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A ENFERMAGEM FRENTE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 30-33)

Resumos dos trabalhos

1. A ENFERMAGEM FRENTE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

Adriana da Rosa Pereira2 Diego Schaurich3 Natália de Oliveira2

Silomar Ilha2

Descritores: Violência, saúde da mulher, enfermagem.

INTRODUÇÃO – a violência contra a mulher é um grave problema social que afeta grandes contingentes populacionais. Nos últimos trinta anos, a violência contra a mulher tem despertado o interesse da sociedade que, a partir da pressão dos movimentos sociais feministas, tem buscado formas para o enfrentamento do problema, a exemplo da criação das delegacias de defesa da mulher e das casas-abrigo (SCHRAIBER et al, 2002). É notável que apesar do esforço exercido pelos órgãos de saúde pública, a violência contra a mulher ainda é uma realidade em nosso país. Embora atingindo a todos, certos grupos acabam sofrendo formas específicas de violência, podendo-se falar numa distribuição social refletida em uma divisão de espaços em que os homens são mais atingidos na esfera pública, enquanto que as mulheres são, prioritariamente, no espaço doméstico, sendo o agressor, geralmente, alguém da sua intimidade (GEBARA, 2000). Baseando-se em uma perspectiva de gênero, a violência contra a mulher vem sendo entendida como o resultado das relações de poder entre homem e mulher, tornando-se visível a desigualdade que há entre eles, em que o masculino é que determina qual é o papel do feminino; porém, esta determinação é social e não biológica. Assim, para distinguir este tipo de violência pode-se defini-la como qualquer ato baseado nas relações de gênero que resulte em danos físicos e psicológicos ou sofrimento para a mulher, entendendo-se que tal conduta é, muitas vezes, usada conscientemente como um mecanismo para subordinação, como o que ocorre nas relações conjugais (DESLANDES, 1999). OBJETIVO – refletir teórica e criticamente acerca da violência contra a mulher, a qual, atualmente, configura um grave problema social que traz desafios e implicações ao desenvolvimento do cuidado pela enfermagem. METODOLOGIA – reflexão teórico-crítica fundamentada em documentos, livros, revistas e periódicos, ou seja, na literatura pertinente à temática. RESULTADOS – no Brasil, desde os primeiros anos da década de 80 do século XX, surge um ativo movimento feminista que tem duas principais bandeiras: a violência e a saúde da mulher. Nesta época, o assassinato de algumas mulheres de classe média por seus maridos ou ex-companheiros foi acompanhado de intensa mobilização para evitar a absolvição dos criminosos com fundamentação nos argumentos de legítima defesa da honra e caráter passional do crime, como era comum ocorrer (RIO GRANDE DO SUL, 2009). No Brasil, atualmente, a violência       

1 Reflexão teórica.

2 Acadêmicos do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA.

3 Doutorando do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente Assistente do Curso de Enfermagem da UNIFRA. 

contra a mulher tem sido discutida de maneira relevante e se incorpora como uma problemática de saúde pública que implica perdas para o bem-estar, a segurança da comunidade e os direitos humanos, não respeitando fronteiras de classe social, raça/etnia, religião, gênero, idade e grau de escolaridade (GOMES et al, 2009). Dados mostram que em cada 100 mulheres brasileiras, 15 vivem ou já viveram algum tipo de violência doméstica, sendo que apenas 40% das mulheres denunciam o agressor. Dentre os motivos principais da violência, segundo as entrevistadas, são o álcool (45%) e o ciúme dos maridos (23%). É importante destacar, também, que para 28% das mulheres agredidas a violência doméstica é uma prática de repetição e “de vez em quando” ela volta a assombrar a tranqüilidade do lar (RIO GRANDE DO SUL, 2006). Dentre as formas de violência que são praticadas contra mulheres estão a violência física que se caracteriza pela agressão que atinge o corpo deixando ou não marcas aparentes; a violência psicológica que é caracterizada por ameaças, com objetivo de amedrontar a mulher; a violência moral que se define por todo tipo de ofensa à honra da mulher, seja ou não do conhecimento de estranhos; a violência sexual, que consiste na prática de qualquer tipo de relação sexual que ocorre contra a mulher, mediante o uso de força ou de grave ameaça; a violência doméstica que é determinada quando o agressor é membro da família, podendo ser cometida dentro ou fora de casa e que se caracteriza por três fases que tornam-se um ciclo vicioso com o passar dos anos impedindo, assim, que a mulher reaja a esta situação. Estas fases são descritas como tensão, explosão e reconciliação. Como punição aos agressores, existe a Lei Maria da Penha que foi sancionada em 7 de agosto de 2006 (RIO GRANDE DO SUL, 2006) que altera o Código Penal Brasileiro e possibilita que os agressores sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada. A legislação, também, aumenta o tempo máximo de detenção previsto de um para três anos. É notado que, cada vez mais, a Lei Maria da Penha precisa de uma maior divulgação por parte dos órgãos responsáveis, bem como por parte dos profissionais da saúde e meios de comunicação. Algumas reflexões a respeito da forma como a enfermagem busca, atualmente, a compreensão humana sugere que estes profissionais, ao interagir com o ser-doente, valorizem ações como respeito, dignidade e amor ao próximo, procurando zelar pelo bem-estar daqueles que cuidam. Este estudo procura mostrar que a enfermagem vê o ser humano como estando inserido num contexto social, educacional, econômico, histórico, familiar, cultural, para que o cuidado se faça em toda a dimensão humana. Este, também, é um pensar coletivo, o que nos faz crer que a compreensão da vivência da violência busca contemplar a mulher como sujeito e não como objeto, mostrando que o diálogo é porta de possibilidades de crescimento, ajuda e cuidados para a mulher vitimizada. CONCLUSÃO – diante destes conceitos, definições e reflexões acerca da temática supracitada, conclui-se que a violência é parte do cotidiano de algumas mulheres, tornando-o envolto em brigas, empurrões, xingamentos, humilhações e vergonha. Neste sentido, a divulgação de órgãos como as Delegacias da Mulher, Casas de Abrigo e o Disque-Mulher deve ser mais difundida e em linguagem que chegue às diferentes populações femininas que habitam o território brasileiro. Em relação a estes órgãos de denúncias, se faz importante que o setor e os serviços de saúde se envolvam cada vez mais, com profissionais treinados e capacitados que dêem oportunidades para que a mulher fale livremente sobre suas relações familiares, quer seja durante a consulta ou outra

atividade na qual essa mulher possa estar envolvida. Com isso, a enfermagem deve ampliar seu olhar estratégico frente às mulheres que buscam atendimento, possibilitando maior observação de possíveis sinais que possam caracterizar violência. Neste contexto, destaca-se a importância do profissional enfermeiro nos diferentes setores de saúde pública, seja ao desenvolver o cuidado direto a esta clientela, seja na condição de administrador ou gestor de saúde.

REFERÊNCIAS

DESLANDES, S. F. O atendimento às vítimas de violência na emergência: “prevenção numa hora dessas?”. Ciênc. Saúde Colet., v. 4, n. 1, jan. 1999. p. 81-94.

GEBARA, I. Rompendo o Silêncio – uma fenomenologia feminista do mal. Petrópolis: Vozes, 2000.

GOMES, N. P. et al. Enfrentamento da violência doméstica contra a mulher a partir da interdisciplinaridade e intersetorialidade. Rev. Enferm. UERJ, v. 17, n. 1, jan./mar. 2009. p. 14-17.

SCHRAIBER, L. B. et al. Violência doméstica e sexual entre usuárias dos serviços de saúde. São Paulo: USP, 2002.

RIO GRANDE DO SUL. Delegacias da Mulher do Estado do Rio Grande do Sul. Cartilha da Mulher. Rio Grande do Sul, 2006.

RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: www.saude.rs.gov.br. Capturado em: 29 de setembro de 2009.

2. SENTIMENTOS DESPERTADOS NOS EDUCADORES QUE ATUAM COM A

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