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Poda de renovação no morangueiro sob cultivo em substrato Daniela Brustolin Backes (1) , Gabriela Weber Schildt (1) e Carine Cocco (2)

No documento Anais 2018. (páginas 102-106)

(1) Estudante do curso de Agronomia; Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, RS. E-mail: danibrustolin@hotmail.com; (2) Professora do curso de Agronomia; Universidade de Caxias do Sul; Caxias do Sul, RS.

INTRODUçãO

O cultivo do morango no Brasil está concentrado nos estados do Rio Grande do Sul, de São Paulo e Minas Gerais. No entanto esse cenário vem modificando, e a área de produção no país vem se expandindo para outros estados. Atualmente o Brasil alcançou a produção de 105 mil toneladas de morango, correspondendo a 33% da produção da América Latina (Madail et al., 2016).

Os municípios de Bom Princípio, São Sebastião do Caí e Feliz, juntamente com mais 16 municípios, que compõem a região do Vale do Caí, desempenham um papel econômico importante para o estado na produção de morangos. Conforme Fagherazzi et al. (2014), o cultivo é praticado principalmente por famílias locais, que obtém seu sustento dedicando-se integralmente à produção desta frutífera.

O morangueiro é uma angiosperma dicotiledônea pertencente à família Rosacae. Essa grande família inclui muitas espécies produtoras, sendo a Fragaria x ananassa, uma das mais importantes comercialmente (Vignolo, 2015). Dentre as cultivares, a San Andreas adapta-se muito bem as condições climáticas da região do Vale do Caí, e vem ganhando cada vez mais espaço.

As plantas dessa cultivar classificam-se como planta de dia neutro, caracterizadas pela indução floral independente do fotoperíodo, e eu cultivo em substrato aumenta seu potencial dentro de um ou mais ciclos produtivos. Porém, as elevadas temperaturas na região do Vale do Caí durante a primavera e verão, estimulam o metabolismo da planta, gerando acúmulo de massa vegetativa, o que demanda maior necessidade da poda verde (Oliveira et al., 2016).

Conforme Vignolo (2015), a poda verde contribui para diminuir o inóculo de doenças foliares, proporciona melhores condições à planta, estimulando crescimento de folhas novas e dessa forma proporciona renovação da planta. A poda verde também visa renovar a parte vegetativa da planta, e assim antecipar um novo ciclo, proporcionando a colheita de frutos em épocas de baixa oferta de morangos. Entretanto, a literatura revela escassa informação técnica relacionada ao desempenho de mudas no segundo ciclo de cultivo, que pode ser afetado pelas condições climáticas sucedidas na região.

Nas áreas produtivas existentes no Vale do Caí, o morangueiro é implantado a partir de mudas importadas, normalmente provenientes do Chile, Argentina e nos últimos anos também Espanha. Contudo, elas chegam ao Brasil em meados do mês de maio e junho, o que torna inviável a substituição da muda no final do ciclo produtivo, pois a produção alcançada é baixa. Em vista disso, os produtores têm realizado a poda da parte aérea no final do verão, mantendo a planta para a realização de um segundo ciclo produtivo. Desta forma, este estudo tem como objetivo avaliar a produção precoce em morangueiro cultivar San Andreas submetido a diferentes épocas de poda de renovação, para a realização de um segundo ciclo produtivo.

MATERIAL E MéTODOS

O experimento foi conduzido em uma propriedade rural no Paraíso, município de Bom Princípio/ RS, região do Vale do Caí. Localiza-se sob as coordenadas de latitude 29° 33’ S e longitude 51° 20’ O. O município está há 37 metros acima do nível do mar, sendo banhada por uma extensão de 12 km pelo Rio Caí, principal fonte hídrica. O clima é temperado – subtropical, com variação de temperaturas entre 3 °C e 40 °C, com média de 22 °C.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

A cultivar avaliada foi San Andreas, cujas mudas são provenientes do Chile foram plantadas dia 07 de junho de 2017, recebendo os tratamentos de poda verde durante o verão de 2017/2018. Após a poda verde, iniciou-se a avaliação do segundo ciclo produtivo das mesmas. O sistema de cultivo é fora do solo, utilizando substrato de casca de arroz carbonizada mais húmus, na proporção de 2:1, respectivamente. O substrato é acondicionado em sacolas de plástico tubular branco (slabs), com 25 centímetros de diâmetro, apoiados sobre bancadas de madeira com 0,8 m de altura do solo. O espaçamento entre plantas é de 15 cm. A estrutura de proteção sobre as bancadas é do tipo guarda-chuva, coberta por um polietileno transparente de 150 μm de espessura, aditivado com tratamento contra radiação ultravioleta.

O experimento foi constituído por cinco épocas de poda, em delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições e cada repetição composta por dez plantas, dispostas linearmente nos slabs de cultivo. Os tratamentos consistiram em diferentes datas de realização da poda de renovação: 20 de janeiro, 10 de fevereiro, 01 de março e 20 de março, e a testemunha na qual foi realizada apenas uma limpeza de folhas senescentes no dia 20 de janeiro de 2018.

A poda foi realizada nos estágios finais do primeiro ciclo produtivo, caracterizado pelo grande acúmulo de folhas velhas. No momento de cada poda de limpeza, foram retiradas todas as folhas senescentes, velhas e doentes, inclusive folhas saudáveis, e as plantas foram padronizadas conforme o número de coroas, permanecendo 3 coroas por planta, e em cada coroa foram deixadas as três (03) mais jovens. Para realização do experimento, todas as plantas foram submetidas ao corte dos ramos laterais, retirada dos entrenós curtos e coroas, retirada de folhas e estolões.

A colheita das frutas foi realizada entre os meses de março e agosto de 2018, considerado período precoce de produção na região. A fim de determinar a produção total nos tratamentos, as frutas foram colhidas quando apresentavam a epiderme totalmente vermelha. O intervalo entre as colheitas variou conforme as condições climáticas durante a estação, com intervalos entre cinco (05) e 10 dias. No momento da colheita, as frutas foram classificadas em comerciais e não comerciais, sendo consideradas não comerciais aquelas danificadas por insetos, doentes, deformadas ou com peso inferior a 10 gramas. O número de frutas foi obtido através de contagem em cada colheita. A produção por planta foi obtida a partir do somatório da massa de frutas obtida em cada colheita e pesados em balança digital, sendo os dados expressos em g.planta-1. A massa média foi obtida através do quociente entre a produção de frutas

em cada colheita e o seu respectivo número de frutas, sendo os dados expressos em g.fruta-1.

Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F (ANOVA) e, apresentando diferença estatística significativa entre os grupos, as médias dos tratamentos foram comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro, através do software estatístico Sisvar (UFLA).

RESULTADOS E DISCUSSãO

Após a realização das podas de renovação em diferentes datas, observou-se uma rápida retomada do crescimento vegetativo. Em virtude das condições indutivas para a cultivar San Andreas após a aplicação dos tratamentos, observou-se uma rápida retomada na frutificação das plantas (Tabela 1). Além disso, a produção de estolões foi inferior a uma unidade por planta, o que demonstra que as condições meteorológicas no ambiente de cultivo propiciaram a indução floral e consequentemente frutificação. Dados meteorológicos obtidos na estação climatológica do município de Bom Princípio, registraram média de temperaturas nos meses de janeiro, fevereiro e março, de 25,4 °C, 23,8 °C e 23 °C, respectivamente. Deste modo, as temperaturas amenas neste período acarretaram em rápido restabelecimento vegetativo das plantas e a retomada da produção em um curto período.

Tabela 01 - Número de dias transcorridos desde a poda de renovação até o início da colheita em morangueiro San Andreas submetido a datas de poda de renovação em Bom Princípio, RS.

época de poda Dias da poda ao início da colheita

Testemunha 30

20 de janeiro 30

10 de fevereiro 38

A Tabela 2 apresenta os dados de produção precoce de frutos, considerada entre os meses de junho a agosto. As diferentes épocas de poda não interferiram na produção de frutas comerciais, no período precoce do segundo ciclo da cultura. Independentemente da data de realização da poda de renovação, a planta produziu em média 111,8 gramas de frutas, o número médio de frutas foi 7,94 e a massa média de frutas foi 14,18 g fruta-1. Vignolo (2015), em seu experimento avaliando diferentes

épocas de poda, entre os meses de março a novembro, sob cultivo da variedade Aromas e Albion de origem Argentina, obteve produção média de 94,8 frutos por planta para Aromas e 54,0 frutos por planta para Albion, já a massa média das frutas obtida foi de 8,1 g fruta-1 para Aromas e 10,5 g fruta-1 para Albion.

Observa-se que as frutas da variedade San Andreas obtiveram uma massa média por fruta superior as avaliadas por Vignolo (2015), atingindo 14,18 g fruta-1.

Tabela 02 - Número (NF), massa fresca (MF) e massa média (MM) de frutas comerciais e não comerciais, em morangueiro ‘San Andreas’ a partir de diferentes datas de poda de renovação vegetativa, em Bom Princípio, RS. Caxias do Sul, 2018.

Data de poda

Produção comercial Produção nao comercial

NF MF MM NF MF MM

(g planta-1) (g fruta-1) (g planta-1) (g fruta-1)

Testemunha 8,6 ns 117,0 ns 13,5 ns 5,1 ns 45,2 ns 9,0 ns 20 de janeiro 7,4 111,5 15,0 3,9 32,7 8,4 10 de fevereiro 8,1 117,1 14,6 4,7 39,9 8,5 01 de março 7,1 101,0 14,3 3,8 31,2 8,1 20 de março 8,5 112,4 13,5 3,7 33,7 9,5 Média 7,94 111,8 14,18 4,24 36,54 8,7 C.V. (%) 17,9 18,1 7,3 26,0 25,3 14,7

* Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Cocco et al. (2016) ao avaliar a produção precoce em mudas de origem chilena para Camarosa e Camino Real em Pelotas, RS, obtiveram produção de 52 g planta-1, entre os meses de junho e setembro,

período superior ao considerado no presente estudo. Além disso, obtiveram produção de 3,8 frutas por planta e massa média de 13,8 g fruta-1.

A produção de frutas consideradas não comerciais, também não diferiu entre as datas de poda de renovação para as variáveis número, produção e massa média. Obteve-se média geral de 4,2 frutas, 36,5 g planta-1 e 8,7 g fruta-1 para o número, produção e massa média de frutas não comerciais, respectivamente.

A produção não comercial de frutas representou 35,05% em relação à produção comercial. Este valor elevado de frutas sem valor comercial é comum de ser observado durante o segundo ciclo produtivo da planta. Entretanto, a manutenção da planta durante dois ou mais ciclos produtivos, apresenta como vantagens a redução dos custos de produção, bem como possibilidade de venda de morangos em épocas de escassez na oferta e melhores preços para o produtor.

CONCLUSõES

As variáveis produtivas do morangueiro cultivar San Andreas, durante o período precoce, não foram influenciadas pelas diferentes datas de realização da poda de renovação, para a condução do segundo ciclo produtivo das plantas.

AGRADECIMENTOS

Á Universidade de Caxias do Sul, pela realização das análises laboratoriais; ao senhor Valter Brustolin por ceder sua propriedade para delimitações da área experimental.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul REFERêNCIAS

COCCO, C.; GONÇALVES, M. A.; REISSER JUNIOR, C.; MARAFON, A. C.; ANTUNES, L. E. C. Carbohydrate content and development of strawberry transplants from Rio Grande do Sul and imported. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 38, n. 4, p. 1-8, 2016.

FAGHERAZZ, A. F; COCCO, C.; ANTUNES, L. E. C.; SOUZA, J. A.; RUFATO, L. La fragolicoltura brasiliana guarda avanti. Frutticoltura, n. 6, p. 20-24, Jun. 2014.

MADAIL, J. C. M.; ANTUNES, L. E. C.; REISSER JUNIOR, C.; SCHWENGBER, J. E. Panorama econômico. In: ANTUNES, L. E. C.; REISSER JUNIOR, C.; SCHWENGBER, J. E. (Ed.). Morangueiro. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2016. p. 15-34.

OLIVEIRA, A. C. B.; ANTUNES, L. E. C.; REISSER JUNIOR, C.; SCHWENGBER, J. E. Melhoramento genético e principais cultivares. In: ANTUNES, L. E. C.; REISSER JUNIOR, C.; SCHWENGBER, J. E. (Ed.). Morangueiro. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2016. p. 133-148.

VIGNOLO, G. K. Produção e qualidade de morangos durante dois ciclos consecutivos em função da data de poda, tipo de filme do túnel baixo e cor do “mulching” plástico. 2015. 123 f. Tese (Doutorado em Fruticultura de Clima Temperado) – Programa de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Qualidade de morangos ‘San Andreas’ a partir de mudas provenientes da

No documento Anais 2018. (páginas 102-106)

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