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ANÁLISE DO NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS PACIENTES CIRÚRGICOS EM RELAÇÃO AO SERVIÇO DE FISIOTERAPIA

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 119-123)

12 A SAÚDE E O TRABALHO NO CONTEXTO DA PRÁTICA DE UMA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE PRONTO-SOCORRO 1

27. ANÁLISE DO NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS PACIENTES CIRÚRGICOS EM RELAÇÃO AO SERVIÇO DE FISIOTERAPIA

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Letícia Machado Fonseca2 Descritores: Serviço Hospitalar de Fisioterapia, Pacientes Internados

INTRODUÇÃO: A mudança no comportamento dos usuários, que exigem, cada vez mais, ser envolvidos nas tomadas de decisões relativas às suas doenças e tendem a avaliar mais efetivamente a execução e a qualidade dos serviços prestados; trouxe a necessidade de avaliar a qualidade da assistência oferecida, (DIAS, 2000). A abordagem do paciente cirúrgico não se atém somente ao ato operatório em si, integra um contexto bem mais amplo, que abrange o conhecimento da patologia e do paciente portador da mesma, garantir a qualidade de sua assistência em todas estas fases (PITREZ e PIONER, 1999).As complicações respiratórias são a maior causa isolada de complicações após grandes procedimentos cirúrgicos e a segunda causa mais comum de morte pós-operatória em pacientes acima de 60 anos (WAY, 1993). Semelhantemente, diversas complicações quando associadas com disfunção muscular respiratória causada por cirurgia podem aumentar a morbidade e a mortalidade pós-operatória (SIAFAKAS et al, 1999). Para diminuir os riscos e a morbimortalidade, os pacientes precisam estar em sua melhor forma física e clínica previamente à anestesia e à cirurgia. Para a realização de algumas cirurgias eletivas recomenda-se ao paciente que realize exercícios fisioterapêuticos respiratórios durante o período pré-operatório como tratamento profilático, (ROUKEMA, CAROL, PRINS, 1988; SILVA, GUEDES, RIBEIRO, 2003) diminuindo, assim, as complicações referidas anteriormente e, consequentemente, a morbi-mortalidade. Logo, a atuação do fisioterapeuta por meio de reeducação e treinamento muscular diafragmático e reexpansão pulmonar proporciona uma melhor, e mais rápida, recuperação pós-cirúrgica, (ROUKEMA, CAROL, PRINS, 1988; SILVA, GUEDES, RIBEIRO, 2003) evidenciando a importância do papel da fisioterapia

respiratória na prevenção de complicações pulmonares (SILVA, GUEDES, RIBEIRO, 2003). Com isso, questões relativas à qualidade em saúde vêm se tornando fator primordial nas políticas de saúde, (TAHARA et al,1997; GOLDSTEIN, ELLIOTT, GUCCIONE, 2002).Assim, a satisfação pode ser pensada sob duas perspectivas: a primeira diz respeito aos resultados da assistência e a segunda refere-se à satisfação do cliente com a prestação do serviço, (GOLDSTEIN, ELLIOTT, GUCCIONE, 2002). OBJETIVOS: Considerando-se que no Brasil as informações sobre saúde, ainda, sejam geradas de forma limitada e fragmentada (REIS et al, 2000) e entendendo como necessária a avaliação da qualidade do atendimento em fisioterapia, este estudo objetivou analisar o nível de satisfação dos pacientes cirúrgicos com relação ao serviço de fisioterapia oferecido pela Clínica       

1Trabalho de Conclusão de Curso realizado no Departamento de Fisioterapia e Reabilitação, Santa Maria (RS), Brasil. Universidade Federal de Santa Maria/RS; UFSM. Orientado por Eliane Corrêa, Fisioterapeuta, Doutora em Biologia Bucodental, Professora Adjunta do Departamento de Fisioterapia e Reabilitação da UFSM.

2 Fisioterapeuta, Residente do Programa de Residência Multiprofissional Integrada em Sistema Público de Saúde da UFSM. Correspondência para: Letícia Machado Fonseca, Rua Marechal Floriano Peixoto nº 1419, apto. 05, Bairro Centro, Santa Maria, RS, CEP 97015-373. E-mail: letiofsm@yahoo.com.br

Cirúrgica do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) no período compreendido entre março e maio de 2007. METODOLOGIA: O estudo foi realizado com 30 pacientes que permaneceram internados na Clínica Cirúrgica do HUSM em fase de pré ou pós-operatório, no referido período. O estudo determinou a seleção de pacientes internados em situação de pré ou pós-operatório com os seguintes critérios: com acompanhamento médico, lúcido, em condições de responder ao questionário proposto e ter se submetido no mínimo a cinco sessões de tratamento fisioterapêutico. Os critérios de exclusão foram os pacientes não terem condições de responder ao questionário proposto e sem diagnóstico de pré e/ou pós-operatório. O estudo consistiu da análise do nível de satisfação dos pacientes cirúrgicos com o serviço de fisioterapia oferecido pela Clínica Cirúrgica do HUSM durante os períodos de pré ou pós-operatório. Para isso, adaptou-se, baseado no estudo de Mendonça e Diógenes (2006), um instrumento constituído de 38 questões, a maioria de múltipla escolha, relacionadas ao profissional (gentileza, relacionamento com o paciente, clareza nas informações), ao tratamento (eficiente, seguro, satisfatório) e às expectativas do paciente. Ainda, no final havia uma questão aberta, sendo da opção do paciente respondê-la ou não, onde ele poderia expressar suas idéias, sugestões ou críticas. Este instrumento, denominado Questionário sobre a

Satisfação dos Pacientes com a Fisioterapia, objetivava avaliar a satisfação do paciente que recebe

tratamento fisioterapêutico respiratório ambulatorial. As respostas obtidas basearam-se nas impressões dos pacientes que receberam atendimento fisioterapêutico realizado por acadêmicos e bolsistas do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal da Santa Maria, juntamente com um profissional fisioterapeuta vinculado à instituição. Para classificar o nível de satisfação dos pacientes com o serviço de fisioterapia prestado foi utilizado um escore baseado em domínios, onde cada domínio representou um nível de satisfação, sendo o mais alto considerado Excelente (quando os valores percentuais totais alcançaram valores entre 85 e 100%) e o mais baixo Ruim (quando os valores percentuais totais alcançaram valores entre 10.9 a 29 %). Os dados coletados foram organizados em planilhas e analisados estatisticamente por meio do teste de correlação de Spearman. Procedeu-se uma análise descritiva inicial das variáveis e, posteriormente se realizou a análise estatística, a qual considerou uma variável de significância p<0,05, num intervalo de correlação que varia de -1 a +1. Para a análise qualitativa foram consideradas as respostas mais freqüentes e a síntese de opiniões da questão aberta. RESULTADOS: Dos 30 pacientes, 9 eram do sexo feminino (30%) e 21 do sexo masculino (70%); com idade entre 16 e 85 anos, de modo que a média foi de 58,3 anos. Dentre os pacientes estudados, 86,67% (26 pacientes) somente realizaram fisioterapia no período pós-operatório, enquanto apenas 13,33% (4 pacientes) realizaram fisioterapia pré-operatória. Destes últimos, 100% declararam ter havido melhora em seu quadro respiratório e aumento da confiança para a realização da cirurgia. Em relação ao tempo para o recebimento do primeiro atendimento de fisioterapia, 50% dos pacientes relataram haver longo período de espera para o início do atendimento. A questão do conforto do ambiente onde é realizada a fisioterapia desagrada grande parte dos pacientes, pois 57% declararam achar o local disponível para os atendimentos inapropriado e ruim. Quanto à recomendação que os mesmos dariam a respeito do serviço de fisioterapia prestado pela instituição a familiares e amigos, 100% relataram que indicariam

com tranquilidade o tratamento por eles recebido, a justificativa para isto se deve a percepção da boa evolução de seus quadros em pouco tempo após o início das atividades fisioterápicas. Na questão aberta, destinada aos comentários e sugestões dos clientes, cerca de 24% dos pacientes relataram crer que se a fisioterapia tivesse iniciado com maior antecedência seus quadros cirúrgicos poderiam não ter complicado e/ou teriam obtido evolução mais rápida. De acordo com as correlações de Spearman (n=30), as explicações oferecidas com clareza pelo fisioterapeuta sobre o tratamento no primeiro contato obteve um p<0,0001 quando correlacionada com a gentileza do fisioterapeuta, gerando uma taxa de correlação de 0,81433, confirma um vínculo terapêutico adequado, sendo esse coerente com as respostas positivas encontradas. A segurança transmitida pelo fisioterapeuta durante o tratamento obteve um valor de p<0,0001 quando correlacionada com o esclarecimento de dúvidas do paciente pelo fisioterapeuta e com o aprofundamento do mesmo na avaliação do problema do paciente, resultando numa taxa de correlação igual a 0,80667, mostrando que estas questões se interligam de forma forte e positiva, evidenciando que a forma como o fisioterapeuta se dirige ao paciente cria a boa relação entre ambos, resultando na efetividade do tratamento proposto. O esclarecimento de dúvidas do paciente pelo fisioterapeuta quando correlacionado com a oportunidade dada pelo fisioterapeuta ao mesmo para expressar sua opinião obteve um p<0,0001, gerando uma taxa de correlação de 0,90230, fazendo concluir que o fisioterapeuta além de esclarecer as dúvidas de seu paciente lhe dá ampla oportunidade de expressar sua o que sente e pensa sobre seu processo de adoecimento e reabilitação. A correlação entre a facilidade no recebimento do primeiro atendimento após indicação e autorização e a continuidade na realização das sessões após o primeiro atendimento, a qual obteve um p<0,0001 gerando uma taxa de correlação de 0,67215, revela que embora o primeiro atendimento fisioterapêutico tenha demorado a acontecer, a continuidade dos atendimentos é muito satisfatória, demonstrando a resolutividade do tratamento realizado. CONCLUSÕES: Foram observados bons níveis de satisfação com o serviço fisioterapêutico prestado, indicando que a instituição encontra-se dentro do limite aceitável para um atendimento considerado plenamente satisfatório. Entretanto, algumas estratégias de intervenção precisam ser melhoradas, como iniciar o atendimento fisioterapêutico mais precocemente e, efetivamente, oferecer uma assistência multiprofissional.

REFERÊNCIAS

DIAS, E. C. Organizações da atenção à saúde no trabalho. São Paulo: Roca, 2000.

GOLDSTEIN, M. S.; ELLIOTT, S. D.; GUCCIONE, A. A. The development of an instrument to measure satisfaction with Physical Therapy. Physical Therapy, [s.n.], p. 853-62. 2002.

MENDONÇA, K. M. P. P.; DIÓGENES, T. P. M. Satisfação do Paciente como Estratégia Complementar no Tratamento Fisioterapêutico Respiratório Ambulatorial. Revista Brasileira de Fisioterapia, [s.n.]. 2006.

PITREZ, F. A. B.; PIONER, S. R. Pré e Pós-Operatório em Cirurgia Geral e Especializada. Porto Alegre: Artmed, 1999.

REIS, R. J. et al. Perfil da demanda atendida em ambulatório de doenças profissionais e a presença de lesões por esforços repetitivos. Revista de Saúde Pública, [s.n.], p. 292-8. 2000.

ROUKEMA, J. A.; CAROL, E. J.; PRINS, J. G. The prevention of pulmonary complications after upper abdominal surgery in patients with noncompromised pulmonary status. Arch. Surgery , [s.n.], p. 30-4. 1988.

SIAFAKAS, N. M. et al. Surgery and the respiratory muscles. Thorax, [s.n.], p.458-65. 1999. SILVA, E. F.; GUEDES, R. P.; RIBEIRO, E. C. Estudo das Repercussões das Cirurgias Abdominais Sobre os Músculos Respiratórios. Fisioterapia em Movimento, v. 16, n. 1, p. 51-6, Jan./Mar. 2003. TAHARA, A. T. S.; LUCENA, R. A. P. V.; OLIVEIRA, A. P. P.; SANTOS, G. R. Satisfação do paciente: refinamento de instrumentos de avaliação de serviços de saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 50, n. 4, p. 497-506, Out. 1997.

28. O TRANSPLANTE CARDÍACO EM FACE A COMERCIALIZAÇÃO DE

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