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A FAMÍLIA VIVENCIANDO A MORTE DA CRIANÇA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Carolliny Rossi de Faria Ichikawa1 Duanne Alves Pereira Crivilim2 Ligyana Korki de Candido3 INTRODUÇÃO: A morte, mesmo sendo um fenômeno natural, continua sendo um tabu e negada pelo ser humano, principalmente na sociedade moderna cujos avanços da tecnologia e da ciência proporcionaram uma maior sobrevida. Entretanto, faz-se necessário refletir e compreender que a morte é parte da vida, um acontecimento acompanhado de dor e sentimentos de perda(¹). O processo de terminalidade e morte da criança vêem despertando interesse de estudo em profissionais de saúde nos últimos anos. Para melhor entender o fenômeno da morte é importante ressaltar que o ser humano é um ser afetivo. A morte de um filho, portanto, não é só um processo biológico, mas também um processo cognitivo e emocional(²), também chamado de luto. O processo de luto divide- se em fases, segundo alguns autores, porém essa divisão não é rígida e nem muitas vezes sequencial, uma vez que varia de acordo com o perfil da morte, a idade e a personalidade da pessoa enlutada. As fases podem ser: choque e negação, desespero e expressão da dor, resolução/reorganização(³). Portanto o luto constitui-se de uma imensidade de sentimentos, emoções, atitudes e comportamentos, sendo estas manifestações normais. Entretanto, o luto pode se tornar patológico quando tem intensidade excessiva, e é demasiado longo, dividindo-se em quatro tipos específicos: crônico, atrasado, exagerado e mascarado(³). Embora a morte e o morrer sejam aspectos inerentes à nossa condição humana, parece-nos que esta possibilidade é mais dolorosa, quando se estende à população infantil. Admitir a morte de uma criança parece retirar a esperança, colocando-nos diante do fim prematuro de uma existência (4), já que a concepção atual da infância traz consigo a idéia de vida, de futuro e de alegria. O enfrentamento desta realidade está relacionado à cultura, à experiência e à historia de vida, aos quais a família está inserida(4). OBJETIVO: Esta pesquisa teve como objetivo buscar e avaliar as evidências disponíveis na literatura sobre como a família lida com a morte da criança e como se dá o luto que a mesma vivencia. METODOLOGIA: Para realização desta revisão as seguintes etapas foram percorridas: primeiramente a elaboração da hipótese e o objetivo do estudo; a seguir foram estabelecidos os critérios de inclusão e exclusão de artigos; definidas as informações que necessitaríamos extrair dos artigos já selecionados; análise dos resultados; debate e apresentação dos resultados e a apresentação da revisão. Para orientação da busca bibliográfica formulou-se a seguinte questão: quais são os desafios e efeitos enfrentados por uma família que vivencia a morte de uma criança? Para a seleção dos artigos foram utilizadas as seguintes bases de dados: SCIELLO (Scientific Electronic Library Online), BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), Portal de periódicos CAPES. Como critério de inclusão dos artigos utilizou-se: publicações contendo como temática questões sobre a família vivenciando o luto pela perda da criança, artigos em português, com resumos disponíveis nas bases de dados citadas, no período compreendido entre janeiro de 2000 a maio de 2011. A busca foi realizada pelo acesso on-line, utilizando-se as palavras criança, família e morte, foram encontrados 40 artigos, porém 12 destes abrangeram os critérios de inclusão. RESULTADOS: O choque da descoberta de uma doença incurável é extremamente forte para a

1 Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina. Mestranda em Cuidado em Saúde pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Endereço eletrônico: caroll-rossi@hotmail.com

2 Graduanda do 3° ano do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina. Endereço eletrônico: du_crivilim@hotmail.com

3 Graduanda do 3° ano do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina. Endereço eletrônico: ligyakorki@yahoo.com.br

família. No momento em que um filho adoece, por melhor que seja a estrutura familiar, todos adoecem(¹). Acompanhada de todo o sofrimento que a doença traz consigo, a família também se depara com a luta da própria criança, que é submetida a diversos procedimentos, tendo assim vontade de ocupar seu lugar. É frequente que os temores das famílias cuja criança esteja em estado terminal sejam abafados ou negados por medo de se tornarem realidade. Em outros casos, os pais, sem terem com quem dividir esta dor, sentem-se sozinhos, inúteis e angustiados. Fato este que não se enquadra nas definições do conceito de “morte digna”, no qual está inserido o apoio à família da criança terminal a fim de minimizar a dor e proporcionar um maior conforto a esta família. Outra situação enfrentada por muitas famílias é a falta de recursos para custear os cuidados necessários para a criança, o que gera nesta família o sentimento de que poderiam ter feito mais pelo filho (a)(¹). Perante o vazio que se dá pela perda de uma pessoa significativa, desenvolve-se então o processo de luto, o qual tem suas características próprias de perda, que variam de acordo com a situação enfrentada, a estrutura familiar, a progressão entre o estado de adoecimento e morte, e da forma como se deu o processo da morte da criança. Em casos de câncer, por exemplo, além da perda da criança a família ainda lida com as emoções e sentimentos da convivência com a doença, mesmo decorrido longo período após a morte(6). A construção de uma nova realidade para a família que vivencia o luto pela morte do filho significa a transformação de ter uma criança que viverá uma longa vida, para ter uma criança que está morrendo, ou que já está morta. A família precisa de um tempo para se dar conta desta nova realidade(²) e para imaginar seu cotidiano sem a criança, assim como desenvolver estratégias para superar o luto, a dor e o sofrimento, e seguir adiante com a vida.A presença da família, defendendo o interesse e o bem estar da criança na terminalidade, também é fundamental para que essa experiência seja repleta de honestidade, dignidade, humanismo e respeito, além de contribuir para um melhor enfrentamento da realidade. A família passará por uma readaptação da vida sem a criança falecida, e não se sabe o tempo que levará para esta reestruturação, uma vez que não há um fim determinado. O luto, portanto, deve ser entendido e respeitado como um processo natural pós-perda. CONCLUSÃO: A presente revisão evidencia a importância da assistência integral em saúde, voltada não só à criança, mas também à família que enfrenta o luto. O cuidado realizado por uma equipe multidisciplinar em saúde é essencial para que todos os aspectos biopsicossociais envolvidos sejam contemplados. Algumas ações podem contribuir para uma assistência mais digna e humana, como permitir que a família participe do processo de decisão acerca dos cuidados do final de vida da criança, mantendo a família informada quanto aos procedimentos realizados, auxiliando no processo de aceitação da realidade da morte, e em algumas situações proporcionando a despedida da família para com a criança. Constata-se também, a necessidade da realização de novas pesquisas que contribuam com a construção de novos conceitos que favoreçam a assistência à família enlutada.

PALAVRAS-CHAVES: Família. Criança. Luto. REFERÊNCIAS

1. CIRQUEIRA, Reginalva Marques; RODRIGUES, Juliana Stoppa Menezes. A família diante da criança terminal: uma revisão de literatura. Rev. Rede de cuidados em saúde. UNIGRANRIO [online]. 2010. ISSN: 1982-6451 1

2. BOUSSO, Regina Szylit. O processo de decisão familiar na doação de órgãos do filho: uma teoria substantiva. Texto contexto - enferm. [online]. 2008; 17(1):45-54.

3. ROLIM, L.; CANAVARRO, Maria Cristina. Perdas e luto durante a gravidez e o puerpério. In M. C. Canavarro (Ed.). Psicologia da gravidez e da maternidade. Quarteto Editora. Coimbra. 2001, pp. 255-297.

4. SILVA, Laura Cristina da; WEISS, Elfy; BERNARDES, Danielle Boing; SOUZA, Ana Izabel Jatobá. Hospitalização e morte na infância: desafios das famílias. Rev. Família, saúde e desenvolvimento. UFPR [online]. 2007; 8(1):73-79.

5. POLES, Kátia; BOUSSO, Regina Szylit. Morte digna da criança: análise de conceito. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2009; 43(1):215-222.

6. NASCIMENTO, Lucila Castanheira; ROCHA, Semiramis Melani Melo; HAYES, Virginia Hellen; LIMA, Regina Aparecida Garcia de. Crianças com câncer e suas famílias. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2005; 39(4):469-474.

A GESTANTE DE ALTO RISCO E SUA FAMÍLIA: RELATO DE

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