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Determinações físico-químicas do mirtilo cultivar O’neal (1)

No documento Anais 2018. (páginas 75-79)

Carla Andressa Almeida Farias(2), Daniele Cardoso de Moura(3), Camila da Silva Araujo(3), Márcia Vizzotto(4) e Milene Teixeira Barcia(5)

(1) Trabalho executado com recursos da Capes e PIBIC.

(2) Mestranda, UFSM, Santa Maria, Rio Grande do Sul, carlaaafarias@gmail.com; (3) Iniciação Científica, UFSM;

(4) Pesquisadora Embrapa Clima Temperado;

(5) Professora (Orientadora), UFSM, milene.barcia@ufsm.br.

INTRODUçãO

Pequenas frutas são bagas de tamanho pequeno da região Norte da Europa. São consideradas uma rica fonte antioxidante, com elevada concentração de flavonoides, vitaminas A e C (Barbieri; Vizzotto, 2012). Além disso, são caracterizadas por possuírem uma composição química básica de sabor doce e aroma frutado, porém sua composição química é altamente variável, devido a fatores como cultivar, estagio de maturação, colheita e condições de armazenamento (Konda, 2014). Assim, dentre as frutas pequenas encontram-se os morangos (Strawberries), framboesas (Raspberries), amoras-pretas (Blackberries), mirtilos (Blueberries), dentre outras (Barbieri; Vizzotto, 2012).

O mirtilo é um fruto nativo do hemisfério norte, pertencente ao gênero Vaccinium e da família das

Ericaceae. Esse fruto tem sido alvo de pesquisas científicas devido aos benefícios que ele proporciona a

saúde humana (Michelle et al., 2011; Samad et al., 2013). Esses benefícios são decorrentes do alto teor de fitoquímicos que o fruto possui, como os compostos fenólicos, carotenoides, alcaloides, vitaminas, substâncias nitrogenadas e organosulfuradas (Oanceat et al., 2013; Vendrame, 2016). Ademais, o mirtilo é um fruto com alto teor nutricional e atuando como uma substância antioxidante, antimicrobiana, antienvelhecimento, anti-doença cardíaca e cerebrovascular (Garofuli et al., 2013).

No Brasil, o cultivo do mirtilo é recente. A Embrapa Clima Temperado de Pelotas/RS foi pioneiro no cultivo dessa fruta, sendo as primeiras plantas trazidas da Universidade da Florida (Estados Unidos) no ano de 1980 (Sharpe, 1980). Atualmente os principais cultivadores do mirtilo encontram-se na região de Vacaria/RS e em Campos do Jordão/SP (Madail; Santos, 2004).

Com base nos relatos abordados, o presente trabalho tem por objetivo realizar análises físico- químicas do mirtilo da cultivar O’neal, a fim de comparar os dados obtidos com a literatura, mostrando a diversidade dos resultados obtidos quanto à composição química desse fruto.

MATERIAL E MéTODOS

No estudo, as amostras utilizadas foram mirtilos (Vaccinium corymbosum) da cultivar O’neal, obtidas pela Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS) referentes a safra de novembro de 2016, sendo armazenadas sob congelamento a -18 °C para posteriores análises.

Foi feito análise de peso médio, para determinar se as bagas de mirtilo possuíam correlação dentre elas. Desta forma, 20 bagas do mirtilo foram pesadas em triplicatas para determinação do peso médio da fruta.

As análises de pH, acidez titulável, umidade e sólidos solúveis foram determinados segundo o Instituto Adolfo Lutz (1985), sendo o fruto mirtilo analisado na forma triturada. Para análise de pH, foram pesados cinco gramas do fruto e dissolvidos em 50 mL de água destilada. Na acidez titulável, cinco gramas do fruto foram dissolvidos em 100 mL de água destilada e titulados com hidróxido de sódio

0,1 N. Os sólidos solúveis foram analisados com auxílio de um refratômetro. Por fim, na análise de umidade, dois gramas do fruto foram pesados em cápsulas e submetidos a aquecimento de 105 °C por aproximadamente 24 horas, até obtenção do peso constante.

A análise estatística foi realizada a partir das triplicatas obtidas nos resultados das análises, onde se realizou a estatística descritiva para realização dos cálculos como média e desvio padrão. O software utilizado no tratamento dos dados foi o SAS Studio.

RESULTADOS E DISCUSSãO

As análises físico-químicas são de extrema importância na classificação de um fruto, pois é a partir dela que determinamos sua composição química. Por conta disso, a Tabela 1 contém os resultados referentes às análises físico-químicas feitas para o fruto mirtilo da cultivar O’neal.

Tabela 01 - Análises físico-químicas do mirtilo da cultivar O’neal da safra de novembro de 2016.

Amostra Peso médio (20 bagas do fruto) pH Sólidos Solúveis (°Brix) Acidez titulável (% ácido cítrico) Umidade (%) Blueberry 32,0 ± 0,60 3,43 ± 0,01 13,0 ± 0,00 0,45 ± 0,01 86,27 ± 0,28

Os valores obtidos são referentes ao valor médio ± desvio padrão do fruto in natura (n = 3).

Com base nos resultados obtidos, é possível observar que o fruto mirtilo possui um peso constante entre as bagas analisadas, considerando o baixo desvio padrão apresentado, esse resultado demonstra que as bagas possuem uma homogeneização entre si. É possível constatar que o fruto contém um elevado teor de umidade, caracterizando-se por ser um fruto bastante suculento. Goldmeyer et al. (2014) encontrou um teor de umidade de 73,43 ± 0,02% para o mirtilo das cultivares Bluegem, Flórida M e Clímax. Já Moraes et al. (2007) encontrou um teor maior para umidade, tendo em média 82,0%, porém, vale ressaltar que o grupo de mirtilo utilizados nesse estudo são da espécie Rabbiteye, já a espécie utilizada no presente trabalho é da espécie Highbush, essa mudança de espécie pode acarretar na diferença entre a composição química dos frutos.

O valor de pH foi baixo, o que é um fator positivo na conservação do fruto, pois limita o crescimento de micro-organismos que crescem em pHs superiores a 4,5. Assim, como para umidade, Goldmeyer et al. (2014) encontrou valores de pH bem semelhantes aos deste trabalho, sendo eles inferiores a 3,3. Santos (2015) relata a diferença entre cultivares na composição química do mirtilo, sendo que seus valores para pH variaram de 2,67 a 4,03 dentre seis cultivares estudadas. Essas mesmas variações são observadas para os sólidos solúveis e acidez titulável, onde se encontrou variações de 8,83 a 17,63 °Brix e 10,41 a 19,30% de ácido cítrico, respectivamente.

Os sólidos solúveis são importantes na composição química do mirtilo, pois são eles que determinam os teores de açúcares e ácidos orgânicos dissolvidos no fruto. Ademais, o conteúdo de sólidos solúveis é determinante em relação ao grau de maturação desses frutos. Raseira e Antunes (2004) realizaram um estudo com diferentes cultivares de mirtilo, apresentando valores semelhantes de sólidos solúveis no momento da colheita e após cinco meses de conservação do fruto ao frio, comprovando que os frutos quando armazenados de forma adequada mantém-se conservados quanto aos seus constituintes. Os sólidos solúveis encontrados neste trabalho são semelhantes ao trabalho de Moraes et al. (2007), onde encontrou em torno de 13,0 °Brix para as cultivares de mirtilo.

Rocha (2009) encontrou para acidez titulável, um valor muito semelhante ao presente trabalho, sendo esse valor de 0,42 % de ácido cítrico. Vale ressaltar que durante a maturação, o aumento dos açúcares resulta na redução da acidez, podendo ser comparado aos valores encontrados no presente estudo, onde os valores de sólidos solúveis foram relativamente altos comparados à acidez titulável

ANAIS DO VIII SImpóSIO NAcIONAl DO mOrANgO

VIII ENcONtrO SObrE pEquENAS FrutAS E FrutAS NAtIVAS DO mErcOSul

Com base nos resultados obtidos, foi possível observar que os resultados apresentaram concordância com os encontrados na literatura e que há variações entre as cultivares e espécies do mirtilo quanto à sua composição química.

CONCLUSõES

Com isso, é possível observar que a composição química do mirtilo varia dentre cultivares e espécies, além de depender de fatores como estágio de maturação, colheita e armazenamento.

Referente às condições de armazenamento foi possível observar que um armazenamento adequado desses frutos proporciona uma preservação dos seus constituintes, baseando-se no fato que a cultivar estudada foi da safra de 2016, e que os resultados encontrados na literatura foram semelhantes aos obtidos no presente estudo.

AGRADECIMENTOS

A Capes e PROBIC pelas bolsas ofertadas.

REFERêNCIAS

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