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MUNDO SELVAGEM: A SOCIEDADE DE ADOLESCENTES ATRAVESSADOS PELA VIOLÊNCIA

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 88-91)

12 A SAÚDE E O TRABALHO NO CONTEXTO DA PRÁTICA DE UMA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE PRONTO-SOCORRO 1

18. MUNDO SELVAGEM: A SOCIEDADE DE ADOLESCENTES ATRAVESSADOS PELA VIOLÊNCIA

Cristiane Rosa dos Santos2

Jana Gonçalves Zappe3 Cristiane Rosa dos Santos4 Natália Barcelos5

Merihelem de Mello Pierry6

Descritores: Adolescência, Violência, Sociedade.

INTRODUÇÃO: Este trabalho apresenta uma breve discussão sobre a adolescência quanto á questão da violência, que de forma tão intensa afeta os sujeitos como um todo. Nas duas últimas décadas do século XX, nas grandes cidades do mundo e em alguns países, como é o caso do Brasil, os dados epidemiológicos têm mostrado crescimento da morbidade e da mortalidade por causas externas. Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o ano de 2000 destacam que morreram cerca de 1,6 milhões de pessoas no mundo inteiro como resultado da violência1): 25% dessa mortalidade foram por acidentes de transporte, 16% por suicídio, 10% por violência interpessoal, 9% por afogamento, dentre outras. De acordo com os dados do Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, constata-se que a taxa de homicídios no Brasil foi de 23 por 100.000 habitantes, sendo que a da Colômbia foi de 61,6 por 100.000 habitantes. Já na região africana, como um todo, a taxa estimada para o ano de 2000 foi de 22,2 por 100.000 habitantes. Enquanto isso, observam-se para alguns países europeus taxas comparativamente muito baixas, como da Dinamarca (1,1); França (0,7); Alemanha (0,9); Grécia (1,2); Portugal (1,1); Reino Unido (0,8); Espanha (0,8); dentre outros. As maiores taxas encontradas na Europa foram da Albânia (21) e da Federação Russa (21,6). Nos Estados Unidos da América, estima-se que a violência interpessoal, que inclui a violência entre membros da família, entre casais, a violência juvenil e entre pessoas estranhas, é de alto custo, chegando a um patamar de 3,3% do Produto Interno Bruto do país. O fenômeno afeta principalmente países de menor poder aquisitivo, sendo que o efeito econômico dessa violência é mais severo em países pobres onde, entretanto, são escassos os estudos sobre esse assunto. Ainda com relação à dimensão econômica da violência interpessoal, chegou-se à conclusão de que os gastos ocorridos na prevenção da violência são menores do que os gastos para repará-la. Intervenções que tinham como focos agressões juvenis resultaram em benefícios econômicos trinta vezes maiores que os gastos para reparar esse tipo de violência. No panorama brasileiro, o aumento da mortalidade por causas violentas vem se tornando um fenômeno de alta relevância, pois no início da década de 80 ocupava o       

1 Reflexão teórica.

2 Psicóloga (ULBRA-SM), pós-graduanda em Transtornos do Desenvolvimento na Infância e Adolescência – Abordagem Interdisciplinar (Lydia Coriat), atua no Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDEDICA). 3 Psicóloga, Mestranda em Psicologia (UFSM)

4 Psicóloga (ULBRA-SM), pós-graduanda em Transtornos do Desenvolvimento na Infância e Adolescência – Abordagem Interdisciplinar (Lydia Coriat), atua no Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDEDICA). 5 Graduanda em psicologia (ULBRA-SM).

quarto lugar no perfil das principais causas de óbito, passando para o segundo lugar, a partir de 1989, perdendo apenas para as doenças do aparelho circulatório. Trata-se, portanto, de um grave problema de saúde pública, fazendo com que a epidemia de mortes violentas na população jovem das grandes cidades seja uma das pautas da nova agenda da saúde pública, com sinais de evolução desfavorável e remetendo para um cenário futuro inquietante. Se, até meados da década de 1990, o crescimento da violência parecia estar restrito às grandes capitais da região sudeste do Brasil, hoje as taxas estão crescendo em capitais médias e mesmo pequenas. A região sudeste, mais rica e mais desigual, tem as taxas mais insistentemente altas. Este fato mostra que não se pode atribuir à pobreza extrema da região o aumento das taxas de homicídios. OBJETIVOS: Compreender a sutil relação entre adolescência e violência através da discussão dessas questões atravessadas pela sociedade. Compreender o motivo do crescente envolvimento de jovens brasileiros com o mundo do crime; uma vez que, pouco se sabe sobre esses jovens e o sistema judicial empregado para as crianças e adolescentes, em especial a competência da lei e das medidas oficiais adotadas para conter o crime entre esta população. Nesse sentido, faz-se necessário pesquisar mais a realidade brasileira no que diz respeito à questão do adolescente no contexto da violência, com o propósito de subsidiar as ações do judiciário, quando da aplicação das leis, como também as instituições que administram as medidas judiciais designadas aos jovens, representadas pelas instituições sócio-educativas. METODOLOGIA: Para atingir os objetivos propostos foi utilizado material bibliográfico o qual trata das questões pesquisadas e oferece subsídios para compreender efetivamente como se dá a relação entre adolescentes e violência. RESULTADOS: Foi percebido que diante variados enfoques, muitos estudiosos discorrem sobre a problemática da adolescência contemporânea que, ininterruptamente, nos remete a empecilhos quanto ao manejo dos adolescentes em todas as esferas, não se restringindo à clínica psicanalítica. Rondon (2001) afirma que o adolescente, diante da crise pela qual vem sendo tomado, percebe-se “engolido” pela força de seus próprios instintos, com risco de perder a chance de se diferenciar do outro, de balizar o dentro e o fora. O adolescente ao perceber-se "inundado", pelo excesso e pelo anseio pelos objetos causadores dessa violência, pode ter como alternativa a descarga intensa da inquietação que o desorganiza. Dentre inúmeros fatores colaboradores para tal desorganização, menciona-se a exigência de satisfação imediata, demandada pela sociedade atual, que tem influência sobre as relações familiares e sociais. Segundo Rondon (2001), todo esse processo tem repercussão na construção da subjetividade dos sujeitos, apontando o déficit identificatório e a pobreza de representações, o que esclarece a crescente atuação dos impulsos, ao invés de seu processamento simbólico, especificamente nos adolescentes. A relação entre violência e adolescência tem sido abrangida sob diversos focos os quais visam sua compreensão e enfrentamento. Concepções mais críticas sobre a adolescência têm permitido refleti- la enquanto um período que abriga, além das mudanças biológicas, construções histórico-sociais. Estas situam o envolvimento com o ato infracional como um dentre outros agravos que compõem o quadro de vulnerabilidade dos jovens. A magnitude do crescimento das demandas aos adolescentes tem sido maior que o crescimento de suportes sociais, materiais e psicológicos que os possibilitem ao desempenho das tarefas desenvolvimentais (Silva & Hutz, 2002). Promover condições de

enfrentamento e superação de adversidades passa a ser um imperativo, sobretudo para adolescentes em condições menos favoráveis. Conforme Jacobo (2004), se formos considerar a dimensão econômica da violência interpessoal, constatamos que os custos empregados na prevenção dessa violência são inferiores aos custos para repará-la. Ações que visavam às agressões juvenis implicam em benefícios econômicos significativamente maiores que os custos para atender a esse tipo de violência.Minayo (1990) fala sobre uma questão crítica de saúde pública, no sentido que o montante de mortes violentas entre a população de adolescentes das grandes cidades está presente nas pautas da agenda da saúde pública, com indícios crescentes e um panorama nada animador.CONCLUSÕES: Enfim, é inegável a necessidade de que a sociedade, de forma geral, reconheça que seus jovens são sujeitos em desenvolvimento e que só poderão repensar as práticas violentas se lhe forem garantidas as intervenções apropriadas, como o atendimento em relação à necessidades básicas. E tais intervenções só serão possíveis quando a sociedade admitir que o adolescente em questão é, não só autor, mas também, vítima da violência.

REFERÊNCIAS

JACOBO JW. Mapa da violência IV: os jovens do Brasil. Unesco, Instituto Ayrton Senna, Secretaria Especial dos Direitos Humanos; 2004. [acessado 2008 Out 20]. Disponível em: http//www.unesco.org.br/publicações/index_html.

MINAYO MCS. A violência na adolescência: um problema de saúde pública. Cad Saúde Pública 1990; 6(3):278-87.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2002.

RONDON, Pedro Henrique Bernardes. Adolescência: reflexões psicanalíticas. Ágora (Rio J.), Rio

de Janeiro, v. 4, n. 2, 2001. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516

SILVA, D. F. M. & HUTZ, C. S. (2002). Abuso infantil e comportamento delinqüente na adolescência: prevenção e intervenção. In Cláudio Simon Hutz (Org), Situações de Risco e Vulnerabilidade na Infância e na Adolescência: aspectos teóricos e estratégias de intervenção (pp.151-185). São Paulo: Casa do Psicólogo.

19. A DELINQUENCIA FALADA PELO DISCURSO: E A ESCOLA COMO FICA?

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