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Formas de armazenamento de sementes de Eugenia involucrata DC André Felipe Câmara Felini (1) , Camila Kreczkiuski (1) , Cristian Medrado Canonico (1) , Debora

No documento Anais 2018. (páginas 41-44)

Kreczkiuski(1) e Américo Wagner Junior(2)

(1) Acadêmico do Curso de Engenharia Florestal; Universidade Tecnológica Federal do Paraná; Dois Vizinhos, Paraná; (2) Professor Orientador; Universidade Tecnológica Federal do Paraná;

INTRODUçãO

Dentre as várias fruteiras da família Myrtaceae, destaca-se a Eugenia involucrata (cerejeira-do- mato), com ocorrência nos Estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. Os frutos, reconhecidos pela cor avermelhada e gosto adocicado, são utilizados para a alimentação humana e podem ser consumidos pela fauna local (Mendonça et al., 2009). Analisando-se a importância ecológica e o potencial de exploração comercial da espécie, a mesma apresenta baixa exploração comercial. Para reverter esse quadro de negligenciada é necessário dar maior ênfase ao potencial nutracêutico existente e as opções de uso que apresenta, indo desde fundo de quintal, passando pela arborização urbana, com uso em praças, ruas e escolas, em pomares doméstico e comercial e, para recuperação de áreas degradadas. Para isso, deve-se obter primeiramente a muda.

Apesar de várias técnicas para produção de mudas, a principal forma de propagação da cerejeira- do-mato é através de sementes (Alegretti et al., 2015). Todavia, as sementes dessa fruteira apresentam alto poder germinativo logo após a extração, diminuindo com o armazenamento, fato associado à característica de recalcitrância. Esse fato pode ser prejudicial à obtenção da muda, pois, caso se opte por acumular maior volume de sementes para semeadura ou o produtor demore na extração das sementes, pode-se perder sua viabilidade.

Com isso, é necessário desenvolver técnicas que permitam a conservação da viabilidade das sementes de cerejeira-do-mato ao longo do período de armazenamento. Dentre estas, destaca-se o hidrocondicionamento, que permite manter as sementes com maior umidade, fato desejável no caso de sementes recalcitrantes. Entretanto, essa técnica pode desencadear a germinação das sementes durante o armazenamento, já que a embebição em água é a primeira etapa do processo germinativo.

Visando evitar tal problema, poder-se-ia aliar o hidrocondicionamento ao uso de embalagens adequadas, que reduziriam o metabolismo das sementes pelo controle da respiração, alterando a relação

O2/CO2. Como possibilidades de acondicionamento das sementes, têm-se as embalagens plásticas com

vácuo, acondicionamento entre gordura animal ou garrafas plásticas com tampa.

O objetivo deste trabalho foi testar formas de armazenamento das sementes, aliando uso da água e embalagens, visando à conservação da viabilidade de sementes de E. involucrata pelo período de 30 dias.

MATERIAL E MéTODOS

O experimento foi realizado no Laboratório de Fisiologia Vegetal e na Unidade de Ensino e Pesquisa Viveiro de Produção de Mudas, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Dois Vizinhos (PR).

As sementes foram extraídas de frutos maduros, de genótipo de E. involucrata existente no centro da cidade de Dois Vizinhos - PR. Neste trabalho utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado, com 11 tratamentos, quatro repetições, com 100 sementes por unidade experimental. Os tratamentos foram constituídos por T1: armazenamento em copo plástico durante 30 dias sem uso da água; T2: semeadura direta; T3: imersão em água destilada durante um dia e sete dias em condição sem água, repetindo esta ordem de alternância durante 30 dias, à temperatura ambiente; T4: imersão em água

seguida de armazenamento em garrafa PET de 300 mL, com tampa, durante 30 dias; T6: imersão em água destilada, à temperatura ambiente, por 48 horas, seguida de armazenamento em copo plástico de 200 mL, sendo as sementes inseridas em gordura suína durante 30 dias; T7: imersão em água destilada, à temperatura ambiente, por 24 horas, seguida de armazenamento em copo plástico de 200 mL, com as sementes inseridas em gordura suína durante 30 dias; T8: imersão em água destilada, à temperatura ambiente, por 48 horas, seguida de armazenamento em embalagem plástica a vácuo, durante 30 dias; T9: imersão em água destilada, à temperatura ambiente, por 24 horas, seguida de armazenamento em embalagem plástica a vácuo, durante 30 dias; T10: imersão em água destilada, à temperatura ambiente, por 48 horas, seguida de armazenamento em copo plástico, durante 30 dias; T11: imersão em água destilada, à temperatura ambiente, por 24 horas, seguida de armazenamento em copo plástico, durante 30 dias.

Encerrado cada período de armazenamento, as sementes foram semeadas imediatamente em areia, dispostas em caixas plásticas perfuradas na base para drenagem da água. As avaliações iniciaram- se aos 15 dias após a semeadura, avaliando-se, durante 90 dias, a porcentagem de emergência de plântulas, o índice de velocidade de emergência (IVE) e tempo médio de emergência (TMG). Os dados foram submetidos ao teste de normalidade de Liliefors, não demonstrando necessidade de transformação. Em seguida, procedeu-se à análise de variância e comparação de médias pelo teste de Dunnett a 5% de significância, com uso de uma testemunha, T2.

RESULTADOS E DISCUSSãO

Comparando-se com a testemunha (T2), os tratamentos T1 (armazenamento em copo plástico sem imersão em H2O), T7 (imersão em H2O por 24 horas + gordura suína), T8 (imersão em H2O por 48 horas e + vácuo) e T9 (imersão em H2O por 24 horas + vácuo), apresentaram médias estatisticamente semelhantes para emergência de plântulas, com os demais apresentando as menores médias (Tabela 1). Resposta semelhante foi obtida para o IVE, à exceção do T7 que resultou em IVE semelhante ao obtido para o T11, inferior aos tratamentos T1, T2, T8 e T9, e para TME, sendo que, nesse caso o T11 (imersão em água destilada, à temperatura ambiente, por 24 horas, seguida de armazenamento em copo plástico, durante 30 dias) resultou em menor tempo de emergência, equivalente ao observado para os tratamentos T1, T2, T7, T8 e T9. Contudo, o T11, mesmo estando entre os tratamentos que resultaram em menor TME, não apresentou mesma resposta de superioridade em relação à emergência e IVE (Tabela 1).

Tabela 01 - Emergência de plântulas (%), índice de velocidade de emergência (IVE) e tempo médio de emergência (TME) (dias) de sementes de Eugenia involucrata DC. submetidas a diferentes tratamentos de armazenamentos, durante 30 dias. Dois Vizinhos, 2018

Tratamentos Emergência (%) ** IVE TME (dias) ns

T1*** 22,04 a 0,24 a 17,5 a T2 54,43 a 0,41 a 30,0 a T3 0,00 c 0,00 c 60* b T4 0,00 c 0,00 c 60* b T5 0,00 c 0,00 c 60* b T6 0,00 c 0,00 c 60* b T7 13,82 a 0,05 b 32,7 a T8 32,52 a 0,27 a 25,6 a T9 29,57 a 0,16 a 31,7 a T10 0,00 c 0,00 c 60* b T11 4,75 b 0,02 b 21,8 a CV (%) 24,01 8,59 41,99

* Tratamentos avaliados até 60 dias não ocorreu emergência.

** Médias seguidas de letras minúsculas distintas na coluna diferem entre si, pelo teste de Dunnett a 5% de probabilidade. ***T1: armazenamento em copo plástico sem imersão em H2O; T2: testemunha; T3: imersão em H

2O alternada em um dia imersa e sete dias seco; T4: imersão em H2O por 48 horas + PET; T5: imersão em H2O por 24 horas + PET; T6: imersão em H2O por 48 + gordura suína; T7: imersão em H2O por 24 horas + gordura suína; T8: imersão em H2O por 48 horas e + vácuo; T9: imersão em

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Dessa forma, observou-se que, em geral quando se fez uso de menor período de hidrocondicionamento (24 horas), independentemente da embalagem, houve melhores respostas de conservação da viabilidade das sementes, principalmente ao se empregar a embalagem a vácuo que, para ambos os períodos de hidrocondicionamento avaliados, demonstrou superioridade em relação às demais formas de acondicionamento das sementes. Este efeito benéfico do uso de embalagem a vácuo também foi observado por Danner et al. (2011) e Hossel et al. (2013), em sementes de jabuticabeira, também consideradas recalcitrantes.

Ressalta-se que no período de análise não houve emergência para T3, T4, T5, T6 e T10. Verificou- se que o uso da garrafa PET não permitiu manter a viabilidade e o maior período de hidrocondicionamento antecedendo o armazenamento foi prejudicial.

CONCLUSãO

Recomenda-se realizar a semeadura da cerejeira-do-mato no mesmo dia de extração das sementes ou, caso haja necessidade de armazená-las, por 30 dias, deve-se hidrocondicioná-las durante 24 ou 48 horas, seguida do armazenamento em embalagem à vácuo.

AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pela bolsa de estudo aos autores.

REFERêNCIAS

ALEGRETTI, A. L.; WAGNER JÚNIOR, A.; BORTOLINI, A.; HOSSEL, C.; JULIANO ZANELA, J.; CITADIN, I. Armazenamento de sementes de cerejas-do-mato (Eugenia involucrata) DC. submetidas ao recobrimento com biofilmes e embalagem a vácuo. Revista Ceres, v. 62, n.1, p. 124-127, jan./fev. 2015.

DANNER, M. A.; CITADIN, I.; SASSO, S. A. Z.; AMBROSIO, R.; WAGNER JÚNIOR, A. Armazenamento a vácuo prolonga a viabilidade de sementes de jabuticabeira. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 33, p. 246-252, 2011.

HOSSEL, C.; OLIVEIRA, J. S. M. A.; FABIANE, K. C.; WAGNER JÚNIOR, A.; CITADIN, I. Conservação e teste de tetrazólio em sementes de jabuticabeira. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 35, p. 255-261, 2013.

MENDONÇA, V.; LEITE, G. A.; MEDEIROS, P. V. Q.; MEDEIROS, L. F.; FREITAS, P. S. C.; PEREIRA, E. C. Produção de mudas tipo pé-franco de cerejeira-do-mato adubadas com cloreto de potássio. Agrarian, v. 2, n. 5, p. 87-95, jul./set. 2009.

Água na superação da dormência de sementes de Passiflora cincinnata

No documento Anais 2018. (páginas 41-44)

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