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11ção da luminária é representada através da di-

Tipos de representação em ASL 1 Paul G Dudis

11ção da luminária é representada através da di-

recionalidade do verbo: o verbo é direcionado para cima e um pouco para longe do sinali- zante. Para que seja possível direcionar esse si- nal, tipicamente, uma combinação de Espaço- Real precisa ter sido previamente criada (ver Liddell 1003:154 para uma observação simi- lar). Assim que o sinalizante imagina a pre- sença de um |teto de cozinha|, o verbo pode então ser direcionado para o elemento com- binado. De outro modo, não é possível usar o verbo (exceto em casos em que o sinalizante está falando sobre um teto real diretamente acessível aos interlocutores). O uso desse tipo de verbo de representação é, com freqüência, um indicador de uma combinação de Espaço- Real e, nesse caso, fica claro que o sinalizante criou uma combinação de Cozinha.

A combinação de Cozinha é um exemplo de uma combinação de cenário. Ela é criada integrando-se a cozinha do input do Espaço-da- Cozinha com uma parte do cenário do Espa- ço-Real em uma combinação, criando-se uma |cozinha|. O |teto| nessa combinação é o resul- tado da integração do teto (acessível através do quadro de cozinha) no input do Espaço-de-Co- zinha com uma parte do espaço acima do sina- lizante. A configuração da |cozinha| e do |teto| não é possível sem que o sinalizante escolha uma localização dentro da cozinha, a partir da qual possa localizar a luminária. Existem muitas lo- calizações possíveis na cozinha que podem ser escolhidas para esse propósito. Assim que uma localização é selecionada, ela não se integra com o sujeito do Espaço-Real, mas apenas com o ponto de visualização do Espaço-Real. Por aca- so, o sinalizante está de pé no que é entendido como a |cozinha| e está também olhando para o |teto da cozinha| enquanto direciona um verbo para ele. Porém, isso não significa que a combi- nação de Cozinha contenha um |sujeito|. Não existe um ser animado no input do Espaço-de-

Cozinha que seja um candidato correspondente ao sujeito do Espaço-Real. Além disso, a combi- nação é criada para representar um cenário, ao invés de um evento e, como discutido a seguir, a combinação de cenário parece obstar a exis- tência de um |sujeito|. Já que o ponto de visuali- zação do Espaço-Real é um tipo de localização, virtualmente qualquer localização na cozinha é um correspondente adequado. O ponto de vi- sualização não é meramente uma localização no chão, mas um conceito tridimensional. Para exemplificar rapidamente, considere as diferen- ças na articulação de um verbo produzido por uma criança pequena e um adulto alto para re- presentar a localização de um quadro na parede da cozinha. A criança produziria o sinal acima do nível dos olhos ao fazer referência à localiza- ção real da pintura no espaço, enquanto o adul- to produziria o sinal no nível dos olhos. Isso é, obviamente, uma conseqüência dos pontos de observação tridimensionais diferentes que os dois têm, o que é integrado a uma localização na cozinha para criar os respectivos |pontos de visualização|. Se a criança ou o adulto repre- sentasse a experiência do outro da cozinha, suas articulações mudariam conforme a situação – o adulto elevaria ambos os braços para represen- tar a localização do |quadro|, mas isso não seria necessário para a criança.

Figura 12

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A Figura 12 representa as combinações de cenário que têm dimensões de tamanho natural. Assim como a representação de di- álogo construído na Figura 10, o |cenário| é representado por uma caixa. Em vez da fi- gura com um sombreado usado para repre- sentar um |sujeito|, uma figura pontilhada é usada aqui para representar o |ponto de visualização|. Essas representações distintas não deveriam ser entendidas como sinal de que o |sujeito| não tem um |ponto de visu- alização|, mas, como mencionado acima, o primeiro na verdade abarca o segundo. Não é possível para um sujeito não ter ponto de visualização, porque a conceitualização da localização de alguém em um cenário maior é um componente essencial de autoconsciên- cia. Porém, como vimos, é possível projetar o ponto de visualização do Espaço-Real, in- dependentemente do sujeito do Espaço-Real. Esse é um exemplo de projeção seletiva: em alguns tipos de representação, apenas um número de componentes do Espaço-Real são selecionados para se integrar a seus cor- respondentes. O diálogo construído tem um |sujeito| com um |ponto de visualização| con- comitante, mas combinação de cenário com dimensões de tamanho natural apenas têm o ponto de visualização. Já que ambos os tipos de representação têm |cenários| com dimen- sões de tamanho natural, eles são exemplos do que Emmorey e Falgier (1999) chamam de espaço do observador (viewer space). Es-

paço substituto (surrogate space) é o termo

usado por Liddell (1995), embora, no meu entender, ele tenha sido usado para descrever apenas combinações de escalas semelhantes (similarly-scaled blends) que representam di- álogo ou ação.

Combinações de cenário também podem ser criadas com uma porção menor do espaço na frente do sinalizante. Nessa combinação,

as dimensões do |cenário| e as entidades nele são diminuídas em escala. Isso é o resultado do processo cognitivo de compressão (Fau- connier e Turner 2002). O cenário represen- tado é comprimido com a porção menor de espaço na combinação. Porque esse espaço físico não inclui a área onde o sinalizante está localizado, o ponto de visualização do Espaço-Real não fica disponível para partici- par nos mapeamentos que criam essa com- binação, faltando-lhe, assim, um |ponto de visualização|. O ponto de visualização do Es- paço-Real do sinalizante continua em vigor. Contrastando com o espaço do observador, esse é um espaço diagramático (Emmorey e Falgier ibid.), representado pela caixa peque- na na Figura 13. O benefício (e necessidade) de compressão pode ser visto na representa- ção das relações espaciais dos planetas e ga- láxias. Os componentes da entidade que está sendo representada são combinados com seus correspondentes menores de Espaço-Real na combinação, permitindo uma conceituali- zação em escala comparável ao ser humano que, de outro modo, não seria possível.

Figura 13

Aparentemente o |cenário| de elemento combinado é uma constante entre os vários tipos de representação apresentados neste artigo. Já que o diálogo necessariamente se passa em um cenário, a representação de di-

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