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ATENDIMENTO AMBULATORIAL PARA CRIANÇAS INTOXICADAS: UMA FERRAMENTA PARA A PROMOÇÃO À SAÚDE DA FAMILIA.

Jessica Adrielle Teixeira Santos1 José Carlos Amador2 Erika Okuda Tavares3 Isabella dos Santos Laqui4 Sara Cristina Duartes Fogaça Garcia5 Magda Lúcia Félix de Oliveira6 INTRODUÇÃO: Intoxicação pode ser definida como um conjunto de efeitos adversos, representados por manifestações clínicas (sinais e sintomas) ou laboratoriais, que revelam o desequilíbrio orgânico resultante da exposição a uma substância química(1). Nas crianças, a ocorrência de intoxicações é facilitada por acesso a produtos que apresentam embalagens atraentes à curiosidade infantil, fáceis de manusear, e estocados em locais indevidos, como também, falha da vigilância adequada da criança pelo adulto. No entanto, as intoxicações infantis não são somente acidentais, os casos intencionais, apresentam se com uma incidência crescente e preocupante(2). No Brasil, de acordo com o Sistema Nacional de Informações Toxico-Farmacológica (SINITOX), em 2009, aconteceram 34.130 intoxicações em crianças, com 20.486 (60%) na faixa etária de um a quatro anos, considerada faixa etária onde acrinaça se expõe a maior risco e com maior dependência de cuidados familiares(3). A família tem sido responsável, ao longo do anos, em promover a saúde e o bem estar de seus membros, desempenhando atividades de proteção e segurança. Entretanto, em algum momento, o adoecer de um familiar, incluindo intoxicações na infância, trás profundas alterações em sua estrutura e organização. Aos profissionais de saúde e à equipe de enfermagem, que tem como um dos seus objetivos assistências a promoçõa da saúde e a prevenção, torna-se necessário compreender a complexidade dos múltiplos fatores que facilitam e induzem essas ocorrências, para elaborar estratégias preventivas e de intervenção no contexto familiar, que possibilitem o estabelecimento de vínculo, parceria e cumplicidade na promoção e manutenção da saúde(2). Por outro lado, familiares tendem a realizar primeiros socorros domiciliares inadequados aos intoxicados, fornecendo água e leite, ou induzindo ao vômito. Estas condutas inadequadas à maioria das intoxicações, adotadas pelos familiares, indicam que a população não está suficientemente informada sobre a forma de atuar mais eficaz(4). Diante disso, o Ambulatório de Toxicologia Infantil (ATI) do Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá-PR (CCI/HUM) é uma proposta inovadora, pelas ações de de promover o acompanhamento de casos de intoxicação infantil e de manutenção do estado saudável de saúde no contexto familiar, incentivando o uso de medidas simples de segurança e proteção à família.

1 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil. E-mail: jessicadrielle@yahoo.com.br.

2 Médico. Centro de Controle de Intoxicação do Hospital Universitário Regional de Maringá (CCI/HUM). 3 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá, Paraná, Brasil.

4 Graduanda em Enfermagem. Universidade Estadual de Maringá (UEM), Paraná, Brasil 5 Graduanda em Enfermagem. Faculdade Ingá, Paraná, Brasil.

6 Enfermeira. Doutora em Saúde Coletiva. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá

OBJETIVO Nesse sentido, o presente trabalho objetivou estabelecer o perfil das crianças intoxicadas atendidas no ATI. MÉTODO: A população em estudo foi composta por crianças de zero a 14 anos de idade, atendidas no ATI no período de 2005 a 2010, e acessadas na ficha de atendimento ambulatorial e no banco de dados do CCI/HUM. Analisaram-se as variáveis distribuição anual das intoxicações, sexo e faixa etária da criança intoxicada, e circunstância e agente tóxico envolvido na intoxicação. RESULTADOS: No período em estudo, foram agendadas 471 crianças, das quais 262 compareceram para o atendimento ambulatorial, representando uma adesão de 55,6% ao ATI. A adesão ao ATI é alta considerando que a intoxicação é um evento agudo, e, na maioria das vezes evolui para a cura sem seqüelas importantes. A alta adesão reflete a preocupação da família com a criança recém intoxicada, comparecendo. Uma outra explicação para a adesão, sugere que as ocorrência toxicológica das crianças atendidas sejam de maior gravidade. A média anual de atendimentos foi de 78,5 - com variação anual máxima de 100 casos para o ano de 2006 e mínima de 53 casos para o ano de 2008. Apesar da variação anual dos atendimentos, observou-se uma sensível diminuição no surgimento de novos casos nos anos estudados, fato que pode ser atribuído a intensas campanhas de prevenção e promoção da saúde aliado aos modernos dispositivos de segurança presentes nos produtos e leis de proteção a infância. Entre as crianças atendidas, 153(58,3%) eram do sexo masculino. Essa tendência da masculinização do agravo corrobora com dados nacionais(3), onde as crianças do sexo masculino são mais susceptíveis a intoxicação neste ciclo vital. Também encontra equivalência na literatura nacional o predomínio da faixa etária de um a quatro anos (144 – 54,9%) nas intoxicações atendidas pelo ATI, cujas circunstâncias foram todas acidentais e evidencia a vulnerabilidade desde grupo populacional aos efeitos da intoxicação. Os acidentes que ocorrem no domicílio colocam a família em contato com situações geradoras de stress, de conflitos interfamiliares. Cada família tem seu universo cultural e, dentro desse universo, existem diversidades que necessitam ser apreendidas pelo profissional que presta cuidados de saúde(5). Quanto à circunstância das intoxicações, 221(84,3%) foram acidentais, porém foram atendidos 16 casos (6,10%) de tentativa de suicídio. O comportamento suicida na infância é raro, mas não excepcional, aproximadamente metade dos acidentes envolvendo crianças são tentativas de suicídio mascaradas(6). As demais circunstâncias de intoxicação foram em complicações da farmacoterapia (23 - 8,77%) e consumo de drogas de abuso (2 - 0,76%). Apesar do atendimento de apenas duas crianças com intoxicações por drogas de abuso, este dado reflete o comportamento inadequado da família e do pouco incentivo às medidas e comportamentos preventivos. O agente tóxico envolvido na maioria das intoxicações foram os medicamentos (79 – 30,1%), seguido pelas toxinas de animais peçonhentos (51 - 19,4%) e pelos produtos químicos industriais (32 – 12,2%). A intoxicação medicamentosa em crianças é uma das mais freqüentes urgências toxicológicas e sua ocorrência envolve um contexto multifatorial, dentre as quais, as peculiaridades do ambiente familiar(2). CONCLUSÃO O perfil das crianças atendidas no ATI é: sexo masculino (153 - 58,3%), faixa etária de um a quatro anos (144 – 54,9%), devido a intoxicações acidentais (221 - 84,3%), onde o agente tóxico envolvido na maioria das intoxicações foram os medicamentos (79 – 30,1%). No entanto, chama a atenção à ocorrência de 16 casos de tentativa de suicídio (6,10%). A adesão ao ATI é imprescindível para a cobertura não apenas das intoxicações acidentais, mas também de eventos intencionais que ocasionam custos emocionais, sociais e seqüelas indesejáveis a todos os membros da família.

REFERÊNCIAS

1. Schvartsman, S. Intoxicações agudas. 4 ed., São Paulo: Sarvier, 1991.

2. Vieira LJES. Intoxicação na Família. Ciência, Cuidado e Saúde. Maringá, v.2, supl, 2003.

3. Sistema Nacional de Informações Toxicológicas. Ministério da Saúde (BR) Casos Registrados de Intoxicação Humana por Agente Tóxico e Faixa Etária. Brasil, 2009. [acesso

em: 28 Jun 2011]. Disponível em:

http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=319

4.Aleixo ECS, Itinose AM. Intoxicação infantil: experiência de familiares de crianças intoxicadas no município de Maringá (PR). Ciênc. cuid. saúde;2(2)jul.-dez.2003. 5. Souza LJEX. Envenenar é mais Perigoso: uma abordagem etnografia, 1997. Dissertação [Mestrado em Enfermagem] Universidade Federal do Ceará, 1997.

6. Fensterseifer L, Werlang BSG. Suicídio na infância: será a perda da inocência?. Psicol. argum; 21(35): 39-46, out.-dez. 2003.

ATIVIDADES EDUCACIONAIS E RECREATIVAS COM CRIANÇAS:

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