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AÇÕES EDUCATIVAS PARA ACOMPANHANTES EM UM HOSPITAL PÚBLICO NA REGIÃO OESTE DO PARANÁ: RESULTADOS PARCIAIS *

Rosa Maria Rodrigues1 Simone Roecker2 Bruna Maria Bugs3 Laura Cristina Ahmann4 Poliana Deves5 Karina da Silva Arnold6 INTRODUÇÃO: As atividades educativas que ocorrem no âmbito das relações interpessoais entre profissionais, usuários e serviço de saúde precisam articular os conhecimentos das áreas humanas e biológicas aos conhecimentos populares e isso resulta em avanços na assistência em saúde. Se as práticas não forem planejadas, os resultados não serão alcançados e as necessidades do ser humano não serão satisfeitas. Muitas ações educativas partem do pressuposto de que as precárias condições de educação da população são as únicas fontes de doenças e que a correção de hábitos incompatíveis com a saúde é suficiente. Tal hipótese levou ao emprego de ações educativas ligadas à idéia de que a apreensão de saberes gera adoção de novos comportamentos, como se a inadequação dos hábitos fosse decorrente unicamente do déficit cognitivo e cultural e a superação disso pudesse ser realizada pelo repasse de informações(1). Na Enfermagem, a educação em saúde é um instrumento fundamental para uma assistência de boa qualidade, pois o enfermeiro além de ser um cuidador é um educador, tanto para o paciente quanto para a família, realizando orientações(2). Com a incorporação de acompanhantes nas instituições de saúde públicas outras pessoas passaram a compor o cenário da assistência e a exigir que a equipe de enfermagem atuasse desenvolvendo, desde ações assistências até educativas também com estes sujeitos. Assim, investigar a prática educativa aos acompanhantes se torna tema importante. No espaço hospitalar a educação em saúde pode ocorrer para os indivíduos sob hospitalização e para os acompanhantes/familiares destes pacientes, além das ações educativas que acontecem no e para o trabalho compondo a educação continuada dos trabalhadores de saúde(3). Portanto, é amplo o espectro de práticas educativas que podem ter lugar em uma instituição de saúde. Neste estudo em particular, o foco foi a prática educativa que acontece com acompanhantes de usuários hospitalizados em uma instituição de saúde pública que fornece assistência de média e alta complexidade. OBJETIVOS: O estudo objetivou caracterizar o perfil dos acompanhantes, a percepção destes quanto à função de acompanhante em uma instituição hospitalar e as orientações/informações recebidas dos profissionais de saúde durante o

*Projeto de pesquisa do Grupo de estudos e pesquisas em práticas educativas e formação em saúde, vinculado ao curso de Enfermagem da UNIOESTE/Campus Cascavel.

1Enfermeira. Doutora. Docente do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE. Campus Cascavel/Paraná. Email: rmrodri09@gmail.com

2Enfermeira. Mestre. Docente do curso de Enfermagem da UNIOESTE/Campus Cascavel. Email: moneroecker@hotmail.com

3Acadêmica do 5° ano do curso de Enfermagem da UNIOESTE/Campus Cascavel. Email: bruninha_bugs@hotmail.com

4 Acadêmica do 3° ano do curso de Enfermagem da UNIOESTE/Campus Cascavel. Email: laura_@hotmail.com 5 Acadêmica do 3° ano do curso de Enfermagem da UNIOESTE/Campus Cascavel. Email: poliehhc@gmail.com 6Acadêmica do 1° ano do curso de Enfermagem da UNIOESTE/Campus Cascavel. Email: karinaarnold@hotmail.com

período de permanência como acompanhante no hospital. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo e exploratório realizado em um hospital público na região Oeste do Paraná. Tal serviço de saúde consiste num hospital no qual são atendidas inúmeras especialidades, é o maior hospital público da região Oeste e Sudoeste do estado e atende uma população de aproximadamente dois milhões de habitantes. Nesta instituição há unidades de internação em clínica médica, cirúrgica, neurologia, ortopedia, maternidade e pediatria. Estas unidades têm 12 quartos de internação com dois ou três leitos.Os dados quantitativos foram analisados pela estatística descritiva. Já os qualitativos foram transcritos e sistematizados conforme a convergência dos conteúdos em unidades temáticas(4). Os resultados foram interpretados e problematizados à luz da bibliografia pertinente. O estudo foi realizado em conformidade com as exigências da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, com aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná sob parecer n° 048/2011. Para a diferenciação dos sujeitos e preservação de sua identidade, os informantes foram identificados com números arábicos (1, 2, 3...) os quais indicam a ordem em que foram realizadas as entrevistas. RESULTADOS: Totalizaram 20 acompanhantes sendo 13 na faixa etária de 20 a 60 anos, seis com mais de 60 anos e apenas um menor de 18 anos. A maioria era casada (11). Dentre os entrevistados 15 residiam no município da instituição e cinco eram de municípios vizinhos. Dezenove dos acompanhantes possuíam graus de parentesco com o paciente (mãe, pai, filho, irmão, neto, cônjuge). Quinze eram do sexo feminino. Dos vinte sujeitos apenas três eram cuidadores únicos do paciente, os demais revezavam os cuidados no hospital. A maioria (11) possuía 11 anos ou mais de estudo formal. Seis eram portadores de doença, dentre elas hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes, fibromialgia e rinite, sendo que cinco deles faziam uso contínuo de medicamentos. Em relação às orientações observou-se que cinco acompanhantes não haviam recebido nenhum tipo de informação a respeito do paciente. E nos casos que haviam recebido informações estas relacionavam-se ao quadro clínico apresentado pelo paciente e a explicação dos cuidados realizados, sem nenhuma orientação sobre os cuidados que poderiam ser prestados pelos acompanhantes durante a hospitalização, o prognóstico e os cuidados que seriam necessários após a alta hospitalar. As informações prestadas eram provenientes de médicos e equipe de enfermagem. A grande maioria relatou o desejo de saber mais sobre o paciente, sobre o que estava se passando com ele, sobre a alta e os cuidados no domicílio. Quando questionados sobre como se sentiam acompanhando um paciente em uma instituição hospitalar onze deles relataram ser difícil e triste ficar no hospital: “Ah não está sendo fácil não. A gente sabe que [...] todos vão passar por isso, mas é triste ver o sofrimento dela [...]. A gente vê o cuidado com ela e eles até falam que ela vai melhorar, mais a gente não vê melhora, dói muito” (10). Sete relataram ser tranquilo e estar tudo bem ficar ali, pois a equipe cuida bem do paciente e ainda por terem a oportunidade de ficar perto de quem está internado, acompanhando os cuidados. E apenas um disse que é muito cansativo estar no hospital: “Para mim está sendo muito cansativo, tanto que minha pressão estava muito alta, mas faz parte né, o melhor para ele é que eu fique aqui” (8). Nesse sentido afirma-se que fornecer informações a respeito das condições da pessoa hospitalizada é uma ação que deve ser incorporada na prática do cotidiano da enfermagem. E para isso, os profissionais precisam desenvolver competências para exercer essa atividade(5). Tal competência pode advir de um processo sistematizado de estudo, operacionalização e avaliação das ações educativas de forma geral e, em especial com o sujeito que acompanha o usuário durante sua estada na instituição. CONCLUSÃO: Os dados parciais nos levam a entender que os acompanhantes são familiares dos pacientes, e que uma grande parte deles julga ser difícil ficar no hospital, sobretudo por ter que deixar a sua

vida em casa e no trabalho para estar no hospital, mas entendem isso como necessário e importante para os pacientes. Em relação as ações educativas pôde-se observar uma falha dos profissionais que atuam no hospital quanto ao repasse de informações e orientações sobre as condições do paciente e principalmente sobre a função do acompanhante que será o futuro cuidador domiciliar. Desse modo salienta-se que muito precisa ser feito ainda para melhorar as ações educativas junto aos acompanhantes, especialmente no que tange aos cuidados após a alta hospitalar. Por meio desse estudo espera-se contribuir com o ensino e formação dos novos profissionais de saúde, em especial a Enfermagem. Ao realizar-se em hospital escola pode-se potencializar a articulação ensino e pesquisa. Além disso, busca-se com o estudo incentivar a reflexão sobre as práticas educativas que os profissionais de saúde realizam servindo como avaliação da prática do trabalho de cada profissional e como avaliação do significado dado à realização das ações educativas. Ao mesmo tempo, ao se traçar um perfil do acompanhante na instituição, pode-se sistematizar as ações educativas, pleitear mudanças na inserção destes sujeitos na instituição buscando qualificar a assistência prestada ao acompanhado e ao acompanhante, tanto durante a internação quanto no cuidado continuado no domicílio.

PALAVRAS-CHAVE: Educação em Saúde. Acompanhantes de Pacientes. Enfermagem. REFERÊNCIAS

1. Gazzinelli MA, Gazzinelli A, Reis DC, Penna CMM. Educação em saúde: conhecimentos, representações sociais e experiências da doença. Cad. De Saúde Pública. 2005; 21(1):200-06. 2. Reveles AG, Takahashi RT. Educação em saúde ao ostomizado: um estudo bibliométrico. Rev. esc. enferm. USP. 2007; 41(2):245-50.

3. Bagnato MHS, Renovato RD. Práticas Educativas em Saúde: um território de saber, poder e produção de identidades. In: Deitos RA, Rodrigues RM (Orgs). Estado, desenvolvimento, democracia & políticas sociais. Cascavel: EDUNIOESTE, 2006. p. 87-104.

4. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11 ed. São Paulo HUCITEC; 2008. 407p.

5. Sabatés AL, Borba RIH. As informações recebidas pelos pais durante a hospitalização do filho. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2005; 13(6):968-73.

ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL DE CRIANÇAS QUE TÊM

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