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A FAMÍLIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA: VISÃO DO ENFERMEIRO

Roberta Rodrigues Ferraz dos Santos1 Aisiane Cedraz Morais2 Mariana Souza Figueiredo3 Naianne Mota Noles4 Ana Paula Silva Pinheiro5 Climene Laura de Camargo6 INTRODUÇÃO: A hospitalização infantil implica em modificações importantes para a criança, pois esta se depara como a separação das pessoas com as quais possui vínculo afetivo; a mudança temporária para um ambiente desconhecido (e por vezes hostil); a experimentação de procedimentos terapêuticos invasivos e, em sua maioria, dolorosos; e limitação física associada à patologia ou condições do tratamento. Somam-se a isso diversos sentimentos, como medo e ansiedade, temor pelo agravamento do quadro e pelo ambiente desconhecido. Além da criança, a família pode apresentar reações de medo, ansiedade ou resistência à hospitalização. Sendo assim, o enfermeiro pode contribuir para que esses sentimentos sejam minorados, através do acolhimento desde a admissão da criança até a alta hospitalar. Acolher a família significa ouvir, permitindo que expressem seus anseios, valores, cultura e crenças e essa liberdade de expressão possibilita os elos de confiança entre a família e equipe de saúde. O enfermeiro poderá dirimir dúvidas, orientar os familiares, para que estes contribuam no acompanhamento da criança, principalmente quando este se encontra internado em unidades que exigem uma maior atenção, como na Unidade de Terapia Intensiva(1). Saber cuidar da criança e família se vincula, principalmente, ao somatório de um saber intuitivo, expressivo e científico(2). Essa investigação emergiu de observações assistemáticas feitas na UTIP de um hospital público, as quais evidenciaram que as famílias das crianças hospitalizadas se mostravam coagidas aos cuidados que a enfermeira realizava com aquelas; estabelecendo dessa forma, uma separação entre família/enfermeiro. Dessa forma, esse estudo tem como questão de pesquisa: Como o enfermeiro lida com a presença do familiar na UTI pediátrica? OBJETIVOS: Identificar a percepção do enfermeiro sobre a presença da família da criança na UTIP, assim como os fatores que interferem no cuidado da criança na presença da família e as estratégias que o enfermeiro utiliza para o acolhimento da família na UTIP. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva. Os sujeitos desta pesquisa foram cinco enfermeiros da UTIP de um hospital público no interior da Bahia. Os critérios de inclusão foram: ter no mínimo seis meses de exercício profissional na unidade referida; assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Optou-se pela entrevista semi-estruturada, com asseguintes questões norteadoras: Como é para você lidar com a presença da família na UTIP durante sua assistência? Quais as estratégias que você

1 Enfermeira. Especialista em Pediatria e Neonatologia. Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (EE/UFBA). Membro do Grupo de Pesquisa CRESCER (EE/UFBA)l. Email: robertarsantos2006@ig.com.br

2 Enfermeira. Doutoranda em Enfermagem pela EE/UFBA. Professora Assistente da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Membro do Grupo de Pesquisa CRESCER (EE/UFBA). Email: aisicedraz@hotmail.com

3 Enfermeira. Especialista em Saúde Publica. Email: naninha_figueredo@hotmail.com 4 Enfermeira. Pós-graduanda em Urgência e Emergência. Email: naiannenoles@yahoo.com.br

5 Enfermeira. Especialista em Pediatria e Neonatologia. Mestranda em Enfermagem pela EE/UFBA. Membro do Grupo de Pesquisa CRESCER (EE/UFBA). Email: anapss15@yahoo.com.br

6 Enfermeira. Pós-Doutora em Sociologia da Saúde (Université Rene Descartes-Sorbonne Paris V). Professora da EE/UFBA. Líder do grupo de Pesquisa CRESCER (EE/UFBA). E-mail: climenecamargo@hotmail.com

utiliza para lidar com a família no cuidado à criança? A coleta de dados foi realizada no decorrer do mês de maio de 2010, com o prévio agendamento com os sujeitos. Para a análise dos dados, optou-se pela Análise de Conteúdo proposta por Bardin(3). Pela análise dos dados, emergiram as seguintes categorias temáticas: A importância da presença da família; Interferência da família nos cuidados de enfermagem à criança; e O diálogo entre a enfermeira e a família. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Tecnologia e Ciência de Salvador-Bahia, com o protocolo nº 01.723-2009. Com o objetivo de preservar o anonimato dos entrevistados, utilizamos os seguintes códigos para identificação de cada uma das entrevistadas: E01, E02, E03, E04 e E05. RESULTADOS: Estudar o universo temático das enfermeiras da UTIP junto às famílias das crianças hospitalizadas permitiu compreender aspectos inerentes e, muitas vezes velados, da prática de enfermagem num ambiente essencialmente tecnicista. As enfermeiras evidenciaram ser importante a presença da família em período integral na unidade, considerando que isso ameniza o impacto causado pela hospitalização na criança, principalmente no momento da realização de procedimentos mais dolorosos. A família dever ser inserida na perspectiva do cuidar, recebendo também cuidado e proteção e participando do conjunto da assistência em pediatria. Sendo assim, a sintonia na relação família e equipe será construída com mais facilidade(4). A abordagem de cuidado centrado na família configura esta ultima como uma peça fundamental do cuidado da criança e da experiência da doença. Esta pesquisa evidencia que a enfermeira utiliza estratégias para ter a família como parceira no cuidado à criança, estimulando-a a realizar cuidados básicos, como troca de fraldas, ajudar no banho. Ao mesmo tempo em que a presença dos pais na UTI é enfatizada como um fator benéfico para o bem-estar da criança e da família, a enfermeira, ao lidar com a presença desses familiares, se depara com uma excelente oportunidade de aproximação e estreitamentos de laços de confiança, fatores indispensáveis para a promoção do cuidar. Assim, existe uma preocupação e um movimento da enfermeira na busca da confiança da família(5). Identificou-se ainda que o diálogo é um importante instrumento no processo de inserção da família no cuidado à criança internada, bem como é utilizado no primeiro contato da enfermeira com a família durante a admissão da criança na UTIP permanecendo por todo o período de hospitalização. Vale ressaltar que essa estratégia permite um estreitamento de laços entre o enfermeiro e a família, respeitando-se as devidas posições de cada um. Ainda, considera-se que a promoção do cuidado no modelo holístico envolva necessidades bio- psico-sócio-espiritual e perpassa por um processo de comunicação eficiente entre enfermeiro- família(6). Desta forma, pode-se afirmar que as enfermeiras entrevistadas vêem a família como um agente facilitador e de auxílio durante a prestação dos cuidados de enfermagem. Isso é primordial no que diz respeito a inserção da família no cuidado, com o objetivo de contribuir para a melhor aceitação da criança do seu processo patológico e do seu equilíbrio emocional. A presença da família junto à criança hospitalizada é de suma importância; pois este período pode fortalecer os laços de afeto entre pais e filhos, bem como garantir a continuidade do acompanhamento do processo de crescimento e desenvolvimento da criança. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Observou-se que há uma aceitação positiva dos enfermeiros frente à família, através do uso de estratégias de inserção da mesma no cuidado. Não obstante, pode-se encontrar a interferência negativa do acompanhante familiar. Evidenciou-se que o tipo de interferência do familiar no cuidado à criança depende do acolhimento que recebe na unidade, potencializando sua colaboração na assistência infantil. Ressalta-se que é essencial que o enfermeiro insira o familiar como colaborador no cuidado da criança enferma, de modo que esta medida diminua a ansiedade tanto da criança hospitalizada quanto de seus familiares. Inserir a família significa permitir que ela participe ativamente da assistência à criança, de modo que o enfermeiro possibilite um maior vínculo entre a criança e a família, através da comunicação ativa entre os mesmos. Esta comunicação deverá contribuir para otimizar o cuidar

do ponto de vista do modelo holístico de assistência, que é garantido por meio do processo de humanização. Sugerimos que haja uma padronização, por meio de protocolos internos nas UTIPs, de estratégias de inserção do familiar, baseado na excelência, humanização e qualidade, a fim de otimizar assistência de enfermagem à família e conseqüentemente favorecer de forma indireta a qualificação do cuidado à criança.

PALAVRAS-CHAVE: Relações Profissional-família. Criança Hospitalizada. Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica

REFERENCIAS

1.Hockenberry MJ, Wilson D, Winkelstein ML. Wong Fundamentos de enfermagem pediátrica. 7ª. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier: 2006.

2.Dias S, Motta M. Knowledge and practice on the nursing care for hospitalized child. Ciência, Cuidado e Saúde. [on-line]. 2004. [citado em 05 Julho2010]; vol 03, n 01. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/5515/3507.

3.Bardin L. Análise de conteúdo. 70 Ed. Lisboa: 1977.

4.Collet N, Rocha SMM. Criança hospitalizada: mãe e enfermagem compartilhando o cuidado. Revista Latino-Americana de Enfermagem. [on-line]. 2004. Mar./apr. [citado em 02 set. 2010]. Vol. 12, n. 2. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 11692004000200007.

5.Pauli MC, Bousso RS. Crenças que permeiam a humanização da assistência em unidade de terapia intensiva pediátrica. Rev. Latino-Am. Enfermagem. [on-line]. 2003. Jun. [citado 2011 Jul 03]; 11(3): 280-286. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 11692003000300003&lng=pt.

6.Oriá MOB, Moraes LMP,Victor JF. A comunicação como instrumento do enfermeiro para o cuidado emocional do cliente hospitalizado. Revista Eletrônica de Enfermagem. [on-line]. 2004.

[citado em 23 abr 2010]; v.6; n.2. Disponível

A FAMÍLIA NO CONTEXTO DA DOENÇA GENÉTICA DIAGNOSTICADA PELA

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