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11O verbo representativo recém descrito de

Tipos de representação em ASL 1 Paul G Dudis

11O verbo representativo recém descrito de

abrir garrafas é um exemplo do que é conhe- cido como uma construção classificativa de manuseio. A expressão “manuseio” é utiliza- da para esse tipo de verbo porque ele apre- senta uma |mão| visível que se considera estar segurando ou manuseando |algo|. O segundo elemento combinado é invisível, mas a con- figuração da |mão| indica parte da forma do |objeto manuseado|. A Figura 21 ilustra ou- tro verbo desse tipo, que representa uma arma sendo empunhada. Um verbo representativo diferente é mostrado na Figura 22.

classificativa de instrumento e utilizá-lo em uma combinação de evento com um |sujeito| exige separação da mão do sinalizante. A com- binação descrita na Seção 4, em que uma | víti- ma sujeito | recebe um |soco| também envolve a separação da mão, mas a separação só é exigida se o soco é desferido por outra pessoa que não o |sujeito|, o que é verdade também para verbos “representativos-de-mãos”. Verbos “represen- tativos-de-instrumento” precisam de separa- ção quando produzidos com um |sujeito| ati- vo, não importando se o |sujeito| é entendido como estando segurando o objeto ou não. Apesar das diferenças entre esses dois tipos de verbos representativos, apenas uma única combinação de evento é necessária para que qualquer um desses dois verbos sejam utili- zados. No caso de verbos “representativos- de-mão”, a |mão| é parte do |corpo| que o |sujeito| possui e qualquer |objeto manusea- do| não é visível, mas está presente como um elemento pertencente à combinação. No caso de verbos “representativos-de-instrumento”, o |instrumento| é visível, mas a |mão| que o segura não o é.

Estamos começando a ver as diferenças entre expressões que representam diálogo e expressões que representam ações manuais ou instrumentos. Apesar de a diferença en- tre as combinações de evento nessas expres- sões não ser óbvia, fica claro que elas diferem quanto ao tipo de unidade lingüística usada. Novamente, qualquer sinal produzido em uma combinação criada para representar di- álogo será entendido como parte do diálogo de um |sujeito|. Isso inclui substantivos como ARMA (GUN), um empréstimo articula- do com o alfabeto manual, e relações como PRATA (SILVER) (como não fica absoluta- mente claro que esse sinal é um adjetivo, opto pelo uso de “relação”, termo da Gramática Cognitiva que descreve a classe dos verbos, Figura 21

Figura 22

O verbo na Figura 22 é muito similar ao seu correspondente, exceto que ele represen- ta o objeto manuseado, ao invés da mão que o segura: temos, aqui, dois elementos visíveis, o | atirador sujeito | e a |arma|. Esse tipo de verbo é conhecido como uma construção

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adjetivos, advérbios e preposições). Uma vez que nem ARMA, nem PRATA representam coisa alguma, eles não poderiam ser produ- zidos por meio de uma combinação criada para representar eventos que não sejam di- álogos. Os dois sinais podem ser produzidos em um teste de seqüência de eventos apenas como diálogo construído. Os verbos nas Fi- guras 21 e 22 podem ser usados em combi- nações de eventos, não apenas porque estão representando verbos. O verbo exibido na Figura 11 (repetida a seguir como Figura 23) é produzido para representar a forma e localização de uma luminária, mas não uma ação. Os verbos representativos-de-mãos e representativos-de-instrumentos são verbos representativos-de-eventos. Uma vez que re- presentam eventos, eles têm um elemento de |progressão temporal|. Assim como o verbo na Figura 23 exige que uma combinação de cená- rio esteja ativada para que ele seja produzido, esses verbos exigem que uma combinação de eventos esteja ativa para que eles sejam pro- duzidos. A combinação de evento não precisa se manifestar ao destinatário anteriormente ao uso dos verbos representativos-de-eventos. O surgimento de tais verbos, com pistas não-lin- güísticas concomitantes, é suficiente para que o destinatário crie ou ative uma combinação de eventos na grade de espaços mentais.

É possível produzir o sinal não-repre- sentativo PRATA com a mão representando uma arma ou com uma mão que está segu- rando uma arma permanecendo no lugar. O fato de uma combinação de eventos ser ativada ou não depende do que o sinalizan- te está fazendo com PRATA. Se o sinalizante está representando a maneira como a pessoa com a arma a está descrevendo, por exemplo, “Aqui está a arma, é toda de prata”, então PRATA é produzido como parte de um diá- logo construído e isso exige ativação de uma combinação de evento. Apenas uma combi- nação de evento é necessária para represen- tar tanto o diálogo, quanto a arma na mão. Se o sinalizante e não o |sujeito| está descre- vendo a arma, então a |progressão temporal| foi desativada. A desativação da |progressão temporal| não necessariamente desativa ou- tros elementos da combinação. Mesmo o |su- jeito| estando desativado, a |mão| visível ou a |arma| visível podem continuar ativos por- que a mão e a arma resultam da integração de um componente do Espaço-do-Evento com o corpo do Espaço-Real, o que é conceitual- mente independente da progressão temporal. O sinalizante pode, então, falar sobre a arma usando sinais como PRATA e direcionado os sinais para a |arma|. Esse é um exemplo de uma estratégia de discurso em que |a progres- são temporal| fica desativada mantendo ati- vos não os verbos representativos-de-even- tos, mas os elementos visíveis combinados a eles associados.

A relação entre o verbo representativo- de-evento que os sinalizantes conhecem e o uso real do verbo dentro de uma combina- ção de evento pode ser descrita em termos da Gramática Cognitiva (Langacker 1987, 1991) como uma relação esquema-instância. Na visão de modelos gramaticais baseados-no- uso, dos quais a Gramática Cognitiva faz par- Figura 23

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