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A VISITA DOMICILIÁRIA COMO FERRAMENTA DE TRABALHO PARA O CUIDADO EM SAÚDE

Josiane Vivian Camargo de Lima1 Monise Milani Pavani2 Sarah Beatriz Coceiro Meirelles Félix3 INTRODUÇÃO: A Constituição Federal de 1988(1), no artigo de número 196 descreve a saúde como sendo um direito de todos, sem qualquer discriminação, às ações e serviços de saúde. Explicita ser dever do Estado, garantir o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde para sua promoção, proteção e recuperação. Mais adiante, no artigo de número 198, estabelece-se a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), composto por uma rede de serviços públicos de saúde. Neste sistema, é garantido por Lei o acesso de todos aos serviços e ações de saúde nos diversos níveis, sejam elas de promoção, prevenção ou recuperação. No ano de 1994 é implantado o Programa Saúde da Família (PSF). Constituindo-se em uma estratégia que busca um modelo diferenciado de atenção em saúde e também mais compatível com os princípios da universalidade e equidade que norteiam o sistema de saúde nacional, permitindo que toda a população fosse assistida por um cuidado contínuo e com olhar integral de saúde. A saúde da família reforça a reforma no sistema de saúde buscada com o SUS, deslocando o foco da doença, como pregava o modelo biomédico, ou seja, tratando o indivíduo como uma patologia, buscando identificar seu agente causador e eliminá-lo, sem preocupação com o caráter social da doença. Este modelo de trabalho em saúde é centrado na atenção básica, principalmente no ambiente familiar, sendo assim, é possível que o profissional de saúde conheça a realidade local, possa prevenir fatores de risco e assim produzir resultados favoráveis nos principais indicadores de saúde das populações assistidas pelas equipes saúde da família(2). Uma das práticas essenciais do Programa Saúde da Família é a Visita Domiciliária (VD), esta permite aos profissionais das Equipes de Saúde da Família adentrar o espaço onde a vida da família acontece e identificar suas necessidades. A Visita Domiciliária pretende proporcionar aos profissionais não somente entrar na casa das pessoas, mas também permite o conhecimento do cotidiano, os hábitos, costumes, crenças, como se dá a relação interpessoal entre os membros da família e destes com a sociedade e no ambiente de trabalho e como essa trama de acontecimentos pode contribuir para o surgimento de um agravo(3). OBJETIVO: Conhecer as várias definições de visita domiciliar e seus objetivos descritos na literatura. METODOLOGIA: Trata-se do relatório final de um sub-projeto de iniciação científica derivado do grande projeto intitulado A atenção domiciliar na estratégia saúde da família: tecendo o cuidado em conjunto com a família. Este recebe auxílio financeiro da Fundação Araucária e tem aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de

1 Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva, Docente do Departamento de Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Londrina. email: josivivian@gmail.com

2 Estudante do 2º ano de Enfermagem, Bolsista Inclusão Social/Fundação Araucária, Universidade Estadual de Londrina. email: monisepavani@gmail.com

3 Fisioterapeuta, Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho, Docente do Departamento de Saúde Coletiva, Universidade Estadual de Londrina. email: sbmeirelles @hotmail.com

Londrina. É uma pesquisa de revisão bibliográfica onde foram utilizadas para a pesquisa fontes escritas sobre o tema nas bases bibliográficas bem como na base online Scielo os seguintes descritores: Cuidados Domiciliares de Saúde (Espanhol: Atención Domiciliaria de Salud, Inglês: Home Nursing), Visita Domiciliar (Espanhol: Visita Domiciliar, Inglês: Home Visit) e Saúde da Família (Espanhol: Salud de la Família, Inglês: Family Health). Os dados foram analisados e agrupados sob a forma textual. RESULTADOS: Ao analisar as produções literárias sobre o tema desta pesquisa, foi possível identificar que a visita domiciliária é um instrumento indispensável no t rabalho da Estratégia de Saúde da Família, utilizado pelos integrantes das equipes para conhecer as condições de vida e saúde das famílias que estão sob o cuidado da equipe. Os profissionais ao entrarem na casa das pessoas, iniciam um processo de vínculo, que implica no conhecimento do conhecimento da dinâmica da vida da família e de seus membros, suas relações familiares, com a vizinhança, serviços de apoio e de saúde, enfim com a sociedade e como se inserem nesta, proporcionando melhor compreensão dos diversos fatores e acontecimentos que interferem no seu processo de adoecer e morrer(3). A VD também pode ser entendida como uma estratégia que realiza a intermediação entre a Unidade de Saúde da Família (USF) e o usuário, favorecendo o acesso ao serviço de saúde local. Através da caracterização das condições de vida e saúde de uma determinada população permite identificar a vulnerabilidade da mesma e sua exposição aos agravos de saúde, bem como compor o perfil epidemiológico da região. Estudiosos(4) afirmam que a VD possui algumas etapas: o planejamento, a execução, registro dos dados e avaliação do processo. Nestas respectivas etapas ocorre a seleção dos usuários a receberem a VD, seguindo os critérios de itinerário, tempo disponível e transporte. É importante realizar a leitura do prontuário bem como obter informações sobre a família a ser visitada com outros profissionais que já tiveram contato com a mesma, a fim de selecionar os dados essenciais aos objetivos da visita. Durante a execução da VD o profissional deve identificar-se e informar com clareza os objetivos da visita. Após o contato inicial, realizar a entrevista ou executar os procedimentos previstos. Ao término, o profissional deve elaborar um relatório por escrito sobre a VD e anexá-la ao prontuário do usuário. Por fim, deve-se realizar uma avaliação do processo a fim de verificar se os objetivos propostos foram alcançados. Esta última etapa tem papel fundamental para que o passo seguinte na assistência à família seja estabelecido. As ações pautadas nos domicílios, como a Visita Domiciliária, são reconhecidas como uma atividade que opera sobre as relações equipe/família ampliando o vínculo e a responsabilidade com as ações de saúde2. Para alguns pesquisadores2, o objetivo é que tais ações impactem na qualidade de vida do grupo familiar, pois, interferem na sua realidade. Por outro lado, podemos perceber que estas ações possuem aspectos favoráveis e desfavoráveis, pois podem se transformar em um instrumento de controle sobre as famílias visitadas. As visitas realizadas de forma periódica e regular proporcionam a criação de vínculos entre os profissionais de saúde e os usuários, através do acolhimento e assim de um cuidado mais humanizado. Estabelece-se uma relação de confiança, onde saber ouvir é essencial para planejar ações de saúde de acordo com a realidade de cada família. Por outro lado, a visita rotineira da equipe pode gerar certa acomodação por parte do usuário e excessiva dependência dos profissionais da equipe de saúde. Algumas deficiências próprias do Programa Saúde da Família como a falta de recursos necessários para a locomoção dos profissionais, falta de tempo e distancias territoriais são impedimentos a um cuidado domiciliar de qualidade. Sendo assim, podemos dizer que a VD é um instrumento

imprescindível para a equipe de saúde da família, mas que, por se tratar de uma iniciativa relativamente recente na história da saúde em nosso país, possui ainda algumas fragilidades que devem ser revistas para uma saúde de maior qualidade. CONCLUSÃO: Pode-se observar que a VD é um instrumento imprescindível no trabalho dos profissionais da equipe de saúde da família. Embora amplamente utilizada por todos, os profissionais de enfermagem devem explorar melhor esta ferramenta para conhecer as necessidades de saúde das famílias e devem estimular constantemente toda a equipe que cumpram as etapas de realização da visita, desde o seu planejamento até a avaliação do processo.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem. Saúde da família. Visita domiciliar. REFERÊNCIAS

1. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. [acesso em 2010 Mar 28]. Disponível em http://www6.senado.gov.br/con1988/CON1988_19. 12.2006/CON1988.pdf.

2. Abrahão ALS, Lagrange V. In A Visita Domiciliária como uma Estratégia da Assistência no Domicílio. Modelos de atenção e saúde da família. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2007. (04):151-172.

3. Mazza VA. A visita domiciliar como ferramenta ao cuidado familiar. Universidade Federal do Paraná – Curitiba; 2009.

4. Takahashi RF, Oliveira MAC. A visita domiciliária no contexto saúde da família. In Manual de Enfermagem/ Inst Instituto para o Desenvolvimento da Saúde. Universidade de São Paulo. Ministério da Saúde – Brasília: Ministério da Saúde; 2001.

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