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TRATAMENTO NOS SERVIÇOS DE HEMATO-ONCOLOGIA: UMA QUESTÃO DE BIOÉTICA PARA A EQUIPE DE ENFERMAGEM

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 85-88)

12 A SAÚDE E O TRABALHO NO CONTEXTO DA PRÁTICA DE UMA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE PRONTO-SOCORRO 1

17. TRATAMENTO NOS SERVIÇOS DE HEMATO-ONCOLOGIA: UMA QUESTÃO DE BIOÉTICA PARA A EQUIPE DE ENFERMAGEM

Clarissa Potter2

Maria Denise Schimith3

Rani Simões de Resende4 Descritores: Enfermagem oncológica, equipe de enfermagem, emoções

INTRODUÇÃO: Na prática assistencial da enfermagem nos confrontamos com situações que necessitam de atitudes éticas, uma vez que lidamos com seres humanos, suas peculiaridades e necessidades. As questões éticas são conflituosas, pois remontam diversidades culturais e diferenças de opiniões religiosas, políticas e sociais. Sob essa perspectiva o debate ético não é apenas pluralista em sua forma, mas na natureza de suas referências éticas. A natureza da ética caracteriza- se em ser relativa e não absoluta, pois depende dos sujeitos e do contexto em que se insere e da sensibilidade dos envolvidos. A hemato-oncologia carrega um estigma muito grande dentro das equipes de enfermagem com relação aos pacientes acometidos, onde os profissionais formam barreiras de proteção criadas para impedir maiores sofrimentos e evitar o envolvimento usuário– paciente, pela idéia de finitude correlacionada à patologia. É cada vez mais importante que a enfermagem esteja preparada para receber estes pacientes de maneira ética e humanizada com um olhar holístico propiciando conforto no tratamento que muitas vezes se torna agressivo não só pelos efeitos colaterais, mas pela marca que carrega perante a sociedade e a deixada na família. OBJETIVOS: Este estudo tem por objetivo suscitar uma reflexão a cerca da assistência da equipe de enfermagem a usuários do serviço de oncologia, ao gerar uma discussão, pautada nos princípios da bioética, e com base em situações vivenciadas pelas acadêmicas de Enfermagem durante os estágios curriculares da graduação. Pretende-se relatar questões ligadas ao sofrimento físico e psíquico dos pacientes, relação da equipe com os mesmos e seus familiares e entraves criados pelos profissionais para lidar com a dor e os sentimentos de si próprio e do outro. METODOLOGIA: Trata- se de um estudo crítico-reflexivo que se deu a partir das vivências de acadêmicas de enfermagem de uma Universidade do interior do Rio Grande do Sul em situações que envolveram assistência a usuários do serviço de oncologia. O campo de desenvolvimento destas aulas práticas conta com 24 leitos, sendo estes distribuídos entre as clínicas de cardiologia e hemato-oncologia. Este serviço também conta com um ambulatório e um anexo onde se realizam os tratamentos radioterápicos. Tais vivências proporcionaram momentos de reflexão, que foram de grande relevância para o crescimento profissional e pessoal das acadêmicas. RESULTADOS: O câncer tem sido visto como um processo irreversível, na maioria das vezes associado a um desfecho fatal. Entretanto, o avanço técnico científico na área nos últimos anos possibilitou o surgimento de tratamentos e perspectivas de cura       

1 Relato de experiência

2 Acadêmica do sétimo semestre do curso de Enfermagem da UFSM.

3 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente do Departamento de Enfermagem da UFSM. 4 Acadêmica do sétimo semestre do curso de Enfermagem da UFSM.

para os diversos tipos de câncer. Neste contexto a prevenção e o diagnóstico precoce vêm sendo considerados fatores importantes, pois contribuem para que um terço dos casos possam ser potencialmente curáveis, o que gera um aumento na incidência de sobrevida desses pacientes. Dentro desta perspectiva, os pacientes oncológicos necessitam do amparo e dos cuidados de uma equipe engajada e sensível, cujo trabalho seja visado nos princípios da integralidade e da humanização. Porém, durante a prática assistencial nos deparamos com certa frieza por parte desses profissionais, tanto com os pacientes a seus cuidados, como quanto os familiares dos mesmos. É notório que os as unidades de hemato-oncologia são ambientes pesados em que o sofrimento e a dor prevalecem, e os profissionais acabam por criar barreiras para evitar o seu próprio sofrimento, transferindo na maioria das vezes esse anseio para seus cuidados. A forma de apresentação de uma enfermidade é determinada na maioria das vezes por fatores psíquicos e sócio-culturais, que por sua vez, possuem uma linguagem própria de sofrimento e estão ligados a subjetividade das experiências, acabando por comprometer o bem-estar e seu reconhecimento social. O câncer já traz consigo um estigma muito grande imposto pela sociedade ao longo dos séculos, o que enfatiza esse comprometimento físico, imposto pela doença e tratamentos extremamente agressivos, e o psíquico, imposto pela forma com que essa patologia modificou os hábitos dessa pessoa e de seus familiares e pelo peso que a doença assumiu na vida deste paciente. Questões como a perda do emprego, as relações e a vida social, os efeitos colaterais do tratamento e a expectativa de vida e frente à cura, impostas pelo doente modificam sua forma de viver e de enxergar a vida. Da mesma forma, deve-se ter um olhar bem particular em se tratando do sentimento e anseios dos familiares destes pacientes. Ver a dor e o sofrimento de seu ente dia a cada dia, e ainda estar firme pra fazê-lo ampará-lo e fortalecê-lo a querer ir adiante perpetua uma série de inquietações e angústias, que na maioria das vezes são silenciosas, exigindo certa sensibilidade dos profissionais da saúde ao proporcionar uma escuta qualificada, para apreender o que aquela pessoa mais necessita no momento. Devido à magnitude do problema do cuidado com o paciente oncológico e seus familiares, fazem-se necessárias intervenções que venham transformar esse cuidado. Como estratégia, consideramos que o currículo da graduação dos profissionais, que fazem parte da equipe de Enfermagem, deva abordar e trabalhar mais o tema. Assim os futuros profissionais saberão lidar melhor com essas situações e poderão preconizar questões como a humanização e a integralidade do cuidado, tão enfatizadas durante a vida acadêmica e tão delegadas e esquecidas na prática, com essas pessoas que realmente necessitam desse tipo de atenção. Em nível institucional, a educação continuada é a recomendação para se alcançar às metas de qualidade do cuidado com essas pessoas com as quais convivemos todos os dias, e que necessitam muitas vezes não de um remédio para conforto e sim, de um escuta sensível e de palavras e gestos singulares para confortá-los. CONCLUSÃO: Dentro do paradigma da integralidade vislumbramos uma carência na assistência ao paciente oncológico, no que tange a humanização e a bioética. O exercício profissional nos setores de hemato-oncologia é, muitas vezes, pautado em um modelo biomédico tecnicista exacerbado, que diverge com as necessidades de uma educação integral e humanizada. Portanto, cabe a equipe de enfermagem o dever de oferecer um cuidado sensível e uma escuta qualificada, proporcionando informações claras

e gerando maior segurança na implicação do tratamento, tendo em mente o estigma que o câncer provoca e os efeitos que acarretam na vida familiar e social.

18. MUNDO SELVAGEM: A SOCIEDADE DE ADOLESCENTES ATRAVESSADOS

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 85-88)

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