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ARTETERAPIA COMO INSTRUMENTO PARA MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA: POSSIBILIDADES PARA USUÁRIOS E

PROFISSIONAIS*

Elisângela Braga de Azevedo1 Maria de Oliveira Ferreira Filha2 Priscilla Maria de Castro Silva3 Juliana de Oliveira Musse4 INTRODUÇÃO: No Brasil, não diferente de outros países europeus, o modelo psiquiátrico de assistência foi supervalorizado com a criação dos hospitais psiquiátricos, e a internação prolongada gerou consequências graves para a vida dos internos. Além do mais, os maus tratos e a falta de resolutividade levaram este modelo a apresentar sinais de esgotamento. Com a redemocratização política no país, os trabalhadores dos hospitais psiquiátricos, indignados com o descaso com que a psiquiatria tratava os “doentes mentais” começaram a denunciar as péssimas condições às quais eram submetidos os pacientes nesses hospitais, considerados manicômios(1). A Reforma Psiquiátrica possibilitou a efetivação de várias mudanças no âmbito da Saúde Mental Brasileira; assim, novas práticas de cuidados passaram a ser desenvolvidas nos serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, proporcionando inclusão social e a reabilitação psicossocial. Com isso entram em cena novas discussões e novas formas de se pensar a saúde e a doença mental, bem como, sua relação com a sociedade. Os debates pela Reforma Psiquiátrica permeavam também reflexões sobre as relações de trabalho e a prática profissional, com a finalidade de encontrar uma melhoria na qualidade de assistência em saúde mental oferecida(2). Por sua vez, inserem-se nesses serviços substitutivos diversas atividades com enfoque reabilitador e inclusivo como as oficinas terapêuticas e entre elas identifica-se em alguns locais, a práticas de arteterapia. Tais oficinas representam uma tecnologia leve de cuidado utilizada como uma ferramenta terapêutica, que ocorre através de várias formas de expressão, como a pintura, o mosaico, a modelagem, os fantoches, os contos, os adornos(3). OBJETIVOS: Este estudo objetivou identificar práticas inovadoras de inclusão social desenvolvida pela rede de cuidado em saúde mental para pessoas em situação de sofrimento psíquico do município de Campina Grande – PB. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa empírica, descritiva – interpretativa e de abordagem qualitativa. Foi realizada no município de Campina Grande/Paraíba/Brasil. A

*Este artigo é uma reelaboração parcial da dissertação de Mestrado, intitulada: Rede de Cuidado em Saúde Mental: Tecendo Práticas de Inclusão Social no município de Campina Grande, PB. Vinculado ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade da Paraíba - UFPB.

1 Doutoranda em enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual da Paraíba e da Faculdade de Ciências Médicas. João Pessoa (PB). Brasil. E-mail: elisaaz@terra.com.br. Endereço: Pedro Soares da Silva, 55, Catolé. CEP: 58411-150. Campina Grande, Paraíba.

2 Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará. Professora Adjunto IV da Universidade Federal da Paraíba. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental Comunitária da UFPB. João Pessoa (PB). Brasil. E-mail: marfilha@yahoo.com.br

3 Mestranda do Programa de pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Campina Grande - PB. João Pessoa (PB). Brasil. E- mail: priscillamcs@hotmail.com

4 Enfermeira Graduada pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL. Participante do Grupo de Estudo e Pesquisa em Saúde Mental Comunitária – UFPB. E-mail: julimusse@hotmail.com

pesquisa envolveu 19 profissionais que atuam na rede de atenção a saúde mental, escolhidos intencionalmente, porém, como este artigo configura-se um recorte da dissertação de mestrado, intitulada: Rede de Cuidado em Saúde Mental: Tecendo Práticas de Inclusão Social no município de Campina Grande - PB, a prática aqui descrita, foi relatada por um profissional. A coleta do material empírico ocorreu entre os meses de junho a julho de 2010 e utilizou como instrumento um roteiro de entrevista semiestruturada. A análise do material empírico ocorreu através da técnica de análise de conteúdo tipo categorial temática, tendo a pesquisa sido desenvolvida de acordo com os aspectos éticos da pesquisa, envolvendo seres humanos recomendados pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que aborda os deveres e direitos do pesquisador e sujeitos. Por se tratar de um estudo envolvendo seres humanos, a pesquisa foi submetida à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) que emitiu parecer favorável em 01/07/2010, segundo protocolo CEP/ HULW nº 264/10. RESULTADOS: A Análise do material empírico possibilitou a construção de duas categorias temáticas: Arteterapia com Profissionais – Projeto Cuidando de quem Cuida e Arteterapia com Usuário. O desenvolvimento da arteterapia com os profissionais teve a intenção de elucidar um trabalho que possibilitasse cuidar dos profissionais que atuam na saúde mental do município, uma vez que estes muitas vezes são esquecidos, e por trabalharem com uma intensa sobrecarga psíquica, necessitam de cuidados. Assim, a arteterapia demonstrou ser uma importante ferramenta no processo de exteriorização dos sentimentos. Essa ação possibilitou uma melhor interação desses com os usuários, melhorou também sua autoestima, o autoconhecimento dos profissionais e consequentemente, uma melhor relação desses com seu grupo familiar. Logo, percebe-se que procurar transformar sentimentos em arte, favorece uma transformação subjetiva, haja vista que, ao conseguir transpor através das oficinas as emoções sentidas, promoveu-se a própria (re) significação de uma expressão que estava escondida nos seus participantes e que por muito tempo não foram externalizadas(2). Por outro lado, os resultados da aplicabilidade da arteterapia com os usuários apontaram a arteterapia como uma porta de auxilio ao usuário para explorar, descobrir e compreender ideias e sentimentos, melhorando sua autoestima e relações interpessoais e familiares, diminuindo suas ansiedades, afastando seus medos e melhorando sua qualidade de vida, isto porque a prática é permeada por momentos de escuta, de resgate daquilo que é bom e, consequentemente, de tratamento interior. O fato das oficinas estarem sendo desenvolvidas com pessoas em sofrimentos psíquicos graves e, controlados, moradores das residências terapêuticas, revela-nos os avanços no processo de inclusão que a rede de cuidado em saúde mental vem desenvolvendo. Trata-se de uma prática extra CAPS e extra residências, cujo maior objetivo é a promoção da cidadania, da cultura, da inserção social e familiar para esses portadores de sofrimento psíquico. Corroborando com esses achados, pesquisadores revelam que historicamente a arte tem demonstrado ser um canal para expressar a emoção e a alma. Todas as formas de expressão têm servido de condução para exteriorizar as mais diversas emoções dos seus participantes e defensores. A arteterapia trabalha com o processo criativo, como um caminho revelador e inspirador que nos ajuda a entrar em contato com a possibilidade abundante e generosa de acreditar, desafiar, reconstruir, criar e expressar as emoções, sentimentos e imagens que trazemos dentro de nós. Devido às possibilidades de criatividade proporcionadas na atualidade, esta prática tornou-se um elemento facilitador na assistência oferecida nos atuais serviços de saúde do nosso país(2). CONCLUSÕES: Desse modo, percebeu-se que a arteterapia é uma ferramenta de cuidado que favorece o desenvolvimento de práticas inclusivas na saúde mental, sendo também, uma estratégia para reinserção social dos indivíduos, tanto na sociedade quanto na familia, visto

que, esta tem possibilitado que tanto o usuário em sofrimento psíquico quanto os profissionais encontrem através da arte, a expressão de vários sentimentos, a liberdade de expressão, sustém sua autonomia criativa, estende o seu conhecimento sobre o mundo, proporcionando desenvolvimento emocional e social. Como contribuição para enfermagem, vimos que a enfermagem precisa se apropriar dessa tecnologia de cuidado, haja visto que ele representa um dos profissionais essenciais nessa equipe interdisciplinar e tem habilidades e capacidade técnicas de desenvolver tais práticas desde que realize capacitação para tal. Diante desses avanços sentimo-nos na obrigação de divulgar os progressos que estão acontecendo no município de Campina Grande/ Paraíba/ Brasil, evidenciados através das práticas que as equipes da rede de serviços de saúde mental estão desenvolvendo, ainda que existam obstáculos a serem vencidos.

PALAVRAS-CHAVE: Serviços de Saúde. Saúde Mental. Qualidade de Vida. REFERENCIAS

1. Jorge MAS; Alencar PSS; Belmonte PR; Reis VLM. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (org.) Textos de Apoio em Saúde Mental. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ: 2003. 2. Amarante P. Loucos pela vida: A trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil. 2ª ed. rev e amp. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2001.

3. Puffal DC; Wosiack, R.M.R.; Becker J.R.D.B. (2009). Arteterapia: favorecendo a auto- percepção na terceira idade. RBCEH. [online]. 2010 jan-abr. [citado em set. 2010. 6 (1):136- 145]. Disponível em: http://www.upf.tche.br/seer/index.php/rbceh/article/viewFile/161/487.

AS DIFICULDADES NA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE MENTAL

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