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AS INTERFACES DA CONVIVÊNCIA DA FAMÍLIA EM UMA UNIDADE DE PRONTO SOCORRO

Adriana Valongo Zani1 Juliana de MoraesVila Real2 Andrey Rogério Campos Golias3 Edlívia Dias de Mattos4 Cristina Maria Garcia de Lima Parada5 Sonia Silva Marcon6 INTRODUÇÃO: A comunicação é considerada pelos profissionais de enfermagem como um instrumento básico para o cuidar e pode ocorrer de várias formas: verbal ou não verbal e associado a isto estão os ruídos de comunicação que interferem nesta comunicação ocasionando dificuldades no cuidar e no bom relacionamento entre paciente, família e profissional, e esta comunicação pode ocorrer de modo mais complexa para a família e paciente quando este encontra-se em ambiente hospitalar. Para identificar essas necessidades, cada vez mais, o paciente se faz sujeito ativo nesse relacionamento. Mediante os vínculos estabelecidos, o trabalho da enfermagem é otimizado e o paciente é beneficiado com isso. É pela comunicação estabelecida com o paciente, que se pode compreendê-lo holisticamente, isto é, seu modo de pensar, sentir e agir. Cada paciente e família possuem a chave para o cuidado de enfermagem efetivo, pois, quando a confiança é estabelecida, informações são proporcionadas e a pessoa é encorajada a tornar parte ativa na maximização de sua capacidade de funcionamento, pois a enfermeira cria estratégias para atingir a saúde ideal e abre a porta à satisfação do paciente e à eficiência do cuidado à saúde. O paciente ao ser hospitalizado deixa sua família, trabalho e meio ambiente para adentrar em um mundo diferente, sendo obrigado, inclusive, a ter seus hábitos modificados para se ajustar às rotinas do hospital. No entanto, não se deve esquecer que o mesmo traz conceitos advindos de suas relações com vizinhos, conhecidos, leituras de jornais ou revistas, ou mesmo por experiências anteriores de hospitalizações que favorecem a fuga da realidade ou a sua distorção (1) OBJETIVO: Descrever os aspectos positivos e negativos da convivência da família em uma unidade de pronto socorro. METODOLOGIA: Adotou-se a pesquisa descritiva com abordagem qualitativa para a realização do estudo. A pesquisa qualitativa envolve o estudo do uso e a coleta de uma variedade de materiais empíricos que descrevem momentos e significados rotineiros e problemáticos na vida dos indivíduos. Consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade ao mundo, transformando-o em uma série de representações com o objetivo de entender ou interpretar os fenômenos(2) O estudo foi

1 Enfermeira. Doutoranda do Programa Saúde Coletiva da FMB-UNESP. Docente do Departamento de Enfermagem da UEM. E-mail: adrianazani@hotmail.com

2 Enfermeira. Aluna não regular do Programa de Mestrado em Enfermagem da UEM. Enfermeira do Hospital Universitário de Maringá. E-mail: julivilareal@bol.com

3 Fisioterapeuta. Doutorando do Programa Saúde Coletiva da FMB-UNESP. Docente do Departamento de Fisioterapia da UNINGÁ. E-mail: andreyfisio@gmail.com

4 Enfermeira. Doutoranda do Programa Saúde Coletiva da FMB-UNESP. Docente do Departamento de Enfermagem da UNOPAR. E-mail: liviamattos05@hotmail.com

5 Enfermeira, Doutor em Enfermagem, Professor Adjunto, FMB-UNESP "Júlio de Mesquita Filho", Brasil, E- mail: cparada@fmb.unesp.br

6 Enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem. Coordenadora do Curso de Mestrado em Enfermagem da UEM. E-mail: soniasilva.marcon@gmail.com

desenvolvido no pronto socorro de um hospital escola, sendo este credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS), caracterizando-se como instituição de caráter público. Prioriza atividades de assistência, ensino e pesquisa, em razão de sua capacidade operacional ativa, classifica-se como hospital de porte tipo 4. Possui em sua estrutura, unidades de internação médico-cirúrgicas, pediátrica, maternidade, centro-cirúrgico, pronto-socorro e Unidade de Terapia Intensiva adulto, pediátrica e neonatal. A pesquisa foi realizada mediante o parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa, parecer nº 111/2011 conforme Resolução no 196, de 10 de outubro de 1996, que aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos (3). A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semi- estruturada aplicada a família, no período de maio a junho de 2011. A construção dos roteiros de entrevista foram fundamentados na Teoria das Representações Sociais (TRS), uma interpretação da realidade que pressupõe que não haja distinção entre sujeito e objeto da pesquisa, uma vez que toda realidade é representada pelo indivíduo, "toda representação é, portanto, uma forma de visão global e unitária de um objeto. Para que o indivíduo possa formar essa visão global, ele usa elementos de fatos cotidianos e de conhecimentos do senso comum"(4: 609) Para a análise dos dados utilizou-se o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) que consiste em basicamente em analisar o material verbal coletado, extraindo-se dos discursos algumas figuras metodológicas para organizar, apresentar e analisar os dados obtidos através dos depoimentos. As figuras metodológicas que auxiliam na análise dos dados são: expressões chaves, idéias centrais, construção do discurso do sujeito coletivo e ancoragem(5). RESULTADOS E DISCUSSÕES: Integraram este estudo 20 familiares de clientes/pacientes internados na unidade de pronto-socorro de um hospital escola. À faixa etária da família/acompanhante variou entre 27 a 60 anos, o grau de parentesco em sua maioria constituiu-se de filhas e mães dos pacientes/clientes e o período de permanência destes com os pacientes/clientes tem em média de 12 a 24 horas, sendo que muitos não possuem outros familiares para fazerem revezamento com os mesmos. Após a análise das entrevistas a família/acompanhante permitiu a construção de 4 DSC: Qualidade das informações fornecidas pelos profissionais de saúde sobre a saúde do familiar; O modelo ideal de informações fornecidas pelo profissional sobre a condição do familiar hospitalizado; Avaliação das informações fornecidas sobre rotinas do hospital e A necessidade da família/acompanhante. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo permitiu identificar que, para o paciente e seu familiar que o acompanha durante a internação, a comunicação apresenta-se como uma ferramenta para o cuidado com a função de transmitir segurança, respeito, orientação e informação para muito além do conteúdo das explicações técnicas do seu estado de saúde. A informação quando incompleta pode constituir-se um fator que potencializa o estresse, o sofrimento e a insatisfação. Dessa forma fica nítido a importância da comunicação como um componente indispensável para que ocorra a orientação e a confiança entre o profissional-família-paciente, colaborando para a recuperação do doente, acalmando e dando maior segurança para o mesmo e para sua família. É relevante ressaltar a necessidade de a informação ser passada de forma discreta ao paciente e seu familiar durante a internação, já que dessa maneira a comunicação torna-se mais efetiva por deixar os mesmos mais à vontade para questionar e sanar suas dúvidas, além de não expor a intimidade do paciente e familiar priorizando assim sua privacidade. CONTRIBUIÇÕES E IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Sendo a família considerada a maior fonte de apoio para seus integrantes, faz-se necessário salientar a importância da presença do familiar durante o internamento de modo a contribuir para o enfrentamento do sofrimento e desconforto vivenciados pelo paciente e por sua família. Em vista disso, tanto a instituição hospitalar

quanto os profissionais da saúde devem conscientizar que a família presente no momento da internação tende a ajudar no tratamento e recuperação do paciente sendo um instrumento de informação para o profissional e um suporte de confiança e afeto para o doente fortificando o vínculo familiar entre ambas as partes.

REFERÊNCIAS

1- Paula AAD, Furegato ARF, Scatena MCM. Interação Enfermeiro-familiar de paciente com comunicação prejudicada. Rev. Latino-Am. Enferm. 2000 ago; 8(4): 45-51.

2- Denzin NK, Lincoln YS. O planejamento da pesquisa qualitativa – teorias e abordagens. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

3- Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996: aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo

seres humanos. Brasília, DF, 1996. Disponível em:

http://conselho.saude.gov.br/docs/Resolucoes/Reso196.doc. Acesso em: 27 nov. 2009.

4- Oliveira DC, Sá CP. Representações sociais da saúde e doença e implicações para o cuidar em enfermagem: uma análise estrutural. Rev Bras Enferm. 2001 out/dez.; 54(4): 608-22. 5- Lefevre F; Lefevre AMC. O Discurso do Sujeito Coletivo. Um novo enfoque em pesquisa qualitativa. (Desdobramentos). Caxias do Sul; Educs; 2005.

AS MUDANÇAS OCORRIDAS NO SEIO FAMILIAR DO PACIENTE

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