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ASPECTOS CULTURAIS NA SAÚDE DA FAMÍLIA: IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM

Cristiane Trivisiol da Silva1 Macilene Regina Pauletto2 Arlete Maria Brentano Timm3 Naiana Oliveira dos Santos 4 INTRODUÇÃO: As famílias costumam ter significações de saúde e doença e práticas próprias de cuidar, originadas de seu contexto sociocultural. A tradição cultural é transmitida pela família através de seus ritos e mitos, com seus significados e significantes, construindo sua história particular(1). Nesse sentido, a família muda e se adapta aos movimentos históricos, pois faz parte de sua função dar proteção psicológica e social a seus membros e transmitir sua cultura. Ao se reconhecer que a família assume a responsabilidade pela saúde de seus membros, faz-se necessário levar em consideração suas opiniões e incentivar sua participação em todo o processo de cuidar. Dessa forma, a saúde é vista universalmente nas culturas, as ações de saúde devem valorizar a cultura do indivíduo e de sua família, por meio de estratégias baseadas em ações interdisciplinares(2). A rede de relações culturais em que a família se insere aliada ao amplo acesso aos diversos meios de comunicação, decorrentes do crescimento tecnológico, interferem na dinâmica e estrutura familiar, levando a modificações na compreensão do processo saúde-doença. OBJETIVO: Identificar por meio de uma revisão na literatura como se apresentam os aspectos culturais na saúde da família. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, do tipo revisão teórica, entendida como uma síntese de estudos produzidos por outras pessoas em relação ao tema, descrevendo a evolução do conhecimento e os confrontando com outros autores, a qual foi realizada por meio de levantamento bibliográfico junto às bases de dados Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e na Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE). Esta etapa foi desenvolvida no mês de junho de 2011, utilizando-se “aspectos culturais" com sinônimo do descritor características culturais and "saúde da família". A partir das 99 publicações encontradas elegeram-se, intencionalmente, após a leitura dos títulos e dos resumos, aquelas que abordavam aspectos culturais relacionados à saúde da família. Para isso, selecionaram-se os textos de interesse para a presente revisão, baseados nos seguintes critérios de inclusão: com resumo completo disponível em suporte eletrônico, nos idiomas português, espanhol e inglês, sem recorte temporal. Os critérios de exclusão: monografias, teses, dissertações, livro, capítulo de livro, manuais ministeriais, resumos em eventos, artigos com resumo incompleto ou sem resumo

1 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. Integrante do Grupo de Pesquisa Cuidado à Saúde das Pessoas, Famílias e Sociedade. Email:

cris.trivisiol@gmail.com

2 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. Integrante do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. Email: macipauletto@gmail.com

3 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. Integrante do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. Email: ambtimm@yahoo.com.br

4 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. Integrante do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. Email: naiaoliveira07@gmail.com

disponível on line. Nesta etapa foram selecionados 37 estudos, que nos títulos e resumos tinham relação com a temática proposta. A busca na íntegra destas produções foram realizadas pelo portal CAPES e periódicos, encontrando-se 19 estudos. Após leitura detalhada na íntegra dos manuscritos, foram excluídos 05 estudos que não possuíam o desfecho pretendido para a temática. Dessa forma, foram selecionados 13 estudos no MEDLINE e 01 estudo no LILACS, totalizando 14 estudos para serem analisados e discutidos. RESULTADOS: Quanto à abordagem dos estudos selecionados destaca-se que 10 qualitativos e 04 quantitativos. O período de publicações corresponde de 1998 a 2010. Constata-se que as publicações sobre a temática teve um aumento no ano de 2009 com 04 publicações, seguido do ano de 2002 com 03 publicações, e nos anos 1998, 2001, 2003, 2004, 2006, 2007 e 2010 uma produção em cada. Em relação ao tipo de pesquisa destaca-se que 13 estudos eram do tipo pesquisa de campo e 01 estudo pesquisa bibliográfica. Dentre os periódicos em que os estudos foram publicados, destacam-se os da área da enfermagem e da medicina principalmente a psiquiatria, sendo que a formação dos autores corresponde a esse universo profissional, respectivamente. Para a coleta de dados nos estudos, os métodos mais utilizados foram entrevista, questionário e observação. Quanto à origem das publicações aparece os Estado Unidos com 07 estudos, seguido do Brasil com 04, Índia com 02 e China com 01 estudo. As principais questões que foram tratadas nos estudos referem-se a: 1)Doenças mentais e o enfrentamento dos pacientes e seus familiares: são relatados os diferentes significados das doenças mentais em relações as questões culturais e étnicas. A atenção dos familiares aos doentes mentais acontece conforme as atribuições dos valores culturais, normas e crenças nos diferentes grupos étnicos. Os estudos mostram as dificuldades enfrentadas pelas famílias em relação à terapia medicamentosa, o manejo nas diversas manifestações comportamentais da doença, as interações da família com o doente mental e sociedade, bem como o acesso a saúde. O cuidado é realizado de maneiras distintas, de acordo com as crenças, valores, significados e mitos existentes nas comunidades(3). Nesse sentido, a doença mental ao mesmo tempo em que faz parte da vida cotidiana, é um fenômeno psicossocial pouco compreendido e aceito pelos familiares, uma vez que a experiência de ter um de seus membros com doença mental envolve a família num contexto amplo(4). Muitas vezes, o convívio com a doença psiquiátrica, é desgastante para o grupo familiar, podendo se agravar com o tempo, porém o enfrentamento da doença pode variar de acordo com as percepções e crenças das diferentes culturas. 2)Crenças e vivências de pessoas com câncer: os estudos trazem algumas implicações dos aspectos culturais em relação ao câncer, quando se trata de prevenção e tratamento. Um dos exemplos foi na prevenção do câncer de mama, onde as mulheres não fazem auto-exame e não aceitam serem examinadas, por medo, invasão de privacidade, expressando um sentido de ato sexual. No que diz respeito ao tratamento relatam a procura tardia pelos serviços de saúde, pela falta de informação e medo de enfrentar o tratamento, pois relacionam câncer com morte. Neste sentido, os estudos trazem a importância da intervenção das equipes de saúde, para desenvolver programas de educação e ações com possibilidade de inclusão de todas as pessoas, independente de suas crenças e condições sócio-culturais. Ainda, os estudos enfatizam a importância da presença da família nestas situações, principalmente quando o paciente é uma criança ou idoso. A reação do indivíduo em relação ao câncer incorpora a experiência e percepção deste diante do câncer, bem como os comportamentos de prevenção desta doença, baseados em seus conhecimentos e crenças(5). 3)Promoção e qualidade de vida no processo saúde-doença: existe diversidades nas percepções e vivências do processo saúde-doença em cada contexto, cada sociedade, cada ambiente. Alguns trabalhos trazem que os programas ou atividades de promoção da saúde e

qualidade de vida tendem a concentrar-se em componentes educativos, primariamente relacionados com riscos comportamentais passíveis de mudanças, que pelo menos em parte, estão sob o controle dos próprios indivíduos. Nesse contexto, os estudos selecionados em relação aos aspectos culturais relatam os desafios e estratégias na gestão das doenças crônicas, os benefícios e as dificuldades para atividade física na população de idosos, o aumento de crianças com sobrepeso e os programas para o controle de peso como estratégias de promoção e qualidade de vida no processo saúde-doença. Dessa forma, o ambiente onde as pessoas estão inseridas, os seus valores, crenças, faixa etária e desejos individuais estão relacionados ao modo como as pessoas percebem a promoção de saúde e qualidade de vida. 4)Aspectos religiosos frente as condições de saúde: a estratégia de enfrentamento de doença na família aparece nos estudos como a busca pela religiosidade. De modo geral, as pessoas ao se sentirem acometidas por alguma doença, ficam mais reflexivas e questionam suas próprias crenças religiosas e espirituais. Nesta categoria, a religião representou importante apoio e suporte para o enfrentamento da doença. A religiosidade tem sido descrita como fonte de suporte e conforto para os indivíduos durante o período de sofrimento, por lhes propiciar a serenidade para enfrentar as adversidades da doença. A valorização da espiritualidade ainda é uma prática pouco desenvolvida no cuidado da saúde da família. A espiritualidade esta em construção nas ações dos profissionais de saúde engajados no cuidar(6). Ainda, os estudos apresentaram que a experiência religiosa da fé dos familiares é vivenciada em um sentido particular e singular que traz como conseqüências, sentimentos de alívio, confiança, segurança e esperança diante da doença. CONCLUSÃO: Identificou-se que as concepções de saúde e doença de uma determinada família representam um conjunto de crenças da experiência individual e coletiva, presente e passada. Cabe aos profissionais de saúde, compreender a família neste processo saúde-doença, considerando suas crenças, valores e princípios próprios. Considerando as diversidades culturais, a enfermagem tem um grande desafio no desenvolvimento de suas atividades. Nesse sentido, conhecer e respeitar os aspectos culturais relacionados à saúde da família possibilitará um cuidado integral, indo ao encontro das reais necessidades das famílias.

PALAVRAS-CHAVE: Saúde da Família. Aspectos Culturais. Enfermagem. REFERÊNCIAS

1. Ratti A, Pereira MTF, Centa ML. A relevância da cultura no cuidado às famílias. Fam. Saúde Desenv., Curitiba, v.7, n.1, p.60-68, jan./abr. 2005.

2. Brito MEM, Damasceno AKC, Pinheiro PNC, Vieira LJES. A cultura no cuidado familiar à criança vítima de queimaduras. Rev. Eletr. Enf. 2010;12(2):321-5.

3. George JB. Teorias do Cuidado: Os Fundamentos à Prática Profissional 4ª ed. São Paulo: Artmed; 2000. p.187.

4. Cavalheri SC. Transformações do modelo assistencial em saúde mental e seu impacto na família. Rev. Bras. Enferm. 2010, vol.63, n.1, pg. 51-57.

5. Cestari MEW. A influência da cultura no comportamento de prevenção do câncer. Londrina. 2005. 167f. Dissertação de Mestrado em enfermagem. USP/UEL/UNOPAR. 6. Batista PSSA. Espiritualidade na prática do cuidar do usuário do Programa Saúde da Família com ênfase na educação popular em saúde. Revista APS. V.10, n.1, p. 74-80, jan./jun. 2007.

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