco grupos importantes, Highbush (arbusto alto e necessidade de frio hibernal entre 650 e 850 horas); Half high (arbusto de médio porte, com menor exigência em frio que o grupo anterior); Highbush do Sul ou Southern highbush (arbusto de porte alto e de baixa necessidade de frio); Lowbush (arbusto de pequeno porte); Rabbiteye – “olho de coelho” (espécie hexaplóide com baixa necessidade de frio).

Com base nos grupos, deve-se escolher cultivar comercial em que as condições climáticas do local em que se deseja inserir o pomar, satisfaçam suas necessidades, sendo importante analisar a sobrevivência após plantio e o crescimento da planta durante cultivo. A cultivar Bluecrispy também denominada como ‘Crunchyberry’ (baga crocante), por causa de sua rara firmeza e textura quase crocante do fruto maduro, produz frutas com alto teor de açúcares, com boa conservação pós-colheita e resistência ao transporte. É do tipo “highbush do Sul” com menor necessidade de frio, e que pode ser indicada para os testes de adaptação em Dois Vizinhos, região Sudoeste do Paraná. As plantas são vigorosas e com crescimento do tipo intermediário entre aberto e vertical (Antunes; Raseira, 2006).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a adaptação do mirtileiro, cultivar Bluecrispy na região Sudoeste do Paraná.

MATERIAL E MéTODOS

O presente estudo foi realizado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus de Dois Vizinhos (Latitude 25° 41’ 49.47” S / Longitude 53° 05’ 41.46” O), com altitude de aproximadamente 520

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

m, localizada na região Sudoeste do Paraná. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, caracteriza-se como subtropical úmido, tipo Cfa, sem estação seca definida, e a temperatura média do mês mais quente é de 22 °C e mais frio inferior a 18 °C (Alvares et al., 2013). O solo é classificado como NITOSSOLO VERMELHO distroférrico (Bhering et al., 2008).

Foram utilizados mirtileiros do cultivar Bluecrisp adquiridos da Embrapa Clima Temperado. Foram plantadas 66 mudas no dia 04/11/2016, em espaçamento 1 m x 4 m. O preparo da área consistiu no preparo do camalhão com incorporação de uma mistura de maravalha e acícula de Pinus ao solo. Após o plantio das mudas realizou-se irrigação sempre que necessário. Procedeu-se os tratos culturais conforme Antunes e Raseira (2006). Com 19 meses de implantação do experimento realizaram-se avaliações da sobrevivência das plantas, bem como do comprimento total (cm) e do número de folhas. Os dados foram apresentados pela média e desvio padrão.

RESULTADOS E DISCUSSãO

Houve sobrevivência de 95% das mudas após plantio, o que pode ter sido em consequência do intenso cuidado realizado com irrigação nos primeiros dias após o plantio. Raseira (2004) descreve que nos dois primeiros anos, após o plantio da muda, se constrói a estrutura produtiva da planta. Nesse período, busca-se a formação de brotações vigorosas e de madeira (hastes lenhosas) suficientes para suportar produções futuras, o que reforça ainda mais a importância de se realizar os tratos culturais adequadamente.

As plantas apresentaram em média altura de 49,15 cm e um número de folhas por planta de 25 folhas. Sabe-se que as folhas são essenciais para que a planta possa realizar a fotossíntese e com isso produzir os fotoassimilados necessários para que possam ser utilizados para o crescimento e desenvolvimento da planta. Ressalta-se, porém, que durante o período de cultivo, houve três ataques de formigas cortadeiras, reduzindo a área foliar, prejudicando o crescimento inicial, mas não comprometendo a sobrevivência das mudas.

Neste caso, destacamos também que foi avaliado a porcentagem de sobrevivência (%), e obtivemos resultados satisfatórios, mesmo em virtude ao ataque de formiga, sendo que a porcentagem de sobrevivência alcançada foi de 95 %. Observou-se também que após um ano e nove meses do plantio alguns mirtileiros apresentaram botões florais no mês de agosto de 2018.

As observações geradas nesse trabalho demonstraram que o mirtileiro cultivar Bluecrispy pode ser mais uma alternativa para os produtores da região como forma de obtenção de renda. Antunes et al. (2008) descreveram que cultivares mais adaptadas às condições locais de cada região, reduzem as possibilidades de erros de implantação do pomar, fato observado com a cultivar Bluecrispy em Dois Vizinhos.

CONCLUSãO

O mirtileiro cultivar Bluecrisp apresentou boa adaptação inicial na região Sudoeste do Paraná.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Doutor Luis Eduardo Corrêa Antunes e à Embrapa Clima Temperado pela disponibilidade das mudas utilizadas no presente trabalho.

REFERêNCIAS

ALVARES, C. A.; STAPE, J. L.; SENTELHAS, P. C.; GONÇALVES, J. L. M.; SPAROVEK, G. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2013.

ANTUNES, L. E. C.; RASEIRA, M. C. B. (Ed.). Cultivo do mirtilo (Vaccinium spp.). Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006. 99 p. (Embrapa Clima Temperado. Sistema de Produção, 8).

BHERING, S. B.; SANTOS, H. G.; BOGNOLA, I. A.; CÚRCIO, G. R.; MANZATTO, C. V.; CARVALHO JUNIOR, W.; CHAGAS, C. S.; ÁGLIO, M. L. D.; SOUZA, J. S. Mapa de solos do Estado do Paraná: legenda atualizada. Rio de Janeiro: Embrapa Solos; Colombo: Embrapa Florestas; Londrina: Instituto Agronômico do Paraná, 2008. 74 p.

GALLETTA, G. J.; BALLINGTON, J. R. Blueberry, cranberries, and lingonberries. In: JANICK, J.; MOORE, J.N. (Ed.). Fruit breeding. New York: J. Wiley, 1996. p. 1-108.

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