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1As outras duas combinações de evento

Tipos de representação em ASL 1 Paul G Dudis

1As outras duas combinações de evento

são combinações de observador e diagramá- tica em que o Tempo-do-Evento é comprimi- do com um intervalo menor de progressão temporal do Espaço-Real. Provavelmente, o que acontece é que muitas combinações de evento exibem compressão temporal, mas determinar se existe compressão temporal ou não é tão fácil como no caso de compres- são de cenário. Porém, o uso de construções aspectuais temporais ou alguns movimentos de cabeça acompanhados por sinais faciais não-manuais (como aceno rápido da cabeça com os olhos apertados e a boca levemente aberta) são bons candidatos para indicado- res de compressão temporal, como descrita aqui. Dudis (2004b) descreve como alguns movimentos convencionais de cabeça, na ASL, acompanham representações gradu- ais de mudança-de-estado. Logo depois de representar o evento causador, o sinalizante faz um lento movimento de cabeça para trás, produzindo a seguir, um rápido movimento de volta da cabeça para sua posição neutra, enquanto produz, simultaneamente, um si- nal descrevendo a mudança. Na expressão na ASL mais ou menos equivalente à ex- pressão “Eu pratiquei até ficar bom” (Figura 18), uma forma aspectual de PRATICAR é produzida com sinais não-manuais sugerin- do a existência de um |sujeito|. Durante a produção de uma forma aspectual, a cabe- ça se move lentamente para trás, um gesto que sugere o reconhecimento de que uma mudança está ocorrendo. Na última parte da expressão, a produção do sinal de HABI- LIDADE e a volta da cabeça para a posição neutra (ou próxima a ela) ocorrem simulta- neamente. A construção real de uma habi- lidade exige mais do que alguns segundos, mas esse intervalo de tempo é exatamente o quanto se leva para produzir a expressão.

Isso é evidência clara de compressão de pro- gressão temporal. Como essa construção pode ser usada para representar outras mu- danças-de-estado, podemos tomar o sinal não-manual de cabeça recém descrito como um indicador desse tipo de compressão.

Figura 18

O último elemento do Espaço-Real a ser descrito nesse artigo é o corpo em si. Liddell (2003:141-142) descreve como um sinalizan- te utiliza uma combinação de Espaço-Real, replicado na Figura 19, para descrever a pre- paração de um peixe antes de cozinhá-lo. O sinalizante coloca a ponta de uma configu- ração de mão-B na parte superior do peito, próximo à garganta, movendo-a para baixo, para sua cintura. Uma vez que o sinalizan- te está especificamente falando sobre fatiar o peixe, entendemos que a configuração de mão-B é usada para representar algo relativo ao ato de fatiar, ou uma parte da faca e seu movimento de fatiar ou a trajetória do corte e, talvez, sua profundidade. Também inter- pretamos que o peito do sinalizante é usado para representar a lado inferior do peixe. O

ventre do peixe no Espaço-do-Peixe é mape-

ado no peito do sinalizante do Espaço-Real e a sua integração resulta no segundo elemen-

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to combinado visível, o |ventre do peixe|. E quanto ao olhar do sinalizante para baixo? A não ser em desenhos animados, peixes não podem se ver sendo fatiados, pode-se, então, dizer com segurança que não existe |sujei- to| algum nessa combinação. Então, aqui a cabeça do sinalizante é apenas ela mesma. Porque peixes ocupam um espaço e os even- tos ocorrem em cenários, um |cenário| é es- tabelecido, mesmo que abstrato (dificilmente sinalizantes imaginariam uma superfície, de uma mesa, por exemplo, em um dos lados do sinalizante). Já que a combinação criada não é um espaço diagramático, mas parece ser um espaço de observador em escala-maior-que- a-natural, fica claro que existe um |ponto de visualização| nessa combinação. Exemplos si- milares de combinações de espaço de obser- vador que contêm |corpos| combinados, mas não |sujeitos| são freqüentemente encontra- dos em descrições de como as pessoas se ma- chucaram, ganharam cicatrizes, etc.

Nessa seção, demonstrei que os vários tipos de representação observados no dis- curso na ASL são resultados de uma proje- ção seletiva de elementos do Espaço-Real, a saber, cenário, ponto de visualização, a progressão temporal, o sujeito e o corpo, juntamente com habilidades cognitivas que incluem a habilidade de separação do cor- po em várias zonas significativas, para com- primir o cenário e o tempo da cena sendo representada e criar combinações simultâ- neas. Os diferentes tipos de representação são listados na Tabela 1, abaixo. Uma vez que qualquer combinação de evento pode ter uma |progressão temporal| comprimi- da, nenhum item separado indicando com- pressão temporal é necessário. Além disso, o |sujeito| não está listado com combinações diagramáticas porque esse elemento combi- nado só pode ser parte de uma combinação de evento de observador.

Tipos de combinação de Espaço-Real usados em representação

Combinação de evento de observador com |sujeito| Combinação de evento de observador sem |sujeito| Combinação de cenário de observador

Combinação de cenário diagramático Combinação de evento diagramático

Tabela 1

5. Restrições no uso de itens lingüísticos quando um |sujeito| está ativo

As análises de combinações conceituais em expressões da ASL também esclareceram a relação entre unidades lingüísticas da ASL e combinações de evento. O que interessa aqui é o conjunto de restrições que tipicamente entra em vigor quando um |sujeito| está ativo. Como descrito adiante, essas restrições estão relacionadas à ativação de uma |progressão temporal| e ao tipo de combinação de evento criado. Isso demonstra porque o teste infor- mal de representação de seqüência de eventos descrito na Seção 2 é útil para identificar se uma unidade lingüística realmente represen- ta um evento: se o sinal estiver associado à |progressão temporal|, então o sinal contri- bui para uma representação geral do evento.

Fauconnier (1997) descreve o discurso como contendo vários espaços mentais em uma única grade. Os participantes do dis- curso são descritos como navegadores nes- sa grade, o produtor do discurso é descrito como criando espaços e guiando os destina- tários pela grade via uma variedade de pistas, tanto lingüísticas quanto não-lingüísticas. O discurso começa com um espaço de base (base

space) (Fauconnier ibid.), um “conjunto pri-

vilegiado de estruturas de espaço mental que [o falante] entende como correspondente à sua experiência real e/ou a situações que

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