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1produções dos sinalizantes da LSF) e para a

Dêixis, anáfora e estruturas altamente icônicas: evidências in terlingüísticas nas línguas de Sinais Americana (ASL), Francesa

1produções dos sinalizantes da LSF) e para a

introdução dêitica de referentes inanimados via estruturas TF/TS (o que observamos, em proporções variáveis, mas significativas, em todas as três línguas de sinais).

Nossos dados também mostram que em todas as três línguas de sinais (novamente em proporções variáveis, mas significativas), as EAI permitem a realização de operações de referência dêitico-anafórica de MR, uma ca- racterística exclusiva do discurso sinalizado, que mereceu destaque, a partir de diferentes perspectivas, em vários estudos recentes e não tão recentes (Dudis, 2004; Pizzuto & al, 1990; Russo, 2004; Russo & al 2001; Verme- erbergen & al, 2007, entre outros).

As semelhanças interlingüísticas iden- tificadas parecem estar mais relacionadas a características próprias da modalidade visu- al-gestual, do que à língua específica. De fato, para além das diferenças individuais, encon- tramos padrões gerais semelhantes não ape- nas na ASL e na LSF, duas línguas com vín- culos históricos conhecidos, mas também na LIS, uma língua que não apresenta vínculos com a ASL ou com a LSF.

Antes que se possam fazer afirmações mais conclusivas sobre a generalização dos padrões por nós encontrados, é necessária a realização de estudos interlingüísticos mais abrangentes. É necessário se coletar e analisar mais dados sobre LS sem relações históricas e que sejam geograficamente distantes, além de se analisar diferentes gêneros de discur- so sinalizado. As análises de diferentes tipos de discurso na LSF realizadas por Sallandre (2003) já demonstraram que a freqüência com que as EAI são usadas é influenciada, de forma significativa, pelos tipos de discur- so. Como observado nesse estudo, na LSF, as EAI são muito mais freqüentes nas narrativas do que nos textos ‘prescritivos/descritivos’,

como as receitas culinárias. Resultados com- paráveis relativos à LIS foram encontrados, utilizando-se uma terminologia diferente, em um estudo comparativo de textos poéti- cos e expositivos (Russo, 2004; Russo & al, 2001). Embora tais estudos, ao contrário do nosso, não tratem especificamente das fun- ções dêitico-anafóricas das EAI em compara- ção com as dos sinais padrões, eles mostram claramente que o gênero do discurso é uma variável importante que precisa ser levada em consideração.

Relembrando a fundamentação teórica apresentada na seção 1.1, pode-se observar o seguinte: as evidências por nós discutidas questionam a visão consideravelmente dis- seminada de que o estabelecimento de ‘loci’ no espaço é a maneira principal ou ‘padrão’ de se realizar operações dêitico-anafóricas numa LS. Como já observamos, nas narrati- vas analisadas, essa estratégia nunca foi usada por sinalizantes da LSF e foi pouco usada por sinalizantes da ASL e da LIS.

Nossos dados são mais compatíveis com - e, portanto, corroboram - modelos for- mais que atribuem a características icônicas um papel estrutural central na produção do discurso sinalizado em diferentes níveis de análise (Cuxac, 1985; 1996; 2000; Cuxac & Sallandre, 2004/no prelo; Pietrandrea & Russo, 2004/no prelo; Pizzuto, 2004/no pre- lo; Russo, 2004; Russo & al, 2001; Sallandre, 2003; 2006; 2007; Sallandre & Cuxac, 2002). Considerando-se que as operações dêitico- anafóricas são concebidas como uma função universal da língua humana para a realização da coesão textual, pode-se afirmar que a utili- zação generalizada das EAI em tais operações constitui um indício extra da relevância das propriedades icônicas para um melhor en- tendimento e uma descrição mais completa da gramática das LSs.

Elena Pizzuto, Paolo Rossini, Marie-Anne Sallandre e Erin Wilkinson

Questões T

eóricas das P

esquisas em Línguas de Sinais

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