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A FAMÍLIA DE CRIANÇAS/ADOLESCENTES HOSPITALIZADOS: O GRUPO DE FAMILIARES COMO ESTRATÉGIA DE CUIDADO

Andressa da Silveira1 Eliane Tatsch Neves2 Kellen Cervo Zamberlan3 Fernanda Pereira Portela4 Andréa Moreira Arrué5 Greice Machado Pieszak6 INTRODUÇÃO: A família compõe uma instituição onde os indivíduos dão início ao processo de socialização, adquirem hábitos e valores morais que refletirão nas etapas da vida de uma criança. A hospitalização é uma situação crítica e delicada, neste período, é comum o afastamento da escola, dos amigos e do domicílio. Os hábitos da criança e do familiar cuidador ficam dependentes da rotina da unidade hospitalar o que pode gerar ansiedade e, por vezes, os familiares podem sentir que perderam a autonomia de sua vida. Considerando que a partir da aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1991 toda a criança e o adolescente tem direito a acompanhante durante a hospitalização(1), um novo desafio é imposto para as instituições de saúde, que devem proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um familiar responsável, durante a internação de criança/adolescente. Com esta realidade, a aproximação entre equipe de saúde e familiares cuidadores torna-se um desafio diário, entretanto, os profissionais percebem a importância da presença dos pais e/ou cuidador para a recuperação da criança. O enfermeiro em sua prática profissional deve ser capaz de desenvolver ações educativas adequadas às reais necessidades dos indivíduos e dos grupos sociais, que permitam a transformação consciente da realidade. Assim, tem- se no ambiente hospitalar a oportunidade de desenvolver questões de educação em saúde com os familiares que devem estar inseridos neste espaço. Por meio do desenvolvimento de ações que possibilitem a educação em saúde partindo-se da situação de saúde/doença da criança para a promoção da saúde da família. A educação em saúde, como recurso para o cuidado à família de crianças hospitalizadas, significa introduzir mudanças na prática da enfermagem em direção a uma assistência ampliada que considere as necessidades da criança e da família, enfatizando a sensibilidade para perceber os múltiplos determinantes que envolvem este cuidado(2). Uma das estratégias diz respeito à educação em saúde com essas famílias, a fim de que essas estejam instrumentalizadas para que elas saibam como localizar e utilizar os recursos que necessitam para o cuidado. Para alcançar essa meta deve-se reconhecer as prioridades e necessidades das crianças e seus familiares cuidadores. Assim, não basta apenas focalizar no motivo da internação, mas nas vivências, cultura, hábitos dos sujeitos, considerando os aspectos biopsicossociais da família.

1Enfermeira especialista em saúde coletiva. Mestranda em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Bolsista Reuni. E-mail: andressadasilveira@gmail.com.

2Enfermeira pediatra. Doutora em Enfermagem, Professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: elianeves03@gmail.com.

3Acadêmica de enfermagem do oitavo semestre da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Bolsista do projeto. E- mail: kellencz@hotmail.com.

4Enfermeira do Hospital da Brigada Militar de Santa Maria. Ex-bolsista do projeto. E-mail: nandapp_enf@yahoo.com.br. 5Enfermeira. Mestranda em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: andrea.mor@hotmail.com.

6Enfermeira. Mestranda em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).E-mail: greicepieszak@gmail.com.

Partindo dessas premissas, criou-se o “Grupo de Educação em Saúde com familiares e cuidadores de crianças e adolescentes hospitalizados no Hospital Universitário de Santa Maria”, com a finalidade de que familiares de crianças e adolescentes internados na unidade pediátrica possam compartilhar vivências, por meio de uma prática de cuidado centrado na família. OBJETIVO: Relatar a experiência do desenvolvimento de ações de educação em saúde com familiares cuidadores de crianças e adolescentes hospitalizados, utilizando o grupo como estratégia em um hospital de ensino no sul do Brasil. METODOLOGIA: O grupo é realizado com familiares cuidadores de crianças e adolescentes, que estejam internados na Unidade de Internação Pediátrica (UIP) do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), onde são realizadas atividades de educação em saúde fundamentadas nos Círculos de Cultura(3) por meio da troca de experiências, conhecimentos e vivências, possibilitando que o conhecimento seja construído de forma compartilhada entre o educando e o facilitador num espaço dialógico(4), fundamentados na prática do cuidado centrado na família. A participação dos sujeitos é livre e ocorre por meio de convite prévio com explanação dos objetivos do encontro e, também, pela divulgação de cartazes nos murais da unidade. Os encontros ocorrem semanalmente, das 16h às 17h30min, com a participação de alunos de graduação, pós- graduação em enfermagem, enfermeiras da unidade, voluntários e familiares cuidadores das crianças e adolescentes hospitalizados. RESULTADOS: O grupo tem desenvolvido atividades de educação em saúde desde julho de 2008, enfatizando questões relacionadas à saúde da criança e do adolescente, promoção da saúde dos familiares cuidadores, instrumentalização para o cuidado domiciliar, estratégias de prevenção de agravos na saúde. Ressalta-se a importância da educação em saúde no contexto hospitalar, não só voltado para a recuperação da doença, mas também para promover a saúde da criança e adolescente. Nesse sentido, é possível tratar e/ou prevenir doenças além de promover o crescimento e desenvolvimento infantil com condições de saúde(5). Os temas discutidos emergem dos familiares participantes, atendendo as necessidades e expectativas, para que seja compartilhado com o grupo e discutido naquele momento. Em um primeiro momento do encontro, é realizada uma técnica de integração para promover o acolhimento e “quebrar o gelo”, descontraindo o ambiente e incentivando a participação de todos os presentes. Cada encontro possui características diferentes, as ansiedades, as dúvidas, as preocupações e a história de vida de cada familiar que compõe o encontro naquele momento, torna cada grupo singular e distinto do outro. Os assuntos são trazidos pelos familiares/cuidadores e, portanto, são valorizados como temas geradores do debate e que após a decodificação e recodificação temática, produzindo conhecimento novo em uma autêntica aliança de saberes. Dentre os temas abordados destaca-se: tratamento do HIV/Aids; acidentes na infância; saúde da mulher, métodos contraceptivos, planejamento familiar, doenças sexualmente transmissíveis, hospitalização e a dificuldade de acesso ao atendimento nas unidades básicas de saúde, cotidiano familiar, dificuldades financeiras para manter o tratamento adequado da criança, a incompatibilidade de informações diante do diagnóstico da criança, os hábitos de higiene e alimentares modificados diante da hospitalização, a abnegação da vida social da família. As vivências relatadas pelos familiares cuidadores contribuem para a formação dos acadêmicos de enfermagem que participam do grupo para que eles tenham uma visão ampliada da situação, considerando a integralidade do cuidado. Além disto, os graduandos e pós-graduandos têm vivenciado a experiência grupal, o que colabora para o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à realização de grupos e suas peculiaridades. Tem-se observado, ainda, o aumento gradual do interesse dos profissionais das unidades envolvidas em participar do grupo e o reconhecimento da importância da realização do mesmo e de seus benefícios. Deste modo pode-se considerar que a educação em saúde deve ser norteadora do cuidado infantil, e precisa dar suporte às famílias para o aprimoramento do cuidado a saúde da criança/adolescente(5). A educação em saúde é

um instrumento efetivo na assimilação das transformações vividas, portanto faz-se necessário atuar na educação em saúde, por meio da metodologia participativa, que do diálogo entre os sujeitos leva a reflexão e a conscientização(6). Assim, acredita-se que é necessário pensar a prática educativa como inerente ao cuidado hospitalar, numa perspectiva dialógica e conscientizadora. CONCLUSÃO: O desenvolvimento desta atividade tem contribuído, tanto para o serviço de saúde como para os profissionais e futuros profissionais que participam do grupo, proporcionando-lhes uma vivência diferenciada. Para os familiares cuidadores das crianças/adolescentes, proporcionando-lhes conhecimentos para promoção da sua saúde, da sua família e comunidade, e condições para que possam ser sujeitos modificadores da realidade. Em se tratando da internação de criança e adolescentes, considera-se que parte da vida social e dos hábitos diários são abnegados em prol da recuperação da saúde, desta forma, faz-se necessário tornar o ambiente hospitalar acolhedor. Desta forma, faz-se necessário tornar o ambiente hospitalar acolhedor e visualizar o familiar/cuidador como um sujeito que traz uma “bagagem” que tem uma história que precisa ser conhecida, valorizada e respeitada. Isso é possível quando a família é acolhida pela equipe e seus anseios são escutados, bem como seus saberes, sua cultura, e seu conhecimento prévio são valorizados. Desse modo, o sucesso que se tem alcançado com o grupo de cuidadores deve-se a inclusão dos sujeitos como co-partícipes num espaço onde prevalece o diálogo, os questionamentos, as angústias e o tema emergem da situação vivencial do familiar cuidador, e torna-se socializado com o grupo onde se transforma em um saber compartilhado.

PALAVRAS-CHAVE: Educação em Saúde. Família. Enfermagem Pediátrica. REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei 8.069 de 13 de Julho de 1990. Brasília (DF); 2005.

2. Fernandes CNS, Andraus LMS, Munari DB. O aprendizado do cuidar da família da criança hospitalizada por meio de atividades grupais. Rev Eletr Enf. [on-line]. 2006 abr. [citado em 15 jun 2011]; 8(1):108-18]. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_1/original.

3. Freire P. Conscientização: teoria e prática da libertação. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1980.

4. Neves ET, Cabral IE. A fragilidade clínica e a vulnerabilidade social das crianças com necessidades especiais de saúde. Rev Gaúcha Enferm. 2008 jun; 29(2):182-90.

5. Queiroz MV, Jorge MS. Estratégias de educação em saúde e a qualidade do cuidar e ensinar em pediatria: a interação, o vínculo e a confiança no discurso dos profissionais. Interface – Comunic Saúde Educ. 2006 jan/jun; 10(19):117-30.

6. Oliveira SG, Ressel LB. Grupos de adolescentes na prática de enfermagem: um relato de experiência. Cienc Cuid Saude. 2010 jan/mar; 9(1):144-48.

A FAMÍLIA E O IDOSO: BUSCANDO PRÁTICAS CUIDATIVAS DE

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