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Determinação de antocianinas totais, compostos fenólicos totais e atividade antioxidante em cultivares de amora-preta

No documento Anais 2018. (páginas 193-197)

Katarine Martins(1), Sabrina Feksa Frasson(2), Vanessa Baptista Richter(1), Elisa dos Santos Pereira(3) e Márcia Vizzotto(4)

(1) Graduanda em Engenharia Química; Instituto Federal Sul-rio-grandense; vanessa-richter@hotmail.com; martinskatarine@ gmail.com

(2) Graduanda em Nutrição; Universidade Federal de Pelotas; Pelotas; RS; sfrasson@gmail.com

(3) Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos; Universidade Federal de Pelotas; Pelotas, RS; lisaspereira@gmail.com (4) Pesquisadora Embrapa Clima Temperado; Pelotas, RS; marcia.vizzotto@embrapa.br

INTRODUçãO

As frutas são fontes de nutrientes, vitaminas e minerais, indispensáveis para a saúde humana. Os consumidores estão sendo atraídos, cada vez mais, pelas denominadas “pequenas frutas” devido ao seu valor nutricional (Calvete et al., 2008).

A amoreira-preta (Rubus sp.) é uma espécie arbustiva, que produz frutas agregadas, de coloração negra e sabor ácido a doce-ácido. É uma espécie rústica que apresenta baixo custo de produção, facilidade de manejo, requer pouca utilização de defensivos agrícolas, sendo, por isso, uma alternativa interessante para cultivo na agricultura familiar (Antunes, 2002). A fruta é altamente nutritiva e contém 85% de água, 10% de carboidratos, elevado conteúdo de minerais, vitaminas do complexo B e A e cálcio, além de ser fonte de compostos funcionais, como ácido elágico e antocianinas. Também são boas fontes de antioxidantes naturais (Koca; Karadeniz, 2009).

Além das características básicas, quando consumida como parte usual da dieta produz efeito benéfico à saúde humana, sendo segura para o consumo sem supervisão médica (Vizzotto, 2008).

O objetivo do trabalho foi determinar a concentração de antocianinas totais, compostos fenólicos totais e a capacidade antioxidante total de amora-preta.

MATERIAL E MéTODOS Material vegetal

As amoras-pretas (Cvs. Tupy, Guarani, Xavante e BRS Xingú) foram colhidas em meados de novembro, em uma das áreas de plantio da Embrapa Clima Temperado. As frutas foram armazenadas em freezer à -18 °C, no Núcleo de Alimentos da mesma unidade da Embrapa, até o momento da análise. Para realização das análises utilizou-se em torno de 10 frutas.

Métodos

Antocianinas totais foram avaliadas pelo método adaptado de Fuleki e Francis (1968). A absorbância foi medida em espectrofotômetro com comprimento de onda de 535 nm.

Os compostos fenólicos foram determinados através do método adaptado de Swain e Hillis (1959), utilizando Folin-Ciocalteau. A leitura foi realizada em espectrofotômetro a 725 nm e a quantidade de compostos fenólicos totais foi calculado e expresso em mg de ácido clorogênico por 100 g de amostra.

A capacidade antioxidante total foi realizada através do método adaptado de Brand-Williams et al. (1995), utilizando o radical estável 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH). A absorbância foi medida em espectrofotômetro no comprimento de onda de 515 nme os resultados foram expressos em μg de equivalente trolox por 100 g de amostra.Todas as análises foram feitas em quadruplicata, onde os

resultados foram avaliados através da análise de variância e comparadas pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05). Utilizou-se para esta análise o programa Statistica 7.0.

RESULTADOS E DISCUSSãO

Os resultados encontrados para as análises totais de compostos fenólicos e antocianinas e atividade antioxidante total das quatro cultivares de amora-preta estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 01 - Compostos bioativos e atividade antioxidante em diferentes espécies de pequenas frutas.

Cultivar Compostos Fenólicos Totais1 AntocianinasTotais2 AntioxidanteAtividade 3 Tupy 433,05 ± 39,02 bc 201,17 ± 44,00 c 1104,88 ± 196,54 b

Guarani 622,41 ± 40,80 a 328,72 ± 54,01 ab 1811,83 ± 297,55 a

Xavante 656,77 ± 42,19 a 276,29 ± 68,63 bc 1746,62 ± 177,20 a

BRS Xingu 539,03 ± 37,71 ab 420,86 ± 119,73 a 1533,32 ± 51,84 a

Médias de quatro repetições ± desvio padrão. Valores seguidos de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05).

1 Compostos fenólicos expressos em mg do equivalente ácido clorogênico.100 g-1 de amostra. 2 Antocianinas expresso em mg do equivalente de cianidina-3-glicosídeo.100 g-1 de amostra. 3 Atividade antioxidante expressa em μg do equivalente Trolox.g-1 de amostra.

As amoras-preta cv. Guarani, cv. Xavante e cv. BRS Xingu apresentaram maior concentração de compostos fenólicos totais e não diferiram estatisticamente entre si, com destaque para as duas primeiras cultivares. Em estudo feito por Guedes et al. (2014), o teor de compostos fenólicos totais na cv. Xavante foi 671,45 mg ácido gálico.100 g-1 fruta, semelhante ao encontrado no presente trabalho (656,77

mg.100 g-1 ácido clorogênico). Vizzotto et al. (2012), em amoras cv. Tupy e Guarani, encontrou valores

de compostos fenólicos totais um pouco superiores, 800,4 e 902,2 mg.100 g-1 de ácido clorogênico,

respectivamente. Quanto às antocianinas, as cvs. de amora-preta Guarani e Xingu, apresentaram as maiores concentrações, não diferindo entre si, destacando-se a cv. Xingu com a maior concentração. Valores inferiores aos do presente trabalho foram encontrados por Chim (2008), a qual relata 137,59 e 160,39 mg cianidina-3-glicosídio.100 g-1 para amora-preta cvs. Tupy e Guarani, respectivamente.

As amoras-preta cvs. Guarani, Xavante e BRS Xingu apresentaram maior atividade antioxidante e não diferiram estatisticamente entre si. No entanto, em estudo realizado por Vizzotto et al. (2012), a atividade antioxidante das amoras-preta cvs. Tupy e Guarani foi de 8611,1 e 10103,5 g Trolox equivalente.g-1

de fruta fresca, respectivamente, bem superiores aos encontrado no presente trabalho.

A correlação entre antocianinas totais e atividade antioxidante foi baixa (R² = 0,29) (Figura 1A), enquanto que a correlação entre o conteúdo de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante em cultivares de amora foi boa (R² = 0,87) (Figura 1B). Com base nestes dados pode-se concluir que a capacidade antioxidante não é regida por uma única classe de compostos ou por um composto específico, mas provavelmente devido a diferentes compostos presentes no meio.

ANAIS DO VIII SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO

VIII ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL

Figura 01 - Correlação entre antocianinas totais e atividade antioxidante (A) e entre compostos fenólicos totais e atividade antio- xidante (B) em pequenas frutas.

CONCLUSãO

As amoras-preta cv. Guarani ecv. Xavante apresentaram as maiores concentrações de compostos fenólicos totais.

A amora-preta cv. Xingú apresentou a maior concentração de antocianinas totais.

As amoras-preta cv. Guarani e cv. Xavante, apresentaram a maior atividade antioxidante.

Verifi cou-se boa correlação entre o conteúdo de compostos fenólicos totais e a atividade antioxidante total, e baixa correlação entre antocianinas totais e atividade antioxidante.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Embrapa Clima Temperado pela concessão das bolsas e disponibilidade da estrutura e execução do trabalho e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico – CNPq e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela concessão das bolsas de iniciação científi ca e doutorado.

REFERêNCIAS

ANTUNES, L. E. C. Amora-preta: nova opção de cultivo no Brasil. Ciência Rural, v. 32, n. 1, p. 151-158, 2002.

BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C. Determination of antioxidant activity. Lebensmittel-Wissenschaft &Tecnologie, v. 28, p. 25-30, 1995.

CALVETE, E. O.; MARIANI, F.; WESP, C. de L.; NIENOW, A. A.; CASTILHOS, T.; CECCHETTI, D. Fenologia, produção e teor de antocianinas de cultivares de morangueiro em ambiente protegido. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 30, n. 2, p. 369- 401, 2008.

CHIM, J. F. Caracterização de compostos bioativos em amora-preta (Rubus sp.) e sua estabilidade no processo e arma- zenamento de geleias convencional e light. 2008. 86 f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia Agroindustrial) - Universi- dade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Pelotas.

FULEKI, T.; FRANCIS, F. T. Determination of anthocyanins. Journal of Food Science, v. 33, p. 72-77, 1968.

GUEDES, M. N. S.; MARO, L. A. C.; ABREU, C. M. P.; PIO, R.; PATTO, L. S. Composição química, compostos bioativos e dissi- milaridade genética entre cultivares de amoreira (Rubus spp.) cultivadas no Sul de Minas Gerais. Revista Brasileira de Fruti- cultura, v. 36, n. 1, 2014.

KOCA, I.; KARADENIZ, B. Antioxidant properties of blackberry and blueberry fruits grown in the Black Sea Region of Turkey. Scientia Horticulturae, v. 121, p. 447-450, 2009.

SWAIN, T.; HILLIS, W. E. Determination of phenolic compounds. Journal of Science and Food Agriculture, v. 10, p. 63-68, 1959.

VIZZOTTO, M. Amora-preta: uma fruta antioxidante. Jornal da fruta, v. 195, p. 14, fev. 2008.

VIZZOTTO, M.; BIALVES, T. S.; ARAUJO, V. F.; KROLOW, A. C. Compostos bioativos e atividade antioxidante em genótipos de amoreira-preta. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 22., 2012, Bento Gonçalves. Anais... Bento Gonçalves: SBF, 2012.

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

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