Bruna Sodré Simon1 Maria Denise Schimith2 Raquel Pötter Garcia3 Maria de Lourdes Denardin Budó4 Lucilene Gama Paes5 Celso Leonel Silveira6 INTRODUÇÃO: Vários motivos podem ocasionar a necessidade da confecção de uma estomia, dentre as principais causas se destacam as neoplasias, os traumatismos, e as doenças inflamatórias e as congênitas(1). Essa confecção proporciona várias mudanças no modo de viver do indivíduo submetido a esse procedimento. Nesta perspectiva, a assistência as pessoas que convivem com estomias precisa estar direcionada ao levantamento das necessidades e singularidades de cada sujeito, a fim de realizar uma consignação de ajuda profissional que seja satisfatória e apropriada para promover a reabilitação, melhorar a qualidade de vida, e buscar o autocuidado ou o cuidado compartilhado em que tanto o indivíduo com estomia e sua família sejam sujeitos ativos e co- participes na tomada de decisões(2). Apesar das pessoas estomizadas possuírem características comuns, apresentam necessidades e reações diversificadas frente a essa nova etapa da vida, o que altera o cotidiano de vida não somente dele, mas também de seus familiares e outras pessoas de seu convívio social. No entanto, mesmo a família sendo afetada pelas modificações do estoma, ela oferta apoio ao estomizado, no intuito de enfrentar essas alterações, atuando como coadjuvante na reabilitação e adaptação para as transformações que a estomia proporciona(3). Assim, se faz necessário destacar a família frente o processo de adoecimento da pessoa com estomia, uma vez que essa pode atuar na formulação das práticas dos profissionais e na adaptação do (con)viver estomizada. OBJETIVO: Esse trabalho tem por objetivo relatar a importância da família frente o apoio prestado ao sujeito no processo de viver/ser estomizado. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência desenvolvido a partir das vivências dos Estágios Supervisionado I e II realizados durante o sétimo e oitavo semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Serviço de Assistência à Pessoa Estomizada
1Acadêmica do 8º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Bolsista do Fundo de Incentivo a Pesquisa (FIPE)/UFSM 2011. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem (UFSM). E-mail: bru.simon@hotmail.com
2Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós Graduação em Enfermagem (PPGEnf)/Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutoranda em Enfermagem pelo Doutorado Interinstitucional (DINTER/UNIFESP/EEAA/UFSM). Professora assistente do Departamento de Enfermagem da UFSM. E-mail: ma.denise@yahoo.com.br
3Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo PPGEnf/UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem (UFSM). E-mail: raquelpotter_@hotmail.com
4Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Associada do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem (PPGEnf) da UFSM. Membro de Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem (UFSM). E-mail: lourdesdenardin@gmail.com
5Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Cruz Alta – RS. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem (PPGEnf) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: lucilenepaes@yahoo.com.br
6 Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem pelo PPGEnf/UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem (UFSM). E-mail: ccilveira@hotmail.com
pertencente à Secretaria Municipal de Saúde do município de Santa Maria no Rio Grande do Sul/Brasil. Os estágios ocorreram no período de agosto a dezembro de 2010 e de abril a junho de 2011. RESULTADOS: Durante os estágios observou-se que a confecção de uma estomia gera alterações e modificações nos aspectos psicológicos, econômicos e sociais dos indivíduos estomizados e sua família. No entanto, percebeu-se que a família pode amenizar essas modificações, pois ela atua como principal agente de cuidado para o estomizado, além se ser quem permanecerá com ele na maior parte do processo de confecção, aceitação e reabilitação da estomia. Percebeu-se que quando um indivíduo estomizado obtinha alta hospitalar e necessitava realizar o cadastramento no programa de recebimento das bolsas coletoras e dos dispositivos, na maior parte das vezes quem se deslocava até o Setor de Assistência ao Estomizado para efetuar o cadastramento, era algum membro da família. Quando questionado o motivo de que o sujeito com estomia não teria realizado o próprio cadastro, as respostas eram de que ele não estava se sentido encorajado para sair de casa e que ainda estava debilitado pela cirurgia. Identifica-se, com a vinda do familiar ao setor, uma importante atuação da família no que diz respeito ao cuidado ao estomizado. Notou-se também, durante os estágios, que o familiar aproveitava a ida ao serviço de referência para suprir suas dúvidas, buscar apoio e orientações de como melhorar o cuidado prestado no domicílio. Com o passar do tempo, os familiares encorajam os estomizados para frequentarem o serviço de assistência e o grupo de apoio aos estomizados. Muitos familiares participam dos grupos com intuito de estimular seu ente, compartilhar vivências e experiências com outros indivíduos, dividir angústias e buscar novas alternativas de enfrentamento para essa fase de vida. Além disso, observou-se que a família é estimuladora do convívio social, fazendo com que essa fase na vida do estomizado não restrinja sua participação na sociedade e ambiente de trabalho. Identificou-se ainda que a família por conhecer melhor o indivíduo com estomia torna-se informante para os profissionais de saúde, pois com seu auxílio foi possível conhecer o contexto dos indivíduos e assim formular ações de assistência de acordo com as necessidades referidas. Assim, destaca-se que as estratégias de atenção durante os estágios foram estabelecidas em conjunto com o estomizado e a família, tornando essa aliada no processo de delineamento e execução dos cuidados. O familiar tem papel fundamental, devendo este ser considerado membro da equipe assistencial, uma vez que permite a continuidade do cuidado e vivencia diariamente todas as necessidades dos doentes(4). No entanto, a mesma família que cuida também necessita receber cuidados, sobretudo, apoio frente às adversidades que podem surgir pela doença. É fundamental a identificação de dificuldades e facilidades que envolvem o cuidado, pois cabe aos profissionais de saúde capacitar os familiares, a fim de reduzir suas inquietações(5). Com a realização desses estágios, detectou-se que a enfermagem apresenta destaque nesse cenário, diante de uma assistência pautada a partir do relato das necessidades do indivíduo com estomia e sua família, e da identificação das particularidades dos envolvidos, possibilitando uma melhor qualidade de vida e a criação de vínculo e confiabilidade entre o profissional, o indivíduo e a família. Cada família enfrenta o processo de cuidado e enfrentamento da estomia de maneira singular, e essa singularidade necessita ser detectada pelos profissionais, a fim de que se possa auxiliá-los na colaboração com o sujeito com estomia. Pois em casos que a família apresenta certa resistência ao vivenciar estas experiências, a pessoa com estomia possui maior dificuldade de aceitação e reabilitação do (con)viver estomizado. CONCLUSÃO/IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: As vivências oportunizadas pelos estágios permitiram a reflexão de que não é somente o profissional de saúde quem oferta cuidado ao indivíduo com estomia. A família também exerce este papel, o qual possui destaque neste contexto. Essa, por meio do contato direto e diário com os estomizados atua como apoiadora durante as várias etapas, perpassando pela confecção da estomia até a reabilitação. Sabe-se que o processo de (con)viver com estomia ocasiona uma série de mudanças no contexto familiar, essas no entanto, com a apoio da família podem ser amenizadas.
Cabe ressaltar que os profissionais de saúde, em especial os da enfermagem, devem perceber quão necessária e ativa é a participação da família no cuidado ao indivíduo com estomia, identificando as particularidades de cada família, e desenvolvendo estratégias que promovam o cuidado e atenção para todo núcleo familiar. Com isso, torna-se possível proporcionar um cuidado de melhor qualidade e que esteja de acordo com o contexto e necessidades de cada pessoa com estomia e sua família. PALAVRAS-CHAVE: Família. Estomia. Cuidados de Enfermagem.
REFERÊNCIAS
1- Gemelli LMG, Zago MMF. A interpretação do cuidado com o ostomizado na visão do enfermeiro: um estudo de caso. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2002; 10(1): 34-40.
2- Santos VLCG. Fundamentação teórico-metodológica da assistência aos ostomizados na área da saúde do adulto. Revista Escola de Enfermagem USP. 2000; 34(1): 59-63.
3- Brum CN, Sodré BS, Prevedello PV, Quinhones SWM. O processo de viver dos pacientes adultos com ostomias permanentes: uma revisão de literatura. R. Pesq.: Cuid. Fundam. [Online] 2010; 2(4):1253-1263.
4- Ricci NA, Kubota MT, Cordeiro RC. Concordância de observações sobre a capacidade funcional de idosos em assistência domiciliar. Rev. Saude Publica. 2005; 39(4): 655-662.
5- Pedro KS, Marcon SS. Perfil e vivência dos cuidadores informais de doentes crônicos assistidos pelo NEPAAF – Núcleo de estudos, pesquisa, assistência e apoio à família. Online Brazilian Journal of Nursing. 2007; 6(0).
A FAMÍLIA COMO FOCO DE ESFORÇOS EUGENISTAS EM DOIS