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IMPLICAÇÕES BIOÉTICAS DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM CUIDADORES FAMILIARES: REFLEXÃO TEÓRICA

No documento ANAIS SEMINARIO BIOETICA 21 12 (páginas 77-81)

12 A SAÚDE E O TRABALHO NO CONTEXTO DA PRÁTICA DE UMA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE PRONTO-SOCORRO 1

15. IMPLICAÇÕES BIOÉTICAS DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM CUIDADORES FAMILIARES: REFLEXÃO TEÓRICA

Celso Leonel Silveira² Maria de Lourdes Denardin Budó³ Fernanda Machado da Silva4

Margot Agathe Seiffert5

Clarissa Potter6 Descritores: Bioética, Ética em Enfermagem, Educação em Saúde.

INTRODUÇÃO: O aumento da expectativa de vida, somado aos avanços tecnológicos na área da saúde, propiciaram o envelhecimento populacional mundial, permitindo o surgimento das doenças crônicas não transmissíveis (MINAYO e COIMBRA Jr., 2002). Para Marcon et al (2002), devido às particularidades das doenças crônicas, como a duração e o risco de complicações, o papel da família torna-se imprescindível, especialmente do cuidador familiar, no que diz respeito à responsabilidade na condução do cuidado doméstico. A utilização de familiares para a realização de cuidados no domicílio a um de seus membros é uma prática antiga e tem-se tornado cada vez mais freqüente, principalmente com o incremento da condição crônica. De acordo com Lavinski e Vieira (2004), essa realidade é potencializada pela falta de recursos financeiros das famílias para contratar uma empresa que preste cuidados domiciliares ou profissionais tecnicamente preparados para prestarem cuidados no domicílio. Diante desse contexto, o cuidado fica na maioria das vezes sob a responsabilidade de um membro familiar que, em geral, não possui preparo técnico que o permita cuidar do outro sem interferir no cuidado que deve ter consigo próprio. Além disso, este cuidador familiar geralmente possui outras atividades as quais acaba tentando conciliar com o cuidado dispensado ao familiar, tais como cuidado dos filhos, da casa, atividade profissional, dentre outras. Este acúmulo de atividades pode resultar em sobrecarga, levando por vezes o cuidador ao adoecimento (SCHOSSLER e CROSSSETTI, 2008). Campos (1997) concorda com as autoras supracitadas afirmando que não há um cuidador absoluto, uma vez que este também necessita ser cuidado, precisando de suporte e       

1 Reflexão Teórica.

² Autor. Enfermeiro. Formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Membro do grupo de pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem.

³ Autora. Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Presidente do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem.

4 Autora. Mestranda do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem.

5 Autora. Acadêmica do 5º semestre de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM). Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem.

6 Autora. Acadêmica do 5º semestre de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado, Saúde e Enfermagem.

apoio para que seu desempenho seja facilitado, compartilhando de algum modo sua tarefa. Em um estudo realizado por Mendonça; Garanhani e Martins (2007), comprovou-se que tornar-se cuidador familiar é uma tarefa que provoca muitas mudanças na vida do sujeito que assume essa função, além de causar impacto profundo na vida social, física e econômica do cuidador, dentre elas o isolamento social. Observa-se desta forma que o cuidador é privado de suas atividades de lazer e de trabalho fora do lar acarretando em uma ruptura no seu convívio social. Em um estudo realizado por Martins (2007), foi constatada a necessidade e a vontade de obtenção de orientações por parte dos cuidadores, sobre as doenças, uso de medicamentos, dieta e exercícios físicos. Muitas vezes os profissionais de saúde utilizam da autoridade de deter o conhecimento científico, posicionando-se de maneira paternalista, subestimando a capacidade do doente e/ou de seu cuidador de participar da elaboração do plano de cuidado. Propõem-se a ensinar, não levando em consideração seus saberes, nem a sua autonomia, inerente ao ser humano (ANJOS, 2004). O princípio bioético da autonomia é um dos aspectos fundamentais para que possamos agir com respeito junto ao cliente. A autonomia pode ser entendida como a capacidade inerente ao homem de elaborar leis para si mesmo, de agir de acordo com sua própria vontade, a partir de escolhas ao alcance pessoal, diante de objetivos por ele estabelecidos, sem restrições internas ou externas (BEAUCHAMP e CHILDRESS, 2002). OBJETIVOS: Refletir acerca das implicações bioéticas, relativas à maneira de exercer a atividade educativa dos profissionais de enfermagem junto aos cuidadores familiares. METODOLOGIA: Trata- se de uma reflexão teórica elaborada apartir da leitura de textos sobre a atividade de educação em saúde desenvolvida pelos profissionais de enfermagem, realizada no período de março a junho de 2009. Observou-se a necessidade desta reflexão teórica, para embasar as atividades de educação em saúde que seriam desenvolvidas em uma Unidade de Saúde da Família do município de Santa Maria, RS.Estratégia de Saúde da Família (ESF) São José, localizada na Rua Antônio Botega, na região leste da cidade de Santa Maria, no Bairro São José. RESULTADOS: Para Martins (2007) a ação educativa em saúde é um processo dinâmico que tem como objetivo a capacitação dos indivíduos e/ou grupos em busca da melhoria das condições de saúde da população. Desta forma, não basta apenas seguir normas recomendadas de como ter mais saúde e evitar doenças e sim realizar a educação em saúde num processo que estimule o diálogo, a indagação, a reflexão, o questionamento e a ação partilhada. Muitas vezes a prática educativa é identificada como mero instrumento de mudanças de comportamentos e transmissão de conhecimentos (CARDIM et. al., 2005). Os mesmos autores afirmam ainda, que é necessário refletir sobre a prática educativa em saúde visando uma prática que possibilite a troca de conhecimentos entre profissionais de saúde e usuários, de maneira que ambos sejam atores do processo de conquista do direito à saúde em seu conceito ampliado, ou seja, como resultado das condições de vida. Pereira (2003) corrobora com Cardim et. al. (2005) quando afirma que certas barreiras dificultam o pleno desenvolvimento da atividade educativa. Uma delas é a falta ou desconhecimento de uma metodologia adequada, por parte dos profissionais de saúde, que estimulem a participação e busque na realidade dos próprios indivíduos a solução para as suas dificuldades. A fragilização do ser humano na posição de “paciente” desfavorece o exercício da autonomia quando ocorre a visão paternalista de que a equipe

de saúde detém o poder e o conhecimento, subestimando assim a capacidade do doente e/ou seu cuidador em fazer julgamentos com relação a si e a sua saúde (MIRANDA, 2000). Respeitar envolve ouvir o que o outro tem a dizer, buscando interpretar o que ouvimos ter compaixão, ser tolerante, honesto, atencioso, é entender a necessidade do autoconhecimento para poder respeitar a si próprio e, então, respeitar o outro (FERNANDES, 2005). CONCLUSÕES: Compreende-se desta forma a importância de uma comunicação objetiva para diminuir possíveis conflitos gerados e sanar dúvidas, além de ser o instrumento básico da assistência efetiva de Enfermagem, pois apenas através dela é que podemos compreender o doente como um todo e identificar o significado que o problema tem para ele. Torna-se fundamental para o profissional de saúde, o desenvolvimento de estratégias de educação em saúde capazes de valorizar os saberes dos sujeitos, partindo de sua realidade sociocultural, a fim de incluí-los nesse processo. Com isso, estimulará a autoconfiança, assim como o maior controle frente ao processo de saúde-doença-cuidado no âmbito individual e coletivo, aumentando a solidariedade e atitudes de cidadania. Assim, essas atividades irão fornecer subsídios para que os usuários possam refletir sobre a sua condição de saúde e, a partir disso, elencar as mudanças necessárias e viáveis ao seu contexto de vida. Gerando satisfação nos indivíduos podendo contribuir para mudanças no estilo de vida. Entende-se, portanto, que a educação em saúde é uma alternativa para vencer os desafios impostos pelas doenças crônicas. Compreende-se ainda que respeitar o outro na forma de ação inclui também considerar os princípios bioéticos da autonomia, justiça, beneficência e não-maleficência, os quais contribuem para a dignidade humana, tornando-se um componente essencial da qualidade do cuidado prestado.

REFERÊNCIAS:

ANJOS. M, F. Dignidade humana em debate. Bioética. 2004, v.12, n1, p.109-114.

BEAUCHAMP, T.L.; CHILDRESS, J.F. Princípios de Ética Biomédica. São Paulo (SP), Ed. Loyola, 2002.

CARDIM, M. G. et. al. Educação em saúde : teoria e prática de alunos de graduação em Enfermagem. In: Revista de Pesquisa: cuidado é fundamental. Rio de Janeiro, ano 9, n. ½, p. 57- 64, 1./2. sem. 2005.

CAMPOS, G.W. S. Considerações sobre a arte e a ciência da mudança: revolução das coisas e reforma das pessoas. O caso da saúde. In: Inventando a mudança na saúde. 2ª Ed. São Paulo, Editora Hucitec; 1997, p 29-87.

FERNANDES, M.F.P.; PEREIRA, R.C.B. Percepção do professor sobre o respeito. Nursing. 2005, v.87, n.8, p.375-379.

LAVINSKI, A. E.; VIEIRA, T.T.Processo de cuidar de idosos com acidente vascular encefálico: sentimentos dos familiares envolvidos. In: Acta Scientiarum Health Sciences. Maringá, 2004. V26, n1, p 41-45.

MARCON et al,: Compartilhando a situação de doença: o cotidiano de famílias de pacientes crônicos. In: O viver em família e sua interface com a saúde e a doença. Maringá, Ed: Eduem ,2002.

MARTINS et al. Necessidades de educação em saúde dos cuidadores de pessoas idosas no domicílio. In: Texto e Contexto Enfermagem. 2007, abr-jun, v 16, n 2, p 254-262.

MENDONÇA, F. F., GARANHANI, M.L., MARTINS, V. L. Cuidador familiar de sequelados de acidente vascular cerebral: significado e implicações. In: Physis Revista de Saúde Coletiva. 2007, v18 n1 p. 143-158.

MINAYO, M.C.S.; COIMBRA Jr., C.E.A. Entre a liberdade e a dependência: reflexões sobre o fenômeno social do envelhecimento. In: MINAYO, C.C.S.; COIMBRA Jr., C.E.A. (orgs.). Antropologia, saúde e envelhecimento. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2002.

MIRANDA, J.M. Tecnologia, autonomia, e dignidade humana na ária da saúde. In: Siqueira, JE, Prota, Zancanaro, L. ORGANIZADORES. Bioética: estudos e reflexões. Londrina (PR): UEL, 2000. p.101-116;

PEREIRA, A. L. Educação em saúde. In: FIGUEIREDO, N. M. A de. Ensinando a cuidar em Saúde Pública: práticas de Enfermagem. São Paulo: Difusão Paulista de Enfermagem, 2003.

SCHOSSLER. T., CROSSETTI, M. G. Cuidado domiciliar do idoso e o cuidado de si: uma análise através da teoria do cuidado humano de Jean Watson. In: Texto Contexto Enfermagem. 2008 abr- jun. v 17 n 2 p. 280-287.

16. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO ENFRENTAMENTO DO CÂNCER EM

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