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A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE MORRER DO PACIENTE ONCOLÓGICO NO CONTEXTO HOSPITALAR

Franciele Roberta Cordeiro1 Margrid Beuter2 Camila Castro Roso3 Vera Cristina dos Santos4 Greice Roberta Predebon5 Júlia Heinz da Silva6 INTRODUÇÃO: A família constituiu-se de um núcleo que apresenta formas peculiares determinantes na sua organização, bem como delimitam o papel de cada integrante que a constitui. A dinâmica familiar sofre alterações na sua configuração, quando um de seus membros é acometido por uma doença(1). Frente ao diagnóstico de uma neoplasia a reação da família, muitas vezes é de desespero e impotência, devido à associação que esta doença tem com a morte. Dessa forma, emergem sentimentos de tristeza, medo, angústia, esperança e negação da doença por parte dos integrantes do núcleo familiar. No momento que a doença evolui para o diagnóstico fora de possibilidade de cura, o medo frente à morte passa a estar mais presente, limitando as expectativas e diminuindo a esperança do paciente e de sua família. A família busca meios para ajudar na vivência do processo de morrer do paciente tornando esta etapa menos dolorosa possível(1). OBJETIVO: Este trabalho tem o objetivo de descrever a participação da família durante o processo de morrer do paciente oncológico com diagnóstico fora de possibilidade de cura no contexto hospitalar. METODOLOGIA: Trata-se de um recorte dos resultados de uma pesquisa referente ao trabalho de conclusão de curso intitulado “Assistência de enfermagem ao paciente oncológico com diagnóstico fora de possibilidade de cura”. A pesquisa desenvolveu-se entre os meses de fevereiro e maio de 2011, após aprovação no Comitê de Ética da Instituição sob registro no CAAE n° 0334.0.243.000-10. Participaram do estudo três enfermeiras e duas técnicas de enfermagem da área hemato-oncológica de um hospital público de ensino, do sul do país. Para a obtenção dos dados utilizou-se o Método Criativo e Sensível (MCS) que ocorre por meio de dinâmicas em grupo. A análise do material obtido se deu a partir do referencial da análise de discurso francesa. RESULTADOS: Ao se reportar a família do paciente oncológico em processo de morrer a equipe ressaltou situações relevantes para o cuidado de enfermagem hospitalar. Entre estas situações a conversa com a família sobre os aspectos relacionados à doença e seu

1 Acadêmica do 8° semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Integrante do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. Bolsista PET-Saúde.

2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ). Professora Adjunto do Departamento de Enfermagem e do PPGEnf da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Integrante do Grupo de Pesquisa, Cuidado, Saúde e Enfermagem. margridbeuter@gmail.com.

3 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem do PPGEnf da UFSM. Integrante do Grupo de Pesquisa, Cuidado, Saúde e Enfermagem. camilaroso@yahoo.com.br

4 Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Integrante do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. veracsantos@yahoo.com.br

5 Enfermeira. Especializanda em Terapia Intensiva com Ênfase em Oncologia e Infecção Hospitalar da

UNIFRA/RS. Integrante do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. greiceroberta@yahoo.com.br

6 Acadêmica do 3° semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. Integrante do grupo de pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. juheinz@hotmail.com.br

prognóstico foi considerada importante, pois ajuda a equipe de saúde a compreender a situação vivenciada pela família auxiliando-a no processo de tomada de decisões(2). A presença da família durante o processo de morrer é indispensável quando se trata de determinados grupos, como crianças, adolescentes, idosos e pessoas portadoras de necessidades especiais devido à falta de autonomia e pelas suas condições de vulnerabilidade física e social, frente às medidas terapêuticas adotadas. As participantes do estudo afirmaram que a família deve estar junto do paciente com diagnóstico fora de possibilidades de cura, durante a internação devido às questões psicológicas e emocionais envolvidas no processo de morrer, bem como pelos aspectos éticos e legais que envolvem este momento. Nesse sentido, as profissionais de enfermagem entendem que desempenham papel primordial atuando como mediadores entre pacientes e familiares sobre as questões relativas ao morrer. Entretanto, estudo aponta a dificuldade enfrentada pelos profissionais, sejam médicos ou enfermeiros quando a questão é o relacionamento com a família, principalmente quando é necessário dar “más notícias”(2). As participantes do estudo evidenciaram a necessidade de incluir a família no plano de cuidados desenvolvido pela equipe de enfermagem. Para elas, os profissionais devem estar atentos aos familiares, direta ou indiretamente envolvidos no cuidado, buscando alternativas que minimizem o desgaste físico e psicológico inerente do processo de morte/morrer. Elas destacaram ainda que a família deve estar presente no momento final da vida do paciente apoiando-os, com gestos, olhares, palavras ou apenas com um simples toque que demonstre carinho e respeito pela pessoa que está falecendo. Assim, o melhor conforto que se pode proporcionar aos familiares é partilhar os sentimentos antes que a morte chegue, permitindo-os vivenciar os últimos instantes de vida da pessoa doente, com menos sofrimento e de forma intensa(3). Nesse cenário, frente à morte iminente, a família torna-se o foco das ações da equipe de saúde. Mostra-se necessário o preparo da família para o doloroso processo de perda representado no luto. A elaboração do luto busca promover uma melhor aceitação do processo de morrer e da morte. Nesse sentido é fundamental entender e discernir o que é considerado o luto normal, do luto patológico para o qual evoluem alguns familiares. O luto pode se apresentar de duas formas: uma na qual há padrão de aceitação enquanto no outra ocorre a instalação do que se conceituou de transtorno do luto prolongado e que é considerado patológico. No luto patológico além dos sinais de tristeza e isolamento, manifestam-se também pensamentos intrusivos sobre a relação rompida pela morte, sentimentos intensos de dor emocional, tristeza ou crises de pesar relacionadas com a morte e a busca pela pessoa morta(2). A atuação do profissional enfermeiro nesse contexto corrobora com a demonstração dos aspectos positivos do processo de morrer contribuindo para a formação de uma nova visão sobre a morte, transformando-a em um evento natural e aceito(4). A equipe de enfermagem deve compreender as necessidades dessas pessoas e ajudar os familiares por meio de orientações que reduzam os sentimentos de culpa, vergonha, medo ou castigo que despertam nessa hora. CONCLUSÃO: A assistência de enfermagem ao paciente oncológico com diagnóstico fora de possibilidade de cura ainda é permeada de tabus e de difícil abordagem. Os discursos revelaram a falta de preparo dos profissionais para trabalharem com o paciente e sua família durante a internação e no momento da morte eminente. Além disso, apesar de demonstrarem o desejo do paciente estar junto da família no momento da morte, as enfermeiras e técnicas de enfermagem participantes do estudo identificaram dificuldades para implementar esse cuidado, devido as limitações da instituição hospitalar que tem normas e rotinas estabelecidas pouco flexíveis. Além de não existir um trabalho no sentido de facilitar a elaboração do luto pelo paciente e a família, seja pelas limitações na comunicação sobre a terminalidade, que perpassam por questões éticas e morais relacionadas à comunicação do

diagnóstico de terminalidade ao paciente, seja pela própria falta de preparo para a atuação nesse sentido, por parte dos profissionais. IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Para as profissionais de enfermagem o contexto exposto demonstra a necessidade de discussões e redefinições em torno da práxis do cuidado no processo de morrer. Percebe-se que, ao não conseguir trabalhar sua própria terminalidade, o profissional de enfermagem dificilmente abordará a morte com o paciente e sua família. Apresenta-se assim, uma demanda de trabalho com a própria equipe, seja por meio de atividades terapêuticas em grupo, como proposto pelas participantes do estudo, ou de forma individual. Mostra-se relevante o desenvolvimento de estratégias que proporcionem conforto e tranquilidade nessa fase, perpassando pelos momentos antecipatórios da morte até a elaboração do luto, pois, assim é possível minimizar o sofrimento e os danos psicoemocionais para o paciente oncológico em processo de morrer e sua família.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem. Morte. Oncologia. REFERÊNCIAS

1.Baston RHSM, Paraiba M. Câncer: uma abordagem psicológica. Porto Alegre: Age; 2008. 2.Souza FS. Cuidados Paliativos: discutindo a vida, a morte e o morrer. São Paulo: Atheneu; 2009.

3.Kübler-Ross E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes; 2008.

4.Menezes RA. Em busca da “boa morte”: uma investigação sócio-antropológica sobre cuidados paliativos. 2004. [tese]. Rio de Janeiro (RJ): Universidade do Estado do Rio de Janeiro-UERJ; 2004.

A PERCEPÇÃO DA FAMÍLIA SOBRE O ACOMPANHAMENTO DE

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