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PSICOLOGIA DA COMUNICAÇÃO E CONTEXTOS MIDIÁTICOS: CONSIDERAÇÕES SOBRE O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 46-49)

Resumos dos trabalhos

6. PSICOLOGIA DA COMUNICAÇÃO E CONTEXTOS MIDIÁTICOS: CONSIDERAÇÕES SOBRE O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO

Adriane Roso2 Moises Romanini3 Rosinéia L. Gass4 Descritores: Psicologia Social; Meios de Comunicação de Massa; Ética

INTRODUÇÃO: A área da Psicologia da Comunicação (ou Psicologia da Mídia) é uma das que mais tem crescido nas duas últimas décadas. Existe um desejo por parte dos psicólogos de participar dessa área e um interesse das mídias em contar com a colaboração do psicólogo. É um nicho de mercado que tem crescido. Os psicólogos têm sido chamados pelas mídias para participar em diversos programas, especialmente para comentar sobre pessoas ou eventos que prendem a atenção do público. Algumas das tarefas dos psicólogos têm sido: (a) escrever uma coluna ou artigo em jornal sobre uma desordem mental específica (como sobre a esquizofrenia ou abuso de drogas), (b) debater em programas de auditório sobre problemas de saúde contemporâneos (por exemplo, sobre violência doméstica, acidentes de trânsito, etc., e (c) prestar apoio psicológico a integrantes de reality shows, de novelas ou de filmes/documentários. Esses são espaços de oportunidade para se desenvolver algumas idéias que possam impactar positivamente (ou assim se espera) na saúde mental do espectador. A Sociedade Psicológica Britânica (The British Psychological Society - TBPS) ativamente encoraja seus membros a trabalhar na televisão já que isso é visto como uma oportunidade positiva - ajudando ativamente dar visibilidade à disciplina ao público, aumentando o entendimento e espalhando amplamente a conscientização sobre a psicologia (TBPS, s.d). Para a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) (2009), o envolvimento com programa de rádio e televisão constitui indicadores indiretos da qualidade das atividades de pesquisa e formação no Programa de Pós-Graduação. Deste modo, também no Brasil existe incentivo e apoio ao psicólogo que deseja se inserir nos contextos midiáticos. Os psicólogos podem se envolver nesse processo tanto de modo on ou off, queremos dizer, sua atuação pode se dar de forma visível (sua imagem ou nome aparece no evento midiático) ou invisível (por de trás dos bastidores). Seja como for, o trabalho do psicólogo deve sempre primar pelo bem-estar dos participantes do programa, dos envolvidos na situação e dos espectadores. O psicólogo tem uma responsabilidade social de maior visibilidade, onde questões de confidencialidade, consentimento e manipulação precisam ser constantemente revisitadas. Em resumo, a mídia não é somente um espaço de oportunidades, mas também um ambiente repleto de desafios éticos (AMERICAN

PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION, 2008), na qual a responsabilidade frente ao Outro é fundamental. Responsabilidade, como aponta Marková (1995), é uma característica essencial dos agentes       

1 Reflexão teórica.

2 Doutora e Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM 3 Discente do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

4 Discente do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

humanos, cujas ações são definidas não em termos neutros mas em termos morais. Responsabilidade sempre implica certo tipo de preocupação ética. Ser responsável significa que uma ação pela qual a responsabilidade é assumida pode ser avaliada em termos de bem ou mal, de certo ou errado. Essa avaliação se faz importante e o Código de Ética Profissional pode servir de balizador das ações das profissões regulamentadas. Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2005), um Código de Ética profissional procura fomentar a auto-reflexão exigida de cada indivíduo acerca da sua práxis, de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por ações e suas conseqüências no exercício profissional. Sua missão primordial não é de normatizar a natureza técnica do trabalho, e, sim, a de assegurar, dentro de valores relevantes para a sociedade e para as práticas desenvolvidas, um padrão de conduta que fortaleça o reconhecimento social daquela categoria. Na nossa experiência docente, temos observado que os alunos tomam conhecimento do Código de Ética Profissional do Psicólogo (2005) somente no 5º semestre, quando cursam a disciplina que trata da ética profissional. Após esse momento, é comum o CEPP não ser retomado ou consultado. A maioria de alunos não tem o hábito de consultar o site do Conselho Federal de Psicologia para tomar conhecimento das novas resoluções. Este não-exercício não se limita aos graduandos, mas a muitos dos graduados que acompanhamos. Assim, refletir sobre a importância do Código de Ética Profissional se torna essencial àqueles que pretendem aproveitar esse crescente e complexo espaço de oportunidade profissional. OBJETIVO: Refletir teoricamente sobre a responsabilidade ética dos psicólogos inseridos em contextos midiáticos, analisando as práticas discursivas de psicólogos veiculadas na mídia escrita eletrônica. METODOLOGIA: Esse estudo sustenta-se numa

epistemologia qualitativa e comporta o estudo de diferentes documentos de domínio público. Documentos de domínio público, refere Spink (1999), são produtos do tempo e componentes significativos do cotidiano; completam e competem com a narrativa e a memória. Sua intersubjetividade é produto da interação com um outro desconhecido, porém significativo e freqüentemente coletivo. Sua presença reflete o adensamento e a ressignificação do tornar-se público e do manter-se privado, processo que tem como seu foco recente a própria construção social do espaço público. Os seguintes documentos servem de apoio à discussão: (a) Legislação: CEPP e as Resoluções do Conselho Federal de Psicologia, em especial aquelas que se referem aos meios de comunicação de massa e (b) Textos extraídos da mídia escrita eletrônica, com seleção intencional. Analisou-se os temas que aparecem nesses documentos, integrando esses temas à bibliografia revisada sobre o tema. Fez-se uma leitura crítica do material, sem procurar sistematizar, mas assinalar temas significativos que indicam os nós éticos. RESULTADOS: A análise de documentos da mídia escrita eletrônica indica a presença de pelo menos duas práticas discursivas que ferem o Código de Ética do Profissional Psicólogo: (a) divulgação de diagnósticos e pareceres na mídia escrita e (b) reforço de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas. CONCLUSÕES: Os meios de comunicação de massa apresentam-se como um campo de trabalho crescente e complexo aos psicólogos. Todavia, participar desse espaço impõe que os profissionais estejam preparados para enfrentar desafios éticos importantes, o que, muitas vezes, na prática, não acontece. Precisamos transformar nossa

participação nesses espaços a partir da contínua reflexão sobre a ética. As câmeras e os microfones podem ser agentes divulgadores de uma psicologia consciente, libertadora e educativa, mas também podem embaciar a razão, a consciência e a nossa apreciação ética da situação. O Código de Ética Profissional vêm para iluminar nossas práticas, mas se esquecido na prateleira terá pouca utilidade. O próprio avanço da mídia eletrônica hoje nos permite acessar documentos de orientação da nossa prática. Assim, precisamos continuar pensando sobre o papel que o psicólogo exerce na mídia.

REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA). Reflections on media ethics for psychologists. Washington: APA, 2008. Disponível em:

http://www.apa.org/monitor/2008/04/media_ethics.htmlAcesso em: 27 out. 2009.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Código de Ética Profissional do Psicólogo. Agosto de 2005. Brasília, DF: CFP, 2005. Disponível em:

http://www.pol.org.br/pol/export/sites/default/pol/legislacao/legislacaoDocumentos/codigo_etica.pdf Acesso em: 27 out. 2009.

FUNDAÇÃO COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES). Critérios de Avaliação Trienal. Brasília: CAPES, 2009. Disponível em:

http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/CA2007_Psicologia.pdf Acesso em: 27 out. 2009.

MARKOVÁ, I. Human agency and the quality of life: a theoretical overview. In I. MARKOVÁ; R. M. FARR (Eds.). Representations of health, illness, and handicap. Poststrasse, Switzerland: Hardwood Academic, 1995. p.191-204.

SPINK, P. Análise de documentos de domínio público. In M. J. Spink (Org.). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano. Aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 1999. p. 123-154.

THE BRITISH PSYCHOLOGICAL SOCIETY. Psychologists working within television: The ethical implications. London: TBPS, s.d. Disponível em: http://www.bps.org.uk/document-download-

area/document-download$.cfm?file_uuid=2C46532F-1143-DFD0-7E36-6CD0265EF6CA&ext=pdf Acesso em: 27 out. 2009.

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 46-49)

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