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Desempenho agronômico de cultivares de morangueiro no município de Pelotas RS (1)

No documento Anais 2018. (páginas 47-51)

Andressa Vighi Schiavon(2), Tais Barbosa Becker(3), Caroline Farias Barreto(3), Gerson Kleinick Vignolo(4) e Luis Eduardo Correa Antunes(5)

(1) Trabalho executado com recursos da EMBRAPA, CAPES e CNPQ.

(2) Mestranda no Programa de Pós-graduação em Agronomia; Universidade Federal de Pelotas, Pelotas-RS; andressa.vighi@ gmail.com;

(3) Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Agronomia; Universidade Federal de Pelotas; (4) Doutor em Agronomia pela Universidade Federal de Pelotas (5) Pesquisador; Embrapa Clima Temperado.

INTRODUçãO

O morangueiro (Fragaria x ananassa Duch.) é, dentro do grupo das pequenas frutas, a espécie de maior expressão econômica. É cultivado nas mais diversas regiões do mundo, sendo produzido, principalmente, por países como a China, Estados Unidos, México, Egito, Turquia, Espanha e Rússia (Fao, 2016).

No Brasil, são produzidas aproximadamente 150.000 toneladas da fruta, em uma área de 4.200 hectares (Fagherazzi et al., 2017). O morangueiro é uma frutífera de grande importância por apresentar uma alta rentabilidade, ser conhecida pelo consumidor e pela diversidade de opções de comercialização e processamento (Fachinello et al., 2011). Os principais estados produtores são Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná (Antunes et al., 2015).

A adaptabilidade de uma cultivar a uma determinada região produtora é expressa pela interação genótipo-ambiente (Oliveira; Antunes, 2016), portanto fatores ambientais, principalmente a temperatura, o fotoperíodo e suas interações, interferem diretamente no crescimento, desenvolvimento e produção do morangueiro (Silva et al., 2007). As principais cultivares utilizadas no Brasil provém de programas de melhoramento genético de outros países, o que leva a uma grande dependência e a uma enorme vulnerabilidade do setor, pois as cultivares estrangeiras podem apresentar respostas distintas daquelas observadas nas condições em que foram selecionadas (Oliveira; Bonow, 2012).

Portanto o estudo de cultivares em regiões tradicionalmente produtoras, como a região de Pelotas, é fundamental, pois no momento da escolha da cultivar a ser utilizada, os aspectos como a duração do ciclo, a produtividade, a qualidade da fruta, a resistência contra as principais pragas e doenças e a distribuição da produção durante o ciclo de cultivo devem ser considerados (Gimenez, 2007).

Diante do exposto o objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho agronômico de cultivares de morangueiro em Pelotas-RS.

MATERIAL E MéTODOS

O experimento foi realizado durante a safra 2017, na área experimental pertencente à Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, latitude de 31° 40’ S e longitude 52° 26’ O, com 60 m de altitude. A classificação do clima da região, segundo W. Köppen, é do tipo “Cfa” – temperado úmido com verões quentes. A região possui temperatura e precipitação média anual de 17,9 °C e 1500 mm, respectivamente.

O delineamento experimental utilizado foi o em blocos casualizados, com quatro repetições e cada unidade experimental formada por nove plantas. Os tratamentos consistiram de três cultivares de dias curtos, (Camarosa, Benicia e Camino Real) e duas cultivares de dias neutros (San Andreas e Albion).

de altura, com plástico de baixa densidade 100 μm de espessura, e os caminhos de 0,5 m. O túnel baixo era aberto conforme as condições climáticas. Em dias ensolarados, a abertura foi realizada logo pela manhã e o fechamento realizado no final da tarde. Em dias de chuva, os túneis permaneceram fechados.

As mudas utilizadas foram importadas de viveiros argentinos. O plantio das cultivares de dias curtos foi realizado no dia 17 de maio e as de dias neutros no dia 23 de junho. As mudas foram dispostas no canteiro em três linhas, no espaçamento de 0,30 m x 0,30 m. A irrigação foi realizada através de sistema de gotejamento e a adubação feita semanalmente por fertirrigação.

As variáveis avaliadas foram separadas em fenológicas e produtivas. Para as fenológicas, avaliou-se início e plena floração e frutificação, expressos em dias após o plantio (DAP), fazendo-se o monitoramento semanal de todas as plantas de cada parcela. O início da floração e da frutificação foi considerado quando 50% das plantas, dentro da parcela, apresentavam pelo menos uma flor aberta ou uma fruta madura (mais de 75% da epiderme de coloração vermelha) por planta, respetivamente. E a plena floração e frutificação foram consideradas quando 100% das plantas, dentro da parcela, apresentavam pelo menos uma flor aberta ou uma fruta madura (mais de 75% da epiderme de coloração vermelha).

Para as variáveis produtivas, foram avaliados o número e a massa de frutas por planta e a massa média de fruta. A colheita das frutas iniciou-se no dia 1° de agosto e estendeu-se até 23 de dezembro de 2017, imediatamente após as colheitas as frutas eram pesadas em balança digital e contadas. O número e massa de frutas por planta foram obtidas através do somatório de todas as colheitas e divididas pelo número de plantas vivas na unidade experimental e a massa média de fruta foi obtida pelo quociente entre a massa total de frutas por planta e o número de frutas por planta. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F, e quando significativos, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância.

Resultados e discussão

A cultivar Camarosa apresentou maior precocidade em relação ao início da floração (Tabela 1), não diferindo de ‘Benicia’ e ‘San Andreas’. As cultivares Camino Real e Albion apresentaram maior intervalo entre o transplante e o início da floração, porém não diferiram de ‘Benicia’ e ‘San Andreas’. Em relação a plena floração a cv. Camarosa atingiu este estádio em um menor período de tempo, diferindo significativamente da cv. Camino Real. Segundo D’Anna et al. (2013), a precocidade apresentada pela cultivar é um dos principais indicativos de adaptabilidade da mesma às condições de cultivo. O início da frutificação foi verificado mais precocemente nas cultivares San Andreas e Albion, que não diferiram de ‘Camarosa’ e ‘Benicia’. Para a plena floração as cultivares estudadas não apresentaram diferença estatística significativa. O conhecimento sobre a fenologia das cultivares é fundamental para escalonar a produção, e assim, ampliar o período de safra, possibilitando vantagens durante a comercialização das frutas (Calvete et al., 2008).

Tabela 01 - Número de dias após o plantio (DAP) para o Início e Plena, floração e frutificação de plantas de morangueiro das cultivares Camarosa, Benicia, Camino Real, San Andreas e Albion, no ano de 2017. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2018.

Cultivares Início da flo-ração (DAP) Plena floração(DAP) Início da frutifi-cação (DAP) Plena frutificação (DAP) Camarosa 45,75 b 56,75 b 83,75 ab 87,25 ns Benicia 50 ab 63 ab 82,5 ab 89,75 Camino Real 59 a 76 a 88 a 102,75 San Andreas 53,75 ab 66,5 ab 77,75 b 91,5 Albion 57,25 a 69,25 ab 80 b 93,5 CV (%) 9,36 8,8 3,95 7,48

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% probabilidade; ns: não significativo, CV: coeficiente de variação.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

As cultivares classificadas como de dias curtos, ‘Camarosa’, ‘Benicia’ e ‘Camino Real’, apresentaram o maior número de frutas por planta, não diferindo entre si e apresentaram também as maiores produções de massa de frutas por planta (Tabela 2). No entanto, a cv. Camino Real foi superior à ‘Camarosa’, mas não diferiu de ‘Benicia’. O menor número e massa de frutas por planta foi verificado nas cultivares de dias neutros ‘San Andreas’ e ‘Albion’. Segundo Duarte Filho (1999), as cultivares de dias curtos são aquelas que florescem, em condições de dias curtos (fotoperíodo inferior a 12h), associada a redução da temperatura, portanto nas condições de cultivo da região de Pelotas-RS, a produção de frutas fica concentrada na primavera, enquanto que as cultivares de dias neutros são aquelas que florescem continuamente, independente do fotoperíodo (Calvete et al., 2008), não apresentando picos de produção. Isto explica as menores produções apresentadas pelas cvs. San Andreas e Albion, já que no experimento, o período de colheita foi somente de agosto a dezembro.

Em relação à massa média de fruta, a cultivar Camarosa apresentou valores inferiores às demais cultivares. Becker et al. (2016), avaliando cultivares de morangueiro na mesma região, obteve resultados inferiores para número de frutas por planta e massa média de fruta (36,28 e 13,78 respectivamente) para a cultivar ‘Camarosa’, do que os obtidos no presente trabalho.

Tabela 02 - Número de frutas por planta (NFP), massa de frutas por planta (MFP) e massa média de fruta (MMF) de das cultivares Camarosa, Benicia, Camino Real, San Andreas e Albion, no ano de 2017. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2018.

Cultivares NFP (g.plantaMFP -1) (g.frutaMMF-1)

Camarosa 48,80 a* 719,24 b 14,73 b Benicia 48,51 a 799,41 ab 16,47 a Camino Real 47,24 a 841,54 a 17,83 a San Andreas 35,84 b 586,81 c 16,39 a Albion 22,96 c 402,45 d 17,54 a CV (%) 6,51 6,68 3,98

*Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. CV: coeficiente de variação.

CONCLUSõES

Nas condições do presente experimento, as cultivares Camino Real, Benicia e Camarosa são as mais indicadas para o sistema de cultivo convencional na região de Pelotas-RS.

AGRADECIMENTOS

À CAPES e ao CNPQ pelas bolsas de estudos de pós-graduação e a Embrapa Clima Temperado pelo espaço cedido para realização do trabalho.

REFERêNCIAS

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ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Diversidade genética de acessos de guavira (Campomanesia adamantium)

No documento Anais 2018. (páginas 47-51)

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