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1“mudança de papel” e é também chamada

Tipos de representação em ASL 1 Paul G Dudis

1“mudança de papel” e é também chamada

de “diálogo construído” (ver Tannen 1989, para discussão sobre diálogo construído em línguas faladas; ver Roy 1989, Winston 1991 e Metzger 1995, para discussão sobre diálogo construído na ASL).

O diálogo construído na ASL é, normal- mente, mais do que apenas a representação de um enunciado; como pode ser visto em exemplares de diálogos construídos na ASL, o interlocutor que produz o enunciado tam- bém está sendo representado. Na Figura 8, o sinalizante está produzindo um pronome singular de segunda pessoa gramatical e o sinal não-manual para perguntas sim/não. O sinalizante também está observando uma área acima da localização, em cuja direção o pronome está sendo direcionado. A aparente mudança de foco de atenção do sinalizante para além do destinatário enquanto conti- nua a sinalizar é uma das pistas que mostram que um diálogo construído está acontecendo. Durante todo o diálogo construído, entende- se que o sinalizante está representando um interlocutor e sua sinalização mostra o que foi dito no diálogo que está sendo representado. Uma porção do espaço à direita do sinalizan- te nessa representação é entendida como es- tando representando o segundo interlocutor.

O diálogo construído não é simplesmente uma representação um-a-um. É um ato cria- tivo, em que o sinalizante e o destinatário ima- ginam os interlocutores do diálogo representa- dos como estando presentes. O envolvimento dessa imaginação fica claro quando se percebe que, onde o destinatário identificaria o “sina- lizante-como-interlocutor”, outros indivíduos sem acesso ao discurso identificariam o sinali- zante apenas como sinalizante. Uma maneira de representar como pode haver duas concei- tuações diferentes associadas ao sinalizante é utilizar o modelo de combinação conceitual, que passo a descrever.

Os conceitos que são combinados duran- te o diálogo construído são correspondentes de dois espaços mentais distintos. É constru- ído um espaço mental por meio do discurso, no qual itens lingüísticos introduzem elemen- tos e estabelecem as relações entre eles. Como o sinalizante está descrevendo um conversa entre dois indivíduos, esse espaço mental tem dois elementos, interlocutor 1 e interlocutor 2. Se esses interlocutores fossem apresentados pelo nome, então esses elementos podem ser nomeados adequadamente no modelo, por exemplo, Trancy e Dana. Esse espaço mental é nomeado Espaço-do-Evento nos diagra- mas que se seguem.

O outro espaço mental é diferente no sen- tido de que não é criado via meios lingüísti- cos, mas é uma conceitualização do ambien- te adjacente. Esse é o Espaço-Real (Liddel 1995). Para demonstrar, rapidamente, a na- tureza de alguns dos elementos dentro desse espaço mental, imagine que alguém mostre a você um instrumento de escrita. Você teria um elemento de Espaço-Real que é uma con- ceitualização do instrumento, mas que não é o instrumento em si. Você está ciente da pre- sença do instrumento na sua frente, porque seu sistema perceptual absorve o ambiente Figura 8

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externo e cria uma representação cognitiva dele. Já que os respectivos Espaços-Reais do sinalizante e o do destinatário diferem, eles têm elementos de Espaço-Real diferentes. O primeiro tem uma conceitualização do desti- natário e o segundo, uma conceitualização do sinalizante. Um outro elemento do Espaço- Real é o espaço vazio adjacente aos dois. Em investigações recentes acerca da representa- ção na ASL (por exemplo, em Liddle 2003), o sinalizante do Espaço-Real e o sinalizante do espaço adjacente foram virtualmente os únicos elementos que contribuem para a re- presentação de diálogo (ou outras ações que são representadas como passíveis de ocorrer em uma escala humana). Liddel (2003:151) não parece fazer distinção entre o sinalizan- te e o corpo, mas como veremos na próxima seção, existem bons motivos para fazer isso. Além disso, outros elementos do Espaço- Real descritos abaixo também participam na representação de diálogo e outros eventos e na próxima seção, ficará claro como a iden- tificação desses outros elementos apresenta benefícios descritivos.

Parte do processo de representação de diálogo envolve a criação de conexões cor- respondentes entre elementos dentro do Es- paço-do-Evento, por um lado, e do Espaço- Real, por outro. Para facilitar essas conexões, um processo de esquematização é necessário, assim como um Espaço Genérico, que con- tenha os elementos relevantes que os inputs têm em comum. O sinalizante do Espaço- Real e o interlocutor 1 do Espaço-do-Evento são conceitos diferentes. As diferenças entre os dois podem ser de idade, gênero, raça, ca- racterísticas físicas e assim por diante. Além disso, apenas o sinalizante do Espaço-Real é visível e tem dimensões específicas. É possível abstrair essas diferenças para que os dois ele- mentos possam ser vistos como correspon-

dentes um do outro. O que o sinalizante e o

interlocutor 1 têm em comum é que eles são

conceitualizadores capazes de experienciar pensamentos, sensações físicas, etc. Existem vários termos candidatos para descrever os correspondentes, inclusive “eu” (self) (ver Cutrer 1994, para uma discussão sobre versões fortes e fracas do V-POINT). Ao descrever a relação entre um participante de um ato de fala e o significado das expressões produzidas durante o discurso, Langacker (2000) nomeia o primeiro como sujeito de concepção. Usa- rei aqui sujeito para descrever o sinalizante do Espaço-Real e os correspondentes poten- ciais no outro espaço de input (e esse termo não deve ser confundido com a relação gra- matical de mesmo nome). Em sua discussão sobre os efeitos de observação (viewing effects) exibidos em várias expressões, Langacker ob- serva como noções associadas com percepção têm análogos às noções de concepção e usa o termo “observador” (viewer) para descrever o indivíduo que percebe entidades e o que apreende o significado das expressões. “Ob- servador” é um termo candidato tão bom quanto “sujeito”, mas o segundo parece de- mandar menos explicação.

O interlocutor 2 também é um sujeito, mas já que o sujeito do Espaço-Real já está nomeado interlocutor 1, não existe sujeito do Espaço-Real disponível para se integrar com ele. Ao invés disso, o que é utilizado é uma porção de espaço vazio perto do sinalizante, nomeado, por conveniência, “porção espacial 2”. Esse espaço físico adjacente ao sinalizante é um elemento do Espaço-Real que é divisível em muitas porções diferentes. O mapeamen- to correspondente entre o interlocutor 2 e a “porção espacial 2” é em parte motivado por como ambos podem ser vistos como ocupan- do uma área de espaço dentro de um espaço maior. A localização específica do Espaço-

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