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ACOMPANHAMENTO A PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA E ÚTERO: A PSICOLOGIA DENTRO DE UM AMBULATÓRIO DE GINECOLOGIA E

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 63-66)

Resumos dos trabalhos

11. ACOMPANHAMENTO A PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA E ÚTERO: A PSICOLOGIA DENTRO DE UM AMBULATÓRIO DE GINECOLOGIA E

MASTOLOGIA

1

Anaíse Dalmolin2

Alberto Manuel Quintana3 Valéri Pereira Camargo2 Ana Luiza Portela Bittencourt4 FIEX/UFSM Descritores: Câncer, Diagnóstico

INTRODUÇÃO:O câncer é um conjunto de doenças cuja característica em comum é o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo se espalhar para outras regiões do corpo (Instituto Nacional de Câncer, 2008). Caracterizado como patologia crônica e de tratamentos longos e intrusivos, o câncer é uma doença com forte estigma social, sendo seu nome, muitas vezes, automaticamente relacionado a morte. Assim, o período diagnóstico e mesmo a etapa pré- diagnóstica, geralmente, são percebidas e vivenciadas como um momento de intensas mudanças, perdas e adaptações e onde a morte, até então não lembrada, passa a aterrorizar como uma possibilidade real (Nascimento ET AL, 2005). Quando se trata do câncer de mama, tem-se ainda a peculiaridade de, ao atingir um órgão culturalmente e biologicamente ligado a feminilidade, interferir também em vários sentimentos da mulher relacionados ao seu corpo nos quesitos eróticos e maternos. Dessa forma, reconhecendo as importantes reestruturações ocasionadas com a descoberta do câncer e percebendo a necessidade da oferta de apoio às pacientes nesse período, desde o ano de 2003 está sendo desenvolvido um projeto de acompanhamento psicológico às mulheres em etapa diagnóstica e pós diagnóstica no ambulatório de mastologia do Hospital Universitário de Santa Maria - HUSM. O projeto, que atualmente conta com a participação de uma acadêmica de psicologia supervisionada por uma mestranda em psicologia e um professor da mesma área, pretende proporcionar um ambiente de escuta e acolhimento para as mulheres atendidas para que essas possam falar de si, expor suas dúvidas, angústias e temores relativos à doença e ao futuro. OBJETIVOS: O objetivo da realização do trabalho é ofertar apoio psicológico às mulheres em período diagnóstico e pós-diagnóstico, de forma que elas possam elaborar suas experiências e enfrentar com melhores condições o período da doença e tratamento. Através de uma intervenção oportuna, tenta-se evitar a cristalização de mecanismo que venham a dificultar a elaboração do diagnóstico de câncer facilitando assim o tratamento e as vivências trazidas por ele, a fim de torná-lo       

1 Projeto de Extensão

2 Acadêmica do curso de Psicologia da UFSM

3 Doutor em Ciências Sociais, Professor Adjunto de Psicologia da UFSM. 4 Mestranda em Psicologia da UFSM

o menos traumático possível. METODOLOGIA: O projeto conta com a participação alternada de duas acadêmicas de psicologia no ambulatório de mastologia do hospital. Logo após a consulta médica e a comunicação do diagnóstico, a paciente é encaminhada para a acadêmica presente, que faz uma consulta inicial e, se necessário, mais algumas conversas são feitas nos retornos das consultas médicas, ou se necessário, feito um encaminhamento a um serviço de psicologia ou psiquiatria. Sempre que preciso a família também é atendida, nos mesmos moldes. Os atendimentos são feitos de acordo com as bases da Terapia de Apoio descrita por Cordioli (1998), sempre de acordo com os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo (Conselho Federal De Psicologia, 2005). Como suporte acadêmico à acadêmica, ocorrem supervisões semanais com os orientadores do projeto, que ajudam a pensar os casos e sobre as intervenções. Além do acompanhamento no ambulatório, há também a participação de uma das acadêmicas no Grupo Renascer. Este é formado por uma equipe multidisciplinar que atua no apoio de pacientes em tratamento ou após ele de câncer de mama. O grupo é aberto e quinzenal, e a atuação da acadêmica se faz por intervenções em momentos oportunos, em questões de sua abrangência, e colaboração na organização prática e burocrática do grupo, tarefa de toda equipe técnica em conjunto. RESULTADOS: O trabalho de acompanhamento psicológico abre um espaço para a fala da paciente para que essa retrate suas vivências da doença, suas angústias e medos. O papel do psicólogo consiste em dar voz a aqueles sentimentos calados e silenciados por ideais como “preciso ser forte” e propiciar com que a paciente entre em contato com seus próprios sentimentos e consiga compreender a etapa de mudanças que está passando e, assim, possa dar conta das reestruturações que poderão lhe ocorrer. Por isso, é de suma importância a paciente construir o “romance”, a história de sua doença, buscando a produção de sentidos, também fazendo uso de sua história passada (Zecchin, 2004). Ainda, frente ao usual mecanismo de negação a psicologia se insere auxiliando a paciente na compreensão do seu real estado de saúde, visando à assimilação da condição trazida pela doença. Ao incentivar a paciente a buscar informações e saber o que acontece com o próprio corpo, conhecer as particularidades da doença, implicações do tratamento e conseqüências possíveis, além de facilitar a colaboração com o tratamento também se pode evitar que, adiante, ao deparar-se cotidianamente com os efeitos da doença e tratamento - fatos então desconhecidos, a paciente desenvolva quadros psicopatológicos, como a depressão. Faz-se importante também apontar as peculiaridades do funcionamento do projeto com relação à vivência em equipe. O vínculo com a equipe não foi difícil de se estabelecer, porém passa por constantes reformulações em função de a mesma ser bastante numerosa e com trocas freqüentes de estagiários, acontecendo no mínimo a cada mês. As maiores dificuldades eram encontradas na troca de equipe, onde muitos casos eram perdidos por desconhecimento ou falta de hábito da equipe com esse serviço, existente em poucos locais do hospital. Alguns casos também eram perdidos nas situações em que a acadêmica estava em atendimento e, por não ser encontrada no momento a paciente era liberada. Diante destas dificuldades podemos pensar que a Psicologia dentro de hospitais ainda está ganhando seu espaço, demonstrando sua importância, e por isso existem poucos profissionais da área atuando em comparação a outras especialidades historicamente presentes na prática hospitalar. Além disso, o trabalho em equipe na área da saúde

também esta sendo construído, sendo de certa forma uma modalidade recente de relação entre os profissionais. CONCLUSÃO: No imaginário popular, o câncer é frequentemente ligado à idéia de doença incurável e morte. Assim sendo, os números crescentes de casos assustam e dão a sensação de que ninguém está imune a ele. Dicas de prevenção, estudos e exames para diagnóstico cada vez mais precoce tentam acalmar a população, porém para quem acaba de se descobrir com a doença as angústias e medos são inevitáveis. Em função disso, a criação de um ambiente de escuta psicológica se torna interessante para aliviar as angústias iniciais, fazendo uso de um espaço propício para que as mesmas venham a tona e sejam trabalhadas. Com a execução do acompanhamento psicológico é possível perceber a facilitação no enfrentamento da doença e aceitação do tratamento por parte das pacientes atendidas. É também visível a melhora no estabelecimento da comunicação entre médico e paciente e da paciente com sua família. Entre os primeiros, porque ao perceber as dúvidas e indagações feitas pela paciente se pode solicitar o médico para que, nessa segunda oportunidade, sejam esclarecidos os fatos da doença, procedimentos futuros e porquês do tratamento. A melhora quando a comunicação entre paciente e família se percebe porque, ao conseguir falar e aceitar seu processo de doença e tratamento, abre-se a possibilidade para que a família também consiga lidar melhor com a nova situação, sem que seja necessário negar ou esconder a doença e estabelecer um “pacto de silêncio” doloroso, onde todos tentam esconder os sofrimento advindos das mudanças contínuas do período da doença e onde a paciente finge ignorar seus estado real.

REFERÊNCIAS

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de ética profissional do Psicólogo. Disponível em: <http://www.pol.org.br/pol/export/sites/default/pol/legislacao/legislacaoDocumentos/codigo_etica.pdf>. Acesso em: 16 out. 2009.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Particularidades do câncer infantil. Disponível em: < http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=125 > Acesso em: 28 mar. 2008.

MARINHO, R. F.; SANTOS, N. O.; PEDROSA, A. F. Crenças relacionadas ao processo de adoecimento e cura em pacientes renais crônicos. Psicologia hospitalar, vol.3, no.2, 2005.

NASCIMENTO, L. C. ET AL. Crianças com câncer e suas famílias. Revista da Escola de Enfermagem

da USP, v.39, n.4, p 469-474, 2005. Disponível em:

< http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/69.pdf > Acesso em: 25 mar. 2008.

ZECCHIN, R. N. A perda do seio: Um trabalho psicanalítico institucional com mulheres com câncer de mama. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

12 - A SAÚDE E O TRABALHO NO CONTEXTO DA PRÁTICA DE UMA

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 63-66)

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