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PERCEPÇÕES DOS PACIENTES NO PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIA ELETIVA

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 176-180)

MULTIPROFISSIONAL COM FAMILIARES DE POTENCIAIS DOADORES DE ÓRGAOS

44. PERCEPÇÕES DOS PACIENTES NO PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIA ELETIVA

Tanise Martins dos Santos2

Margrid Beuter3

Miriam Perrando4 Cecília Maria Brondani5 Charline Szareski6

Descritores: enfermagem, assistência perioperatória, educação em saúde.

INTRODUÇÃO: O preparo pré-operatório de cirurgias eletivas normalmente inicia no momento da recepção do paciente, que interna poucas horas antes do procedimento cirúrgico (AQUINO, 2005). O tempo disponível que antecede a cirurgia, muitas vezes, é reduzido quando relacionado ao número de procedimentos e cuidados que precisam ser executados para prepará-lo para o ato cirúrgico. Portanto, para Chistóphoro (2006) nesse período que precede a cirurgia, a priori definem-se condutas assistenciais básicas que se alteram conforme as necessidades do paciente. A autora ainda relata que durante a fase pré-operatória o paciente tende a mostrar-se desprotegido, assim como, a homeostasia do organismo altera-se favorecendo a manifestação de distúrbios emocionais e físicos, necessitando de cuidados específicos da enfermagem. Assim, são recomendadas medidas de preparo aos pacientes, a fim de minimizar o aparecimento dos fatores de risco ou situações que exponham os pacientes a eles. A ética permeia o comportamento humano, tal como na execução de cuidados como o realizado no preparo do paciente para intervenção cirúrgica, que influencia a dinâmica do procedimento e suas prováveis conseqüências. Para isso, salienta-se a importância da utilização de uma linguagem acessível para orientá-lo e sanar suas dúvidas. Neste sentido, enfatiza- se a necessidade da participação da equipe multiprofissional na execução do preparo antes da cirurgia, pois ao utilizarem-se diferentes formas de abordagens podem-se tornar mais compreensíveis as explicações. Deste modo, destaca-se a questão norteadora do estudo: “quais as percepções dos pacientes que se submetem a cirurgia eletiva em relação ao preparo pré-operatório?” OBJETIVOS: descrever as percepções dos pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos em relação ao preparo pré-operatório; e discutir a importância do processo educativo como parte integrante do cuidado de enfermagem durante o período pré-operatório. METODOLOGIA: o estudo foi desenvolvido em um hospital-escola de grande porte do estado do Rio Grande do Sul, durante o mês de outubro de 2007. Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória com abordagem qualitativa. Os       

1 Trabalho de Conclusão de Curso.

2 Enfermeira. Professora Substituta do Departamento de Enfermagem da UFSM/RS. Especializanda em Administração Hospitalar da UNIFRA/RS. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem.

3 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem e do PPGEnf – Curso de Mestrado da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM/RS. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. E-mail: beuter@terra.com.br

4 Enfermeira do Hospital Ana Nery de Santa Cruz do Sul. Especializanda em Oncologia e Infecção Hospitalar da UNIFRA/RS. 5 Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria – UFSM/RS. Mestre em Enfermagem. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem.

6 Enfermeira da Prefeitura Municipal de Caxias do Sul. Mestranda em Enfermagem do PPGEnf da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/RS). Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem. 

dados foram coletados por meio de uma entrevista semiestruturada com a gravação das vozes dos participantes no pós-operatório imediato e sua transcrição posterior. Ainda utilizou-se para a coleta de dados a análise documental com consulta ao prontuário e mapa cirúrgico. Os dados foram analisados fundamentados na análise de conteúdo (BARDIN, 2004). Conforme os temas emergiram no estudo houve a formação de categorias temáticas, para essa classificação das informações foi preciso identificar pontos comuns permitindo seu agrupamento. A técnica para análise de conteúdo é composta de três grandes etapas: a pré-análise em que ocorreu a organização, na qual foram utilizados os procedimentos de leitura, objetivos e elaboração de indicadores que fundamentaram a interpretação. Na segunda fase foi realizada a exploração do material, codificando os dados a partir das unidades de registro. E por último, o tratamento dos resultados e interpretação, em que se fez a categorização, que consiste na classificação dos elementos segundo suas semelhanças, em função de características comuns. Assim, surgiram as seguintes categorias: a abordagem de educação em saúde no período pré-operatório, os profissionais envolvidos no processo educativo pré-operatório e as interpretações expressas pelos pacientes. O anonimato dos entrevistados foi assegurado, respeitando os aspectos éticos e legais referentes à pesquisa, como definido pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os indivíduos que participaram do estudo foram informados e esclarecidos a respeito dos objetivos e finalidades da pesquisa, concordando com a divulgação dos dados. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o nº 23081.010521/2007-01, CAAE 0121.0.243.000-07 em 26 de setembro de 2007. Garrafa e Cordón (2006), afirmam a necessidade de conhecimento sobre a ética aplicada aos seres humanos para realização de estudos em pesquisa que envolva indivíduos, desse modo, destaca-se a importância das questões metodológicas serem tratadas de forma multidisciplinar, com isso, a metodologia aplicada a pesquisas devem possuir diferentes pontos de vista reforçando, dessa forma, a divulgação dos dados e a discussão dos resultados encontrados. RESULTADOS: participaram da pesquisa dez pacientes internados na unidade de clínica cirúrgica, que foram submetidos a procedimentos cirúrgicos eletivos, com idades entre 21 e 74 anos de idade, oito homens e duas mulheres, apresentando predomínio do ensino fundamental incompleto, o que pode representar dificuldades no entendimento de orientações realizadas antes do procedimento cirúrgico. Os tipos de procedimentos cirúrgicos aos quais os pacientes foram submetidos no período da coleta de dados englobam desde a

nefrectomia, linfadenectomia cervical à direita, proctocolectomia total e anastomose íleo-anal, amputação de reto, endarterectomia, gastrectomia radical, cistectomia radical, segmentectomia, proctolectomia esquerda estendida até hemilectomia direita. Deste modo, verificou-se que os

entrevistados submeteram-se a cirurgias de pequeno, médio e grande porte, mas mutiladoras, devido à retirada parcial ou total de um órgão resultando em alterações corporais permanentes. Os dados evidenciaram que os participantes do estudo conheciam o motivo da realização da maioria dos procedimentos de preparo pré-operatório, no entanto, alguns procedimentos realizados pela equipe multiprofissional não eram orientados para os pacientes. Segundo Galvão (2002), compete ao enfermeiro o planejamento da assistência de enfermagem prestada ao paciente cirúrgico. Essa assistência inclui o respeito às necessidades físicas e emocionais do paciente, além da orientação

quanto à cirurgia propriamente dita e o preparo físico necessário para a intervenção cirúrgica. Souza (2005) considera que a orientação quanto à intervenção cirúrgica pertence ao enfermeiro. Como profissional qualificado para realizá-la deve orientar o paciente para cirurgia quanto aos cuidados pré e pós-procedimentos, aos riscos e benefícios utilizando linguagem acessível. Os pacientes relataram que no preparo para o ato cirúrgico, todos foram submetidos à raspagem dos pêlos (tricotomia) e a punção venosa com coleta de sangue; sete pacientes necessitaram da sondagem vesical e administração de ansiolítico; seis precisaram de lavagem intestinal (enteroclisma) e exame de raio x; seis receberam visita do anestesista; quatro foram submetidos ao preparo com laxante; e dois pacientes necessitaram de sondagem nasogástrica e ultrassom. Muitos destes procedimentos são da responsabilidade da equipe de enfermagem, outros não se configuram em cuidados diretos da enfermagem, porém são supervisionados pela equipe com finalidade monitorar o preparo do paciente, garantindo que o exame seja realizado com êxito, tais como, a realização de exames de coleta de sangue, raio x e ultrassom. CONCLUSÃO: o estudo aponta que as orientações ocorrem junto aos pacientes, no entanto, sua efetividade não alcança níveis de excelência. Dessa forma, sugere-se que os preparos e orientações sejam realizados de modo sistematizado e incorporados ao cuidado de enfermagem, respeitando os limites de entendimento de cada paciente. Também se salienta a importância em conhecer-se a visão dos pacientes acerca dos procedimentos de preparo pré-operatório, identificando a necessidade das orientações sobre esses procedimentos como parte essencial do processo educativo em enfermagem. Entende-se que a partir das percepções reveladas pelos participantes o estudo contribui para a reflexão de algumas mudanças na prática de ensino e assistência a fim de adequar o cuidado ao paciente cirúrgico buscando sensibilizar acadêmicos e profissionais sobre a importância da prática de educação em saúde. Ainda considera-se que os pacientes cirúrgicos poderiam receber orientações multiprofissionais, num período anterior a internação, possibilitando a avaliação do paciente e realizando esclarecimento sobre a dinâmica hospitalar, permitindo que o paciente obtenha conhecimentos mínimos sobre o perioperatório e os cuidados prestados, reconhecendo os profissionais envolvidos, resultando em confiança e tranqüilidade durante a cirurgia, devendo repercutir positivamente na recuperação do paciente no pós-operatório.

REFERÊNCIAS:

AQUINO, C. P.; CAREGNATO, R. C. A. A percepção das enfermeiras sobre a humanização da assistência perioperatória. SOBECC, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 16-21, 2005.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004. 223 p.

CHISTÓFORO, B. E. B. Cuidados de enfermagem realizados ao paciente cirúrgico no período pré-operatório. 2006. 124 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 2006. 112 p.

CHISTÓFORO, B. E. B.; CARVALHO, D. S. Cuidados de enfermagem realizados ao paciente cirúrgico no período pré-operatório. Escola de enfermagem da USP, São Paulo, v. 43, n. 1, p. 14-22, mar. 2009.

GALVÃO, C. M.; SAWADA, N. O.; ROSSI, L. A. A prática baseada em evidências: considerações teóricas para sua implementação na enfermagem perioperatória. Latino-americana de enfermagem, Ribeirão Preto, v. 10, n. 1, p. 690-695, 2002.

GARRAFA, V.; CÓRDON, J. (Org.). Pesquisas em bioética no Brasil de hoje. São Paulo: Gaia, 2006. 256 p.

SÁNCHEZ VÁZQUEZ, A. Ética. Tradução de João Dell’Anna. 23. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. 304p.

SOUZA, A. A.; SOUZA, Z. C.; FENILI, R. M. Orientação pré-operatpória ao cliente: uma medida preventiva aos estressores do processo cirúrgico. Eletrônica de enfermagem, Goiânia, v. 7, n. 2, p. 215-220, 2005. Disponível em: http//www.fen.ufg.br/revista/revista7_2/relato_01.htm. Acesso em: 21 de set. 2009.

45. REFLEXÕES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO

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