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13te, as unidades lingüísticas são obtidas, em

Tipos de representação em ASL 1 Paul G Dudis

13te, as unidades lingüísticas são obtidas, em

parte, por meio de recorrência de usos reais dessas unidades. As características não-recor- rentes são abstraídas durante o processo em que as expressões ganham status de unidade. Nos verbos representativos-de-mãos e de ins- trumentos descritos acima, parece que a(s) unidade(s) que eles instanciam não especifi- cam para onde as mãos devem ser dirigidas. Ao invés disso, a direcionalidade é esquemá- tica, mesmo que seja uma característica es- sencial de um esquema do verbo representa- tivo-de-evento. O uso real desses verbos são instâncias do esquema do verbo e sua dire- cionalidade é, na maioria das vezes, motiva- da pelo conhecimento do sinalizante quanto ao evento que está sendo representado (por exemplo, se a arma está apontada para um lado, ou em direção ao lado, etc. Parece que as características esquemáticas desses verbos constituem o aspecto a que Liddell (2003) se refere em sua discussão sobre gradiência (gradience) em verbos representativos.)

Uma vez que verbos representativos de mãos e de instrumentos consistentemente ativam |progressão temporal|, isso constitui evidência de que, no que se refere a esses ti- pos de verbos, essa ativação não é opcional. O que significa que a |progressão temporal| é um componente do verbo representativo-de- evento: utilizar um verbo representativo-de- evento é criar ou manter uma combinação de evento com, pelo menos, um elemento com- binado visível. No caso de verbos representa- tivos-de-mãos, no mínimo a |mão do agente| está visível. O |sujeito agente| pode ser visível, mas, através da separação da mão do sina- lizante do Espaço-Real, ele pode ser a única parte visível do |agente| agindo sobre o |su- jeito paciente|, como na representação de al- guém levando um soco (Figura 24). No caso de verbos representativos de instrumentos,

o |instrumento| é o único elemento visível, mas um |sujeito| pode ser (e normalmente é) visível, somando um total de dois elementos combinados visíveis na representação em si.

Figura 24

Figura 25

Esses dois tipos de verbos representati- vos de eventos são também conhecidos como construções classificativas e, quando essas são usadas para representar eventos, uma análise similar se aplicaria. A expressão parcialmen- te ilustrada na Figura 15 (aqui repetida como Figura 25) foi rotulada como construção clas- sificativa de “entidade inteira”. Uma vez que o seu uso envolve a ativação de uma combi- nação com um elemento de |progressão tem- poral|, a unidade esquemática que sanciona o uso dessas construções tem esse elemento como componente. Como essas construções ativam uma combinação diagramática, elas

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não têm um componente |sujeito|. Esses ver- bos poderiam ser considerados como “pre- viamente separados (previously partitioned)”. Se um participante animado também é parte da cena sendo representada, isso permite a criação de uma combinação com um |sujei- to|, resultando em múltiplos elementos visí- veis combinados.

manual com o |sujeito| de acordo com a tese apresentada nessa seção. Minha análise preli- minar de FAZER-COISAS é que é um verbo que representa alguém fazendo certas coisas (algumas, talvez todas, envolvendo o uso das mãos). Existem algumas características do si- nal manual que, sob exame mais atento, pa- recem exibir mapeamentos icônicos. As pal- mas dos articuladores manuais estão viradas para longe do sinalizante, sugerindo contato ou interação com alguma entidade. O movi- mento do sinal para um lado e depois para o outro sugere interação com mais de uma entidade. O movimento dos dedos nesse sinal também é encontrado em um sinal que signi- fica “um tempo depois”. A duração do sinal é relativamente prolongada quando compa- rada com outros sinais não-representativos e isso é um indicador de |progressão temporal|. Se essa análise se confirmasse, esse sinal seria evidência de que, além de separação do cor- po e de compressão do cenário, a progressão temporal desempenha um papel na criação de sinais. Interessante que FAZER-COISAS também seria um possível sinal para exibir a compressão de cenário em uma combinação de observador: a atividade esquemática sendo representada não é necessariamente limitada ao espaço na frente do |sujeito|, mas pode ser entendida como abarcando todo um cômodo ou uma variedade de cenários.

Além dessas expressões que criam com- binações diagramáticas com elementos dis- tintos e visíveis (por exemplo, Figura 25), a maioria dos sinais descritos até aqui prova- velmente são vistos como monomorfêmicos, se seguirmos a abordagem de Liddell de 2003 à análise de verbos representativos. Nova- mente, tais unidades lingüísticas têm com- ponentes esquemáticos que ativam o ma- peamento de componentes semânticos nos elementos do Espaço-Real. Dada a visão da Figura 26

A ASL também parece ter verbos repre- sentativos-de-eventos que não seriam tradi- cionalmente considerados como construções classificativas. SER-SURPREENDIDO (BE-

TAKEN-ABACK) e FAZER-COISAS (DO- THINGS) (Figura 26) são dois exemplos de

verbos desse tipo. Quando um desses sinais é produzido, as várias pistas não-manuais (mudança de direção do olhar, de postura, mudança na expressão facial, etc.) são exibi- das, sinalizando a existência de um |sujeito|. SER-SURPREENDIDO parece ser icônico de um indivíduo experienciando algo tão in- tenso que precisa jogar os braços para cima para recobrar o equilíbrio. Contrastando com isso, não fica imediatamente óbvio de que os articuladores manuais em FAZER- COISAS são icônicos, muito menos o que eles representam. Não é suficiente conside- rar apenas esses articuladores como separa- dos do |sujeito|. Isso não reconciliaria o sinal

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