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A VISÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO TRATAMENTO ONCOLÓGICO

Eda Schwartz1 Adriana Vicenzi2 Aline da Costa Viegas3 Bianca Pozza dos Santos4

Raquel Heling Reis5 Sandê de Lima Ribeiro6 INTRODUÇÃO: O surgimento de uma doença inesperada e que tem um estigma muito forte em relação à morte, como o câncer, altera a estrutura de vida do paciente e da família, gerando dúvidas, medos, anseios e expectativas em relação a essa nova situação. Com isso, surge a necessidade da equipe de enfermagem envolver também a família no cuidado e dar uma atenção a ambos para que a assistência se torne humanizada e de qualidade. Sabe-se que o câncer é estimado como uma das piores doenças, tornando-se muito temida, pois idealiza ao risco eminente de morte, além da rotina de tratamentos agressivos e mutilantes. Quando o câncer afeta o paciente, ele fragiliza a estrutura familiar, havendo necessidade de compreensão, de modo, a considerar os fatores emocionais e culturais, para enfrentar essa condição crônica. Nesse sentido, é importante atentar a família a fim de não só reorganizar, mas também atender as necessidades cotidianas e os cuidados com o paciente1. Além disso, na área da saúde, a família, na maioria das vezes, é a primeira e mais estável unidade de saúde para seus membros, sendo um sistema cultural de cuidado à saúde, diferente e complementar ao cuidado profissional². A equipe de enfermagem deve perceber a família e o paciente como um todo, sendo que a prestação de cuidados é necessária a ambos de maneira simultânea3. OBJETIVO: Este estudo objetiva mostrar a visão da enfermagem à família no cuidado com um paciente oncológico. METODOLOGIA: O presente estudo possui uma abordagem qualitativa, de caráter descritivo e exploratório, sendo realizado em uma unidade de oncologia ambulatorial de um hospital de grande porte, situado em uma cidade do norte do estado do Rio Grande do Sul. Os sujeitos do estudo foram seis profissionais da equipe de enfermagem, entre esses, dois enfermeiros e quatro técnicos de enfermagem, que trabalhavam na referida unidade. A fim de manter o anonimato, os mesmos foram identificados pelas iniciais da sua categoria profissional,

1 Enfermeira, Doutora em Enfermagem pela UFSC. Docente da Faculdade de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPel, Pesquisadora do NUCCRIN. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E - mail: eschwartz@terra.com.br

2 Enfermeira, Enfermeira do Laboratório de Oncologia de Passo Fundo. Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil. Email: adrianavicenzi@hotmail.com.

3 Acadêmica do 9º semestre da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Membro do NUCCRIN. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: alinecviegas@hotmail.com.

4 Acadêmica do 9º semestre da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq, Membro do NUCCRIN. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: bi.santos@bol.com.br.

5 Acadêmica do 8º semestre da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Membro do NUCCRIN. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Bolsista PROBEC. E-mail: raquelheling@yahoo.com.br.

6 Acadêmica do 6º semestre da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Membro do NUCCRIN. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Bolsista PROBEC. E-mail: sande-ribeiro@hotmail.com.

como exemplo: TM1 (técnico de enfermagem observado, entrevistado no turno da manhã e por ordem da entrevista). Manteve-se os preceitos éticos da Resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que trata da pesquisa envolvendo seres humanos. A pesquisa também obteve parecer favorável do Comitê de Ética da Universidade de Passo Fundo sob o número 097/2008. Aos sujeitos foi garantido o direito de recusa ou desistência durante qualquer momento da investigação. Também foram respeitados os valores morais, culturais, éticos e espirituais dos participantes, sem julgamentos por parte da pesquisadora, através do Consentimento Livre e Esclarecido. Dessa maneira, o termo foi assinado pelos sujeitos que se dispuseram em participar da pesquisa. Os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada, com questões abertas, as quais foram agendadas e realizadas em um dos consultórios da unidade. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra. RESULTADOS: As falas abaixo demonstram as maneiras da equipe de enfermagem perceber e entender a participação dos familiares em relação ao cuida do dispensado aos pacientes acometidos pelo câncer. “A família, na maioria das vezes, participa do processo de doença do paciente, acompanhando ele nas consultas, durante o tratamento de quimioterapia, em casa, nos exames, eles têm participação bastante importante no cuidado domiciliar em administrar medicamentos, cuidar curativos, dietas por sonda, porque muitos dos pacientes com câncer acabam se tornando debilitados de tal forma que não conseguem ter por completo o autocuidado [...] (E2). Olha é muito importante o familiar acompanhar e estar junto, pois às vezes há conflito em casa, então você fala, explica para ela e se o marido está junto ou alguém da família, eles vão saber melhor como agir em casa e talvez não vão questionar muito o problema da doença [...]” (TT2). A família une-se em torno da situação de doença de seu membro para prestar solidariedade e poder acompanhar o desenvolvimento dessa nova etapa que estão passando. Na colocação de E2, fica evidenciado que a família é fonte de apoio e segurança ao paciente, presente em todo o processo de doença, com uma participação bem importante no cuidado domiciliar. Além disso, ela deixa claro que ao mesmo tempo em que considera indispensável e significativa a presença da família no auxílio ao doente, a equipe procura trazer e integrar os familiares para o cuidado. Na fala de TT2, à medida que a família encontra-se presente, terá conhecimento acerca do que se passa com a saúde de seu familiar e, no domicílio poderá prestar uma ajuda adequada, pois acompanhou, recebeu orientação e observou o modo de agir. A equipe de enfermagem compreende como a família está vivenciando essa nova realidade, as adaptações que estão ocorrendo em torno da doença. A presença da família influencia de forma positiva na recuperação da saúde dos indivíduos acometidos pela doença, tanto pela transmissão de afeto e apoio, quanto pelo estímulo ao cuidado e percepção de complicações recentes, também a torna mais tranquila para desempenhar o cuidado em seu domicílio. “Eu acho muito importante o acompanhamento do familiar, o paciente se sente protegido em ter alguém ali que está acompanhando naquele momento de dor, [...] ele vai ficar deprimido, com a imunidade baixa, com depressão, então procuramos orientar o familiar que sempre venha junto, participe, que esteja em casa 24 horas atento ao paciente [...] (TT1). Importante porque se tu tens um apoio em casa, o paciente reage melhor. Nós vemos às vezes os pacientes que vem com problema em casa, entram em depressão, não tem apoio em casa, ficam para baixo, aí o tratamento não rende” (TM1). De acordo com estas falas, vê-se que a equipe de enfermagem entende a família como uma proteção e auxílio na recuperação da saúde do paciente e, que muitas vezes, acaba ajudando a equipe no tratamento, revelando situações

vivenciadas pelo doente que acabam auxiliando na conduta de uma melhor assistência a ser desenvolvida. Na fala de TT1, a família é compreendida como cuidadora, pois recebe orientação por parte da equipe, serve como suporte de ajuda e é nela que o paciente encontra afeto, segurança e atenção. Nesse mesmo contexto, TM1 estabelece em sua colocação que a equipe busca se inteirar da maneira como se encontra a família em vista dessa nova situação de doença, o impacto gerado pela mesma relaciona a progressão do estado de saúde do paciente com o estabelecimento de boas relações intrafamiliares que dêem suporte. “Os familiares se mostram bem presentes, exceto alguns que às vezes tem um pouco de resistência de acompanhar o tratamento, mas percebemos que eles sempre estão muito interessados, tem bastante dúvidas e quando possuem mais preocupação, nós oferecemos para eles se está dentro das nossas limitações as dúvidas respondidas, como que pode ser o tratamento, o que pode apresentar as reações”(TM2). O aparecimento da doença traz consigo certa preocupação em relação ao prognóstico e evolução da mesma, gerando dúvidas, medos e incertezas, o que está presente na fala TM2 quando diz que a família participa interessada e preocupada com a situação aparente, necessitando de atenção por parte da equipe de enfermagem para que tenha suas dúvidas sanadas. Complementando, ela ainda aborda que a distribuição do conhecimento se estende ao familiar, e que o mesmo tenha garantia de receber dos profissionais as informações de que necessita. Conclusão/Implicações para a Enfermagem: Neste sentido, a presença da família tem participação essencial na manutenção de bons níveis de saúde de seus integrantes, mas acredita-se que a equipe deve perceber e entendê-la como parte integrante no cuidado. Não pensar que delegar tarefas a ela seja a maneira de envolvê-la na assistência, mas sim, proporcionar a família oportunidades de estar com seu familiar acometido pela doença, se sentido confortada, auxiliando no cuidado e sendo percebida como unidade a ser cuidada em receber também, uma atenção dos profissionais.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem. Família. Oncologia. REFERÊNCIAS

1. Carvalho C. Necessária Atenção à Família do Paciente Oncológico. Revista Brasileira de Cancerologia, Rio de Janeiro, 54(1):87-96, 2008.

2. Marcon SS et al. Vivência e reflexões de um grupo de estudo junto às famílias que enfrentam a situação crônica de saúde. Texto e Contexto-Enfermagem, Florianópolis, 14:116-124, 2005.

3. Godoi, SS. Equipe de enfermagem diante do tratamento quimioterápico. 2005. 51f. Monografia (Conclusão de Curso) - Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas

A VISITA DE FAMILIARES EM UNIDADES INTENSIVAS NA ÓTICA

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