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QUESTÕES ÉTICAS E BIOÉTICAS QUE EMERGEM NO COTIDIANO DA PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 196-199)

SANTA MARIA: DADOS PRELIMINARES

50. QUESTÕES ÉTICAS E BIOÉTICAS QUE EMERGEM NO COTIDIANO DA PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Márcia Gabriela Rodrigues de Lima2

Leila Regina Wolff3

Elisabeta Albertina Nietsche4 Andréa Moreira Arrué5 Fernanda Portela Pereira6

Descritores: Bioética; Assistência à saúde; Profissionais da Saúde.

INTRODUÇÃO: O cuidado pautado na promoção da saúde, prevenção de enfermidades e reabilitação são ferramentas do trabalho de Enfermagem, que tem por finalidade auxiliar o indivíduo a transformar sua realidade. Porém, em meio a essa prática profissional surgem inúmeras dificuldades cotidianas, pois muitas vezes, alguns profissionais na tentativa de desempenhar bem seu trabalho acabam por efetuar alguma conduta que não é percebida da forma correta pelo usuário, ou até mesmo podem apresentar algum comportamento agressivo devido à própria exaustão causada pela agitação da correria diária, das normas e rotinas impostas por determinadas instituições de saúde. Mas também, esse profissional se depara com situações de extrema fragilidade como, enfrentar a morte de um paciente querido ou presenciar o sofrimento humano por meio da terminalidade de uma doença grave e assim confirmar sua finitude. OBJETIVO: Objetiva-se com a realização desse estudo descrever e discutir algumas das questões éticas e bioéticas que a equipe de saúde pode se deparar em seu cotidiano por meio da prestação da assistência. METODOLOGIA: Para tal, utilizou-se como método uma pesquisa bibliográfica na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), onde se encontrou vinte e um artigos científicos com os descritores: bioética, enfermagem e cuidado. Sendo que desses, foram utilizados para análise quatro por se encaixaram nos critérios de inclusão que eram ser artigos disponíveis em texto completo ao acesso online, na língua portuguesa e atender aos objetivos propostos pelo estudo. RESULTADOS: Segundo Coelho e Rodrigues (2009), acredita-se que todas as ações de saúde são realizadas para o bem e, portanto, necessárias. Porém, refletindo, concluí-se que o que se valora como bem, para o outro pode não ser compreendido e desejado por ele da mesma forma. Ao longo deste processo reflexivo, percebe-se que, muitas vezes, quando se decide realizar determinado procedimento não se percebe e/ou compreende o que ocorre com o paciente e seus familiares, já que se sentem vulneráveis por não sentirem-se ativos partícipes no tratamento ou até mesmo por lhes permitirem tal ação. O cuidar de pacientes é revestido de peculiaridades que       

1 Reflexão Teórica.

2Autora/Relatora: Acadêmica do 7º semestre do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Enfermagem e Saúde (GEPES).

3Orientador: Prof.ª Dr.ª Enf.ª do curso de Enfermagem da UFSM,Vice Coordenadora do GEPES. 4 Co-autora: Prof.ª Dr.ª Enf.ª do curso de Enfermagem da UFSM,Coordenadora do GEPES. 5 Co-autora: Acadêmica do 7 º semestre do curso de Enfermagem da UFSM.

6 Co-autora: Acadêmica do 7 º semestre do curso de Enfermagem da UFSM.

aumentam a necessidade de uma profunda reflexão acerca das ações de saúde, porque a relação que deve ser desenvolvida não pode ser direcionada, apenas, para o binômio: paciente-profissional de saúde, mas, sobretudo, para a tríade: profissional da saúde-paciente-familiar. Assim, a prática de um cuidado ético significa a implementação de uma prática que considere a individualidade e a subjetividade do ser cuidado, aliviando o seu estado de vulnerabilidade. Em adição, é estar presente quando a pessoa, em razão de sua fragilidade ocasionada também pelo adoecimento, tem sua autonomia, dignidade e integridade comprometidas. Além disso, o profissional de saúde precisa refletir sobre seus pré-conceitos que influenciam na prestação da assistência, porque se constituem na reprodução de suas crenças, valores e no seu modo de ser e de agir (COELHO e RODRIGUES, 2009). É difícil para o ser humano entender e respeitar o que vai de encontro ao seu axiológico, pois toda percepção é baseada em valoração, e assim ignora-se o outro na sua singularidade. Um exemplo disso são as ações de enfermagem que devem ser pautadas por Princípios Éticos expostos pelo Novo Código de Ética da Enfermagem Brasileira (Resolução COFEN nº 311/ 2007), que no Art. 17 destaca como Responsabilidades e Deveres “prestar adequadas informações à pessoa, a família [...]” e no Art. 18 “respeitar, reconhecer e realizar ações que garantam o direito da pessoa ou de seu representante legal, de tomar decisões sobre sua saúde, tratamento, conforto e bem-estar” (COELHO e RODRIGUES, 2009). Em contra partida, em algumas situações, a visão de que os profissionais de saúde são indivíduos detentores do poder e adotam atitudes paternalistas, em relação ao ser cuidado, levam ao esquecimento da dignidade humana, que é um princípio moral baseado na finalidade do ser humano e não na sua utilização como meio. Neste sentido, o cuidado muitas vezes consiste somente na aplicação de um procedimento técnico para cumprir um objetivo puramente mecanicista, sem a percepção de integralidade do ser humano. Sendo que, cuidar significa ir ao encontro de outra pessoa para acompanhá-la na promoção de sua saúde em um encontro que visa criar laços de confiança e vínculo (COELHO e RODRIGUES, 2009). Porém, a exaustão do cotidiano pode interferir no cuidar do paciente de maneira humanizada, no relacionamento interpessoal adequado, na capacidade de identificar as individualidades e no cuidado da própria equipe (BARBOSA e SILVA, 2007). Outro aspecto abordado por Coelho e Rodrigues (2009) é que, em algumas situações, se efetua o cuidado sem qualquer reflexão, pois se utilizam na prática rotinas que rapidamente são transformadas em leis institucionais, que não abrem espaço para uma ação individualizada. Como afirmam Barbosa e Silva (2007), as normas e rotinas impostas pelos estabelecimentos de saúde, principalmente no âmbito hospitalar, podem atuar como fatores impossibilitadores na aplicação de princípios bioéticos na prática de saúde. Além dessas questões bioéticas, a equipe de saúde depara-se cotidianamente com situações que lhes causam intensa fragilidade e tristeza, como é o caso da terminalidade humana por meio da morte de pacientes. Como método de evitar a ocorrência desse evento vital, a morte, são utilizadas técnicas especializadas de ressuscitação que significa, conforme Clemente e Santos (2007), o conjunto de medidas terapêuticas utilizadas na recuperação de pacientes. Sendo que, quando ocorrem questionamentos referentes à ressuscitação e não-ressuscitação de pacientes em fase terminal ,são fomentadas questões de cunho bioético, já que alguns profissionais da saúde se posicionam baseados na premissa

deontológica de que a vida tem que ser preservada a todo custo. Na visão de Clemente e Santos (2007), a doença avançada ou em fase terminal, com seu sofrimento e morte, evoca uma atitude de solidariedade e de bom senso universal para com o paciente e sua família. Eles ainda acrescentam dizendo que, no mundo desenvolvido, a morte e o morrer deixaram de ser uma questão ética para se tornar uma questão eminentemente técnica. O foco passou a estar mais na tecnologia e na capacidade de operacioná-las, do que para quem o homem a desenvolveu. Essa prática fomenta a discussão da distanásia, já que ela apresenta-se como uma das fontes geradoras de dilemas éticos, por dar ênfase na utilização excessiva do suporte tecnológico em prol da manutenção da vida (TOFFOLETTO et al, 2005). CONCLUSÃO: Diante do exposto, durante a prestação da assistência dos profissionais de saúde ao paciente emergem inúmeras questões de cunho ético e bioético, porém acredita-se que há necessidade de que se perceba que os princípios biéticos devem reger essa prática sempre. Uma vez que, o conhecimento ético, considerado o comportamento moral, vai além de simplesmente conhecerem-se as normas ou códigos de ética da profissão. Ao contrário, inclui todas as ações voluntárias que são deliberadas e sujeitas a julgamentos, fazendo do cuidado uma prática complexa que considera que aquele a quem se presta este cuidado é um ser digno, com necessidades não apenas biológicas, mas psicológicas, sociais e espirituais.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, I. de A.; SILVA, M. J. P. Cuidado humanizado de enfermagem: o agir com respeito em um hospital universitário. Rev. bras. Enferm.;60(5):546-551, set.-out. 2007. tab. Disponível em:

<http://www.ee.usp.br/graduacao/exibe_monografia.asp? vcodpesgr =4935132& vnom pes

gr=Ingrid%20de%20Almeida%20Barbosa&vcodpesco1=2084252&vcodpesco2=. Acesso em: 30 nov. 2009.

COELHO, L. P.; RODRIGUES, B. M. R. D. O CUIDAR DA CRIANÇA NA PERSPECTIVA DA

BIOÉTICA. p.188 .Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 abr/jun; 17(2):188-93. Disponível em: < http://www.facenf.uerj.br/v17n2/v17n2a08.pdf>. Acesso em: 30 out. 2009.

CLEMENTE, R. P. D. da S.; SANTOS, E. da H. dos. A não-ressuscitação, do ponto de vista da enfermagem, em uma Unidade de Cuidados Paliativos Oncológicos. Revista Brasileira de Cancerologia 2007; 53(2): 231-236. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_53/v02 /pdf/secao_especial3.pdf> . Acesso em: 30 nov. 2009.

TOFFOLETTO, M. C. et al. A distanásia como geradora de dilemas éticos nas Unidades de Terapia Intensiva: considerações sobre a participação dos enfermeiros. Acta paul. Enferm.;18(3):307-312, jul.-set. 2005. Disponível em: < http://bases. bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/>. Acesso em: 30 nov. 2009.

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 196-199)

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