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Influência do número de ramos de amoreira-preta, cv Tupy, na sua condição hídrica, produtividade e área foliar (1)

No documento Anais 2018. (páginas 31-34)

Alice Silva Santana(2), Alison Uberti(2), Adriana Lugaresi(2), Lucas Culau(2) e Clevison Luiz Giacobbo(3)

(1) Trabalho executado com recursos da FAPESC

(2) Acadêmica agronomia; Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó, SC; alice.ifr@hotmail.com; (3) Professor Dr. Agronomia/PPGCTA; Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó, SC;

INTRODUçãO

A amoreira-preta (Rubus spp.) é pertencente à família das Rosaceae e se apresenta como uma alternativa promissora para o cultivo em pequenas propriedades rurais, contribuindo para o aumento da renda dos produtores. Esta atribuição se deve ao fato de a espécie ser rústica, de fácil cultivo e, mesmo em pequenas áreas, atingir altas produtividades (Leonel; Segantini, 2018). Além disso, as frutas podem ser comercializadas para consumo in natura e em formas de doces, agregando ainda mais o valor e o retorno econômico aos pequenos produtores.

Os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina são os principais produtores nacionais de amora. Entre as cultivares, no sul do Brasil, a ‘Tupy’ é a mais importante, com mais de 90% dos plantios existentes (Larruscahim; Ilha, 2012). Esta cultivar se adapta bem ao solo e clima, apresentando altos índices produtivos e frutos de boa qualidade.

Para o aperfeiçoamento no sistema produtivo brasileiro, torna-se necessário, dentre outros fatores, o manejo adequado da poda de inverno. Nesta prática, seleciona-se os ramos mais vigorosos e elimina- se o excesso de ramos com o objetivo de melhorar a distribuição da frutificação (Tullio; Ayub, 2013).

A redução do número de ramos e a diminuição do comprimento das hastes laterais, geralmente, diminui a produção de frutos, devido ao menor número de gemas florais (Crandall; Daubeny, 1990), além de interferir no balanço hídrico xilemático das plantas.

Entretanto, a falta de conhecimentos específicos quanto a resposta da planta aos diversos fatores pode ser um entrave para a cultura. Com base nisso, objetivou-se verificar a influência de diferentes manejos de poda sobre a produtividade e o potencial hídrico xilemático da amoreira-preta cultivar Tupy.

MATERIAL E MéTODOS

O experimento foi implanto em outubro de 2014, sendo conduzido na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS, campus Chapecó, SC (coordenadas geográficas: 27° 07’ 11” S, longitude 52° 42’ 30” W; 605 m de altitude). Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é subtropical úmido (Cfa) e o solo é classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico (Embrapa, 2004).

Utilizou-se a cultivar de amoreira-preta ‘Tupy’ cultivada em espaçamento de 3 m × 1,5 m, perfazendo um total de 2.222 plantas por hectare. As plantas foram conduzidas em sistema de espaldeira simples em forma de “T” com arames lisos duplos paralelos e dispostos na horizontal a 150cm acima do solo e espaçados entre si a 100cm de distância. As avaliações foram realizadas no ciclo produtivo 2017/18, quarto ano de produção.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, constituído por quatro tratamentos com cinco repetições, sendo cada repetição composta por uma planta. Os tratamentos avaliados são formados por diferentes números de ramos primários deixados durante o manejo da poda, sendo eles: poda drástica (nenhum ramo), dois, três e quatro ramos produtivos. A poda foi realizada no

Para as plantas com o tratamento de poda drástica, foram eliminados todos os ramos a 10 cm de distância do solo. Já para o tratamento de dois ramos, foram selecionados os dois ramos mais vigorosos da planta e o restante eliminou-se a uma altura de 10 cm do solo. Este mesmo princípio foi utilizado para os tratamentos de três e quatro ramos. Os ramos selecionados de cada planta foram podados a 15 cm acima da altura do arame. O controle de plantas daninhas foi feito através de roçadas e capinas.

O estado hídrico das plantas foi avaliado a partir da medição do potencial hídrico xilemático por

intermédio da câmera de pressão de Scholander, alimentada por N2 a uma velocidade de pressurização

de 0,2 MPa a cada 30 seg. As medidas foram realizadas no dia 09 de janeiro de 2018, antes do nascer do sol. As folhas utilizadas para a mensuração foram protegidas com papel alumínio logo após o pôr do sol do dia anterior. Utilizou-se uma folha totalmente expandida para cada planta, sendo esta, localizada no terço médio do ramo. Os resultados obtidos foram expressos em Mega Pascal (Mpa).

Avaliou-se ainda produtividade estimada (t ha-1), obtida pela multiplicação entre a produção de

frutos por planta e o número de plantas por hectare; área média da folha (cm2), obtida com o auxílio de

um folharímetro; percentual de água na folha e no fruto (%). Para as duas últimas variáveis, pesou-se o tecido vegetal úmido e, posteriormente, seco. Para obter a massa seca, a amostra foi colocada em estufa a 65 °C até atingir peso constante.

Os dados foram submetidos a análise de variância (ANOVA) e, quando significativas, as médias foram comparadas entre si pelo teste Duncan, a 5% de significância.

RESULTADOS E DISCUSSãO

Os diferentes manejos de poda influenciaram o potencial hídrico xilemático da amoreira-preta cv. Tupy (Tabela 1). As plantas com quatro ramos produtivos apresentaram o maior potencial hídrico no xilema e, portanto, maior fluxo hídrico xilemático. A melhor condição hídrica das plantas com quatro ramos produtivos pode justificar a maior produtividade encontrada nessas plantas (10,36 t ha-1) uma vez que a

disponibilidade de água no tecido vegetal é necessária para completar as reações fisiológicas e aumentar o rendimento do pomar (Ahumada-Orellana et al., 2017).

A produtividade das plantas aumentou proporcionalmente com o aumento do número de ramos. Tullio e Ayub (2013) ao avaliarem o efeito da intensidade da poda na produção da amoreira-preta cv. Tupy em Ponta Grossa, Paraná, também verificaram aumento da produção das plantas com o aumento do número de ramos.

Em contrapartida, a adoção da poda drástica prejudica a produtividade de frutos, pois com a retirada dos ramos são reduzidos, consequentemente, as gemas floríferas das plantas, além de parte das reservas sintetizadas e armazenadas nos ramos. Em função desta espécie apresentar um ciclo produtivo anual, ao efetuar a poda após o inverno, retira-se o potencial produtivo das plantas, o que justifica a menor produtividade encontrada (1,93 t ha-1) nas plantas submetidas a este manejo. Segundo Villa et al.

(2014) a utilização deste manejo nas plantas, afeta a diferenciação floral e consequentemente o número dos frutos.

Tabela 01 - Potencial hídrico xilemático (PHX) e parâmetros vegetativos e produtivos de amoreira-preta cultivar Tupy submetidas a diferentes manejos de poda em Chapecó, SC, 2018.

Tratamento PHX (MPa) Produtividade (t ha-1) Água na folha (%) Água no fruto (%) Área média da folha (cm2)

Drástica -0,61 ab 1,93 c 47,79 a 80,79 a* 102,7 a

2 ramos -0,63 a 6,82 b 42,29 b 81,39 a 75,23 b

3 ramos -0,63 a 9,74 a 41,39 b 84,04 a 68,98 c

4 ramos -0,53 b 10,36 a 39,78 b 84,42 a 60,57 d

CV (%) 10,31 8,98 6,05 3,49 5,97

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Há maior teor de água na fruta que na folha, pois as folhas investem mais em células fotossintetizantes, tornando-se mais espessas e densas quando comparadas aos frutos. Em contrapartida, os frutos investem mais em tecidos armazenadores de água e apresentam pouco desenvolvimento de tecido lignificado (Boeger; Gluzezak, 2006).

Os diferentes números de ramos não influenciaram significativamente o percentual de água no fruto. Para o percentual de água na folha, entretanto, houve diferenças significativas, sendo as plantas submetidas ao maior número de ramos produtivos as que apresentaram o menor teor de água na folha.

As plantas que foram submetidas à poda drástica, apresentaram folhas de maior área média. Ao passo que a menor área média de folha é compensada pelo maior número de ramos em plantas com menor intensidade de poda.

CONCLUSõES

A adoção da poda drástica em amoreira-preta cv. Tupy submete à planta a maior estresse hídrico e reduz o seu potencial produtivo, sendo inviável a sua utilização.

O maior número de ramos deixadas durante a poda contribui para o maior rendimento da amoreira- preta cv. Tupy.

AGRADECIMENTOS

À FAPESC pelo apoio financeiro.

REFERêNCIAS

AHUMADA-ORELLANA, L. E.; ORTEGA-FARÍAS, S.; SEARLES, P. S.; RETAMALES, J. B. Yield and water productivity responses to irrigation cut-off strategies after fruit set using stem water potential thresholds in a super-high density olive orchard. Frontiers in plant science, v. 8, p. 1280, 2017.

BOEGER, M. R. T.; GLUZEZAK, R. M. Adaptações estruturais de sete espécies de plantas para as condições ambientais da área de dunas de Santa Catarina, Brasil. Iheringia. Série Botânica, v. 61, n. 1/2, p. 73-82, 2006.

CRANDALL, P. C.; DAULENY, H. A. Raspberry management. In: GALLETTO, G. J.; HIMELRICK, D. G. (Ed.). Small fruit crop management. Englewood Cliff, N. J.: Prentice Hall, 1990. p. 157-213.

EMBRAPA. Solos do Estado de Santa Catarina. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2004. 728 p. (Embrapa Solos. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 46). 1 CD-ROM.

LARRUSCAHIM, L.; ILHA, H. Produção de amora-preta e framboesa em regiões de clima temperado. Informe Agropecuário, v. 33, n. 268, p. 58-67, 2012

LEONEL, S.; SEGANTINI, D. M. Épocas de poda para a amoreira-preta cultivada em região subtropical. IRRIGA, v. 1, n. 1, p. 248, 2018.

TULLIO, L.; AYUB, R. A. Produção da amora-preta cv. Tupy, em função da intensidade da poda. Semina: Ciências Agrárias, v. 34, n. 3, 2013.

VILLA, F.; SILVA, D. F.; BARP, F. K.; STUMM, D. R. Amoras-pretas produzidas em região subtropical, em função de podas, sistemas de condução e número de hastes. Agrarian, v. 7, n. 26, p. 521-529, 2014.

No documento Anais 2018. (páginas 31-34)

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