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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO ENFRENTAMENTO DO CÂNCER EM ADOLESCENTES

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 81-85)

12 A SAÚDE E O TRABALHO NO CONTEXTO DA PRÁTICA DE UMA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE PRONTO-SOCORRO 1

16. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO ENFRENTAMENTO DO CÂNCER EM ADOLESCENTES

Crhis Netto de Brum2

Laura de Azevedo Guido3

Graciele Fernanda da Costa Linch4 Juliana Umann5 Samuel Spiegelberg Zuge6

Descritores: Assistência de Enfermagem, Oncologia, Saúde do adolescente.

INTRODUÇÃO: O câncer é considerado um problema de saúde pública no mundo e no Brasil devido a sua elevada incidência, acredita-se que será a principal causa de morte, no país, no século XXI (SILVEIRA e ZAGO, 2006). Tem-se observado um aumento progressivo nas taxas de incidência dos tumores infanto-juvenis, principalmente a leucemia aguda e o linfoma não-Hodgkin (BRASIL, 2008). Segundo Otto (2002) o enfrentamento de um diagnóstico de câncer é um processo muito desgastante, pois causa medo da morte, angústia espiritual, ansiedade, depressão e ainda incredibilidade entre os pacientes e familiares. Na adaptação ao processo oncológico as necessidades de cada indivíduo diferem muito entre si, pois estão relacionadas com diversas etapas: diagnóstico inicial, tratamento, recidiva, doença avançada e morte ou sobrevida que pode ou não ser prolongada. A pesquisa em oncologia na enfermagem é essencial para proporcionar conhecimento a fim de fundamentar a prática clínica, assim como direcionar estratégias de ação e medidas educativas, além de identificar o impacto do câncer e do tratamento na vida de pacientes e familiares (MCILFATRICK; KEENEY, 2003). OBJETIVO: Este trabalho consiste em realizar uma reflexão acerca da assistência de enfermagem no enfretamento do câncer em adolescentes. Conforme justo (2005) a palavra “adolescência pode ser compreendida a partir do latim ad (a, para) e adolescer (crescer) o qual representa o indivíduo apto a crescer. Porém, a palavra também deriva de adolescer que significa adoecer”. Sob essa perspectiva, Outeiral e Knobel (1994) citado em Justo (2005) analisam essa etapa da vida a partir desses dois elementos e conclui que é um período de aptidão para crescer (tanto no sentido físico quanto psicológico) e para adoecer. Para tanto, no Relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF para 2002, a adolescência é considerada como mais que um marco cronológico, já que representa a chegada de uma fase da vida repleta de       

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Reflexão Teórica

2Autora/Relatora. Enfermeira Professora Substituta do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM/RS, Especialista em Saúde Coletiva Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem da UFSM. E-mail: crhisdebrum@gmail.com.

3Autora/Orientadora. Enfermeira, Doutora, Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem da UFSM, pesquisadora, membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem, coordenadora da linha de pesquisa “Stress, coping e burnout”. E-mail: lguido@terra.com.br.

4Autora. Enfermeira. Mestranda do curso de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem da UFSM. E-mail: gracielelinch@gmail.com.

5Autora. Enfermeira. Mestranda do curso de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem da UFSM. E-mail: juumann@hotmail.com.

6Autor. Acadêmico do Curso de Enfermagem da Faculdade Integrada de Santa Maria/FISMA/RS. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem da UFSM. E-mail: samuelzuge@gmail.com.

expectativas e de múltiplas oportunidades (UNICEF, 2002). Conforme a Organização Mundial da Saúde – OMS (1999), a adolescência é uma fase da vida do desenvolvimento humano, que se inicia aos dez anos e termina por volta de vinte anos. Entretanto, para o Cumulative Index to Nursing e

Alied Healt Literature descrevem adolescência como um período compreendido entre 13 e 18 anos de

idade (THOMAS, 2006). Já no Brasil, considera-se adolescente a pessoa entre 12 e 18 anos, para fins legais (BRASIL, 1990). Por esse motivo, existem controvérsias quanto ao período que compreende a adolescência, apresentada como um período delicado da vida, no qual o amadurecimento físico, moral e os planos para o futuro podem ser relacionados como problemas, principalmente por aqueles que apresentam uma patologia como o câncer (REMEDI et al., 2009). Jesus e Gonçalves (2006) consideram que o estar com câncer remete ao indivíduo a idéia de ameaça à existência. Até então, o morrer é o fato apenas percebido, contudo, não é reconhecido nem tampouco pensado ou refletido por aquele que goza da saúde e/ou juventude. O câncer considerado como uma doença crônica pode ser visto como fonte de stress, uma vez que poderá interferir no desenvolvimento físico dos adolescentes e em suas relações sociais (CASTRO; PICCININI, 2002). O termo stress surgiu na área da física e engenharia, para definir forças que atuam sobre materiais com determinada resistência e capacidade de moldar-se antes de romper-se e a partir do século XX, passou a ser utilizado na área da saúde (GUIDO, 2003). Na área da saúde, o termo foi utilizado pela primeira vez pelo endocrinologista Hans Selye (1956), que o descreveu como a síndrome do stress biológico, observou uma reação comum em seus pacientes portadores de diferentes patologias como: fadiga, dificuldades digestivas, perda de peso e apatia e por meio de estudos denominou tais manifestações como “síndrome de estar doente” (BIANCHI, 2000). Selye descreveu a Síndrome de Adaptação Geral (SAG), a qual foi classificada em três fases: alarme ou alerta, resistência e exaustão. As sintomatologias apresentadas em cada processo são decorrentes da resposta orgânica ao agente estressor e seu tempo de permanência no organismo o que pode desencadear o surgimento de patologia quando manifestado repetitivamente ou de maneira crônica (MENZANI, 2006). Para tanto, Selye reconhece a importância da avaliação psicológica além dos efeitos fisiológicos, pois entende que existem múltiplos fatores que expõe o organismo ao stress e que são designados a partir de experiências percebidas por cada indivíduo (GUIDO, 2003). Toda a reação de stress é desencadeada por um estímulo ou evento que causa a quebra da homeostase e exige uma adaptação por parte do organismo. Dessa forma, o evento ou o fato responsável pelo desencadeamento da reação de stress é chamado estressor (LIPP, 1996). As pessoas estão sujeitas a inúmeras fontes internas e externas de stress no decorrer da vida, porém a maneira com que a pessoa enfrenta esses estressores interferirá no bem-estar de cada indivíduo. (JUSTO, 2005). Diante do exposto, compreende-se que coping é abordado como um processo dinâmico e permite à pessoa a troca de pensamentos e ações no enfrentamento de situações estressantes. Sendo dinâmico, é caracterizado como processo, permite à pessoa a avaliação e a definição da estratégia a ser usada no enfrentamento do estressor, com base nas avaliações e nas reavaliações contínuas da relação pessoa-ambiente (GUIDO, 2003, p.17). Assim, Lazarus e Folkman (1984) designam coping como um fator determinante da experiência de stress e da adaptação por ela gerada. Nesse sentido, qualquer

tentativa de administrar o estressor é considerado coping, tenha ela ou não sucesso no resultado. METODOLOGIA: Trata-se de uma reflexão teórica baseada em uma revisão de literatura descritiva. CONCLUSÃO: Assim a equipe de enfermagem necessita realizar uma avaliação sistematizada que auxilie na determinação da (in)capacidade do adolescente para lidarem com a situação a fim de poder propiciar suporte emocional e terapêutico necessários para que estes superem o processo oncológico da forma menos traumática possível. No cuidado a esses pacientes, a conduta de enfermagem deve: facilitar uma atitude positiva nos pacientes e familiares, incentivar o autocuidado; auxiliar cliente/família a estabelecer objetivos alcançáveis; incentivar e auxiliar nas técnicas comportamentais como relaxamento e meditação; realizar encaminhamentos para aconselhamento psicológico e ainda quando possível encaminhar a programas comunitários. Devido à importância da assistência a pacientes oncológicos e a necessária permanência junto aos mesmos, as equipes de enfermagem devem estar qualificadas para além da terapêutica medicamentosa oferecer o apoio essencial para o enfretamento e a reabilitação dos pacientes no tratamento. Além disso, faz-se necessário implementar estratégias e formas de organização do processo de trabalho para que seja efetivado o atendimento ao adolescente nesse contexto.

REFERÊNCIAS

BIANCHI, E. R. F. Enfermeiro hospitalar e o stress. Rev Esc Enf USP, v. 34, n. 4, p. 390-394, 2000. BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. Ações de Enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3ª ed. Rio de Janeiro: INCA, 2008.

BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Lei Federal nº8069/1990.

CASTRO, E. K.; PICCININI, C. A. Implicações da Doença Orgânica Crônica na Infância para as Relações Familiares: algumas Questões teóricas. Psicol Reflexão e Crítica, v. 15, n. 3, 2002. GUIDO, L. A. Stress e coping entre enfermeiros de Centro Cirúrgico e Recuperação Anestésica. 2003. 182f. Tese (Doutorado Interunidades) - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2003.

JESUS, L. K. R.; GONÇALVES, L. L. C. O Cotidiano de Adolescentes com Leucemia: o significado da quimioterapia. Rev Enferm UERJ, v. 14, n 4, p. 545-550, 2006.

JUSTO, A. P. A Influência do Estilo Parental no Stress do Adolescente. 2005. 116f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2005.

LAZARUS, R, S.; FOLKMAN, S. Stress, appraisal and coping. New York: Springer Publishing Copany; 1984.

LIPP, M.E.N. Stress: Conceitos Básicos. In: Lipp M.E. N. Pesquisa sobre stress no Brasil. Campinas: Papirus: 1996, p.17-31.

MENZANI, G. Stress entre enfermeiros que atuam em pronto socorro. 2006. 125f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.

MCILFARTRICK, S. J.; KEENEY, S. Identifying cancer nursing research priorities using the Delphi technique. Jornal of Advanced Nursing, v. 42, n. 6, p. 629-636, 2003.

OTTO, Shirley E. Oncologia. Rio de janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2002. 526 p. REMEDI, P. P.; MELLO, D. F.; MENOSSI, M. J.; LIMA, R. A. G. Cuidados Paliativos para

SILVEIRA, C. S; ZAGO, M. M. F. Pesquisa Brasileira em Enfermagem Oncológica: uma revisão integrativa. Rev. Latino-am Enfermagem, v. 14, n. 4, p. 614-9, 2006.

THOMAS, D. M. Adolescents na Young adult câncer: a revolution in evolution? Int Med J, v 36, p. 302-307, 2006.

UNICEF. Relatório da Situação da Infância e Adolescência Brasileiras: diversidade e eqüidade. Brasília, 2003. Disponível em: <http://www.unicef.org/brazil/>. Acesso em: 21 de abril de 2009.

17. TRATAMENTO NOS SERVIÇOS DE HEMATO-ONCOLOGIA: UMA QUESTÃO

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 81-85)

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