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A PERCEPÇÃO DA FAMÍLIA SOBRE O ACOMPANHAMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM UMA INSTITUIÇÃO DE APOIO

Tassiana Potrich 1 Lisiane da Rosa 2 Elisangela Argenta Zanatta3

Eliane Tatsch Neves4 INTRODUÇÃO: Conhecer a família, o ambiente familiar, bem como a maneira como as pessoas vivem e interagem com o meio, são objetos de estudos para entender as relações familiares e consequentemente os cuidados com a saúde. A família como unidade, caracteriza- se pelas inter-relações estabelecidas entre seus membros, num contexto específico de organização, estrutura e funcionalidade(1). Exige do enfermeiro o exercício das habilidades de ouvir, tocar, conhecer e elaborar esse universo que se descortina ao nosso lado(2). Partido dessas considerações sentiu-se a necessidade de ampliar conhecimentos acerca do tema família. A escolha por investigar as famílias das crianças que frequentam uma instituição que abriga menores em condições de vulnerabilidade social, deu-se pelo fato de perceber-se um distanciamento entre a instituição e estas famílias. OBJETIVO: Descrever a percepção da família de crianças e adolescentes acerca do acompanhamento realizado pela instituição de apoio. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa qualitativa descritivo-exploratória que foi desenvolvida em uma instituição localizada no município no noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Este estudo é um recorte da pesquisa “Caracterização das famílias de crianças e adolescentes participantes do programa AABB comunidade” que apresenta os achados qualitativos da investigação. A instituição oferece seus trabalhos às crianças e adolescentes, no turno inverso da escola, com o intuito de recuperação social do menor, procurando garantir-lhe um futuro sólido, digno e humano. Os sujeitos do estudo foram 28 pais e/ou responsável pela criança ou adolescente que participa de um programa desenvolvido em uma instituição filantrópica que assiste crianças e adolescentes, oferecendo alimentação, saúde, assistência pedagógica, cursos, entretenimento e integração com a sociedade. Tal instituição mantém parceria com a Universidade, a qual disponibilizada a extensão de seus conhecimentos proporcionando melhorias na qualidade de vida das famílias. Para a busca das famílias foi utilizado o cadastro da criança ou adolescente no programa, que contém dados referentes ao endereço da família. A população do estudo constituiu-se em cerca de 90 famílias de crianças/adolescentes que frequentavam a instituição a época da coleta de dados. Os critérios de inclusão foram ser familiar/responsável por crianças e/ou adolescente que frequentava a instituição de apoio. Para acessar as famílias, possíveis sujeitos do estudo, eram feitas três tentativas de contato, se após estas a família não fosse encontrada,

1 Enfermeira, Pós-Graduanda em Saúde Coletiva ênfase em Saúde da Família pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Professora Substituta do Departamento de Enfermagem- UFSM. Integrante do grupo de pesquisa Cuidado à Saúde das Pessoas, Famílias e Sociedade- PEFAS. Bairro primeiro de maio, Rua Agusso, s/n, Barra Funda- RS, CEP 99585000. E-mail: tassipotrich@yahoo.com.br .

2 Enfermeira Pós-Graduanda em Saúde Coletiva ênfase em Saúde da Família pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Orientadora e Coordenadora de enfermagem da faculdade Senac de Jaraguá do Sul- SC. Email: rosa.lisiane@hotmail.com

3Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Doutoranda em Enfermagem pela EE-UFRGS. Professora na Universidade Federal de Santa Catarina e na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. 4 Enfermeira pediatra. Professora Adjunta do Departamento e do Programa de pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. E-mail: elianeves03@gmail.com. Membro do Grupo de Pesquisa PEFAS.

automaticamente, estaria excluída da pesquisa. Ao final foram entrevistadas todas as 28 famílias encontradas e que aceitaram participar. A coleta de dados foi realizada no período de novembro de 2008 a abril de 2009. Para a coleta das informações junto às famílias utilizou-se a técnica de entrevista semi-estruturada, utilizando um formulário próprio. Para identificar as famílias segui-se um número colocado nos formulários de coleta, conforme aconteciam as visitas, esse número era preenchido em ordem crescente. Para a identificação das famílias utilizou-se a letra “F” sendo que o número ao lado condiz com o número da entrevista. Os dados qualitativos foram submetidos à análise de conteúdo, composta por três fases: Pré- análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação(3). Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de Frederico Westphalen, sob número de CAAE 0017.0.284.000-07. RESULTADOS: As informações colhidas acerca da percepção das famílias em relação á instituição foram: existência ou não de dificuldade em encaminhar a criança/adolescente à instituição, percepção de alguma mudança na criança/adolescente após seu ingresso na instituição, se o familiar já visitou a instituição, se tem conhecimento acerca das atividades que são desenvolvidas, e se acha importante haver integração entre instituição e família. Após a análise dos dados, emergiram as seguintes categorias: Percepção da família em relação à relevância da instituição no desenvolvimento de seus filhos; mudanças evidenciadas na criança/adolescente após a inserção na instituição; integração da família com a instituição. Em relação a percepção da família sobre a relevância da instituição no desenvolvimento de seus filhos evidenciou que, em geral, os pais/responsáveis identificam a importância da instituição para o aprendizado destes, estimulando-os à frequentá-la. Ao ser estimulada pela família, a criança/adolescente se sente mais segura e confiante, pois é no núcleo familiar que as pessoas buscam apoio e compreensão e vislumbram possibilidades, independente das dificuldades enfrentadas, é nele que as relações mais intensas são estabelecidas(4). Por outro lado, outros pais/responsáveis ainda não reconhecem a importância da permanência da criança e/ou adolescente na Instituição, e o valor desta na sua formação enquanto pessoa, ou mesmo como um lugar seguro, que afasta os filhos da ruas, da criminalidade, da marginalização. Algumas crianças/adolescentes, por vezes, deixam de frequentar a instituição com o intuito de desempenhar atividades que auxiliem no sustento da família. Tal fato se mostra como consequência das condições econômicas precárias dessas famílias. De tal modo, o trabalho infantil nas famílias de baixa renda corresponde ao padrão cultural no qual estão interadas as crianças, sentindo dessa forma que as ruas fazem parte de suas vidas desde muito cedo, porque é onde começam suas atividades de trabalho(5). Quanto às mudanças evidenciadas na criança/adolescente após a inserção da instituição observou-se que estas refletiram no comportamento, no grau de aprendizado, na convivência com a família e na interação social. Desse modo, destaca-se a relevância que o ambiente extrafamiliar exerce no desenvolvimento destas crianças. Estes apresentam-se como novos modelos de convivência que pode vir a influenciar na formação do seu público. Novas maneiras de relacionamento, cultura e até mesmo a convivência em outro ambiente influenciam no comportamento e formação dos indivíduos. No que tange a integração da família com a instituição percebeu-se que estes, apesar de estarem cientes acerca das atividades desenvolvidas na instituição, essa comunicação se restringe apenas a relatos ou a contatos informais ou casuais entre ambos. A presença e acompanhamento dos pais/responsáveis desempenha um papel primordial no sucesso das atividades propostas. Neste sentido, os pais não têm apenas que estar presentes, mas devem também assumir o papel ativo no cotidiano escolar dos filhos colaborando assim com a instituição no sentido de se obter um trabalho

equilibrado e de acordo com as necessidades apresentadas(6). CONCLUSÃO/CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM: A percepção de 28 famílias de crianças e adolescentes sobre o acompanhamento de seus filhos em instituição de apoio apontou que os pais ou responsáveis conseguem perceber os benefícios que seus filhos têm ao frequentarem a instituição. Nesse sentido, em geral, eles não criam obstáculos acerca da permanência na mesma. Porém, alguns são desmotivados pelos familiares pela necessidade destes menores terem que trabalhar para auxiliar na renda da família. Na convivência familiar perceberam melhoras nesta e no relacionamento na família, redução de comportamentos agressivos, aumento da disposição em realizar atividades e melhora no desempenho escolar. Sabe-se que, apesar de nenhum ambiente extra familiar substituir a família, a permanência em outros espaços, com diferentes profissionais e estando exposto à novas formas de convivência pode influenciar positivamente o desenvolvimento da criança, possibilitando criação de novas formas de convívio a fim de se adaptar ao novo espaço melhorando suas relações sociais. Apesar de alguns pais e responsáveis estarem cientes das atividades que seus filhos desempenham na instituição, aponta-se a reduzida integração entre familiares e instituição como um fator negativo. Esta relação se restringe apenas ao relato casual e informal, não havendo troca de informações entre profissionais da instituição e famílias. As atividades realizadas não são discutidas e analisadas por ambas as partes, dificultando, assim, a aproximação indispensável para a melhoria da oferta de atividades ao público da instituição, e ao acompanhamento do desenvolvimento da criança. Recomenda-se estabelecer uma relação de parceria entre família e enfermagem na medida em que os integrantes da unidade familiar interagem em outros espaços, sendo escolas ou demais instituições, influenciadores diretos na sua qualidade de vida. Estreitar relações e criar canais de comunicação entre instituições/família/enfermagem se mostra indispensável na criação de ambientes saudáveis promotores da melhoria de qualidade de vida do grupo familiar.

PALAVRAS-CHAVE: Criança. Adolescente. Família. REFERÊNCIAS

1. Figueiredo MHJS, Martins MMFS. Avaliação familiar: do modelo Calgary de avaliação da família aos focos da prática de enfermagem. Cienc Cuid e Saude. 2010 jul/set.;9(3): 552-559. 2. Elsen I. Cuidado familial: uma proposta inicial de sistematização conceitual. In: Elsen I, Marcon SS, Silva MRS, org. O viver em família e sua interface com a saúde e a doença. 2 ed., Maringá: Eduen, 2004.

3. Minayo MCS. O desafio do conhecimento- pesquisa qualitativa em saúde. 7 ed. Rio de Janeiro, editora Abrasco, 2001.

4. Brusamarello T, Maftum MA, Mazza VA, Silva AG, Silva TL, Oliveira VD. Papel da família e da escola na prevenção do uso de drogas pelo adolescente estudante. Cienc Cuid e Saude. 2010 out/dez.; 9(4): 766-773.

5. Sarti CA. A continuidade entre casa e rua no mundo da criança pobre. Rev bras de crescimento desenvolv hum. 1995; 5 (1/2): 39-47.

6. Silveira LMOB, Wagner A. Relação família-escola: práticas educativas utilizadas por pais e professores. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. 2009 jul/dez; 13(2): 283-291.

A PERSPECTIVA DA FAMÍLIA SOBRE A INTERAÇÃO COM A

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