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A UTILIZAÇÃO DO ECOMAPA: UMA PRÁTICA DE ENSINO COM A FAMÍLIA *

Bernadette Kreutz Erdtmann1 Kiciosan Bernardi da Silva Galli2 Aline Cunha Fagundes3 Marciane Kessler4 Camila Trevisan Saldanha 5 INTRODUÇÃO: O curso de graduação em enfermagem da UDESC contempla no projeto pedagógico a disciplina de Enfermagem em Saúde Comunitária da 1ª à 6ª fase. Uma das práticas de ensino da disciplina é o acompanhamento à família pelos acadêmicos. Nesta abordagem, que inicia na 1ª fase e segue nas fases seguintes, utiliza-se vários marcos conceituais incluindo o ecomapa para a compreensão da configuração do mundo familial. O ecomapa é uma representação gráfica que permite visualizar as redes de apoio, os estressores e os relacionamentos afetivos de cada membro da família acompanhada. Se discute a organização da família, seus componentes e os esforços através das redes de arranjos para o desempenho das práticas cotidianas relevantes ao bem estar do grupo familial. Nesta linha de pensamento resgata-se os princípios da integralidade e da intersetoriedade para análise das configurações expressas no ecomapa. Nas diretrizes do SUS a integralidade é definida como sendo as ações e serviços públicos de saúde focados principalmente no contexto da assistência continuada e articulada com todas as instância dos serviços de saúde(1). Aprofundando a reflexão sobre integralidade(2). O pensamento sistêmico leva a perceber a dinâmica dos eventos interelacionados ao considerar que nenhuma propriedade está isolada. Assim, ao abordar o principio da integralidade para sustentar a discussão do viver da família, os acadêmicos são estimulados a reconhecer as relações de organização cujos elementos não se encontram separados em partes, e sim num todo repercutindo uns com e sobre os outros. A visão integral proporciona identificar e buscar os recursos disponíveis na comunidade, para tal fato ocorrer é necessário o reconhecimento da intersetorialidade no planejamento das ações de saúde à família. O compromisso na articulação das ações intersetoriais é o de poder trabalhar conjuntamente com outras áreas o que possibilita a interação de outros serviços complementares à assistência de saúde adequada à população(1). O pensamento sistêmico mostra que os diversos sistemas devem ser compreendidos em sua totalidade resultado das relações entre as partes (2). Assim, a forma sistêmica da produção de cuidado deve ser integral e intersetorial ao considerar que ambas fazem partes de um mesmo sistema de cuidado à família. O marco conceitual de família e cuidado familial que sustenta as discussões na

* Metodologia de ensino utilizada na disciplina de Enfermagem em Saúde Comunitária.

1 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. E- mail: bernadette@udesc.br.

2 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Email: kiciosan@yahoo.com.br.

3 Discente do curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina. Monitora da disciplina de Enfermagem em Saúde Comunitária. E mail: annynne@hotmail.com

4 Discente do curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina. Monitora da disciplina de Enfermagem em Saúde Comunitária. E mail camila_tgremio@hotmail.com

disciplina define: “família como um sistema de saúde para seus membros, sistema este do qual fazem parte um modelo explicativo de saúde – doença, ou seja, um conjunto de valores, crenças, conhecimentos e práticas que guiam as ações da família na promoção da saúde de seus membros, na prevenção e no tratamento das doenças. Este sistema inclui ainda um processo de cuidar no qual a família supervisiona o estado de saúde de seus membros, toma decisões quanto aos caminhos que deve seguir nos casos de queixas ou sinais de mal-estar, acompanha e avalia constantemente a saúde e a doença de seus integrantes, pedindo auxílio a seus significantes e/ou profissionais. O sistema familial de saúde está inserido num contexto sociocultural que inclui os sistemas profissionais e popular de cuidado, com os quais faz trocas, influenciando e sendo influenciados por eles. O cuidado familial acontece através das ações e interações presentes na vida de cada grupo familial e corresponde a cada membro da família, podendo ser individual ou coletivo como um todo ou em parte, objetivando seu crescimento, desenvolvimento, saúde e bem - estar, realização pessoal, inserção e contribuição social. Acontece nas convivência, nas reflexões e interpretações que surgem no processo de interação. O cuidado familial como inclusão busca a inserção de cada um de seus membros no grupo familiar e na comunidade em que vive, incluindo os sistemas de serviços à saúde” (4). È com esse pensamento crítico que se organiza o acompanhamento à família na disciplina de Enfermagem em Saúde Comunitária cujo objetivo geral é o de inserir o futuro enfermeiro no mundo familial e sensibilizar para a prática de enfermagem fundamentada em referenciais teóricos/filosóficos na abordagem com as famílias, e o objetivo específico é a confecção do ecomapa para obter uma leitura da dinâmica familial e os laços afetivos que influenciam no viver saudável da família. METODOLOGIA: Na 1ª fase é formado o grupo de no máximo quatro acadêmicos e lhes é atribuído uma família para o acompanhamento. Nesta fase é confeccionado o genograma da família. Na 2ª fase, tendo a genograma como elemento central é confeccionado o ecomapa, resultante das dados e observações colhidas nos acompanhamentos anteriores e atuais. A utilização e atualização do ecomapa acontece nas fases subsequentes. Para a confecção do ecomapa utiliza-se o referencial da Ministério da Saúde(3). através de linhas, identificam as relações entre os membros: três linhas – relação próxima; linha pontilhada – ligações frágeis; linha entrecortada por um ponto – ligações distantes; linha com barras transversais – ligações estressantes. RESULTADOS: Mantem-se os prontuários das famílias nas dependências do curso de enfermagem/UDESC. Desde o inicio em 2004 até junho de 2011 existe 163 prontuários cadastrados. Todos contendo o genograma e o ecomapa da família. Através das avaliações com os acadêmicos há o reconhecimento da importância da utilização do ecomapa. Referem que facilita a leitura, a visão mais completa das relações afetivas da família e como isso interfere no cotidiano do viver saudável da mesma. CONCLUSÃO: com a associação do genograma e o ecomapa, o acadêmico pode observar de forma rápida e simples, a composição familial e as relações entre os membros desta família e com a rede de apoio comunitário. Além disso, compreende com mais clareza os princípios da integralidade e intersetorialidade preconizadas pelo SUS e consegue tecer críticas fundamentadas em outros referenciais entre estes os da teoria sistêmica na organização dos serviços de saúde. Merece igualmente ser registrado, que muitos destes acadêmicos em seus trabalhos de conclusão de curso usam o ecomapa como um elemento textual. Outro destaque é o do registro acadêmico das atividades desenvolvidas na prática ensino/assistência o que configura como um alerta aos futuros enfermeiros sobre a importância de tal atitude na práxis profissional. Ao estimular o acadêmico de enfermagem desde o inicio de sua formação para o processo de trabalho, observando o princípio de complexidade crescente, estar-se-á desenvolvendo as competências para um olhar e agir fundamentado em referenciais teóricos filosóficos, marcos conceituais sobre família e cuidado familial. Enfim, o ecomapa propicia uma leitura dinâmica e atual da configuração da família, seus laços afetivos, incluindo os conflitos que merecem atenção dos profissionais da saúde, sendo assim, fornece subsídios para a prescrição de enfermagem. O ecomapa ainda nos fornece a compreensão sobre sentimento de pertença de cada membro em

relação a sua família e da família com as redes sociais comunitários. Ensinar o acadêmico a entender o mundo familial através do desenho do ecomapa gera reflexões de grupo pertinentes ao fazer, saber e sentir a enfermagem.

REFERÊNCIAS

1. Ministério da Saúde. Dialogando sobre o Pacto pela Saúde. Brasília, 2006. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/dialogando_sobre_pacto_pela_saude_.pdf. Acesso em 19de junho de 2011.

2. Fritjof C. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: CULTRIX, 1996.

3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília, Ministério da Saúde, 2006, pg. 174. 4. Elsen, I. Cuidado familial: uma proposta inicial de sistematização conceitual. In ELSEN, I, MARCON, S.S. SILVA, M.R.S. O viver em família e sua interface com a saúde e a doença. 2ªed revisada e ampliada. Maringá/Pr:UEM, 2004, pg20 - 26.

A VISÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE A PARTICIPAÇÃO

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