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1e o cenário” (Langacker 1987:126) Liddel

Tipos de representação em ASL 1 Paul G Dudis

1e o cenário” (Langacker 1987:126) Liddel

(1995:22) descreve Espaço-Real como um “espaço mental enraizado”. Desse modo, o Espaço-Real é contrastado com o outro es- paço de input que, nos termos de Liddell, é um espaço mental não-embasado que tem elementos próprios. Como mencionado aci- ma, uma distinção útil entre os dois espaços de input é o fato de o espaço mental ser ou não ser estabelecido e estruturado via meios lingüísticos. O Espaço-Real não o é, já que é o espaço mental de um indivíduo que está continuadamente ativo dentro ou fora do discurso. Esse espaço mental emerge da ab- sorção contínua de informação externa atra- vés dos sistemas visual e auditivo (Langacker 1987:112). A conceitualização que se faz de qualquer objeto percebido como presente é o elemento do Espaço-Real e isso inclui outros indivíduos com quem se interage. O fluxo de sinais lingüísticos é também uma entidade do Espaço-Real, mas as construções de significa- dos resultantes que os sinais ativam exigem um arranjo de espaços mentais contendo ele- mentos que não são (pelo menos, não estrita- mente) elementos do Espaço-Real.

Outros componentes da base são tam- bém componentes do Espaço-Real. A au- toconsciência do sinalizante é certamente parte da base. O sinalizante não está sempre totalmente consciente de si mesmo, como acontece freqüentemente durante episódios de devaneio, mas ao retornar às circunstân- cias presentes, o sinalizante se torna mais au- toconsciente. Essa diferença de consciência é uma diferença relativa à maneira como o sujeito de concepção é construído. Em um extremo, o sinalizante está totalmente au- toconsciente – e, assim, é construído como completamente objetivo – e no outro extremo, o sinalizante está menos autoconsciente – e as- sim construído como completamente subjetivo

(Langacker 2000). De qualquer modo, o sina- lizante sempre tem alguma consciência do eu que existe como parte da base, sendo o “lócus de experiência” (Lakoff 1996:93). Esse sujei- to/eu é parte do Espaço-Real de alguém, exlu- sivo àquele indivíduo. Também exclusivo ao conceitualizador é o ponto de visualização, “a posição a partir da qual uma cena é vista” (Langacker 1987:123). Um objeto dentro de um cômodo pode ser um elemento do Espa- ço-Real para os indivíduos, mas a partir de um ponto de visualização exclusivo. A noção de sujeito necessariamente supõe um ponto de visualização exclusivo, já que uma pessoa sempre se encontra em uma localização espe- cífica dentro de um cenário maior. Passamos agora à discussão da vantagem descritiva de se fazer uma distinção entre o sujeito e o pon- to de visualização onde uma representação é envolvida.

Figura 10

Primeiramente, é interessante usar ilus- trações simples como a Figura 10 para mostrar os componentes combinados que existem em diferentes tipos de representação. A Figura 10 mostra os componentes combinados em quase todo diálogo construído envolvendo dois interlocutores. Representar o |cenário| é como um contêiner em forma de caixa, den- tro do qual estão duas figuras. Uma delas é o |sujeito| e sua visibilidade é indicada por

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uma imagem com um campo sombreado. A segunda figura é o outro |interlocutor| e a ausência de campo sombreado indica a não- visibilidade do elemento combinado (a seta abaixo do diagrama será explicada adian- te). Deve-se reconhecer que esse diagrama e os outros abaixo basicamente indicam os componentes combinados e a sua relação es- quemática um com o outro, por exemplo, o |sujeito| existe dentro de um |cenário| com um |interlocutor| à sua frente. A figura que mostra o |sujeito| é um boneco de palito que está em pé, mas os sinalizantes podem, obvia- mente, produzir enunciados enquando estão sentados ou deitados, mesmo durante a re- presentação. Eles também tipicamente não saem da posição quando estão sinalizando, mesmo quando um movimento de trajetória do |sujeito| está sendo descrito. Na verdade, alguém correndo pode ser representado por um sinalizante confortavelmente sentado. Isso significa que, com freqüência, apenas uma parte do corpo do sinalizante participa do mapeamento que cria o |sujeito|. A com-

plementação de padrão (pattern completion),

outro processo cognitivo envolvido na com- binação (Fauconnier & Turner 1998), forne- ce o que for necessário para interpretar, com sucesso, a combinação apesar de informação visual mínima.

A evidência de que o sujeito do Espaço- Real e o ponto de visualização são compo- nentes distintos pode vir de um tipo de re- presentação que utiliza uma combinação de

cenário. Tais combinações são criadas quan-

do sinalizantes desejam falar sobre objetos dentro de um outro ambiente que não o seu atual. Um tipo de combinação seria criado quando, por exemplo, o sinalizante está fa- lando com um destinatário sobre uma nova luminária na cozinha de um amigo comum. Nessa situação, um espaço mental teria sido

previamente estabelecido, contendo certos elementos associados com a cozinha sendo descrita. Elementos nesse Espaço-de-Cozi- nha incluiriam a cozinha e a luminária. Já que a cozinha é um elemento nesse espaço mental, os sinalizantes também têm acesso ao conhecimento geral, ou um quadro mental (frame), referente a cozinhas, por exemplo, é um tipo de cômodo com as paredes, teto, piso e entradas típicas. Se o sinalizante dese- jar descrever a localização dessa luminária, a convenção gramatical da ASL é não produzir uma construção perifrástica como “no teto”. Ao invés disso, a convenção é direcionar um único verbo representativo (normalmente com um olhar) em direção ao teto imagina- do acima do sinalizante, como ilustrado na Figura 11.

Figura 11

O verbo na Figura 11 é usado aqui para, simultaneamente, representar várias caracte- rísticas da luminária. A configuração de mão representa a forma geral de uma luminária, em cúpula. A orientação do sinal representa a di- reção para a qual lados específicos da luminária estão direcionados. Nesse caso, já que a palma da mão está virada para cima, a luminária é representada como sendo convexa. Se for pos- sível que a palma virada para baixo seja usada em uma representação similar, entenderíamos a luminária como sendo côncava. A localiza-

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