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EQUOTERAPIA: DIFICULDADES ENCONTRADAS NA ASSISTÊNCIA 1 Ruth Irmgard Bärtschi Gabatz

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 158-162)

MULTIPROFISSIONAL COM FAMILIARES DE POTENCIAIS DOADORES DE ÓRGAOS

39. EQUOTERAPIA: DIFICULDADES ENCONTRADAS NA ASSISTÊNCIA 1 Ruth Irmgard Bärtschi Gabatz

Anne Karine Fritsch3 Thaís Müller Schaedler4

Descritores: modalidades de fisioterapia, assistência à saúde, enfermagem.

INTRODUÇÃO: A equoterapia se utiliza do cavalo como um promotor de ganhos de ordem física, psicológica e educacional, ela tem sido empregada para pessoas com diferentes patologias. A posição de montaria permite estímulos que desenvolvem reações de equilíbrio, melhora postural, controle de tronco e normalização de tônus muscular (COPETTI et al., 2007). Por meio da relação com o cavalo, o praticante aprende a controlar suas emoções, como o medo, enfrentando o desafio de montá-lo e direcioná-lo. Cavalgar um animal dócil, porém de porte avantajado, leva o praticante a experimentar sentimentos de liberdade, independência e capacidade, sendo esses importantes para a aquisição da autoconfiança, realização e aumento da auto-estima (MARCELINO; MELO, 2006). Prestar assistência através da equoterapia, a pessoas portadoras de necessidades especiais e distúrbios mentais, exige que os profissionais envolvidos atuem pautados no respeito à ética e aos direitos fundamentais dos seres humanos, uma vez que essas pessoas já são fragilizadas constituindo indivíduos mais vulneráveis, e muitas vezes discriminados e segregados socialmente. Assim, é imprescindível desenvolver ações que busquem sua inserção e interação com o meio em que vivem buscando o seu empoderamento. OBJETIVO: Identificar as principais dificuldades enfrentadas na aplicação da equoterapia na percepção da equipe multiprofissional. METODOLOGIA. Trata-se de uma pesquisa convergente-assistencial (TRENTINI; PAIM, 2004) de abordagem qualitativa, que teve os dados coletados em um centro de equoterapia de um município da Região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, durante o segundo semestre de 2009. A população pesquisada constituiu-se dos profissionais envolvidos no tratamento prestado no centro pesquisado, que responderam a um questionário com questões abertas. Os dados coletados foram analisados por meio da análise de conteúdo temática proposta por Minayo (2004), criando-se categorias temáticas para apresentar os resultados. Foram respeitados os preceitos éticos constantes na portaria 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que trata de pesquisas realizadas com seres humanos (BRASIL, 1996), para tanto os participantes assinaram um termo de consentimento livre e informado. Antes da coleta, foi entregue a instituição, em que se realizou a pesquisa, uma solicitação para coleta de dados, visando o consentimento para essa coleta. Após a coleta e análise dos dados elaborou-se um plano de ações para auxiliar a minimizar os problemas encontrados. RESULTADOS: Durante a coleta de dados, foram entrevistados os três profissionais envolvidos na assistência da equoterapia: o fisioterapeuta, a psicóloga e a profissional de equitação. A partir dos dados coletados,       

1 Modalidade: Relato de pesquisa.

2 Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Docente do curso de Bacharelado em Enfermagem da Sociedade Educacional Três de Maio – SETREM, orientadora e relatora do trabalho.

3 Acadêmica do 8° período do curso de Bacharelado em Enfermagem da Sociedade Educacional Três de Maio – SETREM. 4 Acadêmica do 8° período do curso de Bacharelado em Enfermagem da Sociedade Educacional Três de Maio – SETREM.

criou-se três categorias temáticas para sua apresentação, são elas: 1) percepção dos profissionais sobre a equoterapia; 2) interação proporcionada pela equoterapia entre os animais e os praticantes; 3) dificuldades enfrentadas na implementação da equoterapia e sugestões de melhoria. 1) Percepção dos profissionais sobre a equoterapia: a psicóloga refere que a equoterapia é importante por possibilitar às pessoas portadoras de deficiências um espaço de acolhimento e interação social. O fisioterapeuta relatou que os profissionais realizam suas atividades com muita dedicação e interação com os praticantes. É possível perceber nos relatos e na visita ao local, a dedicação da equipe em realizar seu trabalho de forma completa para atingir um resultado físico positivo com os praticantes, além da preocupação em transferir a eles educação, regras de boa conduta e organização, para melhorar a relação dos mesmos com a família promovendo sua inserção social. 2) Interação proporcionada pela equoterapia entre os animais e os praticantes: segundo a psicóloga, os usuários interagem positivamente com os animais, obtendo inúmeros benefícios com essa interação. O fisioterapeuta e a profissional de equitação explicam como a equoterapia incentiva o desenvolvimento do vínculo entre o cavalo e o praticante, e que esta propicia uma sensação de bem estar e satisfação ao praticante. É importante ressaltar na resposta do fisioterapeuta, a satisfação dos praticantes ao montar o cavalo e se sentirem ‘poderosos’, o que demonstra que a equoterapia é uma modalidade que propicia o empoderamento dos praticantes, contribuindo para que se tornem mais independentes. Compreendeu-se com os relatos, que as sessões de equoterapia são progressivas, ou seja, na primeira visita o paciente só acompanha um outro usuário, na segunda, apenas monta o cavalo, na terceira dá uma pequena volta em cercado fechado e assim sucessivamente, até que se sinta confiante para receber a assistência completa. A assistência completa é uma seqüência de exercícios fisioterapêuticos no lombo do animal, que exige a retirada das mãos dos apoios para a realização das atividades. São realizados passeios em ambiente aberto por sessões de aproximadamente 30 minutos, com profissionais acompanhando o cavalo, para transferir segurança ao praticante. 3) Dificuldades enfrentadas durante as sessões de equoterapia: os três participantes da pesquisa destacaram a necessidade de uma melhor divulgação e orientação da população, enfocando o caráter terapêutico da equoterapia, que, muitas vezes, é vista pela população apenas como brincadeira e distração para as crianças. Nos relatos também foi possível perceber as carências materiais, uma vez que é um centro sustentado por doações e como a população desconhece os seus benefícios, doa muito pouco e não participa dos eventos realizados para a obtenção de recursos. Essa carência material envolve desde brinquedos educativos para as crianças ocuparem de forma produtiva o tempo entre as sessões de equoterapia, como materiais esportivos para o fisioterapeuta elaborar as dinâmicas durante as sessões. Além disso, faltam também materiais de segurança para profissionais e praticantes. A partir das dificuldades referidas pelos entrevistados, solicitou-se que eles sugerissem estratégias para melhorar a assistência. Dentre as sugestões, a psicóloga ressalta sua preocupação com a divulgação do trabalho realizado na equoterapia e a cobertura do local de realização das atividades. Essas sugestões convergem com as que foram dadas pelo fisioterapeuta e pela profissional de equitação. A partir dos relatos, observou-se a necessidade de mobilizar a população, demonstrando a eles os benefícios do tratamento

equoterápico na vida dos praticantes. Assim, talvez, conscientes dessa importância, possam ajudar o centro com doações de brinquedos, materiais esportivos, além de equipamentos adequados de equitação, garantindo a segurança dos praticantes e funcionários. A comunidade também poderia auxiliar na organização, divulgação e participação de eventos beneficentes para arrecadação de recursos. Ficou evidente, também a preocupação com a cobertura da área em que as atividades são realizadas. Isso demonstra a preocupação com os praticantes e animais, para que estes não fiquem expostos às variações climáticas, como chuva, vento, sol forte, entre outros. A partir do reconhecimento das principais necessidades da equipe e dos praticantes da equoterapia, elaborou-se um plano de ações, com o intuito de minimizar as dificuldades encontradas na assistência. O plano de ações teve como problema priorizado a falta de reconhecimento da equoterapia e de comprometimento da população envolvida, acarretando na carência de materiais como brinquedos, artigos esportivos e equipamentos de segurança, para melhorar a assistência. Como objetivo estratégico estipulou-se a orientação à população quanto aos benefícios do tratamento equoterápico na saúde de pessoas portadoras de algum tipo de necessidade especial, ou déficit de aprendizagem, visando promover o conhecimento dessa modalidade terapêutica. As ações estratégicas elaboradas para atender ao objetivo priorizado envolveram a divulgação do tratamento equoterápico através da mídia falada e de folders educativos, bem como a organização de uma campanha de arrecadação de doações entre a população e o comércio local, no município pesquisado. CONCLUSÃO: A equoterapia apesar de não ser uma prática nova, ainda é pouco conhecida na área da saúde, pois o estudo científico sobre ela é recente e o referencial teórico ainda é pequeno. Assim sendo, a mídia escrita e falada ainda não divulga de forma satisfatória os benefícios da mesma. Após o desenvolvimento e a aplicação do plano de ações estipulado, foi possível perceber a desconhecimento da população envolvida, sobre as vantagens da equoterapia. Portanto, considerou- se importante divulgar essa terapia, instruir a população e arrecadar doações para melhorar a assistência prestada. Evidenciou-se que a equoterapia propicia muitos benefícios aos seus praticantes, desde um maior controle motor, até o empoderamento dos praticantes, que com o domínio da montaria se sentem mais corajosos e confiantes em suas capacidades. Além disso, percebeu-se que a equoterapia também favorece a interação dos praticantes com a equipe, seus familiares e de modo geral com a sociedade, sendo um importante espaço de inclusão e inserção social.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Conselho Nacional de Saúde. Resolução N° 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde, 1996.

COPETTI, F. et al. Comportamento angular do andar de crianças com síndrome de Down após intervenção com equoterapia. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 11, n. 6, p. 503- 507, dez., 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v11n6/v11n6a13.pdf. Acesso em: 28 ago. 2009.

MARCELINO, J. F. Q.; MELO, Z. M. Equoterapia: suas repercussões nas relações familiares da criança com atraso de desenvolvimento por prematuridade. Estudos de Psicologia, v. 23, n. 3, p. 279- 287, set., 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo/pdf/estpsi/v23n3/v23n3a07.pdf. Acesso em: 29 ago. 2009.

MINAYO, M. C. S. et al. Pesquisa Social, teoria método e criatividade. 21. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

TRENTINI, M.; PAIM, L.; Pesquisa Convergente Assistencial: Um desenho que une o fazer e o pensar na prática assistencial em saúde-enfermagem. 2. ed. Florianópolis: Insular, 2004.

40. VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR: PERCEPÇÕES DE CRIANÇAS ESCOLARES

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 158-162)

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